quarta-feira, 15 de março de 2023

Revolta das Mulheres de Loria contra Napoleão

Brasão Comune de Loria


O movimento de insurgência veneziana de 1809, tal como toda a verdadeira história de Veneza, é sistematicamente e deliberadamente ocultado, ignorado, pela historiografia oficial. 

Napoleão levou todo o Vêneto a um estado de miséria e desespero como nunca até então tinha passado, impondo duras medidas como o recrutamento obrigatório, por quatro anos, dos jovens venetos, com idade entre os 20 e 25 anos e uma série de impostos muito agravantes. ​O povo vêneto, dentro das suas limitações, reagiu com particular vigor.

O povo já estava exasperado com os impostos territoriais criados, quando chegou o alistamento compulsório que retirou de casa, por quatro anos, os homens válidos levando-os para guerras distantes. A exasperação se transformou em revolta: atacaram a prefeitura e incendiaram o arquivo da cidade para que os dados fossem perdidos impossibilitando a convocação.

As mulheres de Loria, e do distrito de Bessica, tiveram um importante papel na insurgência veneziana contra Napoleão e relatos deste fato, como se nada tratasse, sistematicamente não aparecem nos livros de história. 

O único livro que descreve a rebelião foi escrito por E. Beggiato e se intitula "1809: a insurgência veneziana. A luta contra Napoleão na Terra de San Marco". 

Diz o autor que se não fosse por uma nota de 8 de julho de 1890, escrita no diário de Pietro Basso, sartor de Asolo, esta história contando a insurgência da mulheres de Loria teria caído totalmente no esquecimento. Muitos outros episódios heróicos de insurgência veneziana contra o domínio de Napoleão, ocorridos em outros municípios, como por exemplo aquele ocorrido em Schio, por falta de quem os descrevesse, ficaram totalmente esquecidos, perdidos pela História.

Em comum esses movimentos nacionalistas venezianos tinham que  duraram poucos meses e mesmo antes de terminar o ano de 1809, já tinham sido sufocados em sangue pelas tropas francesas.

A implantação, por Napoleão, da obrigatoriedade do serviço militar, por longos quatro anos, para os jovens venetos em idade compreendida entre 20 e 25 anos, foi o estopim dessas revoltas, pois a perda de tantos braços para o trabalho esmagava a já pobre economia agrícola da região.

Esses jovens convocados para o serviço militar partiam para terras distantes para combater guerras que não eram deles e arriscar perder a vida longe de casa como nas estepes russas.

  


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS