O termo corporação só apareceu no século XVIII e foi criado para substituir as denominações usadas até então, como as guildas, para definir uma confraternidade ou irmandade específica de profissionais dedicados a uma determinada área profissional. Antes dessa época, já no século XII, na Sereníssima República de Veneza e nas grandes cidades italianas, como Pádua, Vicenza, Florença, Bolonha, existiam as denominadas fraglia, que eram confraternidades ou irmandades, nas quais se reuniam artífices de uma determinada profissão e também religiosos. Essas entidades de classe surgiram para regulamentar o processo produtivo artesanal nas cidades. Também tinham por finalidade cuidar dos interesses dos próprios associados, para os defenderem e de negociarem de forma mais eficiente. Por outro lado, ofereciam uma garantia de qualidade do trabalho e do produto fabricado ou produzido por esses profissionais. Essas entidades também se ocupavam em criar oportunidades para melhorar a formação dos seus associados separando-os por mestres, oficiais e aprendizes. Cada corporação agrupava um determinado ramo de trabalho, razão de também serem conhecidas por corporações de ofício. Elas estabeleceram regras para o ingresso na profissão e tinham o controle da qualidade e dos preços do produtos produzidos. Um artesão não poderia estipular um preço maior ou usar material de qualidade inferior ao do seu colega. Assim eram evitadas as concorrências entre os membros de um mesmo ofício. A corporação também protegia os associados proibindo a entrada de produtos similares aos produzidos na cidade onde atuava. As irmandades se reuniam em um local, chamado de capítulo, geralmente localizadas em uma igreja, onde cuidavam de um altar ou de uma capela dedicada ao santo protetor daquela determinada atividade. As corporações de ofício também tinham um programa de auxílio aos seus trabalhadores em caso de velhice, nas eventuais doenças ou invalidez. Nas grandes procissões religiosas, principalmente naquelas em homenagem ao seu santo padroeiro, essas irmandades participavam com toda a pompa requerida pelo prestígio da associação.
Aqueles que estavam no cargo de dirigentes de uma fragliaeram denominados de gastaldie os que tinham a função de arrecadar as contribuições dos inscritos e de administrar o patrimônio da entidade, eram chamados de massari. Esses cargos eram eletivos e do pleito participavam todos os membros inscritos. No século XIII já existiam na cidade de Pádua trinta e seis dessas irmandades.
As autoridades das cidades limitavam o número dessas entidades e ao mesmo tempo obrigavam a inscrição de todos aqueles profissionais que pretendiam exercer uma atividade que já estivesse regulamentada.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS