quarta-feira, 30 de maio de 2018

Sobrenomes de Emigrantes Italianos Embarcados em Gênova com Destino ao Porto de Santos em 1900






Navio Espagne

Saída do Porto de Gênova em 08 de Dezembro 1900
Chegada no Porto de Santos em 1901

Na listagem de embarque consta também o nome e idade de todos os familiares que vieram juntos






Argazzi
Alghisi
Andreello
Antonini
Auralone
Balarsi
Bavutti
Bedolo
Beggiatto
Bergamo
Bergo
Berluti
Bermati
Bernati
Bettarelli
Bettizelli
Bezziolo 
Bisplo
Boiani
Bonato
Boniolo
Borromelli
Botta
Brigato
Broggiato
Brunoldi
Buffi
Caddei
Calcagnolo
Callegani
Capogrossi
Carboni
Carlessi
Chiarello
Chilò
Cioli
Coffanello
Coltrinari
Coltrisan
Comasetto
Conti
Cora
Cortelassa
Cozzi
Crepaldi
Crocco
Crucianelli
Danieli
Dulizzia
Fantaguzzi
Felizzati
Franzioni
Franzoso
Freschi
Garbin
Gasparini
Gatti
Ghesa
Gicomanni
Guarnieri
Iseppato
Lancioni
Leoni
Lombardi
Magon
Marchesin
Marchetti
Marchietto
Maselli
Masi
Masiero
Mattiazzi
Mausi
Melchioni
Meucci
Monghini
Olivato
Orbelli
Orterizi
Palazzi
Paterniani
Pertile
Pesci
Pesson
Pettizzari
Pieroni
Pilotti
Pistolin
Proietti
Ruzza
Sacchi
Salicioni
Salvatore
Scurazzi
Sermolin
Sesnargeli
Sguotti
Simiollo
Steppato
Stiglio
Stoppia
Succiosini
Szobb
Valeniani
Valeriani
Valtese
Zanardo
Zanco
Zanetta
Zanetti
Zanoello




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

terça-feira, 29 de maio de 2018

A Grande Emigração do Povo Vêneto




Mesmo depois das guerras de independência o Vêneto pouco mudou e continuava como nos séculos precedentes, uma terra de passagem para os exércitos em movimento. Quando estourou a guerra do ressurgimento, no ano de 1848, a região foi atravessada pelo exército austríaco que tentava responder ao ataque dos piemonteses na Lombardia e reprimir as insurreições que surgiam. 
A cidade de Vicenza, depois de feroz resistência, foi reconquistada em 10 de Maio. Por sua vez, sob o comando de Daniele Marin, a cidade de Veneza ainda iria resistir por mais um ano às tropas do general austríaco Radetzky, quando finalmente capitulou dizimada pela fome e pela cólera. 
A repressão do exercito austríaco foi feroz e continuou nos anos seguintes até 1866 quando o Vêneto passou a fazer parte do recém criado Reino da Itália. Essa anexação de todo o Vêneto, passando para as mãos dos novos governantes da Casa de Savoia, foi catastrófica para região. Veio agravar a sua já precária situação econômica, devido as duríssimas condições de vida impostas, com o advento de novas taxas. Estas gravavam, de forma mais intensa, as populações das zonas mais pobres, nas planície e nas montanhas, que até então viviam somente de uma agricultura de subsistência, ainda utilizando métodos antiquados de plantio, de muito já ultrapassados em outros países. 
O desemprego e a fome não tardaram a chegar e atingiram com intensidade os habitantes dessas zonas. A miséria, com as suas múltiplas faces, estava exposta nas praças das pequenas vilas e cidades, nos pátios das igrejas, onde se concentravam milhares de homens já sem esperanças, procurando desesperadamente por um eventual trabalho como diarista, para que pudessem alimentar as suas famílias. 



Emigrar foi a decisão que a maioria desses camponeses e pequenos artesões tomaram para assim garantir a sua sobrevivência e a da suas famílias. 
Nos anos finais do século XIX e nos primeiros do século XX o Vêneto conheceu a emigração em massa de uma grande parte de sua população, um verdadeiro êxodo até aquele momento não conhecido. 
Homens, mulheres e crianças partiam aos milhares, com a esperança de um dia, talvez retornarem, com destino, primeiramente, para os países europeus, vizinhos da Itália, muito mais ricos e industrializados, para trabalharem nas minas de carvão, nas estradas de ferro, nas fábricas e nos grandes empreendimentos de infraestrutura. 
Mas, o destino mais procurado naqueles anos era a América, que no imaginário popular era vista como a terra prometida para começar uma nova vida. 



A atenção de todos estava voltada para o tão sonhado Brasil, cantado em prosa e verso como “la tera de la cucagna”, e que naquele momento histórico era o destino mais desejado, mas, todos sabiam que seria uma viagem sem bilhete de retorno. 
Dados estatísticos relatam que entre os anos de 1880 e 1900 cerca de 300.000 pessoas, aproximadamente 10% da população total do Vêneto, deixaram a região como emigrantes, para nunca mais voltarem. Nas zonas da baixa planície estes índices chegaram até a 30% da população.



Esses desesperados emigrantes enfrentaram condições duríssimas na longa viagem de travessia do oceano desconhecido. Mais de um mês de navegação em situação precária, mal acomodados em navios de transporte de cargas, movidos à vapor, no início da emigração até mesmo à vela, precariamente adaptados para o transporte  de seres humanos, comendo mal e muitas vezes até passando fome. As epidemias eram frequentes à bordo e o número de óbitos bastante expressivo. 
Foi no Brasil que o povo vêneto escreveu uma das páginas mais gloriosas da sua história.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

segunda-feira, 28 de maio de 2018

O Gueto Judeu de Veneza




Por volta do século XIII, e nos três séculos seguintes, em toda a Europa, os judeus estavam sendo caçados e expulsos. Na Inglaterra este movimento teve início em 1290, na França em 1394, da Alemanha em 1470, da Espanha em 1492 e Portugal em 1497. Nesse mesmo período o governo da Sereníssima República de Veneza foi mais acolhedor, certamente cobrando algum imposto por isso e em 1516 criou o bairro judeu de Veneza, o denominado Ghetto degli Ebrei, onde podiam viver sem serem perseguidos. Nele os judeus tiveram autorização de residir em todo período de existência da república vêneta, sem nunca terem sido perseguidos pelo governo ou pela Igreja Católica. Entretanto por medida de segurança e medo dos cidadãos venezianos, a única porta de acesso ao local em que residia a comunidade hebraica, era fechado no início da noite e reaberto todas as manhãs, sempre custodiado por guardas da Sereníssima. 
O Guetto se localiza no sestiere di Cannaregio, uma das seis zonas em que a cidade de Veneza está dividida e ainda hoje o ponto de maior concentração de judeus e sede de sinagogas.
Antes da existência do Guetto já se  podia encontrar em Veneza, instalações muito semelhantes, como o Fondaco dei Tedeschi e o Fondaco dei Turchi, que serviam de depósitos de mercadorias, que eles traziam e onde os mercadores dessas etnias deviam passar reclusos todas as noites. 
Em consequência da guerra da Liga de Cambrai numerosos judeus deixaram o continente, as chamadas terras firmes e foram se fixar na cidade lagunar. Esse movimento criou suspeitas e preocupações nos residentes de Veneza que professavam a fé cristã. Foi nessa ocasião que o governo da Sereníssima estabeleceu a lei que obrigava o confinamento dos recém chegados de origem hebraica em um só lugar da cidade, na localidade denominada de Ghetto Nuovo
Essa solução veneziana foi então logo copiada por muitos países europeus, onde ainda era grande a presença de judeus. O local é uma ilha e para terem acesso precisavam atravessar duas pontes, sempre vigiadas e fechadas durante à noite. Os judeus só tinham a permissão para sair deste local durante o dia e usando um distintivo para os identificar. 
A comunidade hebraica foi se desenvolvendo e conheceu em poucos anos um rápido crescimento, também favorecido por novas ondas imigratórias, provenientes de toda a Europa. 
Esse aumento da população do gueto fez com que as autoridades autorizassem a construção vertical dos edifícios, que chegaram a ter a impressionante altura de oito andares. Mesmo com essa providência as autoridades foram pressionadas para aumentar o Ghetto Novo,acrescentado ao mesmo o Ghetto Vecchiono ano de 1541, espaço já usado desde muito tempo para abrigar as indústrias de fabricação de armas, que agora já estava desativado. Nesse novo local, apesar do nome, foram assentados os Judeus Levantinos, ou seja os que eram oriundos da península ibérica e do império otomano. O crescimento continuou e em 1663 foram abertas novas áreas entorno, e conhecidas como Ghetto Nuovissimo, composto por apenas duas ruas, chamadas de calles. Nesses espaços foram construídas inúmeras sinagogas e escolas judaicas, que hoje constituem um complexo arquitetônico de interesse cultural e turístico de Veneza.
Entre os judeus havia aqueles de origem ashkenazi, aos quais o governo veneziano, além das atividades ligadas à medicina, concedeu também a licença para exercerem a atividade de emprestadores de dinheiro, proibida aos cristãos por motivos religiosos, pois era considerado imoral lucrar juros sobre o dinheiro dado em empréstimo. 
Durante o período de duração da Sereníssima República de Veneza, nos diversos séculos, os relacionamentos com os  judeus sempre foram estáveis. Com a queda de Veneza para as tropas de Napoleão foram eliminadas as discriminações para com os judeus, ocasião em que também foi extinta a obrigação exclusiva de residência no gueto. 

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

domingo, 27 de maio de 2018

Emigração Italiana Destino Brasil


Para se entender o fenômeno da emigração italiana para o Brasil devemos antes analisar alguns aspectos do país que estavam ocorrendo no final do século XIX e início do século XX. Por interferência direta da Grã Bretanha, na época uma superpotência, o Brasil foi coagido a pôr um fim no tráfico de escravos que provinham da África negra. Em 1850 com a Lei Eusébio de Queirós foi definitivamente proibido o tráfico de escravos. 
Esses indivíduos, de ambos os sexos, eram tirados à força de suas terras e transformados em escravos, quase sempre por outros negros de tribos rivais. Representavam a verdadeira força motriz do desenvolvimento do Brasil, inicialmente nas plantações de cana de açúcar e mais tarde nas lucrativas plantações de café. Com a proibição do tráfico começou a faltar a mão de obra necessária para a expansão dessa cultura. Nessa mesma época o Brasil já era o maior produtor mundial de café e as plantações localizadas, principalmente, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo necessitavam de um grande número de trabalhadores cada vez maior. As novas leis que foram editadas em seguida, como a Lei do Ventre Livre, em 1871 e a Lei dos Sexagenários, anunciavam que o fim da escravidão no Brasil estava próximo. Também um outro fator importante é que os escravos existentes envelheciam, e a reprodução natural não conseguia repor a mão de obra dos que eram afastados,  deixando de produzir. 


As plantações de café no estado de São Paulo estavam em plena expansão necessitando cada vez mais de mão de obra e os escravos liberados não eram suficientes para suprir as necessidades cada vez maiores. 
Por outro lado a Itália tinha recentemente passado pelas guerras de independência e a economia da nação ainda estava muita debilitada. Ao mesmo tempo as taxas de crescimento demográfico e de desemprego cresciam assustadoramente. A unificação da Itália e a anexação do Vêneto criaram diversos problemas como impostos altos e desemprego no campo. Foram os mais pobres que tiveram que aguentar nas suas costas os gastos para a formação do reino da Itália.   No mesmo período os Estados Unidos começavam a impor barreiras para conter o ingresso de estrangeiros. Todos esses fatores farão com que à partir de 1870 tivesse início a grande emigração de italianos para o Brasil. 

Imigrantes Italianos Atravessando de Barco o Rio Caí no Rio Grande do Sul

O governo da época considerava que os brasileiros eram incapazes de sozinhos desenvolverem o país. A política de imigração tinha mais um o propósito além de oferecer a mão de obra que já estava faltando, para colonizar as enormes extensões de território ainda improdutivos, que era aumentar o número proporcional de brancos na população brasileira. Neste projeto os negros e mestiços iriam pouco a pouco desparecendo, através da miscigenação com os imigrantes europeus. Para esses fins, os emigrantes italianos preenchiam todos os requisitos necessários, sendo considerados um dos melhores, pois, além de brancos também eram de religião católica. As autoridades acreditavam que a assimilação com a sociedade brasileira seria fácil e ainda contribuiriam para o “branqueamento” da população.
Foi à partir de 1870 que a imigração italiana no Brasil toma corpo e entre 1887 e 1902 se transforma em um grande fenômeno de massa. De 1880 à 1924 chegaram no Brasil 3.600.000 imigrantes, de várias nacionalidades, e os italianos representavam 38% deste total. O Brasil foi  o terceiro colocado no número de imigrantes italianos que recebeu, ficando atrás somente dos Estados Unidos, com 5.000.000 e da Argentina com 2.400.000. 
O número de emigrantes que deixavam a Itália podia ser comparado a um verdadeiro êxodo e foi por volta do início do século XX, que apareceram nos jornais italianos notícias das péssimas condições que o italianos estavam recebendo nas fazendas de café do Estado de São Paulo. Muitos queriam retornar para a Itália, desistindo do sonho brasileiro, mas, como tinham débitos para saldar, principalmente com os custos da viagem, não podiam faze-lo de imediato. Assim, devido esses fatos ocorridos, em 1902 o governo italiano emitiu um decreto, chamado de Decreto Prinetti, uma lei que proibia a emigração subsidiada de cidadãos italianos para o Brasil. À partir de então quem quisesse emigrar, para esse destino, devia pagar os bilhetes da viagem. 

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

sábado, 26 de maio de 2018

Erechim o Campo Pequeno dos Birivas e dos Imigrantes Vênetos






Erechim, ou, mais corretamente Erexim, fazia parte do vasto município de Passo Fundo, um dos maiores do Estado do Rio Grande do Sul, que ia desde Carazinho até Marcelino Ramos. 
Seu nome vem da língua dos índios Caingangues que habitavam o local e quer dizer “Campo Pequeno”. 
Birivas era o nome dado por esses mesmos índios aos estrangeiros, os poucos brancos que conheciam e que habitavam aquelas terras. Até o ano de 1910 Erechim era o 7º Distrito de Passo Fundo e a sede se localizava no povoado de Capo-Erê. 



A partir desta data passou então a fazer parte do 8º Distrito de Passo Fundo e tinha a sede na Colônia Erechim, hoje município de Getúlio Vargas. 
A atual cidade de Erechim na época chamada de Paiol Grandeera uma densa floresta, quase desabitada, coberta de araucárias e outras árvores centenárias, onde se abrigavam alguns poucos descendentes de antigos bandeirantes, alguns foragidos da justiça, bandoleiros e fugitivos da revolução de 1893. 
O nome Paiol Grandedeveu-se a uma antiga construção, que servia de depósito de erva-mate, localizada nas vizinhanças do atual Desvio Giaretta
A demarcação das terras teve início ainda em 1904 com os trabalhos de abertura e construção da Estrada de Ferro ligando Santa Maria a Marcelino Ramos. 
O crescimento de Erechim foi muito rápido com a chegada, já a partir de 1918 quando o município foi oficialmente fundado, de uma grande quantidade de italianos, dos quais a grande maioria era composta de vênetos, principalmente provenientes das chamadas “terras velhas”, como Caxias, Bento Gonçalves, Garibaldi, Alfredo Chaves, Flores da Cunha, Antônio Prado, Guaporé, Veranópolis, entre outras. 
Essas cidades, com a chegada de milhares de imigrantes e logo em seguida os seus filhos, fizeram com que as primeiras colônias se vissem rapidamente lotadas e logo houve a necessidade de procurar novos locais para se estabelecer. 
Foi o que aconteceu em Erechim e na atual Região do Alto Uruguai, também conhecidas como as “terras novas”, que receberam os descendentes dos primeiros imigrantes vênetos que chegaram ao Brasil. 

Nota - blog Erechim 100Anos com várias fotos antigas de Erechim e cidades vizinhas. Visite http://erechim100anos.blogspot.com.br/


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Emigração Vêneta e a Longa Viagem





Preparativos para Viagem

Tomada a decisão de emigrar e dado o nome ao agente representante de quem promovia a viagem, a providência inicial era conseguir o passaporte, necessário para toda a família e para tanto necessitava de uma declaração obtida junto a prefeitura da sua cidade. Também tinham que providenciar a obrigatória vacina. Eram meses de preparativos com a venda de tudo que não podiam levar consigo. Roupas, objetos de uso pessoal e ferramentas, eram acondicionadas em grandes caixas de madeira: baús, arcas, sacos. Faziam encontros com os que ficavam, oportunidade em que se despediam de amigos e familiares, não esquecendo da obrigatória última visita ao cemitério. Visitavam também o pároco, do qual pediam a benção e a sua interseção para afrontarem a longa travessia. 



No dia marcado para iniciarem a viagem, com destino ao porto, despediam-se dos familiares e bem cedo partiam banhados em lágrimas, davam uma derradeira e demorada olhada para trás e seguiam confiantes no seu destino. Chegavam a estação ferroviária e junto com tantos outros que lá se encontravam, seguiam para o porto de Gênova. Para a grande maioria esta viagem até a estação ferroviária já se constituía na distância mais longe que se afastaram das suas cidades. A viagem de trem também era desconhecida para muitos o que gerava medo e apreensão. Em cada estação que o trem parava era a mesma cena: dezenas de homens, mulheres e crianças, subiam carregados de bagagens colocadas em malas de papelão, sacos ou baús de madeira. O destino de todos era o Porto de Gênova onde, pela primeira vez, a grande maioria vinha a conhecer o mar.





A espera no Porto

Chegados ao Porto de Gênova, quase sempre, deviam esperar alguns dias, as vezes algumas semanas, pela partida do vapor que os levaria para a tão sonhada terra “della cucagna”, a prometida América. Durante o período de espera da partida, os emigrantes se viam desamparados e eram submetidos a toda sorte de provações, vendo muitas vezes, os seus poucos recursos economizados, delipendiados por uma gama de aproveitadores, especuladores e ladrões. Roubos de passaportes, dinheiro e bagagens eram constantes. O preço dos alimentos e dos albergues na área do porto eram inflacionados, por comerciantes desonestos, causando muita fome e doenças. 




A Travessia do Oceano

Chegada a hora do embarque, o movimento intenso e o barulho de vozes, ordens gritadas e apitos, em torno do vapor, deixavam muito nervosos os emigrantes que se amontoavam para não perder a chamada. No barco seguiam as ordens recebidas dos marinheiros encarregados e se dirigiam em grupos aos porões fétidos e sufocantes da terceira classe a eles destinados, onde os esperavam catres com palha, onde ficariam amontoados e nenhuma privacidade. Algumas famílias, para não serem dividas, voltavam dos porões e optavam em viajar na coberta do navio, ao descoberto, onde ali, ao menos, se podia viajar juntos e respirar um ar melhor. Estes suportaram frio intenso e calor sufocante, além dos perigos dos fortes ventos durante as tempestades em alto mar. Os navios no início da grande emigração ainda eram lentos e despreparados veleiros. Depois, vieram aqueles com motor a carvão, estes quase sempre navios de carga, adaptados as pressas para transportar pessoas. A situação higiênica a bordo era muito precária, sem nenhum conforto viajavam com muitos animais vivos que viriam a ser abatidos para servirem de alimentação durante a viagem. Sem médico a bordo, o perigo de epidemias era constante e, de fato, inúmeras ocorreram dizimando muitas vidas, quase sempre de crianças e idosos, cujos corpos eram então jogados ao mar, para o horror das suas famílias. A lembrança da grande travessia ficou indelevelmente marcada na memória dos nossos antepassados, persistindo até hoje nas narrativas dos seus descendentes. Foi o episódio mais marcante na vida dos pioneiros. 





 A Chegada na Terra Prometida

Ao chegarem ao porto de destino, no Brasil, país destino de milhares de emigrantes vênetos, muitos logo perceberam que tinham sido enganados, iludidos por falsas promessas. Alguns chegaram vinculados à contratos de trabalho que não deixavam margens para arrependimentos ou mesmo possibilidades de retorno. Outros, sem meios de subsistência, não podiam se dar ao luxo de retornarem, mesmo porque na terra natal já não possuíam mais nada. Os desafios que deveriam enfrentar eram ainda muito grandes até chegar a tomar posse do tão sonhado pedaço de terra. 


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Raízes Firmes do “Outro Lado da Vala”



Radici salde «dall’altra parte del fosso»
Ulderico Bernardi

Come sia nato el Taliàn ce lo spiegò uno dei suoi maggiori cultori, il frate Alberto Vitor Stawinski, nato a São Marcos, non lontano da Caxias do Sul, nel 1905. I polacchi e molti tedeschi avevano costituito la prima ondata di immigrazione nelle colonie del Brasile meridionale. Poi, a partire dal 1875, arrivarono gli italiani, con una componente via via maggioritaria di Veneti e Friulani. Tra loro si trovò ad assolvere la sua missione sacerdotale, celebrando e predicando nell’unica lingua in cui comunicavano gli immigrati, un miscuglio di parlate venete. «Ghin gera pitosto pochi che saveva lezer e scriver – spiegava il buon frate, ma tuti savea parlar pulito la lingua del so paese». Logico che la parola di Dio andasse proposta nello strumento di comunicazione praticato dai più. Tanto diffuso che anche tedeschi, nativi, polacchi e portoghesi si adattarono alla neolingua maggioritaria. Per motivi pratici.
«Ze stà proprio cussita che se ga scuminsia a farse su la nova lingua vêneta sud-riograndense». Una mescolanza di parlate, di pianura e di monte, fra vicentino e trevisano, padovano e bellunese. Con una spolverata di termini lusitani, quelli più indispensabili alle relazioni quotidiane, «che le ze stade incalmade in tel dialeto veneto». 





Di questo straordinario impasto linguistico su base veneta, Vitor Stawinski volle fissarne i termini in una Gramática e Vocabulário Vêneto-Português, che su 6800 lemmi ne conta solo qualche centinaio di origine lusitana. Nel 1995 chi scrive, con Aldo Toffoli, lo ha proposto e completato con la versione in italiano, dato alle stampe una prima volta nel 1976.

Il Veneto ha un debito lungo con la Chiesa cattolica. I suoi sacerdoti e religiose hanno fornito grande sostegno spirituale e morale ai nostri emigranti in ogni continente. Anche nel caso del Brasile, la gran parte delle opere che hanno consentito di mantenere un vincolo molto forte con la cultura d’origine, sono frutto dell’instancabile impegno di parroci locali, nati in famiglie venete. A partire da Aquiles Bernardi, in religione Frei Paulino de Caxias, figlio di immigrati da Pieve di Soligo, nel Trevigiano, nato a Caxias do Sul nel 1891, autore dei notissimi romanzi in Taliàn Vita e storia de Nanetto Pipetta, nassuo in Italia e vegnudo in Mérica par catare la cucagna; e di Stória de Nino Fradello de Nanetto Pipetta, che si possono definire opere fondative della letteratura veneto-brasiliana nella nuova lingua, che conta ormai quasi duecento pubblicazioni, mentre continuano le trasmissioni radio e televisive in Taliàn.
Ogni anno a Serafina Correa, per una settimana, c’è un festival della cultura in cui si parla solo in Taliàn. Testimonianze di

 quanto sia stato efficace il trapianto in terra straniera dei Taliàni, ponendosi come un caso tra i più felici al mondo di integrazione riuscita. I valori essenziali della tradizione veneta sono stati veicolati dalla parlata tradizionale, e da alcuni anni il Taliàn è stato inserito nel Patrimonio Histórico e Artistico Nacional, che mira a tutelare oltre 180 lingue native e le 20 lingue di immigrati in Brasile. Il Taliàn è conosciuto negli Stati brasiliani di Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paranà, Espirito Santo, ma anche altrove, nel centro e nord del Brasile, per conseguenza delle trasmigrazioni interne. In città che si chiamano Nova Vicenza, Nova Treviso, Nova Bassano, Nova Padova, Nova Trento, Nova Venezia, «dall’altra parte del fosso», come direbbe Stawinski.

Articoli di sabato 1 novembre 2014 di Ulderico Bernardi per www.gazzettino.it

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Imigração Vêneta o Homem e o Ambiente



Já dizia Émile Zola que "Não se pode separar o homem daquilo que o circunda, pois ele se completa através da sua indumentária, da sua casa, da sua cidade e do seu país. É a descrição do ambiente que determina e completa o homem". 
O homem só se torna completamente humano quando entra em contato com o mundo exterior.
Colocados no meio da floresta, em regiões longínquas e de difícil acesso, sem estradas e meios de locomoção, isolados da convivência com outros grupos, os imigrantes pioneiros se viram na contingência de fazer com as próprias mãos os seus utensílios e ferramentas de trabalho. 
Paralelamente foram desenvolvendo as atividades de artesanato, uma de arte que muito ajudou na nova vida, como forma de linguagem e meio através dos qual os recém-chegados transmitiam a sua compreensão da realidade que viviam tendo por base aquilo aprendido e trazido da terra natal. 



Uma enorme gama de novos materiais, culturas e maneiras de fazer foram aos poucos sendo incorporados à nova vida coletiva. 
Se na grande maioria eram iletrados, analfabetos ou semianalfabetos, traziam consigo, de forma latente, inconsciente mesmo, a milenária cultura do povo vêneto, berço de cultura e arte desde o tempo da Sereníssima República de Veneza.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta 
Erechim RS

terça-feira, 22 de maio de 2018

La Messa in Veneto Sul Riograndense

La Messa In Veneto dei Fratelli Brasiliani
Davide Guiotto




«Pare nostro, che sei nel ciel, santificà sia el vostro nome, vegna a noantri el vostro regno, sia fata la vostra volontà, cossì in tera come nel ciel. El pan nostro de ogni dì dane incoi. Perdonane le nostre ofese, come noantri perdonemo a quei che i ne ha ofendesto. E no assarne cascar in tentassion, ma liberane del mal».
Le dita seguono sul messale le parole di un'invocazione familiare, mentre i fedeli intonano all'unisono la preghiera più famosa del mondo: il Padre Nostro.
Anzi, in questo caso, il “Pare nostro”. Perché nello Stato brasiliano del Rio Grande do Sul, la Santa Messa viene celebrata anche in lingua veneta.
Sono venuto a conoscenza di questa usanza quasi per caso e nel modo più bello, partecipando direttamente ad una celebrazione durante la mia recente visita insieme ad un gruppo di altri 16 giovani veneti, nelle terre dell'emigrazione veneta del Sud del Brasile. A quasi 10.000 kilometri dal Veneto!
La calorosa e festosa accoglienza che abbiamo ricevuto in tutte le tappe del nostro viaggio ci ha fatto capire come i discendenti dei nostri emigranti si sentano in tutto e per tutto, anche dopo 4 o 5 generazioni, figli della nostra stessa terra: una terra che magari non hanno mai visto, ma con la quale hanno mantenuto un fortissimo legame. E lo stupore è stato immenso quando ci siamo resi conto che quel legame arrivava al punto da spingerli a pregare nella lingua dei loro padri e nonni, quel nostro veneto che laggiù chiamano “talian” o veneto-brasilian.
Trovarci di fronte alla liturgia in lingua veneta ci ha dapprima incuriosito e poi commosso; ci ha coinvolto, ci ha colpito nell'animo. La lingua madre è uno strumento comunicativo che sa arrivare direttamente al cuore di chi la ascolta, abbatte le diffidenze, avvicina le persone. E così, d'un tratto, abbiamo capito il motivo profondo di quel meraviglioso benvenuto che ci era stato riservato: i nostri amici brasiliani non stavano salutando dei semplici visitatori, ma dei "fradèi".
Ho ancora davanti agli occhi tanti volti di tante persone che ci avvicinavano, ci raccontavano “dei só veci” e di quanto avevano patito i loro progenitori, fuggiti dalla fame e dalla povertà “in serca de la Merica”. E quanti non ce l’hanno fatta...!
Per loro in quel momento eravamo un ponte che li legava alla loro terra d'origine e ad un passato che lasciava ancora aperte molte ferite. Quante lacrime e quanta emozione abbiamo visto nei loro volti… Al termine della celebrazione è nato in tutti noi un auspicio e una speranza: “sarebbe molto interessante proporre anche da noi, in Veneto, una Messa nella nostra lingua”, ci siamo detti!
Al nostro ritorno, per una di quelle misteriose coincidenze che portano a interrogarsi sul senso di ciò che accade in questo mondo, proprio l'idea di una Messa in lingua veneta, lanciata da un amministratore locale, dominava le pagine dei giornali.
Siamo consapevoli che ogni decisione in merito spetta soltanto alla Chiesa Cattolica, che del resto ha già dimostrato una grande sensibilità per le culture locali: celebrazioni in friulano, ad esempio, si svolgono da diversi anni. Crediamo che sull'argomento si potrebbe ragionare serenamente, senza forzare i tempi e senza soprattutto rovinare questo tema importante e delicato con le solite polemiche da basso impero.
In conclusione, come spunto per una riflessione, riporto una semplice e commovente citazione dal libretto dei canti e delle preghiere che nel Rio Grande do Sul viene distribuito ai fedeli durante la Messa, e chi i nostri fratelli brasiliani hanno voluto portassimo con noi al di qua dell'Oceano:
.«Mi no me garia mai pensà che'l Signor, un giorno, el parlesse anca lu come noantri. Desso sì se capimo propio col Signor e Lu el se capisse co noantri».



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS