Nas águas rebeldes do oceano, um canto murmura em meus ouvidos,
Histórias de emigrantes, aventuras de vida entre ondas e céus.
Navegavam os corajosos vênetos rumo ao desconhecido,
Levando esperanças, sonhos e o coração cheio de voto.
Mas nem tudo era sereno, o destino adverso agia,
Doenças e pestes infestavam o navio, suspira.
As epidemias impávidas dançavam entre os passageiros,
Ceifando vidas, apagando sorrisos, como tristes mensageiros.
A triste travessia, com destino desconhecido adiante,
A terra distante, promessa de um novo encanto,
Mas a morte pairava, invisível e implacável,
Roubando sonhos e esperanças, lágrimas sulcando o rosto amável.
As famílias se abraçavam, corações angustiados,
Observavam seus filhos, frágeis seres que a peste assolava.
Não podiam desembarcar, o Rio de Janeiro era proibido,
A cólera se espalhava, maldita, implacável sopro destemido.
O mar devolvia os emigrantes, como um cruel bumerangue,
Retorno à pátria, de mãos vazias e corações em frangalhos.
As famílias desesperadas, esperanças despedaçadas como cristais,
O destino havia brincado, cruel, entre mil ais.
Contudo, entre lágrimas e dores,
Resiliência e coragem brilhavam, um fogo de valores.
Os emigrantes, apesar de tudo, não se rendiam,
No coração, a chama viva, o amor e a fé que mantinham.
Agora, recordemos essas almas fortes e corajosas,
Que enfrentaram tempestades e doenças medonhas.
Seu sacrifício, sua luta contra o desconhecido,
Permanecem na história, tesouros valiosos, jamais esquecidos.
Aquelas embarcações de dor, entre as ondas do oceano infinito,
Levavam sonhos quebrados e esperanças de um mundo florescido.
Na memória daqueles emigrantes, perpetuamos sua história,
E prestamos homenagem à sua força, à sua memória.
Nas águas rebeldes do tempo, suas vozes ecoam,
Atravessando séculos, como um eterno perdurar.
As epidemias, as doenças e a morte não podem apagar,
O legado daqueles emigrantes, sua vontade de lutar.
Assim, no dialeto vêneto, quero cantar,
As peripécias de nossos antepassados, a árdua travessia pelo mar.
Lembremo-nos deles com amor, como estrelas que brilham no céu,
Emigrantes corajosos, guardados em nossos corações, eternamente fiéis.
de Gigi Scarsea
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