quarta-feira, 9 de maio de 2018

Letra da Canção Mèrica Mèrica

 



 



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

A Medicina sem Médicos nas Colônias Italianas do Rio Grande do Sul

 


 A vida nas colônias italianas no Rio Grande do Sul era muito dura, principalmente nos primeiros anos da chegada dos imigrantes. Quando puderam construir as primeiras casas, essas ficavam muito distantes umas das outras. Estavam no meio de uma densa floresta, com uma pequena roça entorno da casa e não havia estradas, somente caminhos estreitos, cercados pela escuridão da mata e os gritos dos animais que a povoavam. Os lotes eram formados por imensas áreas de terra, com montes, precipícios e às vezes pequenos rios. Os vizinhos se encontravam caminhando por meio desses caminhos que eram chamados de linhas. A cidade mais próxima estava a muitos quilômetros de distancia e precisavam de horas para chegar até lá. Ao mesmo tempo que as distâncias eram muito grande, as estradas de péssima qualidade ou inexistentes os recursos médicos eram escassos. Os médicos eram muito raros, especialmente nos primeiros anos, pois não existiam. 


Nesta dramática situação se desenvolveu uma medicina doméstica, baseada em conhecimentos trazidos da Itália e aqueles adquiridos com as populações locais, como os índios. O uso de plantas medicinais foi largamente utilizado para cada tipo de doença. Nesse contesto foram aparecendo importantes figuras como as parteiras, conhecidas pelo colonos com comadresou cegonhas, muitas das quais já traziam consigo uma experiência familiar de várias gerações atendendo as mulheres no período da gravidez e nos partos. Os arrumadores de osso, procurados até os dias de hoje, conhecidos na zona colonial italiana como os giusta ossi. Já era de muito tempo um trabalho tradicional na Itália, que passava de pai para filho, como uma espécie de herança. Tinham a função de imobilizar fraturas, curar entorses e distensões musculares, usando diversas técnicas com as suas mãos e remédios naturais em forma de emplastros. Uma outra figura muito requisitada, até nos dias de hoje, são as benzedeirasque usando um conhecimento empírico, adquirido principalmente dos caboclos ou dos índios, procuravam curar as doenças estimulando a auto sugestão do doente, em um ambiente místico de ladainhas, rezas, banhos de infusão de ervas, chás e defumações. No começo essas mulheres, e também muitos homens, geralmente eram caboclos mestiços, ou também negros, escravos libertos, que moravam vizinhos às pequenas cidades, perto das colônias de imigrantes. 



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS