terça-feira, 24 de agosto de 2021

Os Imigrantes Italianos no RS e o Padre Medicheschi

Padre Eugenio Medicheschi


O Padre Eugenio Medicheschi foi um dos primeiros missionários enviados pelo bispo de Piacenza, Don Giovanni Battista Scalabrin, para proteger e dar assistência espiritual aos milhares de emigrantes italianos que escolheram o Brasil para recomeçar uma nova vida. 

O padre Medicheschi estabeleceu a sua residência definitiva no final do ano de 1905 em Monte Vêneto, atual Cotiporã, onde viveu e exerceu seu apostolado por 16 anos. Uma das suas primeiras atividades, logo  após sua chegada, foi acelerar a construção da igreja local, que ainda se encontrava na fase de escavação das suas fundações. 

O padre Medicheschi se destacou participando  ativamente no desenvolvimento do município sendo o responsável pelo aparecimento de várias indústrias, como o grande frigorífico Sul América e a Cooperativa Trabalho e Progresso, a primeira no setor de laticínios do país.

Igreja de Cotiporã



Esses primeiros missionários, que aqui para o Brasil foram enviados, tiveram uma vida muito difícil, bem espartana, com excesso de trabalho duro para poder dar conta da assistência aos imigrantes italianos nas diversas colônias onde estavam assentados, quase sempre muito distantes umas das outras.  

Esses padres precisavam se deslocar todos os dias por um extenso território para atender as várias capelas à eles confiadas pelo bispo. Essas ficavam realmente muito distantes umas das outras e os padres, em diversas ocasiões,  precisavam de até um dia inteiro de viagem a cavalo ou, o que era mais frequente no lombo de burro para alcança-las. Atravessavam por caminhos muito estreitos, cercados  pela mata fechada que teimosamente tentava novamente engolir a  estreita passagem recém aberta. Eram estreitos e tortuosos caminhos muito perigosos

Em muitas ocasiões precisavam abrir o caminho a golpes de facão para poder passar e nos dias de chuva essas dificuldades ficavam muito maiores, o terreno se transformava em escorregadios lodaçais e as cheias dos rios dificultavam a passagem. 

Esses primeiros missionários não exerceram apenas a função de padres, mas, também de médicos, arquitetos, juízes e principalmente de homens de confiança da maioria daqueles pobres imigrantes, necessitados de tudo, colocados sozinhos no meio da grande floresta, longe de seus familiares e de suas vilas natais deixadas na Itália. 

Nas zonas coloniais italianas do Rio Grande do Sul, como uma forma de reconhecimento pelo grande trabalho desses voluntários, mesmo hoje em dia, após já terem se transcorrido quase um século e meio, os seus feitos não foram esquecidos e as suas lembranças ainda permanecem vivas na memória da população. 




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS