sábado, 25 de março de 2023

Os Tiroleses em Terras do Paraná: Aspectos da Imigração do Trentino

 





Um grupo de imigrantes, a maior parte provenientes de Primiero, região do Tirol, uma zona bastante montanhosa, encravada entre a Itália e a Áustria, que naquela época e até o ano de 1918, ainda fazia parte do Império Austro-Húngaro, conhecidos pela denominação genérica de "tiroleses", no ano de ano de 1878 foram instalados na Colônia Imperial Santa Maria Novo Tirol da Boca da Serra, próxima a Piraquara, a única colônia imigrantes trentinos do Paraná. 

A colônia foi inicialmente instalada com 59 famílias de tiroleses, totalizando cerca de 300 indivíduos. Estava situada a aproximadamente 45 Km de capital paranaense. A sua área estava inicialmente em terras do município de São José dos Pinhais e a partir de 1890 passou então ao novo município de Piraquara.

Entre os primeiros documentos da colônia que foram localizados, encontrou-se 64 assinaturas dos primeiros imigrantes ali alocados, dessas cerca de 40 eram de originários de Primiero e as demais de vênetos. Sabe-se que no início de 1879, estes imigrantes nascidos em Primiero, eram a maioria dos habitantes da colônia, com um número total de 160 a 180 pessoas.

Na colônia foram medidos 66 lotes rurais e 86 urbanos, nos quais se estabeleceram as 59 famílias de imigrantes com um total de 251 indivíduos.

As autoridades provinciais criaram um centro urbano na colônia onde colocaram provisoriamente os recém chegados. Os lotes urbanos mediam entre 1800 m2 e 4370 m2, onde a maioria media 2000 m2. O pequeno centro habitado tinha 3 praças e uma série de ruas.

Cada família recebia uma casa no centro urbano e um lote rural que ficava distante alguns quilômetros. Assim que uma família tinha condições, construía uma pequena casa nesse lote rural. 

Segundo o Pe. Colbacchini que visitou a Colônia alguns anos depois, já no século XX, considerou esta experiência falida, uma vez que somente um quarto das famílias tinham uma residência no pequeno centro urbano.

Os lotes rurais distribuídos na colônia mediam entre 15 e 18 hectares. As casas eram construídas pelos homens enquanto as famílias ficavam hospedadas nos barracões.

Todos os colono escolheram pagar pelo seu lote em cinco prestações anuais, com um período de carência de dois anos desde sua instalação na colônia, acrescido de 20% de juros.

Conforme o contrato o governo provincial providenciou sementes e os principais instrumentos de trabalho aos agricultores. Às vezes em vez das sementes fornecia uma certa soma de dinheiro.

A Colônia com menos de oito meses de vida conseguiu a sua emancipação em Fevereiro de 1879.

Como as demais colônias italianas instaladas no litoral paranaense, teve uma vida bastante breve.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS