sábado, 19 de maio de 2018

As Remessas de Dinheiro dos Emigrantes para os Familiares



Sem dúvida que os primeiros tempos do emigrante na nova pátria foram muito difíceis. A luta pela sobrevivência era uma constante diária, repleta de muito sofrimento e lágrimas. Aqueles que emigraram para o Brasil e Argentina lutavam para se manter no meio da selva, instalados em um lote de terra de dimensões gigantescas para os seus modestos padrões de propriedade, longe de tudo e de todos. Os que emigraram para os Estados Unidos, nas grandes cidades, viviam também em situação bastante precária, em guetos imundos, em pequenos quartos ou apartamentos, muito baratos, porém, onde faltava tudo, inclusive instalações sanitárias. Economizavam em tudo que podiam e assim podiam enviar mais dinheiro para os familiares que ficaram na Itália. Assim que conseguiam economizar algum dinheiro, sempre uma parte dele era reservada para ser enviada aos familiares.
O italianos emigrados mandavam regulares remessas de dinheiro para a Itália, da mesma forma que hoje fazem aqueles milhares de emigrantes que lá chegam diariamente. Em 1878 o valor total dessas remessas para a Itália atingiam cifras de 0.5% do PIB do país, um valor considerável para a ainda frágil economia italiana. 
O dinheiro enviado pelo emigrantes italianos, dos USA, do Brasil Argentina, França, Suíça e Alemanha consistiam uma enorme ajuda para os familiares que ficaram. Essas constantes remessas, pelo volume, influenciaram positivamente a balança de pagamentos italiana. Esse gesto dos emigrantes italianos deixa transparecer uma situação social desesperadora vivida na Itália de então: vamos trabalhar no exterior para ajudar os nossos familiares a viver aqui.
A importância para a economia italiana, dessas remessas de dinheiro, pode ser bem avaliada pelas declarações de um ministro italiano da época, ao se referir sobre o dinheiro que chegava: “È un vero ruscello d’oro”. É um verdadeiro riacho de ouro. 
O dinheiro era enviado através de alguém de confiança que estava retornando para a pátria, por vales postais e, muito frequentemente, pelo correio normal, com cheques escondidos entre as folhas de uma simples carta. O primeiro banco a se interessar por essas remessas foi o Banco de Nápoles, mais tarde seguido por outros. 

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS