Mostrando postagens com marcador vênetos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador vênetos. Mostrar todas as postagens

domingo, 11 de março de 2018

Algumas Causas da Emigração Vêneta



Inúmeras são as causas desse verdadeiro êxodo Vêneto que, no período de aproximadamente cem anos, esvaziou vilas e cidades, um fenômeno jamais visto nos tempos modernos.         
             
    A grande emigração vêneta fez com que milhares de homens, mulheres e crianças tivessem que abandonar, desordenadamente e sem auxílio do governo, a terra natal para, procurar trabalho e melhores condições de vida em lugares distantes e pouco conhecidos.    
             
       Em primeiro lugar, devemos levar em conta a somatória de fatores locais vênetos, ocorridos nos últimos cinquenta anos finais do século XIX (18xx a 1900), os quais, muito contribuíram para romper o relativo equilíbrio existente, agravando a já tão difícil vida de milhares de pobres agricultores, diaristas e pequenos artesãos.         
             
     A população vêneta, como de toda a Europa, devido a melhoria das condições de higiene, principalmente com uma maior redução da mortalidade infantil, experimentou nesse período um aumento importante e nunca conhecido.
             
        A agricultura vêneta nesta época, que antecedeu a grande emigração, era muito atrasada. Durante centenas de anos muito pouco foi acrescentado em novas técnicas, desde a introdução da batata e do milho nos séculos anteriores, produtos estes que contribuíram, ainda no governo da Sereníssima República de Veneza, para manter a população vêneta mais ou menos equilibrada. Pelo atraso em que se encontrava, não conseguiu suportar a concorrência de produtos importados de outros países, principalmente dos Estados Unidos da América, que chegavam por preços mais baixos.  
             
       Uma série de desastres naturais, também se abateu sobre todo o Vêneto neste período, com secas, inundações, granizo e pragas, contribuindo para agravar a já deficiente produção agrícola vêneta e a consequência foi a fome e doenças carenciais como a pelagra.    
             
     O atraso da Itália em geral, e do Vêneto em particular, também ficava evidente no que diz respeito a industrialização, movimento que só apareceu na região em fins do século XIX, ainda que timidamente, não oferecendo trabalho suficiente para aquela mão de obra expulsa do campo.          

     Causas da Emigração Vêneta
             
     O Vêneto, em 1866 passou a fazer parte do Reino da Itália, comandado pela piemontesa Casa de Savoia, que criou inúmeros problemas em toda a região. Entre eles a proibição de uso das terras da Igreja, fonte de sustento de grande número de pequenos agricultores, criadores de gado e lenhadores, os quais com o seu trabalho, tiravam daqueles locais o sustento para suas famílias. Também a criação de impostos abusivos, que puniam sempre os mais fracos, tornando-os cada vez mais pobres. Entre esses odiosos impostos estavam a taxa sobre o volume de grãos moídos, que era cobrado diretamente no moinho e a taxa sobre a venda de sal.           
             
            O tipo de relacionamento entre o capital e o trabalho, ainda herança da era medieval, onde o patrão, dono da terra, detinha o controle quase total do empregado, ao qual, sem leis específicas de proteção, só restava calar sempre, obedecer sempre.          
             
A vontade de libertação do jugo do patrão, exercido ainda de forma medieval, juntamente com a fome crônica que grassava na região, com a falta de perspectivas para o futuro e, posteriormente, a ação desonesta de angariadores de mão-de-obra e divulgadores do "el dorado" brasileiro, foram, sem dúvidas, as causas mais próximas da grande emigração vêneta para o Brasil.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS

sexta-feira, 9 de março de 2018

A Basílica de San Marco



A derrota da frota de Pepino, rei dos Francos, na laguna vêneta, no ano de 810 pode ser considerado o marco decisivo da fundação do Estado Veneziano. Tão logo passou o perigo o doge Agnello Partecipazio transferiu a sede do governo para uma ilha no centro da laguna, chamada de Rivoalto, onde já se refugiava grande número de vênetos que escaparam dos centros invadidos pelos Francos. 
A lenda nos conta que dois comerciantes vênetos se apropriaram dos restos mortais do evangelista Marco, retirado secretamente da Alexandria, onde estava enterrado e transladado por mar até Veneza no ano de 828, no período de governo do doge Giustiniano. Esses espólios do santo foram inicialmente conservados em uma capela do próprio palácio ducal onde vivia o doge e onde também funcionava a sede do governo. Em honra ao santo, que passou a ser o patrono da cidade de Veneza em substituição a S. Teodoro, foi construída uma igreja ao lado do palácio do doge, chamada posteriormente de Basílica de S. Marco, sendo consagrada no ano de 832 por Orso Partecipazio, bispo de Olivolo. 
No ano 976 ela foi destruída, juntamente com inúmeras casas, em um grande incêndio provocado por tumultos populares em protesto à tirania do doge Pietro Candiano IV. Foi rapidamente restaurada no prazo de dois anos, embelezada com revestimentos de mármore e decorações, pelo sucessor doge Pietro Orseolo, conhecido pelo apelido de “O Santo”. Esta nova basílica, muito mais rica e decorada foi consagrada no ano de 978, passando de uma capela privada do doge para uma grande igreja do Estado. 
Com o passar dos anos, devido à necessidade de mais espaço em seu interior ela e a outra vizinha consagrada a São Teodoro foram demolidas. No local a partir de 1063 ela foi reconstruída pelo doge Domenico Contarini, dando lugar a uma só construção, de maiores dimensões, que seguia o modelo da Basílica de Constantinopla, com aproximadamente as mesmas linhas arquitetônicas da atual: construção em cruz grega com cindo cúpulas sustentadas por quatorze pilastras. A parte de construção foi concluída no ano de 1071. Durante o governo do doge Domenico Selvo foi dado início da colocação de revestimentos e ornamentos em mármore, além dos famosos mosaicos, os quais continuaram a ser trabalhados por mais trezentos anos. 
O edifício foi solenemente consagrado em 08 de outubro de 1094 durante a visita do Imperador Henrique IV. Entre as maiores relíquias que ela guarda citamos a Pala d´Oro que adornava o altar maior, mandada confeccionar em Bizâncio pelo doge Ordelaffo Falier, a qual foi concluída em 1105. Aos poucos esta Pala foi sendo acrescida de mais ornamentos finos e pedras preciosas, transformando-se nos governos seguintes doges Pietro Ziani (1209) e Andrea Dandolo (1343/1354). Depois da IV Cruzada foram colocados na fachada da Basílica os quatro belíssimos cavalos de bronze trazidos de Constantinopla. 
Cada governo seguinte, com o acréscimo de novas construções, ornamentos e decorações foi tornando a Basílica na grandiosidade artística que conhecemos hoje. A Capela Ducal, Igreja de Estado e paróquia durante a Sereníssima Republica de Veneza contava para a sua administração com um Capitulo de doze canônicos presididos pelo Primicerio, o qual tinha privilégios de abade, enquanto que a cura das almas estava a cargo de dois canônicos, chamados “sacrestani”. 
A sua administração, o financiamento de tudo que era necessário para o funcionamento e manutenção do edifício, era providenciado pelo doge e por dois procuradores, os quais gozavam de alto prestigio na República. Todos os trabalhos de construção e restauro eram projetados e dirigidos por um arquiteto, conhecido como “Proto”, cargo que no decorrer dos séculos foi exercido por figuras do porte de Giorgio Spavento, Iacopo Sansovino e Baldassare Longhena. A Capella Musicale di San Marco gozava de grande prestigio, tendo as suas custas um maetro responsável, grande número de cantores e músicos. A partir do ano de 1613 Cláudio Monteverdi foi seu maestro por mais de trinta anos.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS Brasil

Os Vênetos na Batalha de Lepanto em 07.10.1571

Batalha de Lepanto


No período entre os anos 1499 e 1503 os Turcos ocuparam várias bases vênetas no Mediterrâneo, ao sul do Peloponeso, dando início a uma série de guerras entre os Venezianos e os Turcos que durou séculos. Enquanto os Turcos tomavam a Algéria, os Venezianos 10 anos antes, com hábil trabalho diplomático, já tinham se apoderado da ilha de Chipre. Os Venezianos concederam em casamento a patrícia Caterina Corner para o rei de Chipre. Após a morte deste a viúva foi declarada filha da República Vêneta, a qual após abdicar, a ilha passou para as mãos dos Venezianos em 1488.
Em Fevereiro de 1570 o embaixador da Sublime Porta Otomana enviou uma intimação ao Grande Conselho da Sereníssima impondo a entrega de Chipre para os Turcos. Uma parte do teor dessa intimação dizia: "Exigimos Chipre por bem ou pela força. E cuidem-se ao irritar a nossa terrível espada, caso contrário moveremos uma crudelissima guerra por todos os lados; também não confiem na riqueza do vosso tesouro, porque faremos de modo que ele fuja da vossas mãos como uma torrente... ". Para essa intimação o Doge Pietro Loredan respondeu com desdem: "... a justiça dará a espada para defender os nossos direitos e Deus a sua santa ajuda para resistir com razão à força e com a força à vossa injusta violência". 
A República de Veneza preparou um grande exército mas, não tinha a intenção de desafiar o Império Otomano, naquela época no apogeu da sua força. Pediu então ajuda do Reino da Espanha e do Papa que formaram uma coalisão de países cristãos. Enquanto essa frota era organizada, os Turcos atacaram Chipre com uma força de 80 mil homens. Os defensores das fortalezas locais que sobreviveram ao ataque foram trucidados ou deportados como escravos. Em um só dia na Fortaleza de Nicósia as baixas chegaram a 15 mil homens.


Em 22 de Setembro de 1570 os Turcos, apesar dos esforços dos defensores, comandados por Marco Antonio Bragadin, a última fortaleza, de Famagosta, foi completamente cercada por um exército de 200 mil homens por terra, 1500 canhões e uma frota de 150 navios de guerra. Depois de meses de cerco finalmente a fortaleza caiu e o seu comandante preso e torturado, com a retirada da sua pele quando ainda estava com vida. No fim de Agosto de 1571 as duas frotas de encontraram em batalha, tendo a frota aliada 320 navios de guerra e a armada turca 270 galeras além de um grande número de barcos menores.



No dia 07 de Outubro de 1571, nas costas de Lepanto, teve início a grande batalha naval do mesmo nome. A esquadra vêneta era comandada por Sebastiano Venier e a frota alida tinha no comando Giovanni da Áustria. Após cinco horas de batalha, a frota cristã aliada já tinha perdido 7 mil homens, dos quais 4,8 mil eram Venezianos, 2 mil espanhóis, oitocentos da armada papal. Os Turcos por sua vez viram sua armada ser destruída e perderam 25 mil homens mortos e 3 mil prisioneiros.



Dr. Luiz Carlos B. Piazetta

Erechim RS Brasil

terça-feira, 6 de março de 2018

Os Imigrantes Italianos e os Vênetos no Rio Grande do Sul

Emigrantes Italianos no Porto de Gênova esperando o embarque


Os Imigrantes Italianos e os Vênetos no RS

 O Rio Grande do Sul foi uma terra disputada pelas coroas da Espanha e Portugal e a expansão da sua população teve o seu início com a chegada do século XVIII. 
Depois de muitos anos de cruentas lutas, a então Província foi delimitada e se deu início a sua colonização de forma sistemática. Assim no ano de 1824 chegaram os imigrantes alemães e mais tarde, cinquenta anos após, em 1875 as primeiras famílas de colonos italianos. 
Tendo obtido bons resultados com as colônias alemãs, no ano de 1875, a Província recebeu do Império as colônias Dona Isabel (que mais tarde se chamou de Bento Gonçalves) e Conde D'Eu (depois chamada de Garibaldi) destinadas a receber imigrantes italianos em geral, sendo que os vênetos eram a grande maioria. 
Depois foram criadas outras colônias: a Colônia Fundos de Nova Palmira, logo depois rebatizada como Colônia Caxias e também a Colônia Silveira Martins
O primeiro grupo de imigrantes italianos chegou no Rio Grande do Sul em 1875 e se estabeleceu na Colônia Nova Palmira, no local chamado Nova Milano (hoje Farroupilha). Neste mesmo ano outros imigrantes italianos em geral e vênetos em particular se estabeleceram nas Colônias Conde D'Eu e Dona Isabel e já em 1877 na Colônia Silveira Martins, vizinho a atual cidade de Santa Maria.
Os imigrantes italianos que vieram para as novas colônias no Rio Grande do Sul proveniam, na sua quase totalidade, do norte da Itália (Vêneto, Lombardia, Trentino Alto Adige, Friuli Venezia Giulia, Piemonte, Emilia Romagna, Toscana, Liguria). Um dado estatístico nos revela que por zona de proveniência: Vênetos 54%, Lombardos 33%, Trentinos 7%, Friulanos 4,5% e os demais 1,5%. Como se pode ver os vênetos e os lombardos constituíram 88% dos imigrantes fixados na Província do Rio Grande do Sul. 
Os imigrantes italianos chamados para substituir mão de obra escrava, com o advento da abolição da escravidão no Brasil, rapidamente, em poucos anos, os territórios à eles destinados para colonização, já estavam inteiramente ocupados, obrigando os que chegavam, e também aos filhos desses pioneiros, a procurar novas terras, mais distantes das primeiras colônias. Assim foram surgindo outras colônias, sempre com a esmagadora predominância numérica dos vênetos: atuais cidades de Alfredo Chaves, Nova Prata, Nova Bassano, Antônio Prado, Guaporé e um pouco mais tarde, Vacaria, Lagoa Vermelha, Cacique Doble, Sananduva e Vale do Rio Uruguai, como Casca, Muçum, Tapejara, Passo Fundo, Getúlio Vargas, Erechim, Severiano de Almeida.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS