sábado, 13 de maio de 2023

A Dor da Partida: Como a Emigração Afeta a Saúde Mental




A emigração pode ter um impacto significativo na saúde mental de uma pessoa. Mudar para um novo país pode ser uma experiência estressante, desafiadora e emocionalmente intensa, especialmente se a pessoa tiver que lidar com a saudade da família e amigos, barreira linguística e adaptação a uma cultura diferente.
Algumas pessoas podem experimentar sentimentos de solidão, ansiedade e depressão, especialmente durante os primeiros meses ou até anos de sua mudança. Eles podem sentir falta de sua rede de apoio e se sentirem isolados em um novo ambiente, o que pode aumentar os níveis de estresse e dificultar a adaptação. Além disso, pode haver uma sensação de perda de identidade cultural e raízes, o que pode causar sentimentos de deslocamento e desconexão.
A emigração também pode levar a mudanças significativas na vida da pessoa, incluindo empregos, casa, língua e relacionamentos, o que pode ser estressante e desestabilizador. Por exemplo, pode ser difícil encontrar trabalho em um novo país, o que pode levar à incerteza financeira e preocupações com o futuro.
É importante lembrar que a experiência de emigração é única para cada pessoa e que nem todos os imigrantes enfrentam os mesmos desafios. No entanto, se uma pessoa está lutando com a saúde mental após a emigração, é importante que ela procure ajuda de profissionais de saúde mental ou de organizações que oferecem suporte a imigrantes.
A depressão é um transtorno mental que pode afetar pessoas de todas as idades, gêneros e culturas. Ela é caracterizada por um sentimento persistente de tristeza, desesperança, desespero e desânimo, além de uma série de sintomas físicos e emocionais que afetam o bem-estar do indivíduo. Quando um imigrante deixava o seu país, ele se deparava com diversas dificuldades que podiam gerar um sentimento de perda e desesperança, o que pode levar ao desenvolvimento de depressão. 
A imigração italiana para outros países no final do século XIX foi motivada principalmente pela falta de trabalho e oportunidades em seu país de origem. A Itália era um país pobre e politicamente instável, o que afetava diretamente a vida dos seus cidadãos. Muitos italianos decidiam deixar suas casas e famílias para buscar uma vida melhor em outros lugares. Entretanto, a jornada não era fácil. Os imigrantes italianos enfrentavam diversas dificuldades em sua jornada rumo a um novo país. Primeiro, precisavam reunir recursos suficientes para pagar pela passagem de navio, o que muitas vezes era uma tarefa difícil, pois muitos deles viviam na pobreza. Além disso, a viagem podia levar até dois meses e era bastante desconfortável e perigosa. Os imigrantes também precisavam lidar com a barreira da língua e com as diferenças culturais do país escolhido. 
Ao chegar ao país de destino, muitos imigrantes italianos se deparavam com uma realidade completamente diferente daquela que estavam acostumados e também daquela que tinha sido pintada pelos agentes de viagem. Eles precisavam se adaptar a um novo ambiente, aprender uma nova língua e enfrentar a discriminação e o preconceito devido à sua origem étnica. Tudo isso podia gerar um sentimento de perda de identidade e pertencimento, o que aumentava o risco de desenvolvimento de depressão. 
Além disso, os imigrantes também precisavam lidar com a falta de oportunidades de emprego e moradia adequada. Muitos deles eram forçados a trabalhar em condições precárias e perigosas, o que afetava sua saúde física e emocional. A falta de dinheiro para sustentar suas famílias e a saudade dos entes queridos deixados no país natal também eram fatores que contribuíam para o desenvolvimento de depressão. 
A depressão pode afetar a saúde física e emocional do indivíduo de diversas maneiras. Entre os sintomas mais comuns estão a perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, alterações no apetite e no sono, falta de energia, dificuldade de concentração e memória, além de sentimentos persistentes de tristeza, desesperança e desespero. Quando esses sintomas persistem por mais de duas semanas, é importante procurar ajuda médica. Mas, infelizmente, no final do século XIX, o conhecimento sobre a depressão era limitado e muitas pessoas não reconheciam a importância de buscar ajuda médica. Os imigrantes italianos que sofriam com a depressão podiam acabar sofrendo em silêncio, sem ter acesso a tratamento adequado. Isso agravava ainda mais a situação, pois a depressão pode levar ao isolamento social, o que aumenta o risco de outros problemas de saúde mental e do alcoolismo. 
No entanto, existiam algumas formas de lidar com a depressão que eram conhecidas na época. Algumas pessoas recorriam à religião como forma de encontrar conforto e esperança. Outras buscavam apoio de amigos e familiares, ou tentavam ocupar a mente com atividades que trouxessem satisfação, como a música, a leitura ou a pintura. Essas estratégias podiam ajudar a aliviar os sintomas da depressão, mas muitas vezes não eram suficientes para uma recuperação completa. 
Atualmente, o tratamento da depressão envolve uma combinação de terapia psicológica e medicamentos antidepressivos. A terapia pode ajudar o indivíduo a identificar e modificar padrões de pensamentos e comportamentos que contribuem para a depressão. Os medicamentos antidepressivos podem ajudar a regular os neurotransmissores no cérebro, aliviando os sintomas da depressão. 
É importante lembrar que cada caso de depressão é único e que o tratamento deve ser adaptado às necessidades individuais de cada paciente. Além disso, o apoio da família e dos amigos é fundamental para a recuperação do paciente. 
No caso do imigrante italiano que deixava seu país nos últimos anos do século XIX, o apoio social podia ser limitado devido à barreira da língua e às diferenças culturais. Além disso, naquela época da grande emigração italiana o acesso a tratamento médico e psicológico também podia ser limitado ou mesmo inexistente, especialmente em áreas rurais ou menos desenvolvidas, mas também por falta de conhecimentos sobre a doença pelos médico da época. O tratamento medicamentoso mais efetivo somente apareceu no final do século XX.
Ainda assim, muitos imigrantes conseguiram superar as dificuldades e construir uma nova vida em seus países de destino. Eles se adaptaram ao novo ambiente, aprenderam novas habilidades e muitos deles se integraram com sucesso à nova cultura. O sentimento de perda e desesperança pode ter sido superado com o tempo, à medida que eles encontravam novas oportunidades e construíam novas relações afetivas. 
Em resumo, a depressão é um transtorno mental que pode afetar pessoas de todas as culturas e épocas. No caso do imigrante italiano que deixava seu país no século XIX, o sentimento de perda e desesperança podia contribuir para o desenvolvimento de depressão. A falta de acesso a tratamento adequado e o apoio social limitado podiam agravar a situação. No entanto, muitos imigrantes italianos conseguiram superar as dificuldades e construir uma nova vida em seus países de destino, encontrando novas oportunidades e relações afetivas. 
O alcoolismo, como já citamos anteriormente, pode ser uma consequência do estado depressivo. O álcool é frequentemente utilizado como uma forma de automedicação para aliviar os sintomas da depressão, como tristeza, desesperança e ansiedade. No entanto, o uso excessivo de álcool pode acabar agravando a depressão, criando um ciclo vicioso em que o indivíduo consome álcool para se sentir melhor, mas acaba se sentindo pior. 
O alcoolismo é uma doença crônica que afeta o sistema nervoso central e pode causar uma série de problemas de saúde física e mental. Entre os problemas físicos, estão danos ao fígado, ao sistema cardiovascular e ao sistema nervoso. Entre os problemas mentais, estão a depressão, a ansiedade e outros transtornos de saúde mental. 
No caso do imigrante italiano que deixava seu país, o consumo excessivo de álcool poderia ser uma forma de lidar com o sentimento de perda e desesperança. No entanto, essa estratégia poderia acabar agravando a depressão e criando problemas de saúde adicionais. 
Atualmente, existem diversas formas de tratamento para o alcoolismo, que incluem terapia comportamental, terapia cognitivo-comportamental, grupos de apoio e medicamentos. O tratamento deve ser adaptado às necessidades individuais de cada paciente e pode envolver uma combinação de diferentes abordagens. 
É importante lembrar que o alcoolismo não é uma questão de falta de força de vontade ou de caráter, mas sim uma doença que requer tratamento médico e psicológico. O apoio da família e dos amigos também pode ser fundamental para a recuperação do paciente.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS