segunda-feira, 18 de março de 2019

Veneza e os seus Doges

Os Doges



O nome doge provém da palavra latina dux, que significa chefe. Título dos governantes de 697 a 1797, os doges de Veneza eram eleitos, para toda a vida, entre os membros das famílias mais ricas e poderosas. 








Desfrutaram de poder quase absoluto nos assuntos governamentais, militares e religiosos até 1032, quando tentaram, sem êxito, tornar o cargo hereditário.





Depois disso, os doges passaram a ser mais controlados. Em 1310, o doge tornou-se subordinado ao Conselho dos Dez. Daí por diante, foi esta oligarquia que realmente governou Veneza.




O conselho governou até 1797, quando Napoleão Bonaparte pois fim a República de Veneza


Napoleão fechou o conselho e o dogado (cargo dos doges) no mesmo ano, foi o fim da milenária Serenissima Repubblica di Venezia





Relação dos Doges e a data das eleições



Paulo Lúcio (697)
Marcello Tegalliano (717)
Orso Ipato (726)
Teodato Ipato (742)
Galla (755)
Domênico Monegário (756)
Maurício Galba (764)
João Galba (787)
Obelerio Antenoreo (804)
Angelo Participazio (809)
Giustiniano Participazio (827)
Giovanni Participazio I (829)
Pietro Tradonico (837)
Orso Participazio I, 864)
Giovanni Participazio II (881)
Pietro Candiano I (887)
Pietro Tribuno (888)
Orso Participazio II (912)
Pietro Candiano II (932)
Pietro Participazio (939)
Pietro Candiano III (942)
Pietro Candiano IV (959)
Pietro Orseolo I (976)
Vitale Candiano (978)
Tribuno Memmo (979)
Pietro Orseolo II (991)
Ottone Orseolo (1009)
Pietro Barbolano (1026)
Domenico Flabanico (1032)
Domenico Ier Contarini (1043)
Domenico Selvo (1071)
Vital Faliero de Doni (1084)
Vital Michele I (1096)
Ordelafo Faliero (1102)
Domenico Michele (1117)
Pietro Polani (1130)
Domenico Morosini (1148)
Vital Michele II (1156)
Sebastian Ziani (1172)
Orio Mastropiero (1178)
Enrico Dandolo (1192)
Pietro Ziani (1205)
Jacopo Tiepolo (1229)
Marino Morosini (1249)
Reniero Zeno (1252)
Lorenzo Tiepolo (1268)
Jacopo Contarini (1275)
João Dandolo (1280)
Pietro Gradenigo (1289)
Marino Zorzi (1311)
Giovanni Soranzo (1312)
Francesco Dandolo (1328)
Bartolomeo Gradenigo (1339)
Andrea Dandolo (1342)
Marino Faliero (1354)
Giovanni Gradenigo (1355)
Giovanni Delfino (1356)
Lorenzo Celsi (1361)
Marco Cornaro (1365)
Andrea Contarini (1367)
Michele Morosini (1382)
Antonio Veniero (1382)
Michele Steno (1400)
Tommaso Mocenigo (1413)
Francesco Foscari (1423)
Pasqual Malipiero (1457)
Cristoforo Moro (1462)
Nicolo Trono (1471)
Nicolo Marcello (1473)
Pietro Mocenigo (1474)
Andrea Vendramino (1476)
Giovanni Mocenigo (1478)
Marco Barbarigo (1485)
Agostino Barbarigo (1486)
Leonardo Loredano (1501)
Antonio Grimani (1521)
Andrea Gritti (1523)
Pietro Lando (1538)
Francesco Donato (1545)
Marcantonio Trivisano (1553)
Francesco Veniero (1554)
Lorenzo Priuli (1556)
Giorolamo Priuli (1559)
Pietro Loredano (1567)
Alvise Mocenigo I (1570)
Sebastiano Venier (1577)
Nicolò da Ponte (1578)
Pasqual Cicogna (1585)
Marino Grimani (1595)
Leonardo Donato (1606)
Marcantonio Memmo (1612)
Giovanni Bembo (1615)
Nicolò Donato (1618)
Antonio Priuli (1618)
Francesco Contarini (1623)
Giovanni Cornaro I (1624)
Nicolò Contarini (1630)
Francesco Erizzo (1631)
Francesco Molino (1646)
Carlo Contarini (1655)
Francesco Cornaro (1656)
Bertuccio Valiero (1656)
Giovanni Pesaro (1658)
Domenico Contarini II (1659)
Nicolò Sagredo (1674)
Luigi Contarini (1676)
Marcantonio Giustinian (1683)
Francesco Morosini (1688)
Silvestro Valiero (1694)
Alvise Mocenigo II (1700)
Giovanni II Cornaro (1709)
Sebastiano Mocenigo (1722)
Carlo Ruzzini (1732)
Alvise Pisani (1735)
Pietro Grimani (1741)
Francesco Loredano (1752)
Marco Foscarini (1762)
Alvise Giovanni Mocenigo (1763)
Paolo Renier (1779)
Ludovico Manin (1789)







Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS




quarta-feira, 13 de março de 2019

Os Antigos Vênetos e os Cavalos

 


É tradição já muito difundida que a origem dos Vênetos antigos se encontra na Ásia Menor.  Essa afirmação está baseada em uma passagem de um trabalho de Homero, o conhecido poeta épico grego, onde ali encontramos a palavra Eneto ou Veneto como uma prova a mais da identificação deles com a Paflonia. 

Desde esta primeira e muito antiga fonte, podemos traçar a associação entre o povo Vêneto e os cavalos, onde podemos ler: a fama dos Vênetos do Adriático como criadores de cavalos... A veracidade dessa passagem parece não ter mais qualquer dúvida.
Também, Polemone, poeta e filósofo grego, em um poema convivial à Eurípides, reafirma a origem dos Vênetos do Adriatico "Eneti", dos Paflagoni, e recorda que na 85* Olimpíada, ocorrida no ano 440 a.C., Leone di Sparta conquistou a vitória com "éguas venetas" do seu pai Anticlide. Essa afirmação é está gravada na sua estátua.

Outra memória ilustre da excelência dos cavalos dos antigos Vênetos vem do escritor Estrabão, historiador, geógrafo e filósofo grego que viveu entre os anos 63 a 24 a.C

Ele descreve que os Vênetos eram conhecidos como excelentes criadores de cavalos. Tão famosos nessa arte que o tirano Dionisio de Siracusa havia trazido cavalos Venetos para fazerem parte da sua criação particular.
Na época de Estrabão, entre o final do primeiro século A.C. e começo do século I d.C., a criação de cavalos não estava mais presente como a principal atividade economica dos Vênetos, mas, os feitos ainda permaneciam vivos na memória daqueles povos,  e que eram transmitidas através das suas histórias. 


Os cavalos venezianos eram, portanto, bens valiosos, muito conhecidos dos gregos, mercadoria que seria uma fonte de riqueza.


O aspecto principal da forte ligação entre os antigos Vênetos e os cavalos, pode ser avaliada nas descobertas arqueológicas de enterros de cavalos em diferentes locais onde esse povo habitava, como Adria, Altino, Este e Padova.


Pelos relatos de Estrabão podemos saber que os antigos Vênetos sacrificavam um cavalo branco para Diomedes, herói divino, domador de cavalos.

No antigo Vêneto, o costume de sacrificar, provavelmente por sufocação ou afogamento, e enterrar os cavalos dentro das necrópoles parece estar relacionado a cerimônias destinadas aos falecidos de particular importância social. 

Também nos santuários o sacrifício desses animais era oferecido aos deuses, tanto com espécimes reais quanto simbolicamente com estatuetas ou imagens em lâminas.

Os machos eram geralmente aqueles sacrificados, talvez porque as fêmeas fossem preciosas para a reprodução. Eram de diferentes idades, mas de uma raça selecionada caracterizada pelo tamanho pequeno e delgado

No mundo dos antigos Vênetos, a presença de cavalos é uma constante e a frequência de representações desse animal encontradas é uma indicação de sua relevância nas diversas manifestações da vida social desse antigo povo.

O cavalo é um elemento recorrente na esfera do culto. Nos santuários Vênetos antigos, o cavalo freqüentemente aparece entre as oferendas votivas oferecidas à divindade. É representado nas placas de bronze sozinho ou montado pelo guerreiro.

Também se representavam cavaleiros armados, tanto sozinhos como em grupo, assim como figuras de cavalos. Em escavações arquelógicas foram encontrados numerosos bronzes de guerreiros a cavalo e também estatuetas de cavalos.

Conhecidos na antiguidade pela criação e comércio de ótimos cavalos, existe hoje uma aproximação de amor muito forte entre os vênetos atuais e os cavalos, sua criação e apuração genética.

Isso pode ser avaliado pela antiga Feira do Cavalo de Verona que tem uma história de mais de 1000 anos sendo até hoje uma das maiores feiras especializadas do mundo na exposição e comercialização de cavalos de várias raças, visitada anualmente por milhares de pessoas de toda a parte.

A história nos conta que a Feira do Cavalo de Verona nasceu há mais de 1000 anos por ocasião da procissão de S. Zeno, o santo patrono da cidade.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS


segunda-feira, 11 de março de 2019

O Povo do Âmbar





Desde os tempos mais remotos o comércio foi uma das atividades principais do povo Vêneto.


Na antiguidade, o conhecido escritor e filósofo grego Aristóteles, se refere aos Vênetos como o povo do âmbar.


Relata que além de comercializarem cavalos, dos quais eram conhecidos como hábeis criadores, os Vênetos também negociavam o âmbar com inúmeros outros povos, entre os quais os Gregos.


O âmbar é uma resina fóssil, em estado sólido, formado de uma espécie extinta de pinheiro, encontrado e extraído na região do Mar Báltico e também na antiga Prússia.


É muito comum encontrar insetos fossilizados no interior de uma peça de âmbar. Tem a cor característica amarelo-pálida ou acastanhada, transparente, conhecida também como cor âmbar.


Na época o âmbar era uma substância muito rara e valiosa. Era usado para fazer objetos de adorno, tinha propriedades curativas e mágicas e na antiguidade também simbolizava prosperidade.


Uma vez fricionada uma peça de âmbar tem a propriedade de atrair objetos leves de algodão ou palha, devido a eletricidade estática produzida. Os gregos a denominavam de Elektron, que mais tarde veio originar o nome eletrecidade.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

sábado, 9 de março de 2019

Os Vênetos




Os Vênetos 



Os Vênetos partiram para a península itálica desde a Plafagonia, uma antiga região localizada ao sul do Mar Negro, cujo nome deriva do termo Heneto ou Eneto. 

Antes de migrar para a Itália, os Eneti haviam participado com sua própria cavalaria na guerra de Troia ao lado dos troianos. 

Essa guerra parece ter sido gerada por um conjunto de causas que nada tinha a ver com a versão dada por Homero na Ilíada, mas que pode ser rastreada até o desejo de expansão de povos recém-criados projetados em busca de seu próprio espaço ou da possível pressão exercida por novas migrações. 

No final da guerra houve um reassentamento geral dos povos que originaram o movimento migratório de populações inteiras, entre as quais os Eneti. 

Inicialmente, eles se mudaram para a Trácia, de onde mais tarde se mudaram para a Ilíria e, em seguida, chegaram às margens oeste e norte do Adriático, onde se estabeleceram permanentemente. Para chegar ao seu destino final, que então tomou o nome de Venetia, os Eneti levaram cerca de cinco séculos, do décimo terceiro ao oitavo século aC. 

Na sua chegada os Vênetos encontraram outras populações já presentes a algum tempo na região: Umbrios, Etruscos e Euganei. Após longos anos de guerras e sacrifícios, eles conseguiram estar certos e absorver essas populações pré-existentes. 

A região habitada pelos Vênetos se estendia das costas do Adriático entre o Timavo e o Pó, e estava situada entre os Alpes Friulanos e  o Cadore, até o Lago de Garda. 

Esse povo dividido entre aqueles do mar e os do continente constituía um grupo notável de populações dotadas de seu próprio sistema social-religioso e mantinham costumes e tradições intactos. 

Deram origem a numerosos centros urbanos e já em tempos pré-romanos existiam cerca de cinquenta cidades no território do Vêneto com uma população total de cerca de um milhão e meio de habitantes. 

A tranqüilidade dos Vênetos era continuamente desafiada pelos atritos contínuos com as populações vizinhas, mas sobretudo, pelas incursões dos gauleses, que chegaram até os rios Mincio e o Pò. 

Com o tempo, para tentar diminuir essas ameaças, foi conseguida uma espécie de aliança entre romanos e vênetos, que dessa maneira deram fim ao perigo da invasão dos gauleses. Os romanos sempre provaram sua estima pelos venezianos, que eram justamente considerados excelentes aliados e valentes soldados.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

quinta-feira, 7 de março de 2019

I Pessi en Talian



I Pessi 





Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS





San Marco o Evangelista e a República de Veneza



Judeu de família rica, nascido no século I, provavelmente na Palestina. Foi missionário no Oriente e Roma, onde teria escrito o Evangelho. 

No ano de 66, da prisão, S. Pedro escrevendo a Timoteo nos fornece as últimas informações a respeito de Marcos, que morreu possivelmente no ano 68, em Alexandria, Egito. Seus restos mortais estavam em uma igreja dessa cidade que foi incendiada pelos árabes no ano de 644 e posteriormente reconstruída pelos Patriarcas da Alexandria até 689. 

A lenda diz que no ano de 828, neste local, chegaram dois mercadores venezianos, Buono da Malamocco e Rustico da Torcello, que se apoderaram dos restos mortais do Evangelista e os levaram para Veneza, aonde chegaram em 31 de Janeiro de 828. 

Os despojos de Marcos foram recebidos com grande honra pelo Doge Giustiniano Partecipazio, que era filho de Agnello e sucessor do primeiro doge das ilhas de Rialto. No ano de 832 foi concluída, pelo Doge Giovanni, irmão e sucessor de Giustiniano, a construção de uma basílica para receber definitivamente os restos mortais do santo a qual passou a ser chamada de Basílica de Marcos. 

No início a esplendida construção em mármore, repleta de ouro e pedras preciosas de todo o Oriente, teve alguns contratempos, tendo sofrido um incêndio no ano de 976, provocado por uma revolta popular contra o Doge Candiano IV, que tinha se refugiado com seu filho dentro da basílica. Na ocasião os revoltosos também, destruíram e incendiaram o vizinho Palazzo Ducale, moradia e sede do governo da Sereníssima República de Veneza. 

No ano de 976-978, com o seu próprio dinheiro, o Doge Pietro Orseolo I reformou tanto a Basílica como o Palácio Ducal. Mais tarde, no ano de 1063, por ordem do Doge Domenico Contarini I foi dado início a mais uma reforma da Basílica, a qual foi completada pelo seu sucessor Doge Domenico Selvo (1071-1084). No ano de 1071, São Marcos foi escolhido para ser o titular da basílica e patrono da Sereníssima República de Veneza, em substituição a São Teodoro, que até o século XI tinha sido o santo protetor de Veneza. 

A Basílica foi solenemente consagrada no dia 25 de Abril de 1094 durante o governo do Doge Vitale Falier. Na ocasião, depois da missa celebrada pelo bispo, foram rompidas algumas placas de mármore de uma coluna e encontrada uma caixa com as relíquias. A partir daí a República de Veneza permaneceu indissoluvelmente ligada ao seu patrono, sendo que o seu conhecido símbolo, o Leão Alado, passou a fazer parte do estandarte da Sereníssima República de Veneza, junto os dizeres inscritos no livro: “Pax tibi Marce, evangelista meus”. 


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

domingo, 3 de março de 2019

Bon dì e Bon Ano quando la Madonna parlò in lingua veneta



"Bon dì e Bon Ano": quando a Madonna falou em língua veneziana

Para aqueles que não sabem, durante o longo período de prosperidade da República Sereníssima, o Ano Novo foi celebrado em 1º de março, um costume que permaneceu vivo até a invasão francesa de Veneto em 1797 e voltou a viver hoje, em Veneto, graças à paixão e compromisso de muitas associações culturais. 

Um dos testemunhos mais significativos do Ano Novo veneziano chega-nos não de algum historiador ou amante da cultura veneziana, mas de documentos eclesiásticos, narrando a história que aconteceu com o trevisano Giovanni Cigana. 

Giovanni era um pequeno agricultor da Marca Trevigiana, mais precisamente de Motta di Livenza e a história de que estamos falando aconteceu em 9 de março de 1510. 

Um homem estimado e conhecido na área, Giovanni tinha 79 anos de idade, "forte e robusto, pai de seis crianças, cristãs todas inteiras "como as crônicas da época o lembram. 

Naquela manhã, Giovanni tinha parado como de costume para rezar junto ao "capitello da Madonna" - assim chamado pela população local.   

Embora estivesse com pressa: tinha que ir até Redivole, para pedir a um conhecido seu, Luigi Facchini, de viesse arar e semear leguminosas em seu terreno. 

Depois das orações, Giovanni se levantou e se virou para continuar sua jornada.
Mas ... maravilha! Perto da estrada ele viu uma jovem de cerca de doze anos, sentada no chão e com as mãos nos joelhos. Ela usava vestes brancas e cintilantes - como Giovanni lembrava - até mesmo seu rosto era sincero e rosado. 



Diante dessa visão, Giovanni não desapareceu, ao invés disso ele se aproximou e cumprimentou a jovem em nossa língua: "Deus te dê adeus". O amante Fanciulla respondeu a saudação também em Veneto: "Bon dì e Bon Ano, homo da ben”.
Naquela época, Motta fazia parte da República de Veneza e o ano novo começou há poucos dias.
A conversa entre os dois assumiu tons cada vez mais familiares, até que John percebeu que estava na presença da Santíssima Virgem e, tomado de profunda veneração, caiu de joelhos diante dela.
Após apenas dois meses, foi instituído o processo canônico, que verificou a autenticidade da visão. Após o episódio, essa menina se tornou a Madonna dei Miracoli e no local da aparição foi erguido um santuário, ainda aberto hoje.
A aparição de 9 de março de 1510 não foi apenas um evento de grande importância do ponto de vista religioso, mas também um precioso testemunho da cultura e identidade veneziana. 

Davide Guiotto

sexta-feira, 1 de março de 2019

Il Capodanno nella Serenissima Repubblica di Venezia



O Ano Novo veneziano era originalmente realizado em 25 de março, o dia da fundação de Veneza em 421, o dia da Anunciação do Senhor e, de acordo com uma antiga lenda grega, o dia da criação do mundo. 

Em um segundo momento, por conveniência de cálculo, o primeiro dia do ano foi antecipado no primeiro dia de março. 

Desde os dias da Roma antiga, o primeiro dia do ano estava marcado para 1º de janeiro, mas o Ano Novo no Veneto continuou a ocorrer em 1º de março até a conquista napoleônica em 1797. 

Em 153 a.c. de fato, os romanos escolheram a data para o início do ano-calendário no primeiro dia de janeiro, quando os cônsules nomeados no novo ano assumiam o cargo. 

O calendário como o conhecemos hoje deve sua origem ao papa Gregório Magno que, no século VI, substituiu o calendário juliano ao introduzir o atual "gregoriano”.

A República Sereníssima de Veneza retomou um antigo costume de começar o ano com a primavera e o despertar natural da vida, algo que até os romanos fizeram até o advento da introdução do calendário juliano. 

A origem dessa tradição é muito antiga  e demonstrada pelo nome dos meses que lembram sua colocação no calendário: se, de fato, março foi considerado o primeiro mês do ano, setembro foi o sétimo, outubro o oitavo, novembro o nono e então dezembro o décimo.

Essa prática arcaica muito difundida também é encontrada em outros calendários, como no caso do chinês.

A introdução do calendário gregoriano também afetou o Vêneto à partir de 1582, mas, para não derrubar o cálculo do tempo, as datas dos documentos da Sereníssima foram flanqueadas pelas palavras "mais Veneto" e que é "segundo o costume veneziano". Por exemplo, janeiro de 1582 "mais Veneto", correspondia a janeiro de 1583 do calendário gregoriano

Ano Novo Vêneto 

As celebrações do primeiro dia do ano (cao de l'ano) foram um festival reconhecido pela Sereníssima República de Veneza. De acordo com a tradição nos dias anterior e naqueles depois de 1º de março, as pessoas saíam às ruas com panelas, tampas e outros instrumentos musicais caseiros, batendo neles e fazendo uma grande bagunça. Este era o caminho para afastar o frio do inverno e propiciar a chegada do verão: daí vem o nome de Bati Marso




Em alguns casos, esse costume foi transmitido ao longo dos séculos e sobreviveu até os dias de hoje. Em algumas partes do Vêneto ainda é usado recitar esta rima (filastroca):

Vegnì fora zente, vegnì (venite fuori, venite)

vegnì in strada a far casoto, (venite fuori a far confusione)
a bàtare Marso co coerci, tece e pignate! (venite a battere Marzo con coperchi e pentole)
A la Natura dovemo farghe corajo, sigando e cantando, (alla natura dobbiamo far coraggio, urlando e cantando)
par svejar fora i spiriti de la tera! (per svegliare gli spiriti della terra)
Vegnì fora tuti bei e bruti. (venite fuori tutti, belli e brutti)
Bati, bati Marso che ‘l mato va descalso, (Batti, batti Marzo, che il matto gira scalzo)
femo casoto fin che riva sera (facciamo confusione fino a sera)
e ciamemo co forsa ea Primavera! (e chiamiamo con forza la primavera)
Vegnì fora zente, vegnì fora! (venite fuori, venite fuori!) 


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS