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segunda-feira, 8 de abril de 2024

A Influência Italiana na Colonização de Santa Catarina




Cerca de 95% dos migrantes italianos que chegaram ao território catarinense originaram-se no norte da Itália, especificamente nas regiões hoje conhecidas como Vêneto, Lombardia, Friuli Veneza Júlia e Trentino Alto Ádige. Entretanto, os primeiros imigrantes italianos que desembarcaram no estado, em 1836, vieram da Sardenha e estabeleceram a colônia de Nova Itália, atualmente conhecida como São João Batista. Contudo, sua chegada foi modesta em número e teve pouco impacto demográfico. Foi somente a partir de 1875 que o fluxo de imigrantes italianos para o estado aumentou consideravelmente. As primeiras colônias italianas foram estabelecidas nesse período, tais como Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiúna, todas localizadas nas proximidades da colônia alemã de Blumenau, servindo como complemento a esse núcleo germânico. Em 1875, imigrantes do Tirol Italiano fundaram Nova Trento, seguido pela fundação de Porto Franco (atual Botuverá) em 1876. Os italianos que se estabeleceram nessas primeiras colônias eram principalmente oriundos da Lombardia e do Tirol Italiano, que naquela época pertencia à Áustria.
Nos anos subsequentes, várias outras colônias foram estabelecidas, com o sul de Santa Catarina se tornando o principal epicentro da colonização italiana no estado. Nessa região, foram fundadas colônias como Azambuja em 1877, Urussanga em 1878, Criciúma em 1880, Grão-Pará em 1882, Presidente Rocha (atual Treze de Maio) em 1887, além de Nova Veneza, Nova Belluno (hoje Siderópolis) e Nova Treviso (hoje Treviso) em 1891, e Acioli de Vasconcelos (atual Cocal do Sul) em 1892. Os imigrantes do sul do estado eram majoritariamente provenientes do Vêneto, com uma menor representação da Lombardia e de Friul-Veneza Júlia. Eles se dedicaram principalmente à agricultura e à mineração de carvão, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento dessa região. As festas tradicionais, como a festa do vinho e o Ritorno alle origini em Urussanga, são eventos emblemáticos que caracterizam essa colonização no sul do estado.
O fluxo de imigrantes italianos para Santa Catarina cessou em 1895, quando um pequeno número de colonos chegou para estabelecer a comunidade de Rio Jordão, no sul do estado. Esse declínio se deveu em grande parte à guerra civil que eclodiu na Itália com a Revolução Federalista e ao término do contrato que subsidiava a imigração pelos estados.
A partir de 1910, milhares de gaúchos migraram para Santa Catarina, incluindo muitos descendentes de italianos. Esses colonos ítalo-brasileiros contribuíram significativamente para a colonização do Oeste catarinense. Atualmente, Santa Catarina abriga cerca de três milhões de italianos e seus descendentes, representando aproximadamente metade da população do estado. Muito da cultura italiana ainda é preservada nos antigos centros de colonização, especialmente na culinária e na língua.


terça-feira, 26 de março de 2024

Jornada de uma Família de Imigrantes da Lombardia aos Cafezais de São Paulo

 


Girolamo Bianchetto e Maddalena Bresciano, ambos nascidos em pequenas cidades do norte da Itália, uniram-se em matrimônio com a promessa de enfrentar juntos os desafios da vida. Girolamo, nasceu em 1829 em Mozzanica, província de Bergamo, vinha de uma família de agricultores meeiros, enquanto Maddalena, nascida em 1834 em Castiglione degli Stiviere, província de Mantova, cresceu também em um ambiente rural, onde seu pai trabalhava em uma pequena propriedade da família, aprendendo desde cedo o valor do trabalho árduo e da união familiar. 
Juntos, eles deram vida a uma prole numerosa: Giacomo, Juditha, Isabella, Gioachino, Bartolomeo e Pietro. Apesar das dificuldades financeiras, a família Bianchetto era unida e cheia de esperança. Porém, as precárias condições de vida na Itália, unificada apenas dez anos antes, o sonho por uma vida melhor para os filhos os levou a tomar uma decisão ousada: emigrar para o Brasil. A emigração italiana transoceanica estava ainda dando os primeiros passos mais consistentes, para se transformar, já nas décadas seguintes, em um verdadeiro êxodo, quando milhões de italianos do norte ao sul da península abandonaram o país.
No ano de 1877, Girolamo Bianchetto e Maddalena Bresciano, juntamente com seus seis filhos e os avós paternos, Giacomo Bianchetto e Amabile Ceratto, nascida em Monzambano, embarcaram em Genova no vapor Sud America em direção ao Rio de Janeiro, deixando para trás sua terra natal, seus amigos e parentes, em busca de oportunidades além-mar.
A jornada foi árdua, com dias de travessia tumultuada pelo oceano revolto por fortes ventos, enfrentando doenças e desconfortos a bordo. No entanto, a esperança de uma vida melhor os impulsionava adiante. Após desembarcarem no Brasil, seguiram para a Hospedaria dos Imigrantes no Rio de Janeiro, onde foram acolhidos e aguardaram por alguns dias antes de continuar mais uma viagem de navio até Santos, no estado de São Paulo.
Do Porto de Santos, os imigrantes foram recebidos e encaminhados por um representante da Fazenda Santa Marta até o Vale do Paraíba. Eles e outras famílias que viajaram juntas, tinham sido contratados ainda na Itália com a promessa de viagem gratuita e emprego nas vastas plantações de café da região. A vida na fazenda era dura, mais difícil até do que aquela na Itália, com longas jornadas de trabalho ao sol escaldante e condições precárias de moradia. Foram abrigados em antigos alojamentos usados pelos escravos até alguns anos antes, uns casebres de madeira sem pintura, tendo algumas paredes internas de barro e como piso somente terra batida. Alguns poucos e tocos móveis completavam a mobília do pobre casebre. Infelizmente, dois anos após a chegada, o patriarca nono Giacomo veio a falecer consequência dos ferimentos sofridos em um trágico acidente de trabalho, deixando a família devastada.
Após dez anos de incansável batalha e resiliência, a família finalmente conquistou economias suficientes para adquirir um modesto lote de terra na periferia da pequena cidade de São José dos Campos, a mais próxima da fazenda. Renovados em sua determinação, após quitarem todas as dividas com o patrão, deixaram para trás os campos da fazenda e deram início à construção de uma nova vida em seu próprio pedaço de terra. Girolamo encontrou emprego em uma olaria local, um trabalho que ele já conhecia da Itália, enquanto Maddalena assumia os afazeres domésticos, cuidando dos filhos e cultivando uma pequena horta, contando com a ajuda da nona Amabile. Os filhos mais velhos, Giacomo, Juditha e Isabella, prontamente se inseriram nos empregos oferecidos pelas fábricas e comércio locais, ao passo que os mais jovens ainda continuavam dedicados aos estudos, nutrindo os sonhos de um porvir mais auspicioso. Apesar dos inúmeros obstáculos, a família Bianchetto permaneceu coesa, encarando em conjunto cada desafio que a vida lhes impunha.

Obs. Os nomes dos personagens desse conto são fictícios




terça-feira, 12 de março de 2024

O Legado de Agostino: da Calábria a Porto Alegre




Agostino nasceu na pequena vila de San Luca, um enclave tranquilo entre as montanhas da província de Catanzaro, na região da Calábria, em 1857. Seu nome, uma homenagem ao seu avô paterno, refletia o orgulho de sua linhagem e o destino que o aguardava.

Desde jovem, Agostino demonstrava um talento excepcional para a arte da construção. Seus dedos ágeis moldavam o barro e a pedra com uma destreza impressionante, aprendendo os segredos do ofício com os anciãos da vila. Seu avô, um renomado pedreiro, deixara um legado de habilidade e excelência que Agostino estava determinado a honrar.
A vida em San Luca seguia seu curso tranquilo, embora fosse evidente uma diminuição sensível no número de construções em toda a região. Até que um dia, uma carta chegou à modesta casa de Agostino, trazendo consigo uma lufada de novas possibilidades e oportunidades. Era uma mensagem do outro lado do oceano, escrita pela mão do tio Carmelo, irmão mais novo de seu pai, que há muitos anos havia deixado a Itália em busca de fortuna no Brasil.
Carmelo, agora estabelecido em Porto Alegre, convidava Agostino e sua família a se juntarem a ele no novo mundo. O motivo era claro: a firma de construção que Carmelo havia fundado estava passando por dificuldades. Seu filho, que havia assumido os negócios, sofrera um acidente fatal, deixando Carmelo sem um sucessor adequado.
O tio via em Agostino não apenas um parente, mas um talento excepcional que poderia revitalizar o negócio familiar. Sua reputação como muratore, ou pedreiro, era conhecida até além das fronteiras da Calábria, e Carmelo não hesitou em fazer o convite, esperançoso de que seu sobrinho pudesse dar continuidade ao legado da família.
Com o coração cheio de esperança e determinação, Agostino e Giovanna decidiram aceitar o convite do tio Carmelo. Em dezembro de 1905, embarcaram em uma jornada rumo ao desconhecido, deixando para trás as colinas da Calábria para trilhar um novo caminho no Brasil.
Ao chegarem em Porto Alegre, foram recebidos de braços abertos pelo tio Carmelo, que os acolheu em sua casa e os ajudou a se estabelecer na cidade. Logo, Agostino encontrou trabalho na firma de construção da família, onde sua habilidade e paixão pela arquitetura brilhavam em cada projeto que realizava.
Os anos se passaram rapidamente, e a família de Agostino floresceu na terra distante. Seus filhos cresceram sob a influência da cultura brasileira, mas nunca esqueceram suas raízes italianas. Alguns seguiram os passos do pai na construção civil, enquanto outros encontraram seus próprios caminhos, mas todos compartilhavam o mesmo espírito de determinação e coragem.
Quando Agostino faleceu, deixou para trás um legado de realizações extraordinárias. Sua vida foi marcada pelo trabalho árduo, pela paixão pela construção e pelo amor incondicional pela família. Seu nome é lembrado com reverência em Porto Alegre, onde as construções que ele deixou para trás são testemunho de sua habilidade e visão. Agostino pode ter nascido na pequena vila de San Luca, mas seu espírito ousado e sua determinação o transformaram em um verdadeiro cidadão do mundo, deixando sua marca indelével na história da cidade que escolheu chamar de lar.




sexta-feira, 8 de março de 2024

Sob o Sol da Esperança



A história de Rosalia e sua família é um intricado bordado, tecido com os fios da perseverança e da resiliência em meio às vicissitudes da vida. Nascida em uma época tumultuada na Itália, Rosalia enfrentou a perda de seu amado marido, Giacomo, e encontrou refúgio nos braços de sua filha Giuditta e seu genro Donato. A decisão de Donato de emigrar para o Brasil, em busca de oportunidades que se esvaíam nas terras sicilianas, lançou a família em uma jornada transatlântica repleta de desafios e descobertas.
Ao desembarcarem no porto de Santos, a vastidão do Brasil se desdobrou diante deles, uma terra de promessas e incertezas. Seguiram os trilhos de ferro até a região de Ribeirão Preto, onde a imponente plantação de café se estendia como um oceano verde sob o sol tropical. A humilde casa de barro e chão de terra batida onde foram alojados refletia a dura realidade da vida dos imigrantes trabalhadores rurais que foram para São Paulo, mas também carregava consigo a esperança de um futuro melhor.
Enquanto Donato e Giuditta mergulhavam no árduo trabalho da plantação, Rosalia se dedicava à cura e ao cuidado dos que buscavam alívio em suas mãos sábias. Com um conhecimento transmitido por gerações, ela se tornou uma figura venerada entre os colonos, uma luz de esperança em meio à escuridão da adversidade. Seu vínculo com a antiga curandeira escrava, uma octogenária que ainda morava na fazenda, apesar das barreiras linguísticas, enriqueceu ainda mais seu repertório das ervas brasileiras e técnicas curativas.
Enquanto os anos passavam na fazenda, a família mantinha viva a chama da esperança, economizando cada centavo em direção à liberdade tão sonhada. Nas jornadas dominicais até Ribeirão Preto, eles estabeleciam laços com outros imigrantes, compartilhando histórias e informações preciosas sobre o mundo além dos cafezais. Foi através dessas conexões que Rosalia descobriu a oportunidade de adquirir a chácara que se tornaria seu refúgio definitivo.
Com determinação e astúcia, Donato e Giuditta selaram o destino da família, erguendo-se das amarras da fazenda e dando o primeiro passo em direção à independência. Em Ribeirão Preto, cada membro da família encontrou seu lugar: Donato, com sua força e perseverança, ascendendo nas fileiras da ferrovia; Giuditta, com sua habilidade na costura, transformando um simples salão em um império da moda local; e Rosalia, a curandeira sábia e compassiva, que continuou a espalhar sua luz curativa pela comunidade.
Quando Rosalia partiu deste mundo, deixou para trás um legado que ecoaria através das gerações. Sua vida de serviço e dedicação foi imortalizada nas ruas de Ribeirão Preto, onde seu nome é reverenciado até os dias de hoje. Seu túmulo, adornado com flores e memórias, é um testemunho do amor e da gratidão daqueles cujas vidas foram tocadas por sua bondade. Assim, a saga de Rosalia e sua família permanece como um testemunho inspirador da força do espírito humano em face das adversidades.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS


sexta-feira, 1 de março de 2024

Imigração Italiana em Minas Gerais: Contribuição e Integração na Sociedade Brasileira



A imigração italiana para Minas Gerais foi marcada por um significativo influxo de cidadãos oriundos da Itália durante o final do século XIX e o início do século XX, tornando este estado brasileiro um dos destinos mais procurados por esses imigrantes em todo o país, ficando apenas atrás de São Paulo e Rio Grande do Sul em termos de recebimento populacional.
A crise econômica que assolava a Itália ao final do século XIX, caracterizada pelo declínio das atividades agrícolas e industriais, impulsionou uma emigração em larga escala para várias nações, incluindo o Brasil. Os registros da Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora, revelam que entre 1888 e 1901, 68.474 imigrantes italianos desembarcaram em Minas Gerais. No período de 1872 a 1930, esse número aumentou para 77.483. Originários principalmente do Norte da Itália, esses migrantes desempenharam um papel significativo nas plantações de café da Zona da Mata, onde cerca de 80% deles se dedicaram a essa atividade, enquanto aproximadamente um terço optou pelo Sul de Minas.
O governo de Minas Gerais desempenhou um papel ativo no estímulo ao fluxo migratório italiano, assumindo os custos das passagens marítimas para suprir a crescente demanda por trabalhadores nas plantações de café. Embora a economia mineira estivesse fortemente ligada à exportação desse produto na época, o estado possuía a maior população do Brasil, o que significava uma reserva considerável de mão de obra local disponível para substituir os escravos recentemente libertados. Portanto, ao contrário de São Paulo, não se viu a necessidade premente de um influxo massivo de imigrantes europeus.
Os imigrantes italianos que se estabeleceram em Minas Gerais inicialmente encontraram ocupações principalmente ligadas à produção de café. Contudo, ao longo do tempo, sua presença na sociedade mineira expandiu-se para diversas esferas, especialmente nas áreas urbanas, onde desempenharam um papel ativo no desenvolvimento do comércio, da indústria e de outras atividades. A integração dos italianos na sociedade mineira ocorreu de forma rápida e harmoniosa, sem a formação de enclaves isolados. Pelo contrário, os imigrantes dispersaram-se por todo o território do estado, constituindo uma minoria em meio à população majoritária, em um processo de assimilação tranquila.


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Algumas Curiosidades dos Sobrenomes do Vêneto


 

Os nomes de família no Vêneto são caracterizados principalmente por suas terminações (sufixos) ou pelos prefixos que os precedem.

Atualmente, entre os sobrenomes mais prevalentes na região, destacam-se aqueles que têm a terminação "an". Exemplos incluem Baldan, Bressan, Pavan, Trevisan. Há também sobrenomes que terminam em "in", como Bedin, Bottacin, Cagnin, Casarin, Martin, Perin, Trentin, Visentin, Zanin, e aqueles que se encerram em "on", como Bordignon, Lorenzon, Marangon, Schiavon, Tegon, Tonon, Zagon, Zanon, Zambon.

Outra terminação frequente nos sobrenomes do Vêneto é "ato", que é utilizada como diminutivo e para indicar descendência familiar. Exemplos incluem Bonato, Simionato, Volpato e Marcato.

Os patronímicos, sobrenomes derivados do nome do pai, também são comuns, como Perin (derivado de Piero/Pietro), Lorenzon, Berton, Martin, Baldan. Além disso, há sobrenomes como Frigo (derivado de Federico) e Vianello (derivado de Viviano). Sobrenomes começando com Zan ou Zam, como Zanata, Zampieri, Zanetti, Zamboni, são patronímicos derivados do nome Giovanni (João) no dialeto vêneto, escrito como Zan.

Um prefixo frequentemente encontrado é "Dal" (similar ao usado no Friuli, indicando "do"), presente em sobrenomes como Dal Farra, Dal Molin, Dal Lago, Dal Zotto e Dal Corso.

Embora um dos sobrenomes italianos mais comuns seja Ferrari (derivado de ferreiro), no Vêneto, encontramos variantes locais, como Favero e Favaretto. Outros sobrenomes frequentes incluem Boscolo (de boscaiolo = lenhador), Masiero (de mezzadro = inquilino), Sartor, Sartori, Zago (diácono, coroinha). Essa diversidade reflete a riqueza cultural e histórica da região.


Além disso, é notável que o prefixo "Dal" é bastante difundido, indicando "do", semelhante à prática no Friuli. Exemplos incluem Dal Farra, Dal Molin, Dal Lago, Dal Zotto e Dal Corso.

Enquanto o sobrenome italiano comum Ferrari (derivado de ferreiro) é encontrado em todo o país, no Vêneto, surgem variações locais, como Favero e Favaretto. Outros sobrenomes proeminentes incluem Boscolo (originado de boscaiolo = lenhador), Masiero (de mezzadro = inquilino), Sartor, Sartori, Zago (diácono, coroinha). Esses sobrenomes não apenas refletem as ocupações tradicionais das famílias, mas também adicionam camadas à narrativa cultural e histórica da região.

Dessa forma, a diversidade e a complexidade dos sobrenomes do Vêneto não apenas fornecem insights fascinantes sobre a genealogia da região, mas também enriquecem a compreensão da história e das tradições locais.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Rumo às Américas: A Épica Jornada dos Imigrantes Italianos no Século XIX



No século XIX, os avanços no transporte marítimo, impulsionados pela chegada da tecnologia a vapor, não apenas tornaram as viagens marítimas mais rápidas, mas também mais acessíveis para um número significativo de pessoas. Também a introdução do trem a vapor não apenas revolucionou o transporte ferroviário, mas também facilitou substancialmente as viagens internas até os portos. 
O impacto do crescimento demográfico e das crises econômicas, que afetaram até mesmo as oportunidades alimentares, foi crucial na decisão de milhões de italianos de considerar a migração para as Américas como uma oportunidade real de melhorar suas condições de vida.
As condições adversas a bordo dos navios a vapor eram uma realidade incontestável. As pessoas viajavam amontoadas em compartimentos com ventilação insuficiente, enfrentando escassez de alimentos, condições higiênicas precárias e uma promiscuidade extrema. Nesse ambiente propício, a probabilidade de desenvolvimento de epidemias, como cólera, tifo, sarampo e tuberculose, era bastante alta durante toda a jornada transatlântica.
As autoridades de saúde da época adotavam medidas para conter a propagação dessas epidemias, emitindo "patenti di sanità" como garantia das condições de saúde da tripulação e dos passageiros a serem apresentados na chegada. Além disso, em casos de doenças infecciosas ou mortes suspeitas durante a viagem, as embarcações eram submetidas à quarentena, afetando tanto as pessoas quanto as mercadorias transportadas.
A magnitude da emigração italiana durante esse período revela histórias de grande sofrimento. Milhões de italianos, especialmente na segunda metade do século XIX e nos primeiros anos do século XX, enfrentaram desafios enormes e pagaram um preço elevado para chegar às Américas em busca de oportunidades.
A emigração não se restringia apenas aos trabalhadores do campo; pequenos proprietários rurais e artesãos foram igualmente impactados. A diminuição constante dos empregos no campo, seguida pela escassez de oportunidades nas cidades, levou muitos a enfrentar a pobreza e a fome. A migração tornou-se a única opção viável, mesmo que muitos imigrantes tenham enfrentado doenças e dificuldades durante a travessia. No entanto, o processo migratório persistiu, impulsionado pela esperança de uma vida melhor e oportunidades promissoras no Novo Mundo.


quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Registro de Passageiros a Bordo do Navio SAVOIA em 1898

 



Navio SAVOIA

Lista de Passageiros
 
Saída - Genova em 22.12.1897
 
Chegada - Rio de Janeiro 05.01.1898
 
  
Nome
Idade
Observações
 LANTZ, Adolfo45viajante
CANTONI, Sebastian40Engenheiro
PINOTTI, Egidio35viajante
PINOTTI, Maria - moglie25viajante
PINOTTI, Lattanfe - figlio5 mesesviajante
DE MATTIA, Giacomo35viajante
BERTOGLI, Giulio30viajante
APOLLARO, Vincenzo32Agricultor
BLOISE, Biagio53Agricultor
BLOISE, Maria - moglie49Agricultora
BIANCHI, Luisa27Agricultora
BIANCHI, Paolina28Agricultora
BONINI, Giustino14Agricultor
DI GRAZIA, Daulio23Agricultor
D'AGOSTINO, Francesco45
DE FRANCHI, Macht22
DE RANIERI, Ranieri30
DE ZANI, Ostam36
FORTUNATO, Maria32Agricultora
FORTUNATO, Maria - figlia10
FORTUNATO, Anna - figlia3
FORTE, Vincenzo49Agricultor
FIORI, Annunziata29Agricultora
FORTE, Elidia - figlia3
FORTE, Emilia - figlia1
FANTI, Odone23Agricultor
GENTILE, Carmine26Doméstica
GROSSO, Francesco45Projetista
GREGGIO, Luciano60Lavrador
GREGGIO, Santa - moglie55Agricultora
GALIZIA, Maria32Agricultora
GANGINI, Provvido30Agricultor
GANGINI, Climene - moglie27Agricultora
GANGINI, Aldo - figlio2
GANGINI, Nino - figlio2 meses
GENARDI, Marcella27Agricultora
GENARDI, Delfo3
LE SERRE, Vincenzo14
LEONE, Angelo28Lavrador
LOMBARDI, Mazimiliano39Agricultor
MELOCCHI, Giovanni38Agricultor
METITIERI, Maria26Agricultora
MODA, Floriano44Agricultor
MINEVINI, Filomena28Agricultora
MASINI, Gaetano26Agricultor
PUCRETTI, Virginia34Doméstica
PUCRETTI, Enrico - figlio15
PUCRETTI, Basilio - figlio11
PUCRETTI, Ortemisia - figlia9
PUCRETTI, Serafino - FIGLIO2
PRESTA, Domenico32Operário
POLI, Enrico26Agricultor
RUZZA, Giuseppe45Agricultor
RUZZA, Giacinto - figlio11
RESCAFE, Teresina17Agricultora
ROBERTI, Michele39Agricultor
SETA, Francesco33Agricultor
SETA, Maria - moglie40Agricultora
SIRCEFRATTA, Francesco27
SUNI. Luigi27
SCRULLI, Mariano52
SCRULLI, Filomena - figlia25
ZAMBELLINI, Vincenzo36
ZAMBELLINI, Cristina - moglie22
ZEZZA, Mariano37
ZEZZA, Vincenzo - figlio2
ZACCARDI, Maria 
24

sábado, 11 de novembro de 2023

Cura Ancestral: Os Segredos dos Curadores das Colônias Italianas no Rio Grande do Sul



Em um rincão remoto da província de São Pedro do Rio Grande do Sul, cercado por densas florestas, onde despontavam majestosas árvores, os pinheirais, as primeiras colônias italianas ali instaladas, longe da civilização, isoladas, sem estradas, distantes de qualquer cidade, mantinham uma rica herança de conhecimento ancestral. Nesse lugar especial, a Medicina sem Médicos era uma tradição venerada, um legado vital que atravessava as eras e se fundia com a essência da vida naquelas terras.
No centro dessa narrativa estavam as chamadas  "comare", as parteiras com mãos habilidosas e olhos penetrantes que transmitiam sabedoria. Elas eram as guardiãs do mistério da vida e do nascimento, uma figura maternal que acolhia as novas vidas que brotavam dos ventres daquelas mulheres corajosas. Com carinho e conhecimento transmitido por gerações, elas enfrentavam as horas dolorosas, guiando as mães pelo milagre do parto e desafiando o implacável andar do tempo.
Ao lado das "comare", estavam os "agiustaossi ou giustaossi", como eram conhecidos nas comunidades rurais italianas os "arrumadores de ossos", verdadeiros artistas em sua profissão. Eles eram os depositários dos segredos ancestrais, conhecimentos altruístas que lhes permitiam restaurar corpos e almas com técnicas passadas de uma geração para a seguinte. Suas mãos eram instrumentos da cura, capazes de aliviar dores intensas e almas aflitas, irradiando uma bondade que trazia esperança a cada toque.
Também as benzedeiras, sábias curandeiras dos males físicos e espirituais, desempenhavam um papel fundamental nessa tradição. Com preces e benzeduras, elas conseguiam acalmar tempestades da alma, invocar a fé e a esperança nos rituais ancestrais e fechar feridas profundas que nem todos conseguiam enxergar. Suas mãos eram carregadas de amor, um bálsamo para aqueles que sofriam.
Mas a Medicina sem Médicos não se limitava apenas a esses mestres da cura. Ela incluía simpatias e chás caseiros, poções de alívio e cura, remédios retirados diretamente da generosa natureza que cercava a colônia. Eram heranças passadas de geração em geração ainda na Itália, caminhos de cura e alívio que se entrelaçavam com a tradição e o respeito pela terra e suas dádivas. Com os caboclos, negros e  índios que habitavam entorno da colônia, os italianos aprenderam o uso de muitas outras plantas medicinais por eles desconhecidas e  típicas da nossa região. 
Essa Medicina sem Médicos era um tesouro inestimável, um conhecimento que transcendia as barreiras do tempo e das circunstâncias. Era uma forma profunda de cuidar, um tributo à ancestralidade que fluía dos corações dos habitantes daquelas terras.
Ao longo das gerações, essa sabedoria florescia e evoluía. A cura tornava-se um elo que enriquecia a história da colônia, enquanto os segredos antigos resistiam ao desgaste do tempo, sendo transmitidos com amor e reverência.
Nas noites agitadas, as "comares" sábias conduziam o destino das novas vidas que surgiam, tecendo laços invisíveis entre mães e filhos. Os giustaossi, mestres dos ossos quebrados, dos entorses e lesões musculares, com suas artes ancestrais, reconduziam as pessoas a um destino de cura, trazendo-as de volta à integridade física e espiritual. As benzedeiras e curandeiros, com suas preces e gestos de amor, espantavam dores como raios de calor, envolvendo aqueles que buscavam consolo em um abraço acolhedor.
Assim, a Medicina sem Médicos ensinava que, além dos remédios, a tradição e o calor da comunidade eram o coração da cura. Cada gesto de cuidado, cada abraço da comunidade e a força da amizade eram como um bálsamo que aliviava a dor e permitia que a cura florescesse.
Nas isoladas colônias italianas do Rio Grande do Sul, a Medicina sem Médicos continuava a brilhar como uma luz radiante que guiava o caminho do bem-estar e da cura de geração em geração. A sabedoria e o amor estavam profundamente enraizados na própria essência da vida, e juntos, a comunidade seguia pelo caminho da cura. Era uma história de resiliência, tradição e compaixão que ecoaria eternamente nas montanhas e vales daquelas terras especiais ainda possíveis de serem encontrados até hoje.





domingo, 5 de novembro de 2023

Imigrantes do Comune di Fornace na Colônia de Rodeio: Rostos e Histórias na Diáspora

Imigrantes no convés do navio

 


Relação de Alguns Emigrantes do 

Comune di Fornace - Trento 

na Colônia Rodeio 

Atual município de Rodeio - SC 



Proprietà di terra - 15 di ottobre di 1875: 
VALLER VIRGILIO, Fornace 
Moglie: Steneck Tereza 
Filgli: Maria (18) 
Proprietà di terra nº 38 - 240.800m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 473$741 (Réis)

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GIRARDI GIACOMO (17) (figlio di GIRARDI BORTOLO), Fornace 
celibe 
Proprietà di terra nº 44 - 221.600m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 418$000 (Réis)
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STOLF ANTONIO, Fornace 
Moglie: Maddalena 
Filgli: Antonio (20), Benedeto (19), Maddalena (17), Fortunato (15), Giuseppe (9) 
Proprietà di terra nº 52 - 210.000m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 373$910 (Réis) 
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STOLF ANTONIO (20), Fornace 
celibe 
Proprietà di terra nº 45 - 201.660m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 158$000 (Réis)

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PISETA GIOVANNI BATISTA (19), Fornace 
celibe 
Proprietà di terra nº 48 - 205.100m²

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TOMELIN ANTONIO, Fornace 
Moglie: Stolf Maddalene 
Madre: Marianna Piseta Tomelin, vedova fu Antonio Tomelin Senior 
Proprietà di terra nº 49 - 205.460m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 383$700 (Réis)

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TOMELIN ALFONSO (23), Fornace 
celibe 
nota: in 30-03-1879 ha sposato con Maria Pezzi (16), di Serso (TN) 
Proprietà di terra nº 51 - 308.550m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 132$500 (Réis)

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Marianna Cristofolini, vedova fu Giovanni Batista Agostini, Fornace 
Figli: Antonio (17), Emmanoele (15), Rosa (11), Paolo (1) 
Proprietà di terra nº 54 - 215.300m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 349$100 (Réis)

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GIRARDI BORTOLO, Fornace 
Moglie: fu Domenica Steneck 
Filgli: Gioacomo (17), Maria (xx), Domenico (xx), Bortolo (14), Luigia (3) 
Proprietà di terra nº 55 - 211.100m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 421$500 (Réis)

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PISETTA CONSTANTE, Fornace 
Moglie: Teresa Scarpa 
Filgli: Antonio (21), Giovanni Batista (19), Leopoldina (17), Lorenzo (8), Tereza (7) 
Proprietà di terra nº 56 - 209.300m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 36$400 (Réis)

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LORENZI GIACOMO, Fornace 
Moglie: Giulia de Carli 
Filgli: Domenica (19), Giacomo (15) 
Proprietà di terra nº 57 - 210.100m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 353$500 (Réis)

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PISETTA DOMENICO, Fornace 
Moglie: Maria Anna Gili 
Filgli: Placido (28), Pacifica (27), Regina (26), Columba (16), Ernesto (13) 
Proprietà di terra nº 59 - 203.960m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 439$600 (Réis)

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CRISTOFOLINI MANSUETO, Fornace 
Moglie: Tereza Rocabrum 
Filgli: Virgilio (18), Tereza (15), Domenico (13) 
Proprietà di terra nº 60 - 209.100m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 580$280 (Réis)

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Depois de 1876: 
 

GIRARDI ENRICO, Fornace 
celibe 
Proprietà di terra nº 42 - 317.700m²

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CRISTOFOLINI VIRGILIO, Fornace 
celibe 
Proprietà di terra nº 48-a -  208.600m²

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TOMELIN EUSEBIO (20), Fornace 
celibe 
Proprietà di terra nº 50 - 219.460m²

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GIRARDI ENRICO, Fornace 
Moglie: Maria Valentini 
Figli: Eurico (9), Giodita (3), Romana (1) 
Proprietà di terra nº 53 - 307.700m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 457$780 (Réis)

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GIRARDI CLEMENTE, Fornace 
celibe 
Proprietà di terra nº 58 - 210.800m²

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CRISTOFOLINI CELESTINIO, Fornace 
Figlio di Domenico Cristofolini e Domenica Scarpa 
Proprietà di terra nº 79 - 207.540m²

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FRAINER FRANCESCO, Fornace 
Celibe 
Filglio di Quirino Frainer 
Proprietà di terra nº 85 - 180.000m² 
Ha ricevuto aiuto finanziere di 279$500 (Réis) 

Igreja de Rodeio