segunda-feira, 8 de abril de 2024

A Influência Italiana na Colonização de Santa Catarina




Cerca de 95% dos migrantes italianos que chegaram ao território catarinense originaram-se no norte da Itália, especificamente nas regiões hoje conhecidas como Vêneto, Lombardia, Friuli Veneza Júlia e Trentino Alto Ádige. Entretanto, os primeiros imigrantes italianos que desembarcaram no estado, em 1836, vieram da Sardenha e estabeleceram a colônia de Nova Itália, atualmente conhecida como São João Batista. Contudo, sua chegada foi modesta em número e teve pouco impacto demográfico. Foi somente a partir de 1875 que o fluxo de imigrantes italianos para o estado aumentou consideravelmente. As primeiras colônias italianas foram estabelecidas nesse período, tais como Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiúna, todas localizadas nas proximidades da colônia alemã de Blumenau, servindo como complemento a esse núcleo germânico. Em 1875, imigrantes do Tirol Italiano fundaram Nova Trento, seguido pela fundação de Porto Franco (atual Botuverá) em 1876. Os italianos que se estabeleceram nessas primeiras colônias eram principalmente oriundos da Lombardia e do Tirol Italiano, que naquela época pertencia à Áustria.
Nos anos subsequentes, várias outras colônias foram estabelecidas, com o sul de Santa Catarina se tornando o principal epicentro da colonização italiana no estado. Nessa região, foram fundadas colônias como Azambuja em 1877, Urussanga em 1878, Criciúma em 1880, Grão-Pará em 1882, Presidente Rocha (atual Treze de Maio) em 1887, além de Nova Veneza, Nova Belluno (hoje Siderópolis) e Nova Treviso (hoje Treviso) em 1891, e Acioli de Vasconcelos (atual Cocal do Sul) em 1892. Os imigrantes do sul do estado eram majoritariamente provenientes do Vêneto, com uma menor representação da Lombardia e de Friul-Veneza Júlia. Eles se dedicaram principalmente à agricultura e à mineração de carvão, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento dessa região. As festas tradicionais, como a festa do vinho e o Ritorno alle origini em Urussanga, são eventos emblemáticos que caracterizam essa colonização no sul do estado.
O fluxo de imigrantes italianos para Santa Catarina cessou em 1895, quando um pequeno número de colonos chegou para estabelecer a comunidade de Rio Jordão, no sul do estado. Esse declínio se deveu em grande parte à guerra civil que eclodiu na Itália com a Revolução Federalista e ao término do contrato que subsidiava a imigração pelos estados.
A partir de 1910, milhares de gaúchos migraram para Santa Catarina, incluindo muitos descendentes de italianos. Esses colonos ítalo-brasileiros contribuíram significativamente para a colonização do Oeste catarinense. Atualmente, Santa Catarina abriga cerca de três milhões de italianos e seus descendentes, representando aproximadamente metade da população do estado. Muito da cultura italiana ainda é preservada nos antigos centros de colonização, especialmente na culinária e na língua.