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terça-feira, 25 de abril de 2023

Duas Grandes Festas em Veneza: Dia de São Marcos e a A Festa del Bòcolo


 

São Marcos é o santo padroeiro de Veneza. A lenda por trás disso remonta ao século IX, quando dois mercadores venezianos roubaram transportaram os restos mortais de São Marcos, na Alexandria, no Egito, e os trouxeram para Veneza. Os venezianos acreditavam que São Marcos havia escolhido Veneza como seu local de descanso final, e seus restos mortais foram colocados em uma igreja que mais tarde foi substituída pela atual Basílica de São Marcos. O leão alado, que é o símbolo de São Marcos, também se tornou o símbolo de Veneza. A cidade comemora o Dia de São Marcos em 25 de abril com um festival que inclui uma corrida de barcos, missa nas igrejas, shows, carnaval e mercados com comidas típicas. 
A Festa di San Marco, é um feriado local anual em Veneza, Itália, realizada em 25 de abril em homenagem ao santo padroeiro da cidade, São Marcos. O dia coincide com o Dia da Libertação, que é um feriado nacional em toda a Itália, comemorando a libertação da Itália dos nazistas-fascistas na Segunda Guerra Mundial. A grande festa inclui uma famosa regata destaque do festival, a Regata di Traghetti, uma corrida de barcos com gondoleiros que competem transportando passageiros em suas gôndolas. A festa de São Marcos é observada pelas Igrejas Católica e Ortodoxa Oriental. 
Também neste mesmo dia 25 de Abril, se comemora a Festa del Bocolo, baseada em uma lenda que remonta ao século IX, em que um cavaleiro chamado Tancredi se apaixonou por Maria, filha de um rico comerciante. Tancredi foi enviado para lutar nas Cruzadas e, antes de partir, deu a Maria uma rosa como símbolo de seu amor. Quando voltou, descobriu que Maria havia morrido de coração partido, foi até o túmulo dela e colocou um "bòcolo" (um botão de rosa vermelha) sobre ele. A festa celebra essa lenda, e os homens presenteiam seus entes queridos com um bòcolo como símbolo de seu amor. 


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS




quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Os Restos Mortais de São Marcos em Veneza


 


O Transferimento dos Restos Mortais de 
São Marcos para Veneza




Desde quando os otomanos invadiram Alexandria e todo o Egito, o imperador bizantino Leone V, que governou entre os anos 813 e 820, impôs, à todas as regiões do império, a proibição absoluta, para qualquer um, de ir para o Egito em negócios. 


Essa proclamação se difundiu por toda a parte e chegou também aos venezianos, que nessa época estavam sob o jugo de Bizâncio. 
Giustiniano Partecipazio, que naquela ocasião era doge de Veneza, confirmou aquela mesma ordem aos seus súditos. 

Mas, em Janeiro de 828 umas dez naves venezianas, empurradas por fortes ventos, fazendo crer mesmo que fosse vontade divina, foram obrigadas a procurar refúgio em Alexandria. 

Entre os nobres embarcados nesses navios, estavam o tribuno Bono da Malamocco e Rustico da Torcello. Os dois constataram a difícil situação dos cristãos locais e o resultado das contínuas espoliações de todo o tipo de bens materiais que eles estavam sofrendo. 

Falando sobre isso, confessaram a Stauranzio e Teodoro, os dois guardiões de origem grega da igreja de São Marcos, junto a qual repousavam os restos mortais do evangelista, o seu plano de roubar a santas relíquias e leva-las para um lugar mais seguro, em Veneza. 

Os dois guardiães inicialmente tiveram uma dura e negativa reação temendo pelas suas vidas e de todos os cristãos do Egito. Depois de muitas discussões e avaliações da situação que duraram mais alguns dias, aterrorizados também pelas notícias cada vez mais alarmantes das violências e roubos praticados pelos turcos, aceitaram o plano proposto. 

Acertaram o dia da transferência do santíssimo corpo e na hora combinada os dois guardiões forçaram o túmulo de mármore. Os restos do corpo jaziam em supino, completamente envolvido  em um manto de confecção síria. O corpo foi extraído do manto e no seu lugar, para retardar uma possível descoberta, foi preenchido com relíquias de Santa Cláudia, recolhidas a sua volta de um sarcófago vizinho.

Os restos foram colocados em uma cesta e recobertas por folhas de repolho e de outras hortaliças e logo acima foram colocados grossos pedaços de carne de porco. Pegaram a cesta e dirigiram-se ao seu navio, mas, logo adiante foram barrados por uma patrulha sarracena com o propósito de examinar o seu conteúdo. 

A vista da carne de porco, que eles consideram impura, começaram a gritar: “kanzir” “kanzir”, que significa porco, e cuspindo por terra em sinal de nojo, se afastaram imediatamente. Somente Teodoro decidiu de não partir.

Durante a viagem de retorno à Veneza, segundo alguns relatos, aconteceram alguns milagres, como a salvação do navio, de um naufrágio seguro, durante um temporal. 

A notícia da chegada em Veneza do navio que transportava as relíquias do santo se difundiu rapidamente e o próprio Doge Giustiniano, entusiasmado perdoou os responsáveis por desobedecer a sua ordem e comerciarem com os infiéis Sarracenos. 




Tão logo o navio entrou no porto de Olivolo, em Castello, foi recebido pelo bispo Orso e todos os representantes do clero em Veneza, devidamente paramentados com suas roupas sacras. O corpo foi transportado ao palácio do Doge e colocado em um lugar do andar superior. Decidiram depois construir uma basílica em honra do Santo, que foi executada por Giovanni, irmão do Doge Giustiniano.    



domingo, 25 de setembro de 2022

Veneza e São Marcos o Evangelista

 



Veneza e São Marcos o Evangelista


Judeu de família rica, nascido no século I, provavelmente na Palestina. Foi missionário no Oriente e Roma, onde teria escrito o Evangelho. No ano de 66, da prisão, S. Pedro escrevendo a Timoteo nos fornece as últimas informações a respeito de Marcos, que morreu possivelmente no ano 68, em Alexandria, Egito. Seus restos mortais estavam em uma igreja dessa cidade que foi incendiada pelos árabes no ano de 644 e posteriormente reconstruída pelos Patriarcas da Alexandria até 689. 

A lenda diz que no ano de 828, neste local, chegaram dois mercadores venezianos, Buono da Malamocco e Rustico da Torcello, que se apoderaram dos restos mortais do Evangelista e os levaram para Veneza, aonde chegaram em 31 de Janeiro de 828. Os despojos de Marcos foram recebidos com grande honra pelo Doge Giustiniano Partecipazio, que era filho de Agnello e sucessor do primeiro doge das ilhas de Rialto. No ano de 832 foi concluída, pelo Doge Giovanni, irmão e sucessor de Giustiniano, a construção de uma basílica para receber definitivamente os restos mortais do santo a qual passou a ser chamada de Basílica de Marcos. No início a esplendida construção em mármore, repleta de ouro e pedras preciosas de todo o Oriente, teve alguns contratempos, tendo sofrido um incêndio no ano de 976, provocado por uma revolta popular contra o Doge Candiano IV, que tinha se refugiado com seu filho dentro da basílica. 

Bandeira do Vêneto




Na ocasião os revoltosos também, destruíram e incendiaram o vizinho Palazzo Ducale, moradia e sede do governo da Sereníssima República de Veneza. No ano de 976-978, com o seu próprio dinheiro, o Doge Pietro Orseolo I reformou tanto a Basílica como o Palácio Ducal. Mais tarde, no ano de 1063, por ordem do Doge Domenico Contarini I foi dado início a mais uma reforma da Basílica, a qual foi completada pelo seu sucessor Doge Domenico Selvo (1071-1084). 

No ano de 1071, São Marcos foi escolhido para ser o titular da basílica e patrono da Sereníssima República de Veneza, em substituição a São Teodoro, que até o século XI tinha sido o santo protetor de Veneza. A Basílica foi solenemente consagrada no dia 25 de Abril de 1094 durante o governo do Doge Vitale Falier. Na ocasião, depois da missa celebrada pelo bispo, foram rompidas algumas placas de mármore de uma coluna e encontrada uma caixa com as relíquias. A partir daí a República de Veneza permaneceu indissoluvelmente ligada ao seu patrono, sendo que o seu conhecido símbolo, o Leão Alado, passou a fazer parte do estandarte da Sereníssima República de Veneza, junto os dizeres inscritos no livro: “Pax tibi Marce, evangelista meus”.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Veneza e San Marco o Evangelista



Veneza e San Marco o Evangelista 

Judeu de família rica, nascido no século I, provavelmente na Palestina. Foi missionário no Oriente e Roma, onde teria escrito o Evangelho. No ano de 66, da prisão, S. Pedro escrevendo a Timoteo nos fornece as últimas informações a respeito de Marcos, que morreu possivelmente no ano 68, em Alexandria, Egito. Seus restos mortais estavam em uma igreja dessa cidade que foi incendiada pelos árabes no ano de 644 e posteriormente reconstruída pelos Patriarcas da Alexandria até 689. 

A lenda diz que no ano de 828, neste local, chegaram dois mercadores venezianos, Buono da Malamocco e Rustico da Torcello, que se apoderaram dos restos mortais do Evangelista e os levaram para Veneza, aonde chegaram em 31 de Janeiro de 828. Os despojos de Marcos foram recebidos com grande honra pelo Doge Giustiniano Partecipazio, que era filho de Agnello e sucessor do primeiro doge das ilhas de Rialto. No ano de 832 foi concluída, pelo Doge Giovanni, irmão e sucessor de Giustiniano, a construção de uma basílica para receber definitivamente os restos mortais do santo a qual passou a ser chamada de Basílica de Marcos. No início a esplendida construção em mármore, repleta de ouro e pedras preciosas de todo o Oriente, teve alguns contratempos, tendo sofrido um incêndio no ano de 976, provocado por uma revolta popular contra o Doge Candiano IV, que tinha se refugiado com seu filho dentro da basílica. 

Na ocasião os revoltosos também, destruíram e incendiaram o vizinho Palazzo Ducale, moradia e sede do governo da Sereníssima República de Veneza. No ano de 976-978, com o seu próprio dinheiro, o Doge Pietro Orseolo I reformou tanto a Basílica como o Palácio Ducal. Mais tarde, no ano de 1063, por ordem do Doge Domenico Contarini I foi dado início a mais uma reforma da Basílica, a qual foi completada pelo seu sucessor Doge Domenico Selvo (1071-1084). No ano de 1071, São Marcos foi escolhido para ser o titular da basílica e patrono da Sereníssima República de Veneza, em substituição a São Teodoro, que até o século XI tinha sido o santo protetor de Veneza. 

A Basílica foi solenemente consagrada no dia 25 de Abril de 1094 durante o governo do Doge Vitale Falier. Na ocasião, depois da missa celebrada pelo bispo, foram rompidas algumas placas de mármore de uma coluna e encontrada uma caixa com as relíquias. A partir daí a República de Veneza permaneceu indissoluvelmente ligada ao seu patrono, sendo que o seu conhecido símbolo, o Leão Alado, passou a fazer parte do estandarte da Sereníssima República de Veneza, junto os dizeres inscritos no livro: “ Pax tibi Marce, evangelista meus”. 


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS


sexta-feira, 9 de março de 2018

A Basílica de San Marco



A derrota da frota de Pepino, rei dos Francos, na laguna vêneta, no ano de 810 pode ser considerado o marco decisivo da fundação do Estado Veneziano. Tão logo passou o perigo o doge Agnello Partecipazio transferiu a sede do governo para uma ilha no centro da laguna, chamada de Rivoalto, onde já se refugiava grande número de vênetos que escaparam dos centros invadidos pelos Francos. 
A lenda nos conta que dois comerciantes vênetos se apropriaram dos restos mortais do evangelista Marco, retirado secretamente da Alexandria, onde estava enterrado e transladado por mar até Veneza no ano de 828, no período de governo do doge Giustiniano. Esses espólios do santo foram inicialmente conservados em uma capela do próprio palácio ducal onde vivia o doge e onde também funcionava a sede do governo. Em honra ao santo, que passou a ser o patrono da cidade de Veneza em substituição a S. Teodoro, foi construída uma igreja ao lado do palácio do doge, chamada posteriormente de Basílica de S. Marco, sendo consagrada no ano de 832 por Orso Partecipazio, bispo de Olivolo. 
No ano 976 ela foi destruída, juntamente com inúmeras casas, em um grande incêndio provocado por tumultos populares em protesto à tirania do doge Pietro Candiano IV. Foi rapidamente restaurada no prazo de dois anos, embelezada com revestimentos de mármore e decorações, pelo sucessor doge Pietro Orseolo, conhecido pelo apelido de “O Santo”. Esta nova basílica, muito mais rica e decorada foi consagrada no ano de 978, passando de uma capela privada do doge para uma grande igreja do Estado. 
Com o passar dos anos, devido à necessidade de mais espaço em seu interior ela e a outra vizinha consagrada a São Teodoro foram demolidas. No local a partir de 1063 ela foi reconstruída pelo doge Domenico Contarini, dando lugar a uma só construção, de maiores dimensões, que seguia o modelo da Basílica de Constantinopla, com aproximadamente as mesmas linhas arquitetônicas da atual: construção em cruz grega com cindo cúpulas sustentadas por quatorze pilastras. A parte de construção foi concluída no ano de 1071. Durante o governo do doge Domenico Selvo foi dado início da colocação de revestimentos e ornamentos em mármore, além dos famosos mosaicos, os quais continuaram a ser trabalhados por mais trezentos anos. 
O edifício foi solenemente consagrado em 08 de outubro de 1094 durante a visita do Imperador Henrique IV. Entre as maiores relíquias que ela guarda citamos a Pala d´Oro que adornava o altar maior, mandada confeccionar em Bizâncio pelo doge Ordelaffo Falier, a qual foi concluída em 1105. Aos poucos esta Pala foi sendo acrescida de mais ornamentos finos e pedras preciosas, transformando-se nos governos seguintes doges Pietro Ziani (1209) e Andrea Dandolo (1343/1354). Depois da IV Cruzada foram colocados na fachada da Basílica os quatro belíssimos cavalos de bronze trazidos de Constantinopla. 
Cada governo seguinte, com o acréscimo de novas construções, ornamentos e decorações foi tornando a Basílica na grandiosidade artística que conhecemos hoje. A Capela Ducal, Igreja de Estado e paróquia durante a Sereníssima Republica de Veneza contava para a sua administração com um Capitulo de doze canônicos presididos pelo Primicerio, o qual tinha privilégios de abade, enquanto que a cura das almas estava a cargo de dois canônicos, chamados “sacrestani”. 
A sua administração, o financiamento de tudo que era necessário para o funcionamento e manutenção do edifício, era providenciado pelo doge e por dois procuradores, os quais gozavam de alto prestigio na República. Todos os trabalhos de construção e restauro eram projetados e dirigidos por um arquiteto, conhecido como “Proto”, cargo que no decorrer dos séculos foi exercido por figuras do porte de Giorgio Spavento, Iacopo Sansovino e Baldassare Longhena. A Capella Musicale di San Marco gozava de grande prestigio, tendo as suas custas um maetro responsável, grande número de cantores e músicos. A partir do ano de 1613 Cláudio Monteverdi foi seu maestro por mais de trinta anos.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS Brasil

segunda-feira, 5 de março de 2018

O Transferimento dos Restos Mortais de São Marcos para Veneza

O Transferimento dos Restos Mortais de São Marcos para Veneza


 




Desde quando os otomanos invadiram Alexandria e todo o Egito, o imperador bizantino Leone V, que governou entre os anos 813 e 820, impôs, à todas as regiões do império, a proibição absoluta, para qualquer um, de ir para o Egito em negócios. Essa proclamação se difundiu por toda a parte e chegou também aos venezianos, que nessa época estavam sob o jugo de Bizâncio. Giustiniano Partecipazio, que naquela ocasião era doge de Veneza, confirmou aquela mesma ordem aos seus súditos. Mas, em Janeiro de 828 umas dez naves venezianas, empurradas por fortes ventos, fazendo crer mesmo que fosse vontade divina, foram obrigadas a procurar refúgio em Alexandria. Entre os nobres embarcados nesses navios, estavam o tribuno Bono da Malamocco e Rustico da Torcello. Os dois constataram a difícil situação dos cristãos locais e o resultado das contínuas espoliações de todo o tipo de bens materiais que eles estavam sofrendo. Falando sobre isso, confessaram a Stauranzio e Teodoro, os dois guardiões de origem grega da igreja de São Marcos, junto a qual repousavam os restos mortais do evangelista, o seu plano de roubar a santas relíquias e leva-las para um lugar mais seguro, em Veneza. Os dois guardiães inicialmente tiveram uma dura e negativa reação temendo pelas suas vidas e de todos os cristãos do Egito. Depois de muitas discussões e avaliações da situação que duraram mais alguns dias, aterrorizados também pelas notícias cada vez mais alarmantes das violências e roubos praticados pelos turcos, aceitaram o plano proposto. Acertaram o dia da transferência do santíssimo corpo e na hora combinada os dois guardiões forçaram o túmulo de mármore. Os restos do corpo jaziam em supino, completamente envolvido  em um manto de confecção síria. O corpo foi extraído do manto e no seu lugar, para retardar uma possível descoberta, foi preenchido com relíquias de Santa Cláudia, recolhidas a sua volta de um sarcófago vizinho. Os restos foram colocados em uma cesta e recobertas por folhas de repolho e de outras hortaliças e logo acima foram colocados grossos pedaços de carne de porco. Pegaram a cesta e dirigiram-se ao seu navio, mas, logo adiante foram barrados por uma patrulha sarracena com o propósito de examinar o seu conteúdo. A vista da carne de porco, que eles consideram impura, começaram a gritar: “kanzir” “kanzir”, que significa porco, e cuspindo por terra em sinal de nojo, se afastaram imediatamente. Somente Teodoro decidiu de não partir. Durante a viagem de retorno à Veneza, segundo alguns relatos, aconteceram alguns milagres, como a salvação do navio, de um naufrágio seguro, durante um temporal. A notícia da chegada em Veneza do navio que transportava as relíquias do santo se difundiu rapidamente e o próprio Doge Giustiniano, entusiasmado perdoou os responsáveis por desobedecer a sua ordem e comerciarem com os infiéis Sarracenos. Tão logo o navio entrou no porto de Olivolo, em Castello, veio o bispo Orso seguido de todo os representantes do clero, todos devidamente paramentados com suas roupas sacras. O corpo foi transportado ao palácio do Doge e colocado em um lugar do andar superior. Decidiram depois construir uma basílica em honra do Santo, que foi executada por Giovanni, irmão do Doge Giustiniano.    


sexta-feira, 2 de março de 2018

Um pouco de História do Vêneto - S. Marcos Evangelista e Veneza

São Marcos Evangelista e Veneza




Judeu de família rica, nascido no século I, provavelmente na Palestina. Foi missionário no Oriente e Roma, onde teria escrito o Evangelho. No ano de 66, da prisão, S. Pedro escrevendo a Timoteo nos fornece as últimas informações a respeito de Marcos, que morreu possivelmente no ano 68, em Alexandria, Egito. Seus restos mortais estavam em uma igreja dessa cidade que foi incendiada pelos árabes no ano de 644 e posteriormente reconstruída pelos Patriarcas da Alexandria até 689. A lenda diz que no ano de 828, neste local, chegaram dois mercadores venezianos, Buono da Malamocco e Rustico da Torcello, que se apoderaram dos restos mortais do Evangelista e os levaram para Veneza, aonde chegaram em 31 de Janeiro de 828. Os despojos de Marcos foram recebidos com grande honra pelo Doge Giustiniano Partecipazio, que era filho de Agnello e sucessor do primeiro doge das ilhas de Rialto. No ano de 832 foi concluída, pelo Doge Giovanni, irmão e sucessor de Giustiniano, a construção de uma basílica para receber definitivamente os restos mortais do santo a qual passou a ser chamada de Basílica de Marcos. No início a esplendida construção em mármore, repleta de ouro e pedras preciosas de todo o Oriente, teve alguns contratempos, tendo sofrido um incêndio no ano de 976, provocado por uma revolta popular contra o Doge Candiano IV, que tinha se refugiado com seu filho dentro da basílica. Na ocasião os revoltosos também, destruíram e incendiaram o vizinho Palazzo Ducale, moradia e sede do governo da Sereníssima República de Veneza. No ano de 976-978, com o seu próprio dinheiro, o Doge Pietro Orseolo I reformou tanto a Basílica como o Palácio Ducal. Mais tarde, no ano de 1063, por ordem do Doge Domenico Contarini I foi dado início a mais uma reforma da Basílica, a qual foi completada pelo seu sucessor Doge Domenico Selvo (1071-1084). No ano de 1071, São Marcos foi escolhido para ser o titular da basílica e patrono da Sereníssima República de Veneza, em substituição a São Teodoro, que até o século XI tinha sido o santo protetor de Veneza. A Basílica foi solenemente consagrada no dia 25 de Abril de 1094 durante o governo do Doge Vitale Falier. Na ocasião, depois da missa celebrada pelo bispo, foram rompidas algumas placas de mármore de uma coluna e encontrada uma caixa com as relíquias. A partir daí a República de Veneza permaneceu indissoluvelmente ligada ao seu patrono, sendo que o seu conhecido símbolo, o Leão Alado, passou a fazer parte do estandarte da Sereníssima República de Veneza, junto os dizeres inscritos no livro: “ Pax tibi Marce, evangelista meus”.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS