quarta-feira, 13 de março de 2019

Os Antigos Vênetos e os Cavalos

 


É tradição já muito difundida que a origem dos Vênetos antigos se encontra na Ásia Menor.  Essa afirmação está baseada em uma passagem de um trabalho de Homero, o conhecido poeta épico grego, onde ali encontramos a palavra Eneto ou Veneto como uma prova a mais da identificação deles com a Paflonia. 

Desde esta primeira e muito antiga fonte, podemos traçar a associação entre o povo Vêneto e os cavalos, onde podemos ler: a fama dos Vênetos do Adriático como criadores de cavalos... A veracidade dessa passagem parece não ter mais qualquer dúvida.
Também, Polemone, poeta e filósofo grego, em um poema convivial à Eurípides, reafirma a origem dos Vênetos do Adriatico "Eneti", dos Paflagoni, e recorda que na 85* Olimpíada, ocorrida no ano 440 a.C., Leone di Sparta conquistou a vitória com "éguas venetas" do seu pai Anticlide. Essa afirmação é está gravada na sua estátua.

Outra memória ilustre da excelência dos cavalos dos antigos Vênetos vem do escritor Estrabão, historiador, geógrafo e filósofo grego que viveu entre os anos 63 a 24 a.C

Ele descreve que os Vênetos eram conhecidos como excelentes criadores de cavalos. Tão famosos nessa arte que o tirano Dionisio de Siracusa havia trazido cavalos Venetos para fazerem parte da sua criação particular.
Na época de Estrabão, entre o final do primeiro século A.C. e começo do século I d.C., a criação de cavalos não estava mais presente como a principal atividade economica dos Vênetos, mas, os feitos ainda permaneciam vivos na memória daqueles povos,  e que eram transmitidas através das suas histórias. 


Os cavalos venezianos eram, portanto, bens valiosos, muito conhecidos dos gregos, mercadoria que seria uma fonte de riqueza.


O aspecto principal da forte ligação entre os antigos Vênetos e os cavalos, pode ser avaliada nas descobertas arqueológicas de enterros de cavalos em diferentes locais onde esse povo habitava, como Adria, Altino, Este e Padova.


Pelos relatos de Estrabão podemos saber que os antigos Vênetos sacrificavam um cavalo branco para Diomedes, herói divino, domador de cavalos.

No antigo Vêneto, o costume de sacrificar, provavelmente por sufocação ou afogamento, e enterrar os cavalos dentro das necrópoles parece estar relacionado a cerimônias destinadas aos falecidos de particular importância social. 

Também nos santuários o sacrifício desses animais era oferecido aos deuses, tanto com espécimes reais quanto simbolicamente com estatuetas ou imagens em lâminas.

Os machos eram geralmente aqueles sacrificados, talvez porque as fêmeas fossem preciosas para a reprodução. Eram de diferentes idades, mas de uma raça selecionada caracterizada pelo tamanho pequeno e delgado

No mundo dos antigos Vênetos, a presença de cavalos é uma constante e a frequência de representações desse animal encontradas é uma indicação de sua relevância nas diversas manifestações da vida social desse antigo povo.

O cavalo é um elemento recorrente na esfera do culto. Nos santuários Vênetos antigos, o cavalo freqüentemente aparece entre as oferendas votivas oferecidas à divindade. É representado nas placas de bronze sozinho ou montado pelo guerreiro.

Também se representavam cavaleiros armados, tanto sozinhos como em grupo, assim como figuras de cavalos. Em escavações arquelógicas foram encontrados numerosos bronzes de guerreiros a cavalo e também estatuetas de cavalos.

Conhecidos na antiguidade pela criação e comércio de ótimos cavalos, existe hoje uma aproximação de amor muito forte entre os vênetos atuais e os cavalos, sua criação e apuração genética.

Isso pode ser avaliado pela antiga Feira do Cavalo de Verona que tem uma história de mais de 1000 anos sendo até hoje uma das maiores feiras especializadas do mundo na exposição e comercialização de cavalos de várias raças, visitada anualmente por milhares de pessoas de toda a parte.

A história nos conta que a Feira do Cavalo de Verona nasceu há mais de 1000 anos por ocasião da procissão de S. Zeno, o santo patrono da cidade.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS