sexta-feira, 10 de maio de 2019

O Talian a nossa Verdadeira Língua


A NOSSA LÍNGUA



Nossos antepassados, aqui chegados no último quarto do século passado, não eram, em sua grande maioria, italianos.
Paradoxal afirmação, quando “sabemos” que as três Colônias da Serra e a quarta de Santa Maria eram constituídas de “italianos”! Disse paradoxal porque a afirmação parece absurda, mas não é. Efetivamente, nossos antepassados não eram italianos. Quase todos os componentes das primeiras levas de imigrantes – pelo menos os adultos -, nasceram em território não italiano. Eram vênetos, lombardos, friulanos, trentinos, piemonteses...
Explico melhor.
O Norte da atual Itália era, na época em que esses imigrantes adultos nasceram, governados por estrangeiros, direta ou indiretamente (o fantoche Reino Lombardo-Vêneto, Império Austro-húngaro). Essa região passou a fazer parte efetiva da Itália, do reino da Itália, tão somente em 1859 (o Piemonte e a maior parte da Lombardia), em 1866 (o Vêneto, o Friuli e o resto da Lombardia), como consequência da Unificação, e em 1918 (o Trentino e a Venécia Júlia), como resultado da Primeira Grande Guerra. Antes dessas datas, essas regiões nunca haviam sido Itália, pelo simples fato que a Itália, como país, jamais havia existido! Portanto, os nossos “velhos”, que nasceram sob outras bandeiras e nacionalidades foram “tornados” italianos. Não o eram de fato! Insisto: eram vênetos, lombardos, friulanos, trentinos, istrianos, ...

Cada um falava o idioma de sua cidade, de sua província, de sua região, isto é, utilizavam falares vênetos – belunês, trevisano, vicentino, veronês, veneziano... -,os vênetos; idiomas lombardos – mantuano, cremonês, milanês -, os lombardos; dialetos da língua friulana, os friulanos; um vêneto arcaico, os istrianos; o trentino – variante do vêneto -, os tiroleses; falares piemonteses, os que vieram do Piemonte. Praticamente ninguém falava o toscano, transformado em língua oficial italiana com a Unificação. Basta dizer que, em 1870, em toda a Itália, menos de 2% da população falava toscano, o idioma oficial, e menos de 1% sabia escrevê-lo!
Com isso, quero reforçar o que já disse: nossos antepassados não eram italianos! Eles não eram portadores de uma cultura italiana! Insisto: eles eram vênetos, ou lombardos ou friulanos ou trentinos ou piemonteses e possuíam a sua própria cultura, própria deles, de suas regiões, que nada têm a ver com as culturas das outras regiões que hoje constituem a Itália. (Não existe, ao meu ver, uma nação italiana, mas muitas nações dentro de um pequeno-grande pais denominado Itália).

Pois essa gente, que pertencia a “nações” diferentes, que falava idiomas diferentes e que era portadora de culturas diferentes, ao chegar à “terra prometida”, foi assentada em colônias, linhas e travessões, no meio da selva inóspita, ao bel prazer do “chefe” da Colônia. Assim, um trentino de Primiero passou a ter por vizinhos um vêneto de Oderso e um lombardo da Mântua. Era preciso comunicar-se, entender-se. Era uma questão de sobrevivência! Foi dessa necessidade de comunicar-se, para poderem-se auxiliar, para sobreviver, que nasceu nosso belo idioma, o talian ou vêneto brasileiro, mescla bem dosada dos falares de nossos antepassados, com a língua do país de adoção, o português.
talian, a koiné aqui surgida, que permitiu que piemonteses, treninos, friulanos, lombardos e a maioria veneta pudessem entender-se, não nasceu de repente e nem por decreto. Passaram-se anos e anos antes de tornar-se a verdadeira língua de comunicação em que se transformou. Os sotaques característicos de cada região persistiram por muito tempo. Os casamentos mistos – vênetos versus lombardos, trentinos versus friulanos – permitiram que, mais rapidamente, se uniformizasse a koiné. Algumas palavras, talvez por soarem estranhamente a certos participantes do grupo, foram sendo substituídas quase sempre pela correspondente portuguesa, embora devidamente venetizada, é claro! Em certas linhas onde a predominância fosse lombarda, por exemplo, a língua de comunicação local assumia uma forma acentuadamente lombarda, mas nas vilas (nte i paesi), em vista da preponderância veneta, apresentava já no inicio do século, forma semelhante ao talian atual. A inclusão de mais termos portugueses se acentuou com o desenvolvimento tecnológico: as novas palavras entraram íntegras no linguajar local, embora com sintaxe taliana.

Nos anos de 30 e 40, antes que o Brasil declarasse guerra ao Eixo (Alemanha – Itália – Japão), em toda a região dita de colonização italiana do Rio Grande do Sul, o talian era não apenas a língua mais falada, mas praticamente a única, pois apenas os mais velhos ainda utilizavam seu “dialeto” de origem, e pouquíssimos eram aqueles que se “defendiam” em português. Os professores (maestri), quase todos taliani, embora quisessem ensinar em português ou em italiano (leia-se toscano), não o conseguiam pelo simples fato de desconhecerem esses idiomas. É claro que havia exceções, mas eram exceções! Assim o nosso idioma, o talian, ficava cada vez mais forte – porque era ensinado! – e cada vez mais nosso.
Com a guerra iniciou-se o nosso calvário: não podíamos mais fazer uso de nossa língua materna! Muitos dos que se aventuraram a fazê-lo sofreram as consequência: foram presos. Nos tornamos gringos (particularmente, abomino esta expressão. Considero-a tremendamente depreciativa), isto é, estrangeiros em nossa própria pátria! Os mais renitentes, além da cadeia, eram chamados de Quinta-colunas, isto é traidores!
E, a partir de então, muitos baixaram a cabeça e sentiram vergonha de falar a nossa língua; hoje, inclusive, fingem nem sequer entendê-la. Pobres coitados! Deveriam ter orgulho, não vergonha. Um que fala tão somente uma língua é pouco mais que mudo! ( A não ser que seja o inglês, dada a importância atual deste idioma). Nós que, além do português, falamos o talian, sabemos mais do que aqueles que falam exclusivamente o português, não acham? Imaginem, ter vergonha de falar o idioma que, por mais de mil anos, foi a língua oficial da “Sereníssima” República de Veneza! Seria simplesmente ridículo, se não fosse tão trágico. (Para os que não são “chegados” à História, um lembrete: Portugal não existia, e muito menos a língua portuguesa, quando os vênetos já dominavam as águas interiores do mar Adriático ao mar Negro, e sua língua, pouco diferente do nosso talian, era língua de comunicação nos portos e entrepostos comerciais!)

Os jovens – pessoas, países, nações – costumam cometer um grande erro: pensam que sabem tudo! E como tudo sabem, desprezam tudo aquilo que cheire a ontem, e pior ainda, a anteontem.
- Falar Vêneto? Isso é coisa de velho e de colono ignorante! Eu falo português e para mim basta!
Coitados, não sabem o que dizem. Que Deus Nosso Senhor os perdoe!
Alguém já disse que se a gente só consegue expressar as emoções mais profundas utilizando a língua materna. Santa verdade! Do carinho ao desprezo, da oração à blasfêmia, do amor ao ódio, do pasquim ao poema, são mais fortes, mais intensos, quando sussurrados/gritados/escritos/grafados na língua materna que aprendemos no colo de nossas mães, sentados nos joelhos de nossas avós! O talian me soa como uma música! É a língua do coração, a minha língua, a língua com a qual consigo expressar meus melhores/piores sentimentos. Ela me lembra a primeira infância, a adolescência, o tempo de liberdade, o não compromisso.

E então, desrespeitosamente, dizem que minha língua é um patuá de colonos ignorantes, de pobres coitados, que é um dialeto de segunda categoria! Será que essa gente enlouqueceu? O talian é a “nossa” língua e nós temos a obrigação não apenas de utilizá-la, mas também ensiná-la, a fim de que a mesma se perpetue, preservando dessa maneira a “nossa” cultura.
- Agora eu não falo mais o “dialeto”. Estou aprendendo italiano, o italiano gramatical!, disse-me um conhecido.
- Bravo! Respondi-lhe. Quanto mias línguas falares, mais saberás e maior facilidade terás em aprender outros idiomas! Mas não deverias deixar de falar a nossa língua, o vêneto brasileiro, que pode inclusive auxiliar-te a aprender não apenas o italiano, mas, e principalmente, as línguas irmãs do talian, o francês e o espanhol.

- Mas não é o que minha professora nos disse. Ela nos informou que devemos “esquecer o dialeto”, se quisermos aprender corretamente o italiano!
Santa ignorância! Isso contraria toda e qualquer técnica de aprendizagem de idiomas!
Depois de muito pensar, dei-me conta que não se trata apenas de ignorância, mas de uma bem orquestrada forma de tentar destruir/substituir a nossa cultura. Será que estão ressurgindo os movimentos fascistas? Temos ainda bem presentes as tropelias varguistas, aqui, e mussolinescas, lá. – as ínguas e culturas regionais devem ser banidas! Lembram?
Com tantas maneiras de “vender” a importância de conhecer-se o italiano optam por menosprezar os outros idiomas. Convenhamos, é um não entender nada de marketing!
Poderiam dizer, por exemplo: “O italiano é a língua mais sonora do mundo!”, ou, Alguém já disse que se a gente só consegue expressar as emoções mais profundas utilizando a língua materna. Isso seria suficiente. Muita gente dedicaria algumas horas por dia para dominar esse belo idioma. Apenas não inventem que é a língua de nossos antepassados, pois é mentira.

Todos nós deveríamos falar com fluência, pelo menos, uma outra língua, além da nacional. Tanto pode ser o inglês, o espanhol, o fancês, o alemão, alguma língua eslava...ou, por que não, o nosso talian?
Se quisermos manter nossa cultura – e temos o dever de fazê-lo -, devemos ensinar aos jovens a nossa língua, pois, enquanto nossa língua viver, nossa cultura não perecerá.

Parte do texto de Darcy Loss Luzzatto retirado do livro "Nós, os ítalo-gaúchos", coordenado por Mário Maestri, 1996.





quarta-feira, 8 de maio de 2019

Provérbios em Talian




Provérbios em Talian



·      "Can vècio no'l ghe sbaia a la luna"- Cão velho não late pra lua
·      "Come noantri no ghen'è altri"- Como nós, não há nenhum outro
·      "Come San Tomaso, no'l ghe crede se no'l ghe mete el naso"- É como São Tomé, se não mete o nariz, não tem fé
·      "Chi fà de so testa, paga de so borsa"- Quem faz da sua cabeça, paga do seu bolso
·      "A caval de un porco grasso"- A cavalo de um porco gordo (Sem nenhuma segurança)
·      "Amor sensa barufa el fa la mufa"- Amor sem briga, da dor de barriga
·      "A paroni e mati no se ghe comanda mia."- A donos e loucos não se pode dar ordens.
·      "Ari che semo apari."- Opa que estamos de acordo..!
·      "Assa chel se sbore..!"- Deixa que se lasque..!
·      "Beati i ùltimi se i primi i ga creansa."- Benditos os últimos se os primeiros são educados.
·      "Bèi in fassa, bruti in piassa."- Bonitos nos cueiros, feios na mocidade.
·      "Brina su el pantan , piova inco o doman."- Geada na lama, chuva na cama.
·      "Bruta come el temporal."- Feia como a tormenta.
·      "Cativa come na brespa."- Braba como uma vespa.
·      "Chi dà, se smentegá; chi riceve se ricorda."- Quem dá, esquece; quem recebe se lembra.
·      "Chi è stato rè, el sarà sempre maestà."- Quem foi rei, será sempre majestade.
·      "Chi fà el prim paga el vin."- Quem faz o primeiro, paga o vinho.
·      "Chi fà dopo, paga tropo (pròpio)"- Quem faz depois, paga para os dois. (de fato)
·      "Chi ga prèssia, magna crudo."- Quem tem pressa, come cru.
·      "Chi ga mia testa, ga gambe."- Quem não tem cabeça, tem pernas.
·      "Chi guadagna ga sempre rason."- Quem ganha tem sempre razão.
·      "Chi ride, vive depì."- Quem ri, vive mais.
·      "Chi sparagna, el gato magna."- Quem economiza, o gato come.
·      "Chi va drio ai altri, no riva mai prima."- Quem segue os outros, nunca chega primeiro.
·      "Ciari come le mosche bianche."- Raros como as moscas brancas.
·      "Ciucia fighi".- Chupa figos..! (Explorador, vigarista.)
·      "Ciuco come na porta".- Bêbado que nem uma porta.
·      "Coion el ozel chel ga s-chifo del so nido".- Bobo o passarinho que despreza o próprio ninho.
·      "Co le braghe in man."- Com as calças na mão. (Trabalho difícil de realizar)
·      "Co l’àqua la toca el col se impara nodar".- Quando a água chega ao pescoço aprende-se a nadar.
·      "Col ghe riva, nol dòpera mia la scala".- Quando alcança não usa escada.
·      "Come quei de Guaporè: Prima i tira el due e dopo i tira el trè".- Como aqueles de Guaporé; primeiro mostram o dois e depois, o três.
·      "Come San Tomaso; el crede s’el ghe mete el naso".- Como São Tomaz; acredita só se mete o nariz.
·      "Come valo el cuor..? – A colpi, a colpi".- Como vai o coração..? – A golpes... A golpes...!
·      "Cossì, cossì, come na dona sensa el marit."- Assim, assim, como uma mulher sem o marido.
·      "Contar busie l’è dir el contràrio de quel che se pensa".- Mentir é dizer o contrário do que se pensa.
·      "De note, un soco el par un orso".- À noite, um toco assemelha-se a um urso.
·      "De tanto ndar al posso el baldo el perde el mànego".- De tanto ir ao poço o balde perde o cabo.
·      "Disi sempre che la è cota".- Diga sempre que já está cozida. (Concordar é melhor que contestar)
·      "Dona bruta, rispeto a casa".- Mulher feia, respeito em casa.
·      "Dopo del oio, tuto sbrìssia".- Depois da graxa, tudo desliza.
·      "Drito come un ciodo".- Reto como um prego.
·      "El balordo el perde el capel e el scrive el so nome".- O maluco perde o chapéu e escreve seu nome.
·      "El can de tanti paroni el more da fame".- O cão de muitos donos morre de fome.
·      "El can pegro nol magna mai la merda calda".- O cão preguiçoso nunca come merda quente.
·      "El diàolo el caga sempre ntel mucio pi grando".- O diabo faz cocô sempre no monte maior.
·      "El formàio gratà , el fa spissa ai zenoci".- O queijo ralado faz comichão nos joelhos.
·      "El ga tolto el cul par na piaga".- Confundiu o ânus com uma ferida.
·      "El ga na sorte come un can in cesa".- Tem tanta sorte como um cachorro na igreja. (Só leva coices)
·      "El gato broà, el ga paura, fin de àqua freda".- Gato escaldado tem medo de água fria.
·      "El ghe trà a la bocia e el ciapa el bocin".- Atira na bochas e acerta o balim.
·      "El ghe piomba i vermi".- Leva-o à destruição.
·      "El la capisse sempre a la reversa".- Compreende sempre às avessas.
·      "El malan el porta el san".- O doente conduz o sadio.
·      "El mèio dea festa l’è pareciarla".- O melhor da festa é prepará-la.
·      "El menestro el ga perso el mànego".- A concha perdeu o cabo. (Um chefe perdeu autoridade)
·      "El pi busier el lo cata".- O mais mentiroso o encontra (Um perdido..)
·      "El piande el mort par ciavar el vivo".- Chora o defunto para lograr o sobrevivente.
·      "El pianta aio par catar sù séole".- Planta alho para colher cebolas.
·      "El primo di che se va in campagna no se fa mia formàio".- O primeiro dia que se vai ao campo não se fabrica queijo.
·      "El pi grando inferno in tera , la è na fameia in guera".- O maior inferno na terra é uma família em guerra.
·      "El scrive come un dotor".- Escreve como um doutor. (Ilegível)
·      "El va farse benedir".- Vai ao paraíso. (Mais candidamente)
·      "El va farse ciavar".- Vai danar-se.
·      "El va far tera da bocai".- Via virar barro de panelas.
·      "El va indrio come i gàmbari".- Retrocede como os caranguejos.
·      "El vol sconder el sol col tamiso". (crivel)- Quer tapar o sol com a peneira.
·      "Fàcile come el ovo de Colombo".- Fácil como o ovo de Colombo.
·      "Fate furbo..!"- Acorda..!
·      "Fin ai sèi i è putèi; daí sessanta insù i è incora quéi".- Até aos seis anos são crianças; dos sessenta acima voltam à infância.
·      "Fin che ghinè, viva Giusoè..! Co ghinè pu, vardaremo in sù".- Até que tem, viva Jerusalem..! Ao terminar, olhemos o ar..!
·      "Fin che la dura, mai paùra".- Até que é robusto, nada de susto.
·      "Fumana bassa, la piova la passa".- Cerração baixa, sol que racha.
·      "Fumana u el monte, piova tea fronte".- Cerração no morro, chuva no coro.
·      "Furbo come la volpe".- Esperto como a raposa.
·      "Furbo come un merlo".- Esperto como um melro. (Dorminhoco)
·      "Ghe tiro a chi no vedo e copo chi no credo".- Atiro no que vejo e acerto no que não creio.
·      "Giusto come un deo tel naso".- Exato como um dedo no nariz.
·      "Giusto come trè e trè i fa sèi".- Exato como "dois e dois são quatro.
·      "Giusto come un mostacio".- Certo como o fio de bigode.
·      "Gras come un porsel".- Gordo que nem um porco.
·      "Guadagnà in festa, fora par la finestra".- Ganho na festa, fora pela janela. (Ganho fácil, gasto rápido)
·      "I can i mostre le bale, i coioni i mostra i soldi".- Os cães exibem os testículos; os bobos mostram o dinheiro.
·      "I cocùmeri de me nona".- Os pepinos da minha avó..! (Coisas inexistentes)
·      "Indormenso col can, dismìssio co i puldi".- Adormeço com o cão, acordo com as pulgas.
·      "In driocul come un gàmbaro".- De ré, como um caranguejo.
·      "Inocente come un gal de sete ani".- Inocente como um galo de sete anos.
·      "Intrigà morir".- Lutando para morrer.
·      "I se vol un ben da can".- Se prezam que nem cachorros.
·      "I soldi, quando i è massa, i deventa del Diaol: Pi che se ghinà, depì se ghin vol; co se more, no se ghin porta mia via; se assa i altri barufando par spartirli; e, no se sà se, quando morimo, San Piero nol dimandarà la Reza dei Conti par saver come i gavemo guadaganadi."- "O dinheiro, quando é demais, torna-se de Satanás: Quanto mais temos, mais queremos; quando se morre, não se leva nenhum; deixa-se os outros brigando para reparti-los; e , não se sabe se quando morrermos, São Pedro não exigirá a Prestação de Contas para saber como o ganhamos".
·      "I stort e i sguers, i è maledìi da tuti i vers".- Os aleijados e os vesgos são azarados em tudo. (Provérbio de Mântua, Itália)
·      "I soldi i fa balar anca el orso".- O dinheiro faz dançar até os ursos.
·      "I tosati e i colombi i sporca le case".- As crianças e os pombos sujam as casas. (Não guardam segredo)
·      "La alegria la spanta la malatia".- A alegria espanta a doença.
·      "La cavra che sbèrega la perde el bocon".- A cabra que berra perde o bocado.
·      "La coa de nantra vedela".- O rabo de outra terneira (Fuga de assunto)
·      "La galina massa sgorda la crepa el gozo".- A galinha gorda arrebenta o "papo".
·      "La morte dea piégora, la salute dei can".- A morte da ovelha é a saúde do cão.
·      "La mussa e i trenta soldi".- A mula e os trinta dinheiros (Para quem quer tudo).
·      "La ociosità la è la mama de tuti i vìssii".- A ociosidade é a mãe de todos os vícios.
·      "La sìmia che se grata, la ciama i balini".- Macaco que se coça chama chumbo.
·      "La soméia un pèrsego maduro".- Parece um pêssego maduro. (A moça muito bonita.)
·      "Le busie le ga le gambe curte".- As mentiras têm as pernas curtas.
·      "L'è come el diàolo ntel àqua santa".- É como o diabo na água benta
·      "L'è ndato farse ciavar".- Ele foi se roubar. (pessoa iludida)
·      "L'è pi indrio che le patate del porco".- Esta mais atrasado que culhão de porco.
·      "L'è sordo come na campana".- É surdo como um sino.
·      "L'è un descanta baùchi".- É um desperta estupidos.
·      "Lòdete sestel che te gh’è un bel mànego..!"- Elogia-te cesto, pois, tens um lindo cabo ..! (Para os gabolas)
·      "Maledeta la prèssia".- Maldita a pressa.
·      "Magna quel che te gh’è e tasi quel che te sè".- Coma o que tiveres e cala o que souberes.
·      "Magna panoce..!"- Comedor de espiga milho ..! (Para chamá-lo ignorante como um burro que come milho)
·      "Magnemo polenta e pessi ntel rio".- Comemos polenta e peixes no rio.-       "Magnon el pan?- Go mia fam.Magnon del mio....Magnon, magnon, gràssia a Dio".- Vamos comer o pão.Não estou com fome.Vamos comer do meu.Vamos comer, graças a Deus.
·      "Molo come na boassa."- Mole que nem esterco de vaca.
·      "Monta a casa e via a caval".- sobe (monta) na casa e vai a cavalo. (Pessoa intempestiva)
·      "Na disgràssia no la vien mai sola".- Uma desgraça nunca vem sozinha.
·      "Na bronsa querta".- Uma brasa coberta. (pessoa falsa)
·      "Na peada ndove che no peta el sol".- Um coice onde o sol não bate. (um chute na bunda - mandado embora)
·      "Ndove chel caga el assa el cul".- Onde faz cocô esquece o ânus. (pessoa desleixada)
·      "Nissun l'è tanto grando che nol possa imparar; nissun l'è tanto pìcolo che nol".- Ninguém é tão grande que não possa aprender; ninguém é tão pequeno que não possa ensinar.
·      "No ghe ze sabo sensa sol, doménega sensa messa e luni sensa debolessa".- Não há Sábado sem sol, Domingo sem missa e Segunda sem preguiça.
·      "No se magna mai na merda dagusto".- Não se come nunca uma bosta com bom gosto.
·      "No te gh’è mia bastoni..? Solo un, ma molo."- "Não tens paus..? (No jogo de cartas) Só um, mas (eu?) frouxo. (Solto)" (Duplo sentido.)
·      "Nol ghe vede un palmo davanti el naso.."- Não enxerga um palmo diante do nariz.
·      "Ntel perìcolo lè mèio starghe distante, che saverla longa".- No perigo é melhor ausência de corpo do que presença de espírito.
·      "O magna sto osso o salta sto fosso".- Ou come este osso ou pula este poço.
·      "Ogni busa la ga la so scusa".- Toda a cova tem sua desculpa.
·      "Ogni fuso el ga el so buso".- Toda "agulha tem seu buraco.(tudo tem seu par)
·      "Ogni merlo al so nido".- Todo o sabiá, ao seu ninho.
·      "Par fin chel gapia un rospo ntea pansa".- Parece até que está com um sapo na barriga. (Pessoa muito orgulhosa)
·      "Par gòder ben la vita bisogna tirarla drita".- Para viver bem a vida é preciso caminhar honestamente.
·      "Par ndar in Paradiso bisogna diventar inocenti come i tosatèi".- Para ir ao céu é preciso tornar-se inocente como as crianças.
·      "Piàntelo ciaro, teo toli su col caro; piàntelo fisso, teo toli su col bocal da pisso".- Plante longe e colha com o carro; plante junto e colha com o penico.
·      "Pianto de dona, troto de musso".- Choro de mulher, trote de mula. (Não assustam ninguém)
·      "Pien de sorte come un can in cesa".- Sortudo como um cão na igreja. (Leva chutes )
·      "Pi indrio che le patate dei porchi".- Mais atrasado que as bolas dos porcos. (genitalia)
·      "Pi longo chel ano dea fame".- Mais comprido do que um ano da fome.
·      "Pi longo che el sepolimento de un sior".- Mais cumprido que enterro de rico.
·      "Pimpian se va a lontan, forte se va a la morte".- Devagar se vai ao longe; rapido se vai à morte.
·      "Piova de inverno, deventa un inferno".- Chuva no inverno, vira um inferno.
·      "Piova de istà, beati chi la ga".- Chuva de verão, benditos os que a terão.
·      "Piove a sece roverse".- Chove aos baldes.
·      "Pissa brodo".- urina quente. (pessoa que leva e traz- nao da tempo de esfriar...)
·      "Pi sgoelto che la lievre".- Mais ligeiro que a lebre.
·      "Pitosto de vardar uno a stelare, l’è meio veder uno a cagare".- Melhor ver um homem rachando lenha que alguém cagando.
·      "Poco, ben e sempre".- Pouco, bem e sempre.
·      "Polenta e late, ingrossa le culate".- Polenta e leite engrossa as coxas.
·      "Polenta freda fa carità ai poareti".- Até polenta fria é caridade para os pobres.
·      "Porta schiti".- Fofoqueiro.
·      "Prima San Piero, dopo i so Apòstoli".- Primeiro São Pedro, depois os seus apóstolos. (o chefe na frente)
·      "Pròpio mal ciapà".- Realmente mal pegado. (Em maus lençóis, pobre)
·      "Rosso come un gàmbaro tea padela".- Vermelho como um caranguejo na frigideira. (bebado ou mentiroso)
·      "Rosso come un garòfolo".- Vermelho como um cravo.(bebado ou mentiroso)
·      "Rosso de sera, bom tempo se spera".- vermelho ao entardecer, bom tempo se espera.
·      "Saren de matina, piova o spiovesina".- Vermelho ao amanhecer, chuva ou chuvisco.
·      "Scarpe nove fa mal ai pié".- Sapato novo machuca o pé.
·      "S-chersi de man, s-chersi da vilan".- Brinquedo de mão, brinquedo de bobo.
·      "Seca come un bacalà".- Seca como o bacalhau.
·      "Se Dio vol e el toro el me assa".- Se Deus quiser e o touro permitir
·      "Sgionfo come un rospo".- Estufado como um sapo.
·      "Signor, signor segnei; se no i vol morir, copei".- Senhor, Senhor, amaldiçoe; se não quiserem morrer, mate-os.
·      "Soldi e bote no i torna pi".- Dinheiro e bordoada não têm retorno.
·      " Som maridà,son sassinà..!Pien de dèbiti,Sensa crèditoe... Dio me vede".- "Sou casadoassassinado..!Cheio de dívidas,Sem nenhum créditoE ... Deus me vê".
·      "Speta caval che la erba la nassa".- Espera, cavalo que o capim nasça.
·      "Su co le rece..!"- Ouvidos atentos..!
·      "Tempo de paia, madurisse i nèspoli".- Época da trabalho, amadurecem as ameixas.
·      "Tempo de guerra, pi "bale" che tera".- Tempo de guerra, mais boatos que fatos.
·      "Tromba de culo, salute de corpo".- Ronco de bunda, saúde do corpo
·      "Tuta la merda la ga la so spussa".- Todo o cocô tem seu cheiro.
·      "Tuti i gropi i vien al pètene".- Todos os nós vêm ao pente.
·      "Va farte benedir..!"- Vá fazer-te abençoado..!
·      "Va farte ciavar..!"- Vá te lascar..!.
·      "Vanti col Cristo che la procission la è indrio".- Adiante com o Cristo que a procissão está atrasada.
·      "Va piantar patate..!"- Vá plantar batatas..!
·      "Vien su el pel de oca..!"- cresce o pêlo no ganso..!(grande mentira)
·      "Vien su le òspie...!"- Fico enraivecido..!
·      "Vòltela Gioani, che la se brusa".- Muda de assunto... Senão incendeia..!
·      "Zaldo come na candela".- Amarelo como uma vela.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS