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sexta-feira, 1 de março de 2024

Imigração Italiana em Minas Gerais: Contribuição e Integração na Sociedade Brasileira



A imigração italiana para Minas Gerais foi marcada por um significativo influxo de cidadãos oriundos da Itália durante o final do século XIX e o início do século XX, tornando este estado brasileiro um dos destinos mais procurados por esses imigrantes em todo o país, ficando apenas atrás de São Paulo e Rio Grande do Sul em termos de recebimento populacional.
A crise econômica que assolava a Itália ao final do século XIX, caracterizada pelo declínio das atividades agrícolas e industriais, impulsionou uma emigração em larga escala para várias nações, incluindo o Brasil. Os registros da Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora, revelam que entre 1888 e 1901, 68.474 imigrantes italianos desembarcaram em Minas Gerais. No período de 1872 a 1930, esse número aumentou para 77.483. Originários principalmente do Norte da Itália, esses migrantes desempenharam um papel significativo nas plantações de café da Zona da Mata, onde cerca de 80% deles se dedicaram a essa atividade, enquanto aproximadamente um terço optou pelo Sul de Minas.
O governo de Minas Gerais desempenhou um papel ativo no estímulo ao fluxo migratório italiano, assumindo os custos das passagens marítimas para suprir a crescente demanda por trabalhadores nas plantações de café. Embora a economia mineira estivesse fortemente ligada à exportação desse produto na época, o estado possuía a maior população do Brasil, o que significava uma reserva considerável de mão de obra local disponível para substituir os escravos recentemente libertados. Portanto, ao contrário de São Paulo, não se viu a necessidade premente de um influxo massivo de imigrantes europeus.
Os imigrantes italianos que se estabeleceram em Minas Gerais inicialmente encontraram ocupações principalmente ligadas à produção de café. Contudo, ao longo do tempo, sua presença na sociedade mineira expandiu-se para diversas esferas, especialmente nas áreas urbanas, onde desempenharam um papel ativo no desenvolvimento do comércio, da indústria e de outras atividades. A integração dos italianos na sociedade mineira ocorreu de forma rápida e harmoniosa, sem a formação de enclaves isolados. Pelo contrário, os imigrantes dispersaram-se por todo o território do estado, constituindo uma minoria em meio à população majoritária, em um processo de assimilação tranquila.


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Imigração Italiana no Brasil: Impactos e Desafios

 



A partir do final da década de 1870, a emigração italiana para o Brasil passou a adquirir contornos mais definidos e ganhar proporções consideráveis, culminando em um fenômeno de massa. Este movimento exerceu um papel decisivo no crescimento demográfico do país sul americano. Os italianos desempenharam um papel crucial no processo de modernização do Brasil contemporâneo, contribuindo ativamente para o desenvolvimento da economia de exportação, da industrialização e dos processos de politização e nacionalização das massas. Muitos deles, especialmente os mais empreendedores, deixaram o campo, onde inicialmente se estabeleceram, para se aventurar nos setores de serviços, comércio e varejo, impulsionando significativamente o rápido desenvolvimento das cidades brasileiras. Entretanto, o caminho para alcançar esse status foi repleto de desafios, ilusões e desilusões, esperanças e desistências, saudades e uma inabalável determinação.
Mas o que motivou o governo brasileiro a acolher tantos imigrantes italianos e quais expectativas trouxeram um número tão expressivo deles para o vasto e distante Brasil? O território brasileiro sempre apresentou uma dicotomia marcante: de um lado, riquezas naturais abundantes, como ouro, diamantes e minerais; do outro, uma escassez extrema de mão de obra, capaz apenas de atender às necessidades básicas. Os colonizadores portugueses, que dominavam a vasta colônia, buscaram resolver esse problema trazendo milhares de escravos da África. Inicialmente, essa mão de obra escrava foi fundamental para a extração de madeira nobre e para sustentar a indústria açucareira. Posteriormente, foi empregada na criação de gado e, mais tarde ainda, na exploração das minas de ouro e diamantes. O Brasil se apresentava, assim, como um tesouro imenso que carecia de mãos para explorá-lo plenamente.
Com o advento do cultivo do café, a partir de 1840, o Brasil passou a dominar o mercado mundial. No entanto, essa prosperidade estava intrinsecamente ligada à mão de obra escrava. Com a abolição da escravidão em 1888, o Brasil enfrentou uma grave crise de mão de obra, uma vez que os ex-escravos não estavam mais dispostos a trabalhar para seus antigos senhores. Para um país constantemente às voltas com a escassez de mão de obra, esse foi um verdadeiro desafio. Alguns anos antes da promulgação da Lei Áurea, pela princesa Isabel, os grande produtores rurais de cana remanescentes e os cafeicultores viram no crescimento do movimento abolicionista, com a aprovação do parlamento de diversas leis que favoreciam os escravos, como Lei do Ventre Livre e a dos Sexagenários, começaram a pensar em utilizar trabalho assalariado em suas lavouras, o que para o Brasil era uma grande novidade na época, aproveitando o excedente de mão de obra nos países europeus que passavam por uma superpopulação e desemprego.
Diante desse cenário, o governo brasileiro vislumbrou na Itália uma possível solução para o problema. Acreditava-se que os italianos, especialmente aqueles das regiões do Vêneto que tinham preferencia, por serem pacíficos, brancos, católicos e conhecidos por sua diligência e respeito ao trabalho, poderiam suprir a demanda por trabalhadores e, ao mesmo tempo, contribuir para "clarear" uma raça considerada "muito escura" pelas autoridades imperiais. Assim, na segunda metade do século XIX, o governo brasileiro começou a promover ativamente a imigração italiana, oferecendo viagens gratuitas e promessas de terras para cultivo.
Os camponeses italianos, muitos dos quais enfrentavam condições de vida miseráveis e sem perspectivas de melhoria, viram na oferta do governo brasileiro uma oportunidade de escapar da pobreza e construir uma vida melhor para si e suas famílias. No entanto, o caminho rumo a essa nova vida foi marcado por desafios e dificuldades. Ao chegarem ao Brasil, muitos foram enviados para áreas selvagens e insalubres, onde substituíram os escravos libertos nas grandes fazendas de café.
A vida nessas fazendas e também nas colônias não foi fácil, especialmente após o entusiasmo inicial se dissipar e os imigrantes perceberem as duras realidades que teriam que enfrentar, como a falta de amparo religioso pela falta de igrejas e padres, a escassa e, em muitas áreas do Rio Grande do Sul inexistente assistência médica, a falta de educação, o isolamento e os diversos conflitos com os povos indígenas locais. Nas fazendas de café, a situação era ainda mais difícil, com exploração no preço dos alimentos fornecidos no armazém da fazenda, no preço pago pelo trabalho que muitas vezes sofriam diminuição de valores combinados, violência física, abusos sexuais e condições de vida deploráveis nos casebres a eles destinados, uma vez a senzala dos antigos escravos. Os proprietários das grandes fazendas e seus capatazes, não estavam acostumados a lidar com pessoas livres e tratavam os imigrantes italianos com brutalidade, da mesma forma como antes faziam com os indefesos escravos. Isso foi motivo de inúmeras desavenças, algumas graves, que necessitaram intervenção da polícia, como as ocorridas no interior de São Paulo.  
Apesar de todas essas adversidades, os italianos aos poucos conseguiram se estabelecer em diversos setores da economia brasileira, contribuindo para a modernização do país. A século e meio após a chegada dos primeiros imigrantes italianos ao Brasil, seu legado ainda é lembrado com afeto, admiração e reconhecimento, testemunhando a importância e a influência dessa comunidade na história e na cultura brasileira.



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

A História da Imigração Italiana no Paraná



A colonização do Paraná teve início em 1816 com a chegada dos colonos açorianos a Rio Negro, marcando um começo gradual na formação de núcleos coloniais. Até 1853, apenas três colônias haviam sido estabelecidas, acolhendo um total de 420 imigrantes. Até 1864, apenas mais duas colônias foram fundadas. Desde os primeiros momentos de sua autonomia política e administrativa, os líderes paranaenses buscaram uma política de imigração adaptada às suas necessidades. Ao contrário de outras regiões do Império, onde a imigração visava suprir a falta de mão de obra na agricultura de exportação, no Paraná, priorizava-se a agricultura de subsistência.
Este cenário, contudo, persistiu, e apenas com colonos trabalhadores e respeitosos habitando suas vastas e férteis terras, a abundância de alimentos e o excesso de produção reviveriam o comércio de exportação agrícola. Os governantes provinciais subsequentes buscaram implementar planos de colonização com base na criação de colônias agrícolas próximas a centros urbanos.
Entre as décadas de 1830 e 1860, imigrantes alemães estabeleceram-se nos arredores de Curitiba, especialmente nas partes norte, noroeste e nordeste da cidade, contribuindo para um notável crescimento demográfico. Observando o sucesso da colonização nas áreas circundantes, novos projetos foram concebidos para intensificar a colonização do planalto de Curitiba, do litoral e de outras regiões do Paraná. A partir de 1870, esse programa foi intensificado, especialmente durante a administração de Lamenha Lins, seguindo a tendência nacional de reativar a imigração.
A década de 1870 marcou o início da imigração italiana no Paraná. Os governos provinciais geralmente delegavam a colonização a empresas privadas, que traziam imigrantes por meio de concessões de terras acessíveis. Em 1871, um contrato entre o Governo da Província do Paraná e o empresário italiano Savino Tripoti planejou o estabelecimento de imigrantes italianos no litoral.
O primeiro grupo de colonos chegou ao porto de Paranaguá em fevereiro de 1875, estabelecendo-se em Alexandra, mas a colonização enfrentou dificuldades devido às condições climáticas e deficiências administrativas. Para acomodar os colonos, o Governo Provincial criou a Colônia Nova Itália em 1877, com sede em Morretes, qual também teve vida breve devido a má administração do empreendimento e desentendimentos do empresário com o governo da província.
As experiências negativas em Alexandra e Nova Itália desestimulou a colonização no litoral, levando muitos imigrantes a se mudarem para o planalto. Nos anos seguintes, mais italianos se estabeleceram no Paraná, especialmente em Curitiba. A maioria era originária das regiões do Vêneto e do Trentino. Após a Segunda Guerra Mundial, houve uma retomada do processo migratório, com italianos contribuindo para o desenvolvimento industrial da região.



Brasileiros de Origem Italiana no Exército da Itália: Uma História na Primeira Guerra Mundial



Há um capítulo pouco explorado na história: a contribuição de brasileiros na Primeira Guerra Mundial. Aproximadamente 12 mil jovens de diferentes regiões do Brasil, atravessaram o Atlântico para lutar usando o uniforme do exército italiano. No ano de 1914, enquanto o mundo mergulhava nas trevas da Primeira Guerra Mundial, uma história pouco conhecida se desenrolava nos recantos mais remotos do Brasil. Entre as colinas verdejantes do centro do nosso país, nas cidades quentes e empoeiradas do sertão nordestino e nas tranquilas colônias italianas do sul, ressoavam distantes os chamados para a guerra.

Entre os brasileiros de origem italiana, uma decisão corajosa e ousada se delineava. Cerca de 12 mil jovens, impelidos pela promessa de aventura e heroísmo, decidiram partir das terras tropicais do Brasil para os campos de batalha congelados da Europa. Deixando para trás suas famílias e amores, eles embarcaram em uma jornada incerta, determinados a se juntarem ao conflito que varria o continente.

Entre esses jovens, estava Luca, um modesto agricultor das profundezas de Minas Gerais, cujo coração ardia com o desejo de servir à sua pátria de origem, mesmo que isso significasse lutar em terras estrangeiras. Com uma coragem inabalável, ele vestiu a farda do exército italiano e marchou em direção ao desconhecido, determinado a deixar sua marca na história.

Ao lado de Luca, estava Giovanni, um jovem italiano destemido do interior do Rio Grande do Sul, terra colonizada por milhares de seus compatriotas, desde o final do século XIX, cujas habilidades de combate rivalizavam com sua determinação. Ele carregava consigo a memória de sua terra natal, onde as cores vibrantes do Brasil se misturavam com as tradições italianas de sua família. Nas trincheiras, ele lutava não apenas pela vitória, mas pela honra de sua herança.

A guerra, no entanto, não era apenas feita de bravura e glória. Nas crateras encharcadas de lama e sangue, os brasileiros de origem italiana enfrentavam o horror e a brutalidade do combate. Testemunhavam a carnificina dos campos de batalha, onde a morte espreitava a cada esquina e a camaradagem era a única luz na escuridão.

Durante anos, Luca e Giovanni enfrentaram os horrores da guerra, lidando com o fogo inimigo e a incerteza do amanhã. Suas histórias se entrelaçavam com as de milhares de outros brasileiros, cujas vidas foram sacrificadas no altar da guerra. Alguns retornaram para casa, marcados pela tragédia e pela perda, enquanto outros permaneceram para sempre nas terras estrangeiras onde lutaram e caíram.

Mas, apesar das feridas físicas e emocionais, o legado desses heróis brasileiros de origem italiana permanece vivo nas páginas esquecidas da história. Suas histórias de coragem e sacrifício são um tributo à resiliência do espírito humano e um lembrete de que, mesmo nos momentos mais sombrios, a esperança e a solidariedade podem prevalecer.


segunda-feira, 25 de setembro de 2023

As Bênçãos de Marietta, a Trevisana

 





No coração do Rio Grande do Sul, na progressista Colônia Dona Isabel, em 1890, a vida fluía em harmonia com a natureza e as tradições ancestrais. Era um lugar onde as histórias eram tecidas nos campos ondulantes e os segredos da Medicina sem Médicos eram passados de geração em geração.
Maria Trecchiana, uma mulher de cabelos prateados e olhos sábios, era a curandeira mais respeitada da comunidade. Sua sabedoria era conhecida em toda a região, e sua reputação se estendia além das fronteiras da colônia. Maria tinha uma aura de serenidade que inspirava confiança. Ela era o farol da colônia, uma referência de cura e compaixão.
A já idosa Giuseppina, mais conhecida por todos como nona Pina, a matriarca da família Guirosani, era uma das pessoas mais queridas da colônia. Sua casa, uma modesta construção de madeira, era um local de encontros e histórias compartilhadas desde o tempo em que seu marido ainda era vivo. Ela tinha uma memória prodigiosa e podia relembrar com detalhes os relatos de seus antepassados sobre a jornada da Itália até a colônia.
Mas um dia, uma sombra de preocupação pairou sobre a colônia quando nona Pina adoeceu gravemente. As notícias de sua condição se espalharam rapidamente, criando uma aura de apreensão entre os colonos. Ela era desde que chegou a colônia, uma figura central na comunidade, uma verdadeira matriarca, e sua presença era como um pilar que sustentava a todos.
A família Guirosani, angustiada, procurou desesperadamente ajuda para a nona. Não havia hospitais e muito menos médicos na colônia,  ou mesmo próximos a ela, mas todos sabiam que Maria Peruchin, que tinha o apelido de Marietta, a trevisana, devido a sua procedência na Itália, era a única capaz de trazer alívio às dores da matriarca. Com os olhos cheios de lágrimas, eles procuraram a curandeira, implorando por sua ajuda.
Maria aceitou a missão com gratidão, pois era seu dever honrar a tradição de seus antepassados vênetos, que a guiara por toda a vida. Prescrever ervas para curar doenças e arrumar ossos quebrados sempre fôra um dom passado de mãe para filha na sua família. Ela  saiu à procura de certas espécies curativas e começou a preparar uma poção com as ervas colhidas nas encostas da linha Zamith. Seus gestos eram precisos e cheios de devoção, misturando conhecimento ancestral com a fé nas bênçãos da natureza. Durante o processo de procura das plantas corretas, proferia palavras que ninguém compreendia e rezava pedindo ajuda à Deus e aos seus Santos protetores. No final da tarde  ao administrar a poção, ela viu um vislumbre de esperança nos olhos frágeis de nona Pina.
Noites e dias se passaram, com Marietta ao lado da paciente. Ela rezou e benzeu a paciente por diversas vezes, buscando força nas tradições que haviam sido mantidas vivas na colônia. Os Guirosani se reuniam em vigília, compartilhando histórias sobre sua matriarca e mantendo a chama da esperança acesa.
A paciência de Marietta e a determinação dos familiares de Pina foram recompensadas. Gradualmente, nona Giuseppina começou a se recuperar. Seu sorriso fraco, como o primeiro raio de sol após uma tempestade, iluminou a sala escura. A comunidade inteira celebrou a recuperação da matriarca.
Maria Trecchiana não queria recompensa ou reconhecimento, pois sabia que era apenas um elo na corrente de cuidado e tradição que ligava as pessoas da colônia. A cura de nona Giuseppina não era apenas a vitória de uma paciente, mas um testemunho do poder das bênçãos da natureza e da sabedoria transmitida pelas gerações.
Com o tempo, a história de Maria Trecchiana e nona Pina se tornou uma lenda na Colônia Dona Isabel, um lembrete constante do valor da compaixão, da fé e das tradições que uniam aquelas almas gentis em um lugar tão especial. E assim, no coração do Rio Grande do Sul, a Medicina sem Médicos continuou a florescer, fortalecendo os laços entre as pessoas e honrando os ensinamentos de seus antepassados. Era uma história de resiliência, tradição e compaixão que ecoaria eternamente nas montanhas e vales daquelas terras especiais.



sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Destino Além-Mar: A Jornada dos Imigrantes Italianos no Brasil

 




Destino Além-Mar: 
A Jornada dos Imigrantes Italianos no Brasil



No horizonte distante, o sonho se avista, 
A jornada incerta, a busca por um lar,
Imigrantes italianos, na esperança conquista, 
No Brasil encontraram a nova pátria a desbravar.

Deixaram suas terras, seus laços, seu passado, 
No peito, a esperança de um futuro promissor, 
Embarcaram com coragem, enfrentando o desconhecido, 
Rumando ao Brasil, com fé e fervor.

A nova terra acolheu esses valentes corações, 
Abraçou suas tradições, sua cultura e suas lidas, 
Nas lavouras e cidades, construíram suas ações, 
Ergueram lares, escreveram histórias de vidas.

Imigrantes italianos, bravos desbravadores, 
No Brasil encontraram a nova vida, novas cores.



de Gigi Scarsea
erechim rs





segunda-feira, 31 de julho de 2023

Da Itália ao Paraná no Vapor Colombo: A Jornada Épica dos Pioneiros Italianos Rumo a um Novo Mundo

 



Emigrantes Italianos Com Destino ao Paraná

Vapor Colombo

Saída Porto de Gênova

Desembarque Porto de Paranaguá  

12 de fevereiro de 1878

 

 

NOME
IDADE
LUGAR DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
TUALDO Gio.Batta 
TUALDO Luigia 
TUALDO Maria 
TUALDO Emanuele 
TUALDO Giuseppe 
TUALDO Tarquino 
TUALDO Silvio
45 
42 
14 
10 


3
VICENZA 





"
Italia 





"
Agricultor 





"
Catholico 





"
ROARO Giovanne 
ROARO Regina 
ROARO Giulio 
ROARO Antonio
38 
36 

3



"
"
"
"
FOGLIATO Francesco 
FOGLIATO Maria 
FOGLIATO Giacomo 
FOGLIATO Cecilia 
FOGLIATO Francesco
35 
33 


2




"
"
"
"
TREVISAN Giuseppe 
TERVISAN Francesca 
TREVISAN Giovanna 
TREVISAN Lucia 
TREVISAN Angela 
TREVISAN Francesco 
TREVISAN Francesco 
TREVISAN Domenico 
TREVISAN Caterina
38 
36 
15 
10 




1








"
"
"
"
PIROTTO Francesco 
PIROTTO Elisabetta 
PIROTTO Giustina 
PIROTTO Francesco 
PIROTTO Costanza 
PIROTTO Maria 
PIROTTO Pietro
35 
30 
10 



1






"
"
"
"
CHEMELO Antonio 
CHEMELO Domenica
30 
30

"
"
"
"
BAGIN Giovanni 
BAGIN Filomena 
BAGIN Maria 
BAGIN Maddalena 
BAGIN Giovanni
42 
10 
15 
11 
4




"
"
"
"
GUERRA Antonio 
GUERRA Maria 
GUERRA Francesca 
GUERRA Gio.Batta 
GUERRA Maria
44 
40 
16 
13 
3




"
"
"
"
BARBIERO Giuseppe 
BARBIERO Bortolo 
BARBIERO Maria
79 
52 
52


"
"
"
"
POTTOLLON(?) Antonio 
POTTOLLON Caterina 
POTTOLLON Giovanni
32 
30 
4


"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
NODARI Sebastianno 
NODARI Angela 
NODARI Luigia 
NODARI Lucia 
NODARI Domenico 
NODARI Romano 
NODARI Maria 
NODARI Emilio
41 
40 
10 




2
VICENZA 






"
Italia 






"
Agricultor 






"
Catholico 






"
LORENZONI Caterina 
LORENZONI Antonio 
LORENZONI Maria 
LORENZONI Giulio 
LORENZONI Andrea 
LORENZONI Gaetano
60 
24 
41(?) 
14 

1





"
"
"
"
MASCHIO Gio Maria(?) 
MARCHIO Angela
27 
22

"
"
"
"
DALLA COSTA Domenico 
DALLA COSTA Maria 
DALLA COSTA Eva 
DALLA COSTA Maria 
DALLA COSTA Costanza 
DALLA COSTA Speranza 
DALLA COSTA Guglielmo
46 
40 
14 
12 
10 

6






"
"
"
"
FINALTI Michele 
FINALTI Angelo 
FINALTI Giovanna
62 
27 
25


"
"
"
"
FORNER Giacomo 
FORNER Maria 
FORNER Antonia 
FORNER Antonio 
FORNER Maria 
FORNER Guglielmo 
FORNER Giordano
41 

39 
14 
10 

0.7






"
"
"
"
GAZZOLA Agostino 
GAZZOLA Lucia 
GAZZOLA Fortunato 
GAZZOLA Alessandro
35 
30 
32 
3



"
"
"
"
MENEGHETTI Valentino 
MENEGHETTI Caterina 
MENEGHETTI Giuseppina
33 
30 
1


"
"
"
"
BIZZOTTO Francesco  
BIZZOTTO Angela 
BIZZOTTO Antonio 
BIZZOTTO Matteo 
BIZZOTTO Giovanni 
BIZZOTTO Orsola 
BIZZOTTO Regina
41 
35 
13 
11 


3






"
"
"
"
BASCAN Valentino 
BASCAN Maria 
BASCAN Amedeo 
BASCAN Sante
32 
26 

3



"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
CECCON Gaetano 
CECCON Cecilia 
CECCON Maria 
CECCON Angelo 
CECCON Margheritta
34 
34 
11 

1
VICENZA 



"
Italia 



"
Agricultor 



"
Catholico 



"
DALLAPOZZA Maria 
DALLAPOZZA Antonio 
DALLAPOZZA Rosa 
DALLAPOZZA Giuditta 
DALLAPOZZA Massimiliano 
DALLAPOZZA Maria
60 
40 
35 


3
"
"
"
"
GHENO Giovanna 
GHENO Maria Angela 
GHENO Bartolomeu 
59 
13 

-
"
"
"
"
PAOLETTO Bortolo 
PAOLETTO Maria 
PAOLETTO Giuseppe 
PAOLETTO Anna 
PAOLETTO Carlo
57 
37 


0.8
"
"
"
"
RIGHI Giovanni 
RIGHI Teresa 
RIGHI Giovanni 
RIGHI Francesco 
RIGHI Emilia
28 
25 


0.5
"
"
"
"
BRAGAGNOLO Pietro 
BRAGAGNOLO Angela 
BRAGAGNOLO Ciriaco 
BRAGAGNOLO Matteo
51 
54 
15 
12
"
"
"
"
MENEGAZ Abramo 
MENEGAZ Pasqua 
MENEGAZ Domenico 
MENEGAZ Pietro 
MENEGAZ Maria 
MENEGAZ Anna
55 
43 
14 


3
"
"
"
"
CARLESSO Bernardo 
CARLESSO Angela 
CARLESSO Giovanni 
CARLESSO Francesco
49 
46 
15 
11
"
"
"
"
TOTONE(?) Andrea 
TOTONE Pasqua 
TOTONE Sebastiano 
TOTONE Lucia 
TOTONE Maria
37 
28 


2
"
"
"
"
GRIGOLETTO Giuseppe 
GRIGOLETTO Maria 
GRIGOLETTO Maria 
GRIGOLETTO Rosa 
GRIGOLETTO Giovanni
33 
33 


1
"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
TRITOLATI Vincenzo 
TRITOLATI Angela 
TRITOLATI Gaetano 
TRITOLATI Giovani 
TRITOLATI Anacleto
32 
27 


1
VICENZA 



"
Italia 



"
Agricultor 



"
Catholico 
 " 


"
MORO Bortolo 
MORO Luigia 
MORO Maria 
MORO Pietro 
MORO Domenica
44 
44 
16 
14 
12
"
"
"
"
BOLZON Pietro 
BOLZON Luigi 
BOLZON Rosa 
BOLZON Giacomo 
BOLZON Adora

26 
23 
22 
0.5
"
"
"
"
STRADIOTTO Antonio 
STRADIOTTO Antonia 
STRADIOTTO Valentino 
STRADIOTTO  Cristina
31 
33 

3
TREVISO 


"
"
"
"
MILANI Antonio 
MILANI Rosa 
MILANI Maria 
MILANI Valentino 
MILANI Caterina 
MILANI Giovanni
40 
34 
16 


1
"
"
"
"
FILIPPIN Giovanni 
FILIPPIN Antonia
22 
21
"
"
"
"
GUIDOLIN Angelo 
GUIDOLIN Angela 
GUIDOLIN Luigi 
GUIDOLIN Giuseppe
59 
57 
19 
16
"
"
"
"
PASINATO Amedeo 
PASINATO Patrizio 
PASINATO Luigia 
PASINATO Pietro 
PASINATO Giuseppe 
PASINATO Angelo 
PASINATO Matteo 
PASINATO Angelo 
PASINATO Gio...
70 
46 
40 
18 
13 
11 


0.18
"
"
"
"
PIEROBOM Antonio 
PIEROBOM Teresa 
PIEROBOM Marco
33 
27 
26
"
"
"
"
CECCHIN Francesco 
CECCHIN Veronica 
CECCHIN Celeste 
CECCHIN Maria 
CECCHIN Gio.Batta 
CECCHIN Vittorio 
CECCHIN Maria
52 
47 
29 
26 
18 
14 
12
"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE  
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
SOUZA Celeste 
SOUZA Domenica 
SOUZA Angelo 
SOUZA Maria 
SOUZA Amedeo 
SOUZA Giovanni 
SOUZA Giuseppe 
SOUZA Angela
37 
37 
14 
12 
10 


2
TREVISO 





"
"
Italia


"



"
Agricultor 






"
Catholico 






"
GAZZOLA Antonio 
GAZZOLA Pietro
65 
30
"
"
"
"
TONIOLO Eugenio 
TONIOLO Maria 
TONIOLO Maria
30 
27 
2
"
"
"
"
STANGHERLIN Sante 
STANGHERLIN Maria 
STANGHERLIN Cesare 
STANGHERLIN Eugenio 
STANGHERLIN Pasquale 
STANGHERLIN Regina 
STANGHERLIN Teresa
63 
53 
27 
23 
16 
13 
11
"
"
"
"
FUGANTI Felice 
FUGANTI Bortolomea 
FUGANTI Lucia 
FUGANTI Virginia 
FUGANTI Rosa 
FUGANTI Cesare 
FUGANTI Pietro 
FUGANTI Caterina 
FUGANTI Romedio
49 
38 
18 
17 
16 
10 


5
TRENTO 







"
"
"
"
TOMAS Gio.Batta 
TOMAS Margherita 
TOMAS Corona 
TOMAS Margherita 
TOMAS Giacomo
36 
28 
10 

2
"
"
"
"
TONIETTI Fortunata 
TONIETTI Maria 
TONIETTI Barbera 
TONIETTI Pietro 
TONIETTI Giorgio 
TONIETTI Giovanni
42 
15 
11 


1
"
"
"
"
PERMIAN Caterina 
PERMIAN Giuseppe 
PERMIAN Carolina 
PERMIAN Maria 
PERMIAN Luigia 
PERMIAN Luigi 
PERMIAN Alessandro 
PERMIAN Gaetano 
PERMIAN Rosa 
PERMIAN Giuseppe
70 
33 
38 
20 
19 
18 
16 
14 
11 
2
VERONA 









"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
VIERO Giovanni 
VIERO Caterina 
VIERO Andrea 
VIERO Giovanna 
VIERO Antonio 
VIERO Santo
43 
40 



1
VICENZA 




"
Italia 




"
Agricultor 




"
Catholico 




"
TOLFO Eurosia 
TOLFO Giovanni 
TOLFO Margherita 
TOLFO Pietro 
TOLFO Drusilla 
TOLFO Fioravante
61 
28 
26 


2
"
"
"
"
RINCO Margherita 
RINCO Luigi 
RINCO Isotta 
RINCO Gio.Batta 
RINCO Giuseppe
70 
35 
36 
11 
2
"
"
"
"
RECCHIA Luigi 
RECCHIA Maria 
RECCHIA Antonio 
RECCHIA Massimiliano 
RECCHIA Benvenuto
32 
25 


1
"
"
"
"
FACCIN Benedetto 
FACCIN Pasqua 
FACCIN Rodolfo 
FACCIN Romano 
FACCIN Guglielma 
FACCHIN Agostino
48 
44 
15 
22 

5
"
"
"
"
MELATTO Michele 
MELATTO Domenica 
MELATTO Clorinda 
MELATTO Paola
27 
25 

2
"
"
"
"
DAL SANTO Bortolo 
DAL SANTO Filomena 
DAL SANTO Maria 
DAL SANTO Natale 
DAL SANTO Rosa
37 
32 
10 

3
"
"
"
"
NOGARA Angelo 
NOGARA Teresa 
NOGARA Lucia 
NOGARA Alessandro 
NOGARA Gio.Batta 
NOGARA Maria
49 
39 
15 
11 

6
"
"
"
"
BROCCARDO Francesco 
BROCCARDO Elena 
BROCCARDO Silvio 
BROCCARDO Aliuto
32 
30 

2
"
"
"
"
RUGGINE Antonio 
RUGGINE Maria 
RUGGINE Attilio
37 
31 
3
"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
NOGARA Giuseppe 
NOGARADomenica 
NOGARA Teresa 
NOGARA Elisabetta 
NOGARA Rosa
39 
30 
10 

3
VICENZA 



"
Italia



"
Agricultor 



"
Catholico 



"
LOVATO Isidoro 
LOVATO Cristina 
LOVATO Giseppe 
LOVATO Gio.Batta
50 
46 
13 
7
"
"
"
"
GOBBO Mario 
GOBBO Maria 
GOBBO Amalia 
GOBBO Massimiliano 
GOBBO Giuseppe 
GOBBO Petronilla
49 
35 
10 


2
"
"
"
"
COSTA Isidoro 
COSTA Caterina 
COSTA Angela 
COSTA Domenico 
COSTA Rosa
31 
30 


0.7
"
"
"
"
CARLOTTO Antonio 
CARLOTTO Maria 
CARLOTTO Domenico 
CARLOTTO Rosa 
CARLOTTO Andrea 
CARLOTTO Antonio
62 
54 
23 
21 
18 
0.8
"
"
"
"
PELIZZARO Giovanni 
PELIZZARO Giuditta 
PELIZZARORiccardo 
PELIZZARO Rosa
35 
35 

2
"
"
"
"
BISOGNIN Francesco 
BISOGNIN Brigida 
BISOGNIN Isidoro 
BISOGNIN Alessandro 
BISOGNIN Santa 
BISOGNIN Rosa
46 
27 



0.8
"
"
"
"
CREAZZO Luicia 
CREAZZO Luigi 
CREAZZO Angela 
CREAZZO Elena
70 
40 
33 
25
"
"
"
"
GIARETTA Angelo 
GIARETTA Pasqua 
GIARETTA Michele 
GIARETTA Maria 
GIARETTA Antonio
50 
50 
29 
29
"
"
"
"
LORENZON Giovanni 
LORENZON Caterina 
LORENZON Francesco 
LORENZON Pia 
LORENZON Paola
39 
37 


2
"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE  
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
GUERRA Giovanni 
GUERRA Francesco 
GUERRA Orsola 
GUERRA Gio.Batta 
GUERRA Genovieffa
53 
39 
37 
14 
2
VICENZA 



"
Italia 



"
Agricultor 



"
Catholico 



"
LORENZON Francesco 
LORENZON Giovanna 
LORENZON Maria 
LORENZON Giovannina 
LORENZON Giovanni 
LORENZON Pietro
40 
37 



2
"
"
"
"


sábado, 15 de julho de 2023

Destino Além-Mar: A Jornada dos Imigrantes Italianos no Brasil

 




Destino Além-Mar: 
A Jornada dos Imigrantes Italianos no Brasil


Em terras distantes, sob um sol radiante, 
Um povo se ergueu em busca de um destino brilhante, 
Imigrantes italianos, corações cheios de esperança, 
Deixando para trás as agruras, uma nova vida à espreita.

Embarcaram em navios, rumo ao desconhecido, 
Com sonhos entrelaçados, no peito o amor perdido, 
No olhar, a chama da esperança ardia forte, 
No coração, a determinação, a força da sorte.

Chegaram ao Brasil, terra prometida, 
Solo fértil e vasto, como uma tela colorida, 
Aportaram com mãos calejadas e sorrisos cansados, 
Mas com o ardor da vida, os desafios foram enfrentados.

Plantaram sementes, cultivaram os dias, 
A terra generosa lhes sorria, promessas trazia, 
Nas mãos, a enxada, no peito, a coragem, 
Ergueram raízes, uma nova página.

Nos canaviais, nos cafezais, suor e devoção, 
A construção de um lar, uma nova nação, 
No meio das adversidades, a cultura se entrelaçou, 
Itália e Brasil, abraços fraternos, laços que se formaram.

As mãos que outrora tocavam as terras italianas, 
Agora erguiam casas, igrejas, obras cotidianas, 
A língua se misturava, tradições se entrelaçavam, 
A música, a culinária, as artes, se encontravam.

No coração desses imigrantes, a chama nunca se apagou, 
A esperança de uma vida nova, seu legado ecoou, 
Enfrentaram as dificuldades, com bravura e determinação, 
Deixaram para trás suas origens, mas jamais a emoção.

E assim, construíram uma nova pátria, uma nova história, 
Com amor e resiliência, escreveram sua trajetória, 
Imigrantes italianos, honra e gratidão a lhes ofertar, 
Por construir lares e sonhos, e o Brasil abraçar.

A nova terra que os acolheu, hoje é lar e morada, 
O Brasil, enriquecido por essa caminhada, 
Italianos que partiram, mas jamais se esqueceu, 
Da esperança que os moveu, da coragem que os aqueceu.

Assim, celebramos a força desses imigrantes, 
Suas histórias vivas, enraizadas e vibrantes, 
Unidos pelo amor à nova pátria, tão distante, 
Brasileiros de alma, imigrantes de origem e semblante.

Que suas jornadas inspirem novos horizontes, 
Que a busca por uma vida melhor não conheça limites, 
E que o encontro entre povos seja sempre uma dança, 
De esperança, acolhimento e construção de nova esperança.



de Gigi Scarsea
erechim rs







terça-feira, 11 de julho de 2023

Do Velho Mundo ao Novo Horizonte: A Emigração Italiana

 




No século XIX para emigrar os italianos precisavam alcançar os portos de embarque dos emigrantes em Gênova, Nápoles e Palermo. Alguns anos antes do início do grande êxodo, muitos italianos preferiam embarcar pelo porto francês de La Havre e também, depois do conflito mundial, pelo porto de Trieste. As rápidas melhorias no transporte ferroviário consentiram que por trem, vários portos em países europeus fossem mais facilmente alcançados, como, por exemplo, o porto francês de Le Havre, de onde no início era mais perto para os emigrantes das províncias do Norte embarcarem para os destinos americanos. O aumento número de partidas cresceu vertiginosamente a partir de 1875 até a véspera da Primeira Guerra Mundial e esse fenômeno é conhecido como "a grande emigração", no qual milhões de italianos deixaram o seu país natal em busca de trabalho e uma melhor vida em diversos países. Os destinos ultramarinos mais procurados pelos emigrantes italianos nesse período eram Brasil, Argentina e os Estados Unidos, países novos, que na ocasião, passavam por um notável desenvolvimento econômico e para suprir a falta de trabalhadores criaram mecanismos de incentivo para atração da mão de obra que na Itália estava sobrando. Ofereciam passagens gratuitas de navio e trens até o novo local de trabalho e em certos casos como no Brasil e na Argentina o emigrante poderia adquirir terras diretamente do governo em prestações anuais e um período variável de carência. Essa possibilidade de ser dono do pedaço de terra em que trabalhava, especialmente para os vênetos e lombardos, era um grande atrativo que vinha ao encontro do tão acalentado sonho daqueles pobres camponeses, acostumados por séculos a servir os senhores de terras e com eles dividir uma grande parte da colheita. Finalmente era a grande oportunidade de pôr um fim àquela situação de subserviência, de obedecer e calar sempre. No Brasil e na Argentina seriam donos de seus próprios destinos e não mais precisariam obedecer patrões. Era o que os agentes de viagens contratados para arregimentar mão de obra nas pequenas vilas e cidades narravam para o povo. Pobre ilusão, com exceção dos emigrantes que escolheram o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em São Paulo e em outros estados, eles foram contratados como empregados, por proprietários de grandes fazendas de café, sem a possibilidade imediata de adquirir terras do governo. Nos próprios contratos de trabalho por eles firmados com os fazendeiros explicitava uma permanência mínima de quatro anos, sem direito à terra. Se conseguissem economizar até poderiam, após o vencimento do contrato, adquirir algum lote de terra, na periferia das pequenas cidades que surgiam próximas às grandes fazendas.
Após o fim do conflito mundial, a partir 1919/20 devido ao gradual fechamento das oportunidades nos Estados Unidos, houve uma renovação do êxodo em direção a destinos europeus, mas com um número reduzido de expatriados. Porém, as partidas para o Brasil e Argentina continuaram, sem os incentivos de financiamento pelos governos. No período que se seguiu a Segunda Guerra Mundial, as partidas para todos os destinos, sejam eles continentais ou intercontinentais, foram retomadas com um aumento significativo no número de emigrantes. A viagem, que ainda nos primeiros anos do século XIX poderia durar até um mês, era realizada em melhores condições do que no século anterior. Até o final do século XIX, os armadores italianos realizaram o transporte de emigrantes com uma frota obsoleta de veleiros no início e depois com lentos navios cargueiros a vapor, apressadamente adaptados para o transporte de seres humanos, para aproveitar o "boom" da emigração, aos quais a imprensa italiana da época denominava de "os navios de Lázaro" devido as inimagináveis condições de vida a bordo. Esses antigos navios alojavam os passageiros em número maior que a lei permitia, amontados em grandes salões onde as camas beliche eram todas localizadas na antiga estiva, nos porões dos navios, na maioria das vezes muito quentes e mal ventilados. Por falta de espaço eram obrigados a permanecer no convés durante uma grande parte do dia, sujeitos as variadas condições atmosféricas. Doenças pulmonares e intestinais eram frequentes e a mortalidade durante a travessia podia ser alta. No século XX os armadores italianos construíram diversos grandes navios de cruzeiro o que tornou as viagens muito mais rápidas e em condições de acomodações muito melhores. 
Ao chegarem à América os emigrantes tomaram contato com a dura realidade e de imediato perceberam que ela não era como haviam sonhado. As facilidades tão apregoadas pelos agentes de viagens, principalmente nos Estados Unidos, quando ainda no porto, tiveram que se submeter a pesadas formalidades burocráticas, com diversos exames médicos que rejeitavam a permanência para os portadores de doenças debilitantes. Aqueles que conseguiam passar no rigoroso exame médico eram tratados e negociados como animais em uma feira. Com o passar dos anos, com a finalidade de limitar o afluxo de novos imigrantes, as autoridades americanas promulgavam seguidamente uma série de medidas tornando mais rigorosas as inspeções de saúde durante a quarentena e mais tarde estabeleceram cotas anuais de entrada para cada nacionalidade. Tanto no Brasil como na Argentina, o exame médico e as normas governamentais de imigração não eram tão rígidas, mas, por outro lado, as condições de transporte, a necessidade de fazerem diversos transbordos para trens ou embarcações menores, até finalmente conseguirem chegar ao local pré-estabelecido pelas autoridades, geralmente localizadas em locais muito distantes, eram demoradas, difíceis e causavam muito sofrimento aos recém-chegados. 


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS