Durante os últimos 25 anos do século XIX e início do XX, houve uma significativa imigração de pessoas vindas da região do Vêneto para o Brasil. Isso fez parte de uma grande onda de emigração para o nosso país vinda da Europa, que incluiu muitos italianos. A emigração italiana para o Brasil e de outros países europeus deixou um impacto duradouro na cultura e na demografia brasileira. Hoje, ainda existem comunidades no Brasil que falam um dialeto com grande carga da língua vêneta, chamado Talian, criado aqui mesmo pelos imigrantes italianos que chegaram ao Rio Grande do Sul. Quando as primeiras levas de colonos começaram a povoar as colônias localizadas na Serra Gaúcha, a Itália como conhecemos atualmente, só existia há apenas nove anos, ainda um país muito jovem, sem uma consciência nacional, um reino que ainda não sabia o que era ser uma nação. Com a unificação foi criado o país chamado Itália e agora era necessário criar os italianos. Poucos sabiam falar em italiano, a língua oficial do recém criado país, moldada sobre a estrutura do dialeto toscano, o mais erudito de então, com variada literatura e conhecidos escritores florentinos como Petrarca, Dante Alighieri e Boccaggio. O povo, do país Itália, no entanto, falava somente os seus inúmeros dialetos, característicos das suas regiões e muitas vezes até diferentes dentro de algumas delas. Os imigrantes vênetos e de outras partes do norte italiano, falavam dialetos algumas vezes incompreensíveis entre eles sendo preciso criar uma língua, o Talian, para se comunicar entre si nas remotas e isoladas colônias do Rio Grande do Sul. Os casamentos entre imigrantes italianos de regiões diferentes criava situações embaraçosas dentro da própria casa. Com a criação e uso do Talian esses problemas desapareceram.
A emigração dos vênetos em direção ao Brasil, no final do século XIX, fez parte de uma grande onda de imigração italiana para o nosso país. A primeira onda de emigração italiana ocorreu em decorrência a uma crise agrícola, o que levou mais de cinco milhões de pessoas, principalmente do norte da Itália, a emigrar para outros países europeus e para a América Latina. Pobreza, falta de emprego e de renda foram os principais motivos que estimularam italianos do norte e do sul a emigrar. Os vênetos foram os primeiros a deixar a Itália, cerca de 30% do total, seguidos por habitantes da Campânia, Calábria e Lombardia. A imigração italiana para o Brasil foi muito importante para o desenvolvimento econômico e cultural da região. As condições econômicas no Vêneto na época da emigração foram afetadas por uma crise agrícola que levou mais de cinco milhões de pessoas, principalmente do norte da Itália, a emigrar para outros países europeus e para a América Latina. Segundo os resultados de várias pesquisas, os principais motivos que levaram os vênetos a emigrar para o Brasil foram a pobreza, a exclusão das classes rurais, a fome e o desejo de possuir terras, o chamado "sonho da propriedade" profundamente arraigado há muitos anos na mente dos pobres trabalhadores rurais vênetos. O sonho da propriedade influenciou os pequenos agricultores do Vêneto na decisão de empreenderem a grande emigração para o Brasil, pois eram pequenos proprietários, locatários, meeiros e trabalhadores rurais diaristas que buscavam melhores oportunidades. No Brasil, desde a chegada, eles podiam adquirir títulos de propriedade e se tornar donos de seus próprios lotes de terra, o que não era possível na Itália. Esse sonho de propriedade foi um poderoso motivador para os camponeses vênetos emigrarem para o Brasil. Além disso, o governo brasileiro começava a implementar políticas de incentivo à agricultura familiar, o que ajudou pequenos agricultores a adquirir terras e se tornarem autossuficientes.
Conforme pesquisas e trabalhos já publicados, a região do Vêneto, na época da Sereníssima República, experimentou um declínio na prosperidade a partir do final do século XVI. Durante o Renascimento, Veneza tornou-se uma rica nação comercial, o que permitiu o florescimento das artes. O dinheiro em Veneza consistia principalmente em ouro ou prata, e a economia dependia fortemente do fluxo desses metais. Veneza teve que desenvolver um sistema altamente flexível de moedas e taxas de câmbio entre moedas compostas de prata e ouro para preservar e aprimorar seu papel como plataforma giratória do comércio internacional. O comércio de trigo e painço também era importante para a riqueza do patriciado. No século XIX, o comércio veneziano foi regulado pelos conquistadores da cidade, primeiro a Áustria, depois a Itália. A grande emigração do final do século XIX foi o ápice de um processo que se iniciou muitos anos antes resultado de vários fatores importantes, incluindo as estruturas econômicas e sociais da América do Sul. Muitos italianos fugiram das perseguições políticas na Itália lideradas pelo governo imperial austríaco após os primeiros fracassos da unificação. Os imigrantes europeus brancos e de religião católica foram pensados pelas autoridades imperiais para "melhorar" o "choque étnico" no Brasil, ou conforme se pode ler em alguns documentos do período: para o branqueamento do país. Os alemães foram a primeira opção, especialmente por terem experiência militar. Pelo fato deles não se integrarem muito bem nas comunidades onde foram assentados, refratários a miscigenação, persistindo em manter a sua língua, religião e costumes, o governo imperial deu preferência aos imigrantes italianos. O desejo de possuir terras foi um fator significativo na migração de emigrantes rurais do norte da Itália. Os vênetos foram os primeiros a emigrar da Itália, cerca de 30% do total dos emigrantes, seguidos por aqueles da Campânia, Calábria e Lombardia.
A primeira grande migração da história moderna foi a italiana, começando com pessoas da região do Vêneto em 1875, quando começaram a deixar a Itália e se estabelecer na Argentina, EUA, mas acima de tudo no Brasil. Os italianos foram viver em colônias relativamente bem desenvolvidas no sul do Brasil, mas no sudeste, eles viviam em condições de semiescravidão nas grandes plantações de café. Não há informações específicas disponíveis sobre as condições econômicas do Vêneto que levaram à emigração para o Brasil, com certeza uma pobreza em crescimento e falta de postos de trabalho para todos. No entanto, sabe-se que a região do Vêneto forneceu a maior cota de emigrantes para o Brasil, seguida pela Campânia. Os imigrantes vênetos trouxeram suas mudas de parreiras para o Brasil e plantaram grandes vinhedos, cultivaram milho, trigo, frutas e legumes, moldando o terreno acidentado em áreas de terra cultivada. As comunidades que falam Talian ainda existem no Brasil e representam uma parte importante da herança cultural italiana no país. A imigração italiana para o Brasil, incluindo a emigração vêneta do século XIX, teve um impacto duradouro na cultura e na demografia brasileira. A imigração italiana para o sul do Brasil foi especialmente importante para o desenvolvimento econômico e cultural dos três estados da região. Os imigrantes transformaram o sul do Brasil de uma área de colonização em uma das regiões mais ricas e desenvolvidas do país. Por outro lado, muitos imigrantes italianos, também entre eles muitas famílias vênetas, que se estabeleceram em fazendas de café no sudeste do Brasil viveram em condições semi-escravas pelo fato de não terem acesso à propriedade: continuaram aqui no Brasil sujeitos a um patrão que dirigia as suas vidas. Para sair dessa situação, para poderem deixar as fazendas precisavam primeiro cumprir os quatro anos de trabalho, obrigatório por contrato e saldar todas as dívidas que tinham contraído com os donos das terras, desde a viagem para o Brasil, assim como as outras possíveis despesas custeadas pelo patrão ao longo do período de permanência na fazenda.
Embora não haja informações específicas disponíveis sobre as condições econômicas no Vêneto que levaram à emigração para o Brasil, é sabido que a região de Veneto forneceu a maior cota de emigrantes para o Brasil, seguida por Campania. Os motivos principais que estimularam a emigração foram a pobreza, a falta de emprego e a renda insuficiente.
Hoje em dia, a região de Vêneto continua a ser uma terra de emigração como no passado, se bem que muito diferente, desta vez são os cérebros mais privilegiados, os profissionais mais bem formados que procuram colocação de trabalho em outros países. O Vêneto hoje é uma terra de imigração, recebendo a cada ano milhares de trabalhadores de outras regiões do país e principalmente do exterior, que buscam, no seu grande parque fabril, uma oportunidade de trabalho. Muitos habitantes do Vêneto emigraram para construir novas vidas em outros lugares devido à pobreza e falta de perspectivas de futuro antes das melhorias econômicas que aconteceram na região a partir dos anos 60 do século XX. Os imigrantes vênetos do século anterior deixaram sua marca no Brasil e ainda são lembrados por sua grande contribuição à cultura e ao desenvolvimento econômico do país.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário