Emigrassion Italiana:
Discussion e Sìntese
Tese
Autor: Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Discussion
Resumo
Conclussion
Espaço destinado aos temas referentes principalmente ao Vêneto e a sua grande emigração. Iniciada no final do século XIX até a metade do século XX, este movimento durou quase cem anos e envolveu milhões de homens, mulheres e crianças que, naquele período difícil para toda a Itália, precisaram abandonar suas casas, seus familiares, seus amigos e a sua terra natal em busca de uma vida melhor em lugares desconhecidos do outro lado oceano. Contato com o autor luizcpiazzetta@gmail.com
Emigrassion Italiana:
Discussion e Sìntese
Tese
Autor: Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
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Resumo
Conclussion
O Vêneto no Século XIX:
A Pobreza Crescente e a
Pesquisa Jacini
O Vêneto no século XIX enfrentou um período de grandes dificuldades, especialmente após sua incorporação ao Reino da Itália em 1866, após a unificação do país. Antes disso, a região fazia parte do Império Austro-Húngaro e carregava problemas estruturais herdados dessa administração. A transição para o novo regime foi marcada por dificuldades econômicas e sociais que impactaram profundamente a vida da população. A economia do Vêneto era predominantemente agrária, com a maioria da população dependente da agricultura de subsistência. A fragmentação fundiária resultava em parcelas de terra insuficientes para sustentar as famílias, e os sistemas de exploração, como o mezzadria, mantinham os agricultores presos a ciclos de pobreza. O sistema de enfiteuse também não oferecia alívio, pois as dívidas assumidas para arrendar terras muitas vezes se tornavam insustentáveis. Além disso, desastres naturais, como enchentes e pragas agrícolas, agravavam a situação, enquanto a ausência de crédito e infraestrutura dificultava qualquer tentativa de modernização agrícola. A desnutrição era generalizada, com uma dieta baseada no milho que levava a doenças como a pelagra, e o acesso a serviços médicos e saneamento era quase inexistente. Diferentemente de outras regiões italianas, como Piemonte e Lombardia, que estavam começando a se industrializar, o Vêneto não possuía alternativas significativas na área industrial para absorver o excedente de mão de obra rural.
Nesse contexto, a Inchiesta Agraria Jacini, conduzida entre 1877 e 1884, destacou a miséria rural no Vêneto e em outras partes da Itália. O estudo apontou as condições precárias enfrentadas pelos camponeses, como renda insuficiente, práticas agrícolas ultrapassadas e dietas pobres. O relatório sugeriu soluções como modernização agrícola, reformas fundiárias e desenvolvimento de infraestrutura, mas poucas dessas recomendações foram efetivamente implementadas. O governo italiano enfrentava limitações orçamentárias e políticas, e a emigração surgiu como a principal solução para aliviar a pressão demográfica e a pobreza no meio rural. Entre 1876 e 1900, mais de 5 milhões de italianos emigraram, muitos deles do Vêneto, em busca de melhores condições de vida em países como Brasil, Argentina e Estados Unidos. A emigração, embora motivada por promessas de terras e trabalho, apresentou desafios significativos, como condições precárias durante as travessias, dificuldades de adaptação nos países de destino e o isolamento provocado pela distância e pela separação familiar. Apesar disso, as remessas enviadas pelos emigrantes ajudaram a melhorar gradualmente as condições econômicas das famílias que permaneceram no Vêneto. Além disso, a diáspora veneta desempenhou um papel importante no fortalecimento das comunidades italianas no exterior, especialmente no Brasil, onde as tradições culturais foram preservadas e adaptadas. Esse período histórico deixou marcas profundas na demografia, na economia e na identidade cultural do Vêneto.