sexta-feira, 2 de outubro de 2020

A Emigração Italiana e a Escolha pelo Brasil


Quando da decisão de trazer para o Brasil milhares de imigrantes italianos, as autoridades do governo imperial adotaram duas estratégias. A primeira foi trazer  para as recém criadas colônias no sul do Brasil, grande número de famílias italianas, com a finalidade de ocupar e povoar os grandes espaços vazios na época existentes, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, fortalecendo com isso as despovoadas fronteiras com outros países sulamericanos, especialmente a Argentina. Essas colônias serviriam também para suprir as cidades vizinhas de alimentos e produtos agrícolas variados. 



A outra estratégia colocada em prática pelo governo foi trazer com urgência milhares de emigrantes italianos para suprirem a  falta de  mão de obra braçal, que surgiu um pouco antes e agravada após a abolição do trabalho escravo, necessária nas grandes fazendas de café de São Paulo e Espírito Santo. Os emigrantes quando ainda na Itália, teoricamente, podiam optar por rumarem para núcleos coloniais mais ao sul ou para as grandes plantações de café do sudeste brasileiro.

Para fazer isso acontecer e atrair os imigrantes, o governo brasileiro efetuava contratos com empresas de emigração registradas ou com empresas particulares, que podiam levar de alguns milhares de emigrantes ou de centenas de milhares. 

O mais famoso desses contratos foi acordado com a Companhia Metropolitana, para executar um projeto ambicioso de trazer um milhão de imigrantes italianos para o Brasil, no espaço de 10 anos. Esta audaciosa meta acabou não sendo atingida. 



Após 1894 o governo federal transferiu para as autoridades estaduais a responsabilidade de prosseguir na politica de imigração. Assim, somente os estados mais ricos conseguiram continuar a politica de trazer imigrantes. 

Os agentes de emigração por sua vez contribuíram para criar uma imagem positiva do Brasil, para facilitar  a vinda em massa de imigrantes italianos. Nos últimos anos do século XIX a ideia de emigrar para o Brasil já se fazia presente na maioria das famílias italianas, especialmente naquelas das regiões mais setentrionais da Italia. De acordo com alguns documentos da época, em 1892 já existiam na Itália cerca de 30 agências de emigração, as quais contratavam 5.172 subagentes, que percorriam toda  a Itália, procurando convencer as pessoas a emigrar para o Brasil. 

Esse número foi crescendo rapidamente e já em 1895 eram 33 agências de emigração, com 7.169 agentes. Apelavam para toda sorte de subterfúgios a fim de fazer a cabeça daqueles desesperados para se dirigirem para o Brasil. Quase sempre eram acompanhados de relatos exagerados e nem sempre verdadeiros, tais como, que uma vez no Brasil o ganho estaria assegurado, teriam uma imensidão de terras os esperando, explorando assim o desejo de todos em se tornarem proprietários rurais, pintando com todas as cores o país como sendo um verdadeiro "El Dorado". 

Por outro lado algumas companhias de navegação, como por exemplo a La Veloce, chegava a pagar de 5 a 25 dólares para aqueles agentes que conseguissem convencer uma família a emigrar para o Brasil. 




Dr. Luiz Carlos Piazzetta
Erechim RS