sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Rumo ao Desconhecido: A Épica Jornada de uma Família Italiana no Coração da Argentina

 





Em 1883, um imigrante italiano chamado Antonio chegou a uma pequena cidade, na província de Santa Fé, trazendo consigo a esposa Giuditta e os cinco filhos do casal: Marco o primogênito, já com 12 anos, Piero com 10, Lauretta com 8, Isabella com 5 e Giulio com 2 anos.  Nascido em 1852, em uma pequena vila esquecida no interior da província de Brescia, ele era conhecido por sua natureza reservada e sua coragem incomparável. A situação de desemprego e pobreza em que estavam mergulhadas as zonas rurais italianas, desanimava a todos, especialmente quando viam centenas de vizinhos deixando o país. A casa e a pouca terra que possuíam em sua vila natal já não eram suficientes para sustentar sua crescente família, então Antonio e dois de seus irmãos, Giacintho e Alderico, mais novos que ele, decidiram iniciar uma nova jornada.
Cientes da oportunidade oferecida pelo governo argentino, que permitia que imigrantes viessem para a Argentina sem custos, Antonio e seus irmãos partiram para a América do Sul em busca de um novo começo. A travessia do oceano foi muito longa, durou 40 dias, com diversas paradas em outros portos da Itália e do Brasil. Após três dias na Hospedaria de Imigrantes em Buenos Aires, foram conduzidos pelas autoridades imigratórias argentinas para uma vila na distante província de Santa Fé, antes de serem finalmente enviados para as terras onde ficava a colônia recentemente criada.
Passando um ano nessa vila, Antonio e os irmãos trabalharam a terra para outros, como empregados, esperando a transferência para a colônia. As vilas e  cidades vizinhas já estavam bastante povoadas, pois a região já estava ocupada há algum tempo e não paravam de chegar novos grupos de imigrantes. Porém, mais adiante da cidade de San Vicente, as terras permaneciam como um deserto, pois os nativos gaúchos, por muitos considerados bandidos, impediam que a colonização ali chegasse, talvez porque criavam gado solto naquelas extensas planícies e não queriam a formação de assentamentos  e cercas no lugar.
Antonio e seus irmãos reuniram-se a um grupo de outros colonos corajosos,  e  desafiaram os nativos enfrentando-os naquela terra ainda desocupada. Arriscando suas vidas, eles desbravaram essas áreas chegando com grandes carroças puxadas por cavalos, trazendo consigo arados e instrumentos agrícolas, além da firme determinação de construir ali um futuro melhor. 
Após alguns anos difíceis, que exigiram muito esforço e coragem, Antonio e seus irmãos  estabeleceram suas raízes naquele lugar promissor. Superaram ataques dos nativos, protegendo suas casas e plantações com armas de fogo, foices e forcados. A colonização prosseguiu, trazendo a cada ano grandes grupos de imigrantes e a partir de 1890, a região começou a se transformar, com inúmeras fazendas se espalhando pela colônia.
Antonio, seus irmãos, e outros colonizadores pioneiros contribuíram significativamente para o desenvolvimento da região. Enfrentando desafios e riscos, abriram o caminho para o crescimento da comunidade. Em pouco tempo, naquele lugar, onde não se via uma casa, se transformou em uma pequena cidade, com moradias e comércios diversos, dando origem à comunidade próspera que conhecemos hoje.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS