sábado, 15 de março de 2025

A Jornada Notável dos Imigrantes Italianos na Califórnia



A Jornada Notável dos Imigrantes Italianos na Califórnia

No ano de 1882, em Villetta, uma pequena localidade de Val Chiavenna, uma criança chamada Rosalia Rosini veio ao mundo. Sua vida, repleta de desafios e aventuras, seria profundamente influenciada pelas experiências da emigração italiana. Seu pai, Giovanni Rosini, movido pela busca por uma vida melhor, deixou sua terra natal nos anos 1870, embarcando em uma jornada rumo à Argentina, em direção a uma remota área rural da província de Cordoba.
A história da família Rosini já estava marcada pela tragédia desde o início. O tio de Isabella, Antonio, encontrou seu destino trágico em Milão antes mesmo de embarcar para se reunir com seu irmão na Argentina. Giovanni retornou à Itália em 1873 e, com o passar dos anos, construiu uma família que incluía cinco filhos: Enrico, Antonio, Isabella, Maria e Marco. À medida que esses filhos atingiram a maioridade, quatro deles tomaram a decisão corajosa de buscar oportunidades no exterior, deixando Marco como o único filho a permanecer na terra natal.
Enrico foi o primeiro a partir, em 1907, com destino à Califórnia. Antonio seguiu o mesmo caminho em 1912, e, finalmente, em 1914, Isabella decidiu deixar Val Chiavenna para trás. Ela embarcou em Le Havre no navio  Clementina em 9 de fevereiro de 1914. Na imigração, Isabella declarou ser dona de casa e afirmou que estava indo encontrar seu marido, Giuseppe Ferrareze, mas essa era uma mentira. Isabella já era casada, e seu verdadeiro marido, Marco Lombardi, permanecera em casa com seus dois filhos, Giulia e Lorenzo.
Assim como muitas mulheres que chegavam a Ellis Island sem seus maridos, Isabella foi retida na imigração por alguns dias. Finalmente, quando Giuseppe Ferrareze se apresentou, na verdade seu cunhado, Isabella foi admitida nos Estados Unidos. Ela estabeleceu residência em Elmwood, na Califórnia, onde logo adoeceu de malária. No entanto, com o tempo, sua saúde melhorou, e ela se sentiu mais confortável entre seus compatriotas na área, incluindo seu irmão.
Em 1915, a última irmã, Maria, e a filha de Isabella, Giulia, uniram-se a ela nos Estados Unidos. A família estava finalmente reunida, mas novos desafios surgiriam. Em 1917, Isabella enfrentou problemas de saúde graves e passou vários meses hospitalizada, chegando a entrar em coma por um longo período. Foi nesse momento que ela conheceu um italo-americano chamado Salvatore Rossi, com quem se casou após alguns meses, enfrentando desaprovação da família.
Em 1919, possivelmente devido à epidemia da "gripe espanhola", o segundo filho de Isabella, Lorenzo, faleceu. Ela recebeu ajuda financeira e apoio da cunhada durante esse período difícil.
Os anos seguintes foram uma mistura de trabalho e doença para Isabella. Em 1933, ela já estava bem recuperada e administrando seu próprio negócio, uma loja com uma bomba de gasolina. Com os lucros, ela construiu cinco casas para alugar e continuou a trabalhar como agricultora nos momentos livres.
As últimas décadas de vida de Isabella foram marcadas por uma Califórnia rural, ainda abalada pela Grande Depressão de 1929. Isabella nunca retornou à Itália, e a data de sua morte permanece desconhecida. Sua vida foi uma jornada de coragem, sacrifício e superação em terras estrangeiras, representando a luta e a resiliência dos imigrantes italianos nos Estados Unidos.