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domingo, 16 de março de 2025

La Potente Artiglieria de Venéssia



 

La Potente Artiglieria de Venéssia

L’Arsenal de Venéssia, el posto pì importante ndove la Serenìssima la ga costruìo el so poder su i mari, oltre che ospitar la costrussion de navi, cordami e tuto quel che formava el poter naval de quela straordinària Repùblica, la zera anca el luogo ndove se fabricava le armi venessian e le so munission. I reparti de fusion e de pòlvera la ze stà alcuni de i setori pì importanti dopo l’introdussion de le armi da fogo. I venessian ga doparà par la prima volta l’artiglieria naval ´ntel 1349, combatendo contro i genovesi visin a Capo Alger, in Sardegna; in teraferma, i ga usà l’artiglieria ´ntel 1376 contro Leopoldo d’Àustria, visin la piassa de Quero, ´ntel comun de la provìnsia de Treviso. 
Ntel 1390, le fonderie che prima le stava ´ntel “Ghetto” le ze stà trasferìe a l’Arsenal, ´ntel sestiere de Cannaregio, che dopo le ze stà destinà a la comunità ebràica; le fonderie de bronzo le ze stà messe ´ntel canton sud, verso l’entrada, mentre el reparto de fabricassion de pòlvera l’è stà piassà ´ntel canton est, verso el convento de San Daniele. 
Le fonderie de bronzo le ze sempre restà ´ntel stesso posto e le ze stà guidà da vintisinque generassion de la famosa famèia de i Alberghetti, autori de vere òpere d’arte de la fusion. Quando, nel 1660, i canon de fero i ze entrà in uso, se ga preferìo portarli diretamente da le oficine visin a le minere, ´ntei vali de Brescia. El reparto de pòlvera, par ovi motivi de sicuressa, lu el ze stà sempre tenù a l’Arsenal, anca se el perìcolo el zera ben presente: el 14 de marso 1509, ghe ze stà un’esplosion e un insséndio che ga danesià anca el convento de San Donato, lì drio a quela zona. Dopo, la parte pirotècnica lu el ze stà spostà ´ntel canton oposto, visin al convento de la Celestia, ma el 15 de setenbre 1539, un altro insséndio violento ga destruìo i capanon del reparto e el muro intorno, rovinando le ciese e i conventi visini. Alora se ga dessiso de far e tegnar la pòlvera in posti isoladi, come l’isola de Sant’Anzolo Caotorta, pròprio “da pòlvera” visin a San Nicolò del Lido.
Drio l’Arsenal, ze restà le fonderie, amplie ´ntel 1539, e i depòsiti de canon e munission: inte le sale de armi, fate de sei grandi ambienti, se tegneva le armi portàtili de tàglio e da fogo; lì se organisava anca bancheti in onor de ospiti ilustri come Enrico III, re de Fransia, ´ntel 1574. El parco de artiglieria e armamenti, messo lungo la via “stradal campagna”, lu el zera sistemà con tanta arte che i lo sciamava “zardin de fero”: lu el ze stà ogeto de meravìlia anca par i visitatori foresti, come Amelot de la Houssaye, che i ga visità l’Arsenal ´ntel 1677, e Charles de Brosses, che lu el ga vardà ´ntel 1739, e che ga lassà na descrission interessante. Ntel 1772, ze stà ordenà un “Museo de Artiglieria” con le pese pì vècie e pressiose. Secondo el raporto de Constantino Veludo al momento de la caduta de la Repùblica, a l’Arsenal ghe zera 5.293 boche de fogo, de le quali 2.518 de bronzo. Venéssia, la Serenìssima orgogliosa, verta al resto del mondo, in testa anca con riguardo a le armi, la so potente artiglieria che la ga fata Regina del Mediteráneo, la ga contà sul insegno de i so insiegneri, de i so lavoradori, de la fedeltà estrema de i so arsenaloti e la ga messo i so sìmboli su le coste de l’Adriàtico e de le so isole, sìmboli che ancora là i son restà.

domingo, 9 de março de 2025

Veneza: A Importante Metrópole Portuária do Renascimento Europeu

Palazzo Cà Foscari 


No século XVI, a República de Veneza surgia na aurora da era moderna com sua cidade e território totalmente estruturados e delineados em todos os seus aspectos essenciais, conforme registrados por duas obras gráficas cruciais: a vista de Jacopo de Barbari, datada de 1500, e o mapa da laguna elaborado por Benedetto Bordone em 1528. O que Veneza realizou foi, acima de tudo, uma obra de embelezamento formal e autocelebração através das contribuições de renomados arquitetos, como Sammicheli (responsável pelas defesas marítimas), Sansovino (Piazza San Marco), Palladio e Longhena (Bacia de San Marco). Embora essas obras de grande magnitude não conseguissem obscurecer a crise política, econômica e social enfrentada pelo estado, especialmente quando a Sereníssima se deparava com o mais grave desafio ambiental de sua história: o assoreamento da laguna causado pela sedimentação dos rios, colocando em risco sua função vital como porto. Veneza é mais do que uma cidade construída sobre a água; é uma cidade nascida dentro dela, uma metrópole anfíbia, erguida com uma clara vocação portuária. Seu principal curso d'água, o Grande Canal, era o coração pulsante dos "docks", onde os edifícios, as chamadas "casas-armazéns", eram estruturas comerciais destinadas à descarga e armazenamento de mercadorias, ao mesmo tempo em que serviam como moradias. Até o final do século XVI, a Ponte de Rialto era a única travessia sobre o Grande Canal e, surpreendentemente, funcionava como uma ponte levadiça. A transição para a atual ponte de pedra, construída entre 1588 e 1591, simbolizou o encerramento de sua função portuária, marcando uma nova era para esse importante curso d'água. Seus três principais núcleos urbanos, São Marcos, Rialto e Arsenale, além de serem centros portuários com funções distintas, representavam a essência desse aspecto. Contudo, todo o tecido urbano, especialmente as regiões periféricas em contato com a laguna, compartilhava dessa característica peculiar, seja em suas margens, docas, estaleiros, armazéns, hospitais ou fortificações. Neste contexto, a planta perspectiva de De Barbari se revela uma fonte de informações valiosas: cais de diferentes tamanhos são nitidamente marcados ao longo da costa dos Schiavoni e ao longo do canal da Giudecca, próximos aos armazéns do Sale, de Santa Agnese, dos Gesuati e especialmente na ponta de Santa Marta. Além disso, feixes de madeira flutuante são visíveis nas proximidades de São João e Paulo. Essa madeira provinha do Cadore, transportada pelo rio Piave e pela laguna ao norte, sendo esta região o ponto de chegada das rotas fluviais de Treviso e do norte. Os estaleiros, onde eram construídos barcos e navios, são destacados com evidência especial dentro das muralhas do Arsenale, em São Moisés, ao longo do Grande Canal, em São Gregório, e nas áreas de Santa Agnese, no Canal da Giudecca, e, por fim, no lado norte, atrás de São Lúcia. De grande importância eram os armazéns. Edifícios desse tipo, de considerável imponência, são visíveis não apenas na xilogravura de De Barbari (os celeiros de Terranova e São Marcos, os armazéns da alfândega e do Sale), mas também em uma bela vista perspectiva do século XVII, a de Alberti de 1686, que apresenta dois edifícios às margens do canal do Arsenale identificados respectivamente como "Casa dos fornos e do biscoito público" e "armazéns públicos", estes últimos formando uma construção equivalente em tamanho ao Palácio Ducal. Para realçar ainda mais a importância de Veneza como porto internacional, na planta de De Barbari, encontramos o "Hospital dos Marinheiros" e os três pontos fortificados da cidade, destacados pelas grandes muralhas ameadas que cercam o Arsenale, a Ponta da Alfândega e a extremidade leste da Giudecca, representando a entrada na cidade vindo dos portos de Malamocco e Chioggia. Como epicentro do comércio do Oriente para a Europa, a Sereníssima destacava-se como o principal polo para cultura, comércio e diplomacia em todo o continente europeu! Isso se devia aos comerciantes, mercadores, armadores e artesãos venezianos, indivíduos com uma mentalidade aberta para outras culturas, e à cidade hospitaleira e curiosa.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

O Destacado Papel de Veneza no Renascimento da Música Europeia




No século XVI, Veneza foi palco de um esplendoroso e marcante renascimento cultural, no qual a música se entrelaçou harmoniosamente com o Teatro, já renomado em toda a Europa ao lado da pintura e da escultura. A música possivelmente foi a arte mais complementar à cidade, destacando-se nas imagens de Giorgione tocando alaúde em concertos ao ar livre e nas Vênus de Ticiano acompanhadas pelas melodias do órgão, que permanecem como símbolos do renascimento cultural em Veneza. A fusão entre teatro e música na criação do melodrama representou a síntese de dois aspectos vitais do desenvolvimento renascentista na cidade: as artes visuais, a cenografia e a literatura se amalgamaram de maneira sublime e etérea na música, transmutando a paixão em uma exaltação lírica que transcendeu a realidade. A música encontrou seu epicentro espiritual na Basílica de São Marcos, onde atingiu seu apogeu na escola marciana de música instrumental e na invenção do melodrama, um novo gênero de imenso sucesso em Veneza.

A abundância de representações de anjos músicos na pintura veneziana dos séculos XIV e XV decorreu da constante reverência à música durante essa época, entendida como algo transcendental, transmitindo sua doçura aos anjos, que se tornavam símbolos celestiais na imaginação dos artistas. Com o advento do pensamento humanista no final do século XV, a influência da música se estendeu à pintura, como evidenciado em "São Agostinho no Estúdio", pintado por Carpaccio em 1502. Nessa obra, o santo é retratado cercado por preciosos códices iluminados, estátuas renascentistas e inúmeros objetos que refletem os ideais humanistas da época. Ao lado dele, encontram-se duas partituras musicais, uma sacra e outra profana, indicando a integração da música com a vida cotidiana e espiritual da sociedade veneziana.

A presença de senadores tocando alaúde, o instrumento favorito do século XVI, e de outros instrumentos de concerto em obras profanas de Giorgione, Ticiano e outros pintores venezianos, ressaltou a relevância da música na sociedade da época, demonstrando a interconexão entre a música e as diversas facetas da vida veneziana, desde as esferas religiosas até as seculares. Na efervescência do Renascimento veneziano, a música se destacou como uma expressão única da alma humana, entrelaçando-se harmoniosamente com outras formas de arte. Dos palcos teatrais às igrejas ornamentadas, os sons melódicos preenchiam os canais da cidade, criando uma atmosfera de inspiração e beleza.

Os anjos músicos, frequentemente representados na arte da época, personificavam a interligação entre o divino e o mundano, produzindo melodias que ressoavam com uma harmonia celestial. Suas representações simbólicas capturavam a essência da música como uma ponte entre o material e o transcendente, inspirando tanto os artistas quanto o público a contemplar a natureza sublime da criação musical. À medida que o pensamento humanista ganhava destaque, a música transcendia seu papel como mero entretenimento, tornando-se uma poderosa ferramenta para expressar ideias e valores profundos. Nas pinturas de mestres como Carpaccio, a presença de partituras musicais ao lado de figuras proeminentes refletia a crescente importância atribuída à música na sociedade veneziana, onde se consolidava como um epicentro cultural do Renascimento europeu. O legado musical de Veneza ecoa até os dias de hoje, lembrando-nos do poder transformador da música e de sua capacidade inigualável de elevar a alma humana para além das limitações terrenas.


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

San Marco Evangelista e Venèssia

 



San Marco Evangelista e Venèssia


Zudio de na famèia rica, nassùo ´ntel sècolo I, probabilmente in Palestina. Lu el ze stà missionàrio in Oriente e a Roma, ndove gavaria scrito l'Evangelo. Nel ano 66, da la prison, San Piero scrivendo a Timòteo ne dà le ùltime informassion su Marco, che morì probabilmente nel ano 68, a Alessandria, Egito. I so resti i zera inte na cesa de sta sità che i àrabi gavea brusà nel ano 644 e dopo i Patriarchi de Alessandria i gà fato rivarla fin al 689. La lesenda la conta che nel ano 828, in sto posto, i ze rivà do mercanti venessiani, Buono da Malamoco e Rustego da Torcello, che i se gà portà via i resti de el Evangelista e i ghe li gà portà a Venèssia, ndove lori i ze rivà el 31 de Zenaro 828. I resti de Marco i ze stai ricevù con grande onor dal Dose Giustiniano Partecipazio, che lu zera fiòl de Agnello e sucessor del primo dose de le ìsole de Rialto. Nel ano 832 el Dose Zuan, fradel e sucessor de Giustiniano, el gà fato finir la costrussion de na basìlica par ricever definitivamente i resti del santo, la qual che dopo la ze stà ciamada Basìlica de San Marco. Al´inisio la spléndida costrussion de marmo, piena de oro e piere preziose da tuto l'Oriente, la gà avudo qualche contratiempo, quando la gà patì un fogo nel ano 976, provocà da na rivolta popular contro el Dose Candiano IV, che el se gavea refugià con so fiòl drento la basìlica. In quel’ocasione, i ribeli i gà distruto e brusà anca el vissino Palasso Ducale, che el zera la morada e sede del goerno de la Serenìssima Repùblica de Venéssia. Nel ano 976-978, con i so schei, el Dose Piero Orseolo I la gà restaurà sia la Basìlica che el Palasso Ducale. Dopo, nel ano 1063, su ordine del Dose Doménego Contarini I, i gà fato partir na nova restaurassion de la Basìlica, che la ze stà completà dal so sucessor, el Dose Doménego Selvo (1071-1084). Nel ano 1071, San Marco el ze stà siolto par ésser el titolare de la basìlica e paron de la Serenìssima Repùblica de Venèssia, al posto de San Todaro, che fin al secolo XI el zera el santo protetor de Venéssia. La Basìlica la ze stà consacrada solenemente el 25 de Avril del ano 1094 durante el governo del Dose Vitale Falier. In quel’ocasion, dopo la messa selebrà dal vescovo, quando lui i ga rompesto qualcossa de piastre de marmo da na colona e i ga catà na cassa con le relìquie. Da quel momento, la Repùblica de Venèssia la ze restà inseparabilmente ligada al so paron, e el so famoso sìmboło, el Leon Alado, el ze diventà parte del stendaro de la Serenìssima Repùblica de Venèssia, con le parole scrite su el libro: “Pax tibi Marce, evangelista meus”.


sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Gatos Venezianos: Guardiões da Salvação e Testemunhas da Peste


 


A festividade da Madonna della Salute, celebrada em 21 de novembro em Veneza, é profundamente enraizada na história da cidade, especialmente durante a terrível epidemia de peste bubônica que assolou o norte da Itália entre 1630 e 1631. Como mencionado por Alessandro Manzoni em "I Promessi Sposi", essa epidemia teve um impacto devastador na população veneziana.

A transmissão da peste bubônica ocorria principalmente através das pulgas dos ratos, que eram abundantes em áreas urbanas densamente povoadas. Para combater essa ameaça, os venezianos recorreram aos gatos, conhecidos por sua habilidade na caça a roedores. Durante a era da Sereníssima, quando Veneza era uma potência marítima, os gatos eram incluídos nas embarcações que partiam em longas viagens comerciais ao Oriente.

Os venezianos não escolhiam gatos comuns; eles preferiam raças específicas conhecidas por sua agilidade e destreza na caça, como os "soriani" importados da Síria. No entanto, mesmo com essas precauções, o risco de transportar ratos inadvertidamente em navios comerciais persistia. Diante dessa ameaça contínua, os venezianos organizaram expedições à Dalmácia para abastecer os navios com gatos adicionais, que eram então soltos pelas ruas e praças da cidade.

Esses elegantes felinos venezianos rapidamente se tornaram parte integrante da vida na cidade. Os venezianos nutriam um carinho especial por esses animais, reconhecendo sua importância na proteção contra a propagação da peste. Mesmo diante da tragédia da epidemia, os gatos permaneceram como figuras fundamentais na história de Veneza, sendo considerados heróis peludos que contribuíram para preservar a saúde da população.

Além do papel prático dos gatos na defesa contra os roedores durante a epidemia, sua presença na cultura veneziana ganhou contornos especiais. Os gatos não eram apenas considerados guardiões eficazes contra a peste, mas também adquiriram um significado simbólico na vida cotidiana dos venezianos. Sua elegância e agilidade eram admiradas, e muitos viam neles uma representação da graça e da destreza que a cidade buscava em tempos difíceis.

Durante as expedições à Dalmácia para trazer mais gatos, os venezianos não apenas garantiam a segurança sanitária da cidade, mas também reforçavam a conexão única entre Veneza e esses animais. Os gatos tornaram-se parte integrante da identidade veneziana, simbolizando não apenas a resistência contra a peste, mas também a resiliência e a adaptação em face das adversidades.

Com o tempo, a presença dos gatos em Veneza foi além da necessidade prática de controle de pragas. Os venezianos desenvolveram uma relação afetuosa com esses animais, muitas vezes cuidando deles e proporcionando-lhes um lar nos becos e praças pitorescas da cidade. Esses felinos não eram apenas guardiões da saúde pública, mas também companheiros estimados, e essa ligação especial persiste na mentalidade veneziana até os dias de hoje.

Atualmente, enquanto caminhamos pelas ruelas de Veneza, podemos capturar vislumbres fugazes desses descendentes dos valentes gatos da época da peste. A presença de gatos nas ruas venezianas serve como uma ponte viva para o passado, uma lembrança das lutas enfrentadas pela cidade e da resiliência que a caracteriza. Esses felinos, muitas vezes solitários, tornam-se embaixadores silenciosos de uma época em que Veneza contou com sua destemida população de gatos para superar uma das mais desafiadoras crises de sua história.



sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Guardiões Peludos: A Saga Épica dos Gatos Venezianos na Batalha Contra a Peste


 


Na encantadora cidade de Veneza, a Festa da Madonna della Salute evoca memórias de uma época sombria: a terrível epidemia de peste que assolou o norte da Itália entre 1630 e 1631. Durante esses dias aflitivos, os gatos venezianos emergiram como heróis silenciosos, desempenhando um papel crucial na proteção da cidade.

À medida que os barcos zarpavam para longas jornadas em direção ao Oriente, os gatos se tornavam tripulantes essenciais, enfrentando a ameaça dos ratos portadores da doença. A meticulosa seleção de raças, como os destemidos "soriani" da Síria, evidencia os esforços dos venezianos em salvaguardar sua cidade da iminente epidemia.

Mesmo com a propagação da peste, os gatos permaneceram, transformando-se em testemunhas afetuosas e silenciosas da história de Veneza. As vielas e praças da cidade se enchiam de gatos, símbolos de resistência em meio às adversidades. Embora o número deles tenha diminuído ao longo do tempo, os gatos modernos de Veneza são herdeiros da coragem de seus antecessores, perambulando pelas ruas estreitas e canais tranquilos, carregando consigo uma herança única e fascinante.

Na Veneza do século XVII, a cidade enfrentou um desafio sem precedentes durante a epidemia de peste bubônica entre 1630 e 1631. Em tempos sombrios, os gatos venezianos desempenharam um papel crucial na defesa da cidade, embarcando nas imbarcazioni que cruzavam os mares em direção ao Oriente. Esses gatos não eram apenas mascotes, mas guardiões essenciais contra os ratos portadores da doença.

A seleção criteriosa de raças, incluindo os destemidos "soriani" da Síria, revela a sagacidade dos venezianos na proteção de sua cidade. À medida que os barcos retornavam das longas jornadas comerciais, os gatos eram soltos pelas calle e campielli da cidade, tornando-se membros apreciados da comunidade veneziana.

Apesar de todos os esforços, a peste deixou suas marcas em Veneza, ceifando vidas e alterando irrevogavelmente o curso da história da cidade. No entanto, os gatos permaneceram, não apenas como símbolos de resistência durante tempos difíceis, mas como testemunhas peludas da resiliência de Veneza diante da adversidade.

O legado dos gatos venezianos não é apenas uma curiosidade histórica; é um testemunho vívido da ligação única entre os seres humanos e esses companheiros felinos. Mesmo agora, ao passear pelas ruas estreitas e pontes pitorescas de Veneza, é possível sentir a presença sutil, mas duradoura, dos gatos que uma vez ajudaram a cidade a enfrentar uma de suas maiores provações.

As águas serenas dos canais de Veneza refletem não apenas a arquitetura grandiosa, mas também a narrativa silenciosa dos gatos que patrulhavam os barcos e becos da cidade. Esses guardiões de quatro patas, ao desbravarem os recantos venezianos, personificam a coragem e a tenacidade que permearam a sociedade durante aquela época desafiadora. Suas pegadas, agora suaves, contam a história de uma cidade resiliente e dos laços indissolúveis entre ela e seus destemidos protetores felinos.




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS




sábado, 29 de julho de 2023

Explorando o Tesouro Arquitetônico de Veneza: Uma Visita a Algumas de Suas Igrejas

 




  • Basílica di Santa Maria della Salute - Localizada no Grande Canal, é uma das igrejas mais icônicas de Veneza. Foi construída no século XVII em estilo barroco, com uma cúpula verde distinta. O interior apresenta várias pinturas e altares elaborados.

  • Igreja de San Zaccaria - Uma das igrejas mais antigas de Veneza, que remonta ao século IX. É conhecida por sua arquitetura gótica e renascentista, bem como por seus muitos afrescos e esculturas.
  • Igreja de San Giorgio Maggiore - Localizada em uma ilha em frente à Praça de São Marcos, a igreja foi projetada por Andrea Palladio no século XVI. Apresenta uma fachada clássica e um interior impressionante, incluindo obras de arte de Tintoretto e Palma il Giovane.
  • Igreja de San Sebastiano - Situada no bairro de Dorsoduro, a igreja é conhecida por suas pinturas de Veronese e é um exemplo do estilo barroco veneziano.
  • Basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari - Uma das maiores igrejas de Veneza, com uma fachada gótica impressionante. O interior apresenta obras-primas de artistas venezianos como Bellini, Donatello e Titian.
  • Igreja de San Pietro di Castello - A igreja principal do patriarcado de Veneza, localizada em uma área residencial menos turística. É uma das igrejas mais antigas de Veneza, com uma história que remonta ao século VIII.
  • Igreja de San Giuseppe di Castello - Localizada próxima à igreja de San Pietro di Castello, é uma pequena igreja que apresenta uma fachada simples e um interior adornado com afrescos e esculturas.
  • Igreja de San Francesco della Vigna - Uma igreja renascentista projetada por Jacopo Sansovino no século XVI. O interior apresenta várias obras de arte, incluindo um afresco de Giuseppe Angeli.
  • Igreja de San Giobbe - Uma pequena igreja no bairro de Cannaregio, com uma fachada simples e um interior decorado com afrescos de artistas venezianos.
  • Igreja de Santa Maria dei Miracoli - Uma pequena igreja que apresenta uma fachada ornamentada e um interior decorado com afrescos e esculturas. É um exemplo do estilo renascentista veneziano.
  • Igreja de San Moisè - Localizada perto da Praça de São Marcos, é conhecida por sua fachada barroca elaborada e seu interior decorado com afrescos e esculturas.
  • Igreja de Santa Maria dei Carmini - Localizada no bairro de Dorsoduro, é uma igreja barroca que apresenta um interior decorado com obras de artistas venezianos.
  • Igreja de San Nicolò dei Mendicoli - Uma pequena igreja no bairro de Dorsoduro, com uma fachada simples e um interior decorado com afrescos e esculturas.
  • Igreja de Santa Maria dei Miracoli: Construída no século XV, a Igreja de Santa Maria dei Miracoli é uma joia do Renascimento veneziano. Ela é famosa por sua fachada externa espetacular, decorada com mármores coloridos em tons pastéis, além de uma série de relevos em terracota. Seu interior também é impressionante, com afrescos e pinturas em ouro e uma série de altares esculpidos em madeira.
  • Igreja de San Moisè: Localizada perto da Piazza San Marco, a Igreja de San Moisè é uma das igrejas mais antigas de Veneza, datando do século IX. A igreja atual foi reconstruída no século XVIII, em estilo barroco, e possui uma fachada impressionante, decorada com estátuas de mármore e uma grande cúpula. Seu interior é rico em afrescos e pinturas em ouro, e possui um altar impressionante.
  • Igreja de Santa Maria dei Carmini: Localizada no bairro de Dorsoduro, a Igreja de Santa Maria dei Carmini é uma igreja gótica do século XV. Ela é famosa por sua fachada em estilo renascentista e por sua nave principal, decorada com afrescos e pinturas em ouro. A igreja também abriga uma série de obras de arte notáveis, incluindo pinturas de Tintoretto e Palma il Giovane.
  • Igreja de San Nicolò dei Mendicoli: Localizada em um bairro tranquilo e menos turístico de Veneza, a Igreja de San Nicolò dei Mendicoli é uma igreja românica do século XII. Ela é famosa por sua fachada simples, com um belo portal em arco, e por seus afrescos medievais bem preservados no interior. A igreja também possui uma torre sineira alta, que oferece uma vista panorâmica da cidade.
  • Igreja de San Polo: Localizada no bairro de San Polo, a Igreja de San Polo é uma igreja barroca do século XVII. Ela é famosa por sua fachada em estilo veneziano e por seu interior impressionante, com uma série de altares esculpidos em madeira e decorados com pinturas em ouro. A igreja também abriga uma série de obras de arte notáveis, incluindo pinturas de Tintoretto e Jacopo Palma il Giovane.
  • Igreja de Santa Maria Formosa: Localizada no bairro de Castello, a Igreja de Santa Maria Formosa é uma igreja românica do século VII. Ela é famosa por sua fachada em estilo bizantino e por seu interior rico em afrescos e pinturas em ouro. A igreja também abriga uma série de obras de arte notáveis, incluindo pinturas de Palma il Giovane e Tintoretto. Além disso, a praça em frente à igreja é um ponto de encontro popular para os moradores locais e um ótimo lugar para sentar e observar a vida veneziana passar.
  • Igreja de San Stae: localizada no sestiere (bairro) de Santa Croce, em Veneza. Sua construção remonta ao século XII, mas a igreja atual foi reconstruída no estilo barroco no século XVII pelo arquiteto Domenico Rossi. San Sten é famosa por sua fachada elaborada e ornamentada, bem como por seu interior ricamente decorado, que inclui obras de arte de artistas venezianos como Giambattista Tiepolo e Jacopo Guarana. A igreja também é conhecida por sediar eventos musicais e culturais, e sua acústica é considerada uma das melhores de Veneza.


quarta-feira, 7 de junho de 2023

O Leão de São Marcos: Curiosidades sobre o Símbolo de Veneza



O Leão de São Marcos é um dos símbolos mais importantes de Veneza, e tem uma longa história que remonta a mais de mil anos atrás. Ele é o emblema da cidade e é visto em toda parte, desde bandeiras até monumentos e esculturas.

A história do Leão de São Marcos começa com São Marcos, que é o santo padroeiro de Veneza. A tradição diz que São Marcos foi o fundador da Igreja de Alexandria, no Egito, e que ele foi martirizado lá. Os venezianos acreditavam que seus restos mortais foram levados a Veneza por dois mercadores venezianos que estavam em Alexandria no ano 828.

A figura do Leão como símbolo de São Marcos e de Veneza é um pouco mais recente. Ela começou a ser usada no século XII, e é baseada em uma visão que teria sido tida pelo profeta Ezequiel, que viu um carro celestial com quatro criaturas, uma delas um leão. Essas criaturas acabaram se tornando símbolos dos quatro evangelistas do Novo Testamento, e o leão foi associado a São Marcos.

O Leão de São Marcos é representado como um leão alado, com uma pata levantada e segurando um livro com as palavras "Pax tibi Marce evangelista meus" ("Paz para você, Marcos, meu evangelista"). Esta imagem é vista em toda parte em Veneza, desde a Basílica de São Marcos até as bandeiras dos barcos.

Além disso, o leão é também um símbolo de poder e proteção, e era frequentemente usado pelos governantes de Veneza em seus brasões e escudos de armas. Ele era visto como um guardião da cidade e de seus habitantes, e ainda é reverenciado como tal pelos venezianos de hoje.

Uma curiosidade interessante sobre o Leão de São Marcos é que ele costumava ser acompanhado por outro animal em suas representações: um cachorro. O cachorro era um símbolo de fidelidade e lealdade, e era frequentemente visto ao lado do leão. No entanto, ao longo do tempo, o cachorro acabou sendo substituído por um livro.

Em resumo, o Leão de São Marcos é um dos símbolos mais importantes e reconhecidos de Veneza. Sua história é rica em tradições e lendas, e ele é reverenciado pelos venezianos como um símbolo de poder, proteção e fidelidade.

Uma das razões pelas quais o Leão de São Marcos se tornou um símbolo tão importante de Veneza é porque ele era visto como um sinal de boa sorte e proteção. Acredita-se que a imagem do leão tenha sido usada para afastar os espíritos malignos e proteger a cidade de invasões e outros perigos.

O leão alado como símbolo de São Marcos também é visto em outros lugares fora de Veneza, como em outras partes da Itália, na Croácia e em Malta. Isso ocorre porque São Marcos é o santo padroeiro dessas regiões também.

Uma das características mais distintas do Leão de São Marcos é que ele tem asas. Isso pode parecer estranho para um animal terrestre, mas a representação alada do leão tem uma longa história na arte e na mitologia. Em muitas culturas, as asas são um símbolo de divindade, poder ou velocidade.

Ao longo dos séculos, o Leão de São Marcos foi representado de diferentes maneiras. Por exemplo, em algumas representações antigas, o leão segura uma espada em vez de um livro. Essas variações ajudam a contar a história da evolução do símbolo e de como ele se tornou o que é hoje.

Além de ser um símbolo importante para Veneza, o Leão de São Marcos também é uma peça de arte impressionante em si mesma. Muitas esculturas e pinturas do leão foram criadas ao longo dos séculos, algumas delas muito detalhadas e ornamentadas. Essas obras de arte são testemunhos da importância cultural e histórica do símbolo.


sábado, 6 de maio de 2023

A Complexa Eleição do Doge de Veneza: Uma História de Poder e Corrupção

Sala del Maggior Consiglio





Doge Leonardo Loredan 1501 - 1505

 



 
A Demorada e Complexa Eleição de um Doge


Como acontece em todos os governos do mundo, entorno do cargo de doge, se moviam  não só interesses familiares, econômicos e de poder, mas, também abusos e rivalidades mal disfarçadas. Nos primeiros séculos da história veneziana, alguns doges tentaram tornar o seu poder absoluto e hereditário. 

Em 1268 para por fim a esse tipo de ideia foi introduzida a promessa ducal, uma espécie de contrato que o doge firmava com o Maior Conselho, que era o verdadeiro centro do poder do estado veneziano, que limitava os seus poderes e um novo mecanismo eleitoral a ser usado para a escolha do futuro doge. Este complicado sistema de eleição foi mantido até a queda da república em 1797, com a invasão das tropas napoleônicas. 




Doge Andrea Gritti 1455 - 1538


A demorada eleição se desenvolvia em diversas fases: primeiro o conselheiro mais jovem devia sair do palácio ducal e descer até a Basílica de San Marco. Depois de rezar fervorosamente deveria pegar pela mão o primeiro menino que encontrasse e levá-lo para o palácio. Era o denominado balotin  o encarregado de extrair as esferas da votação de uma urna. Todos os eleitores deviam obviamente fazer parte do Maior Conselho e deveriam ter completado a idade de trinta anos. No dia escolhido para a eleição do novo doge, todos os que tinham o direito de votar, se reuniam na Sala do Maior Conselho. Ali, em uma urna, estavam as esferas, em número exato ao total dos membros votantes. Em trinta destas esferas estava escrito "elector". O menino, ou balotin  extraia uma esfera por vez e a consignava sucessivamente a um dos votantes. Os conselheiros que tinham recebido a esfera com a palavra elector se reuniam e sorteavam nove nomes entre eles. Estes nove se reuniam e escolhiam outros quarenta conselheiros - os primeiros quatro dos nove tinham o direito de escolher cinco nomes e os cinco deles restantes podiam propor quatro nomes cada um. Todos esses quarenta conselheiros que tinham sido escolhidos faziam uma nova extração entre eles e designavam doze representantes, os quais por sua vez elegiam outros vinte e cinco conselheiros, estes por sua vez deveriam escolher, através de novo sorteio, nove nomes entre eles. Estes nove deveriam escolher outros quarenta e cinco conselheiros, os quais por sua vez deviam escolher onze nomes. Estes últimos onze conselheiros deveriam eleger quarenta e um "grandes eleitores" os quais elegeriam o novo doge. Era eleito doge aquele que conseguisse o maior número de preferências, com o mínimo de vinte e cinco votos.




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

terça-feira, 25 de abril de 2023

Duas Grandes Festas em Veneza: Dia de São Marcos e a A Festa del Bòcolo


 

São Marcos é o santo padroeiro de Veneza. A lenda por trás disso remonta ao século IX, quando dois mercadores venezianos roubaram transportaram os restos mortais de São Marcos, na Alexandria, no Egito, e os trouxeram para Veneza. Os venezianos acreditavam que São Marcos havia escolhido Veneza como seu local de descanso final, e seus restos mortais foram colocados em uma igreja que mais tarde foi substituída pela atual Basílica de São Marcos. O leão alado, que é o símbolo de São Marcos, também se tornou o símbolo de Veneza. A cidade comemora o Dia de São Marcos em 25 de abril com um festival que inclui uma corrida de barcos, missa nas igrejas, shows, carnaval e mercados com comidas típicas. 
A Festa di San Marco, é um feriado local anual em Veneza, Itália, realizada em 25 de abril em homenagem ao santo padroeiro da cidade, São Marcos. O dia coincide com o Dia da Libertação, que é um feriado nacional em toda a Itália, comemorando a libertação da Itália dos nazistas-fascistas na Segunda Guerra Mundial. A grande festa inclui uma famosa regata destaque do festival, a Regata di Traghetti, uma corrida de barcos com gondoleiros que competem transportando passageiros em suas gôndolas. A festa de São Marcos é observada pelas Igrejas Católica e Ortodoxa Oriental. 
Também neste mesmo dia 25 de Abril, se comemora a Festa del Bocolo, baseada em uma lenda que remonta ao século IX, em que um cavaleiro chamado Tancredi se apaixonou por Maria, filha de um rico comerciante. Tancredi foi enviado para lutar nas Cruzadas e, antes de partir, deu a Maria uma rosa como símbolo de seu amor. Quando voltou, descobriu que Maria havia morrido de coração partido, foi até o túmulo dela e colocou um "bòcolo" (um botão de rosa vermelha) sobre ele. A festa celebra essa lenda, e os homens presenteiam seus entes queridos com um bòcolo como símbolo de seu amor. 


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS




sexta-feira, 31 de março de 2023

O Barroco na Veneza do Século XVIII: O legado de Piazzetta na história da arte italiana

Giovanni Battista Piazzetta


Giovanni Battista Piazzetta (1682-1754) foi um dos mais importantes artistas italianos do século XVIII. Ele nasceu em Veneza, onde passou a maior parte de sua vida e desenvolveu sua carreira artística.

Piazzetta estudou com grandes artistas como Gregorio Lazzarini e Sebastiano Ricci, que eram famosos pela elaboração de cenas mitológicas e alegóricas, e com quem aprendeu a utilizar cores vivas e dramáticas em suas obras.

Piazzetta é conhecido por seu estilo dramático e expressivo, que frequentemente apresentava figuras humanas com grande emoção e movimento. Ele também era um mestre na representação da luz e sombra em suas obras, criando efeitos impressionantes de profundidade e contraste.

Na arte, Piazzetta foi considerado um dos principais representantes do rococó veneziano, um estilo artístico caracterizado por ornamentos elegantes, cores vibrantes e uma atmosfera teatral. Ele foi responsável por influenciar muitos outros artistas em Veneza e além, incluindo Giambattista Tiepolo e Canaletto.

Em 1750 Piazzetta tornou-se no primeiro diretor da recentemente fundada Scuola di Nudo, e dedicou-se nos últimos anos da sua vida ao ensino. Foi eleito membro da Academia Clementina de Bolonha em 1727. Entre os pintores da sua oficina contaram-se Domenico Maggiotto, Francesco Dagiu (il Capella), Francis Krause, John Henry Tischbien o Velho, Egidio Dall'Oglio, e Antonio Marinetti. Entre os jovens pintores que imitaram o seu estilo estão Giulia Lama, Federico Bencovich, e Francesco Polazzo (1683-1753).

Algumas de suas obras mais famosas incluem: 

"O Milagre de Santa Isabel de Portugal" (c. 1730-35) - localização atual desconhecida
"São Francisco de Paula curando os doentes" (c. 1720-25) - localização atual desconhecida
"Cena de circo com cavalo" (c. 1725-30) - localização atual desconhecida
"São Tiago Maior e São Filipe Néri" (c. 1740-45) - na Igreja de San Stae em Veneza, Itália
"A Assunção da Virgem" (c. 1725-30) - na Igreja de San Stae em Veneza, Itália
"O Banquete de Cleópatra" (c. 1740-45) - na Ca' Rezzonico em Veneza, Itália
"Moisés Salvo das Águas" (c. 1730-35) - localização atual desconhecida
"Retrato de uma jovem" (c. 1740-45) - no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa, Portugal
"Retrato de um homem idoso" (c. 1740-45) - no Museu Thyssen-Bornemisza em Madrid, Espanha
"A Adoração dos Reis Magos" (c. 1730-35) - na Igreja de San Pantalon em Veneza, Itália
"A Flagelação de Cristo" (c. 1735-40) - na Igreja de San Zaccaria em Veneza, Itália
"Retrato de Antonio Riccobono" (c. 1735-40) - localização atual desconhecida
"São João Batista" (c. 1740-45) - na Igreja de San Giorgio Maggiore em Veneza, Itália
"A Sagrada Família com Santa Isabel e São João Batista" (c. 1725-30) - na Igreja de San Stae em Veneza, Itália
"O Sonho de Jacó" (c. 1730-35) - na Igreja de San Giorgio Maggiore em Veneza, Itália
"Retrato de um homem com turbante" (c. 1740-45) - no Museu de Belas Artes de Boston, EUA
"Retrato de uma dama" (c. 1735-40) - no Museu de Arte de Toledo, EUA
"Cristo na Cruz" (c. 1735-40) - na Igreja de Santa Maria degli Angeli em Murano, Itália
"São Pedro curando o paralítico" (c. 1730-35) - na Igreja de San Stae em Veneza, Itália
"Retrato de um jovem nobre" (c. 1740-45) - na Galeria Nacional de Arte em Washington, EUA
"A Sagrada Família" (c. 1735-40) - na Igreja de San Zaccaria em Veneza, Itália
"Retrato de uma dama com leque" (c. 1740-45) - na Pinacoteca di Brera em Milão, Itália
"O Batismo de Cristo" (c. 1730-35) - na Igreja de San Stae em Veneza, Itália
"Retrato de um jovem com um cão" (c. 1740-45) - no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa, Portugal
"A Pregação de São João Batista" (c. 1730-35) - na Igreja de San Giorgio Maggiore em Veneza, Itália
"Retrato de uma dama com um violoncelo" (c. 1740-45) - na Galeria Nacional de Arte em Washington, EUA
"A Última Ceia" (c. 1725-30) - na Igreja de San Stae em Veneza, Itália
"Retrato de um homem com um livro" (c. 1740-45) - na Galeria Nacional de Arte em Washington, EUA
"A Ressurreição de Cristo" (c. 1735-40) - na Igreja de San Stae em Veneza, Itália
"Retrato de uma jovem nobre" (c. 1740-45) - no Museu de Arte de São Paulo em São Paulo, Brasil.

Além de suas obras de arte, Piazzetta também foi um importante professor de arte, tendo influenciado muitos jovens artistas que se tornaram importantes membros da comunidade artística veneziana. Sua obra e ensinamentos tiveram um papel fundamental na formação do estilo veneziano de arte rococó e ajudaram a estabelecer Veneza como um importante centro de arte na Europa do século XVIII.

Giovanni Battista Piazzetta se casou em 1720 com uma mulher chamada Rosa Elena, com quem teve quatro filhos: Giuseppe, Francesco, Maria e Caterina. 

Giuseppe Piazzetta seguiu os passos do pai e se tornou um pintor e gravador de sucesso, trabalhando principalmente em Gênova e Nápoles. Francesco, por sua vez, se tornou um pintor de teatro e trabalhou em várias produções de ópera em Veneza.

Maria e Caterina, por outro lado, se casaram com artistas. Maria se casou com o pintor Francesco Simonini, e Caterina se casou com o pintor Francesco Zugno. Embora nenhum dos filhos de Piazzetta tenha atingido a mesma fama e prestígio que o pai, eles foram influentes em suas próprias carreiras e contribuíram para a continuação da tradição artística da família Piazzetta.

O pai de Giovanni Battista Piazzetta chamava-se Giacomo Piazzetta e nasceu em Pederobba, província de Treviso, na região de Veneto, Itália. Giacomo Piazzetta era um escultor de prestígio, com muitas dezenas de obras famosas nos museus e coleções particulares em todo o mundo. Ele se transferiu para a cidade de Veneza, onde Giovanni Battista nasceu e passou a maior parte de sua vida. Acredita-se que a formação artística de Giovanni Battista tenha sido influenciada pelo trabalho de seu pai, que o incentivou a seguir uma carreira nas artes visuais.

Giovanni Battista Piazzetta viveu a maior parte de sua vida adulta em Veneza, na região de Cannaregio, no sestiere de mesmo nome. Cannaregio é um dos seis sestieri (distritos) históricos de Veneza, localizado no norte da cidade.


Chiesa di Santa Maria degli Scalzi



A paróquia de Giovanni Battista Piazzetta era a Igreja de Santa Maria degli Scalzi, também localizada em Cannaregio. Essa igreja é conhecida por sua bela fachada barroca e por suas decorações internas elaboradas. Além disso, Santa Maria degli Scalzi é uma das igrejas mais importantes de Veneza em termos de arte, pois contém obras de artistas como Tiepolo, Tintoretto e, é claro, Piazzetta.

Chiesa di San Stae


Giovanni Battista Piazzetta está enterrado na Igreja de San Stae, em Veneza. Essa igreja é conhecida por sua fachada barroca e por suas decorações internas elaboradas, que incluem várias obras de arte importantes. Piazzetta foi sepultado na igreja após sua morte, em 1754, e seu túmulo pode ser encontrado no transepto esquerdo da igreja.

Giovanni Battista Piazzetta morreu em 28 de abril de 1754, aos 71 anos de idade. Piazzetta foi um dos artistas mais importantes da cena artística veneziana do século XVIII e deixou um legado significativo na história da arte italiana.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS





quinta-feira, 11 de agosto de 2022

A Região do Vêneto

 

Igreja do Redentor em Veneza



O Vêneto é uma região localizada no nordeste da Itália, tem 18.391 km² de superfície onde vivem aproximadamente cinco milhões de habitantes. É a oitava região da Itália em superfície e a quinta mais povoada do país. A sua capital é Veneza.

A Região do Vêneto é constituída por sete províncias, que tem uma independência um pouco parecida com os estados brasileiros.

As províncias do Vêneto são em número de sete: Treviso, Veneza, Pádua, Rovigo, Vicenza, Verona e Belluno. Essas províncias são formadas cada uma por diversos municípios e tem como característica o fato de suas capitais provinciais, que também são municípios, terem o mesmo nome da província. 

Assim, a província de Verona tem a cidade de Verona como sua capital. A capital da província de Treviso é o município de Treviso, a de Veneza é a cidade  de Veneza, e assim por diante.

No Vêneto encontramos quase todas as formas de paisagens, distribuídas em diversas altitudes, são as zonas agrupadas por suas peculiaridades geográficas e morfológicas. 






Encontramos no Vêneto seis tipos de áreas bem definidas, sendo 56% de planícies, 29,3% de montanhas e 14,3% de colinas. As diversas zonas do Vêneto são: 

1- Zona montanhosa: dos Alpes e Dolomitas;

2- Zona pré-alpina;

3- Zona de colinas: como Colli Euganei, Berici, Asolani;

4- Zona de planícies: planície do Pó e seus afluentes Adige, Brenta, Piave, Sile e Livenza;

5- Zona lagunar, metade leste do Lago de Garda;

6- Zona litorânea do Mar Adriático 




O Vêneto é habitado desde os tempos pré históricos e a partir do século primeiro antes de Cristo já fazia parte do Império Romano, incorporado como Regio X Venetia et Histria. Com a queda do Império Romano sofreu diversas invasões de povos bárbaros godos, hérulos, hunos e longobardos, cada um deles contribuindo para a formação do estado atual.

O Vêneto também fez parte do Império Bizantino, pertencendo ao Exarcado de Ravena, até a sua conquista pelos longobardos na metade do século VIII, quando ficou independente e o agrupamento de casas nas pequenas ilhas da laguna passou a prosperar com a chegada de de centenas de novos moradores que aos poucos foi criando a cidade de Veneza.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS




sábado, 30 de julho de 2022

O Doge Pasquale Cicogna e a Ponte de Rialto

Doge Pasquale Cicogna

 


Pasquale Cicogna, foi o Doge que pôs fim a algumas pretensões do papado e construiu a ponte de Rialto. Os venezianos pensavam que ele estava predestinado a se tornar Doge. 

Em sua bagagem de lendas pessoais encontramos três episódios que originaram tantas profecias relacionadas à sua futura eleição: na ilha de Corfù, atual Grécia, durante a missa, a hóstia consagrada escorregou da mão do padre devido a uma rajada de vento e acabou em suas mãos; em Cândia, atual ilha de Creta, durante uma procissão, uma pomba branca pousou em seu ombro; um dia, quando estava no Conselho, finalmente viu o corno dogal rolando a seus pés, que havia escorregado da cabeça de seu velho predecessor, Nicolò Da Ponte, o qual havia adormecido. 

Mas, além dos aspectos lendários, Pasquale Cicogna foi um excelente Doge e estadista, capaz de governar com retidão e enfrentar problemas de comando e organização. 

Cicogna percorreu uma carreira extraordinária no Estado veneziano, enfrentando uma dura aprendizagem nas várias magistraturas, ocupando regularmente cargos muito importantes: foi tesoureiro da pátria friulense entre 1534 e 1536; castelão di Corfù entre 1539 e 1541; e depois castelão em Lesina, administrador de Rocca d'Anfo, reitor de Rethymno. 

Mas foi também provedor, supercônsul dos Mercadores, e entre 1556 e 1557 foi sábio sobre os Dízimos de Rialto. Uma carreira que também o viu desempenhar o papel de Podestà e Capitão de Treviso até à sua nomeação, em 1567, como Duque de Cândia, onde passou muitos anos deixando uma memória extremamente positiva e sentida por parte dos ilhéus, que se sentiram protegidos dos ataques turcos e bem governados. 

Filho de Gabriele Cicogna e Marina Manolesso, nasceu em Veneza em 27 de maio de 1509 e tinha quatro irmãos (um dos quais, Marco, que morreu como herói em Lepanto) e duas irmãs. 

A sua família - não muito rica apesar da nobreza - fazia parte do grupo de famílias que entrou no Maggior Consiglio em 1381, à época da guerra de Chioggia, e teve possessões ultramarinas, nomeadamente em Candia, durante todo o século XVI. 

Em 1548 casou-se com Laura Morosini, que morreu jovem em Candia, e de quem Cicogna já era viúvo na época de sua eleição. Antes de se tornar Doge, ele também foi Podestà de Pádua (durante a praga de 1575-77), Procurador de San Marco e Provedor do Arsenal. 

Sua eleição ocorreu em 18 de agosto de 1585, após um conclave agitado em que os vários eleitores chegaram a brigar. Na quinquagésima quarta votação, o nome de Cicogna foi aprovado. 

Não estava na lista de concorrentes e ficou muito surpreso com a notícia, que recebeu enquanto estava em oração na igreja dos Crociferi, em Cannaregio, que era a sua paróquia de referência e na qual era muito assíduo. 

Dizem que ele foi ao Palácio Ducal onde pronunciou cinquenta palavras; o povo, que esperava uma generosa distribuição de dinheiro do mais rico Vincenzo Morosini (até então o candidato mais popular), o recebeu com pouco entusiasmo. 

Mas os venezianos tiveram tempo de mudar de idéia nos dez anos seguintes: seu Dogado passou principalmente sereno e pacífico, sem prejuízo das repetidas reivindicações do papado, que considerava excessivamente liberal a política da República em relação aos não-católicos. 

Pasquale Cicogna, embora muito religioso, sempre defendeu com determinação a liberdade espiritual de que gozavam os cidadãos da República e os estrangeiros que ali viviam. 

E se as manobras turcas, após a conquista de Chipre, perturbassem as viagens marítimas, assim como as seguidas incursões dos piratas de Uskok, e Candia atingida pela peste, Veneza não desistiu de continuar a sua política de embelezamento arquitetônico. 

Sob o Dogado de Cicogna foram concluídas ou iniciadas algumas obras absolutamente icônicas: a Ponte Rialto, na qual está gravado o nome do Doge, e também alguns grafites de 1588 na Piazza San Marco, relacionados ao lançamento da primeira pedra, parecem se referir a ele, Le Prigioni Nuove , a Ponte dos Suspiros e o próprio Palácio Ducal, parcialmente reconstruído, a igreja do Redentor e a fortaleza de Palmanova. 

Pasquale Cicogna morreu em Veneza em 2 de abril de 1595. Deixou um filho natural, Pasquale, que era monge, provavelmente de uma mulher chamada Alba, de quem ele se lembrava em seu testamento. Ele está enterrado na igreja jesuíta, então ainda pertencente aos Crociferi.


por Alberto Toso Fei

DOC – R.S.V. Dorella Luciano



quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Veronica Franco a mais Famosa Cortesã de Veneza

Veronica Franco
 

Veronica Franco


 

Veneza era uma cidade cosmopolita, com a suas estreitas ruas e becos, sempre repletas e agitadas, por onde circulavam diariamente centenas de pessoas, entre os quais estrangeiros, comerciantes, marinheiros e  navegadores. A prostituição era considerada pelo governo como um mal necessário e antes de ser uma atividade proibida, era de certa forma protegida e até mesmo estimulada. 

Até o século XVI as prostitutas eram submetidas a vigilância dos juizes da noite e dos chefes de cada sestiere (bairro), dois órgãos públicos que tinham poder de polícia. Ela não podiam morar em casas comuns, não podiam frequentar os bares e só podiam passear pela cidade aos sábados, não distante das suas casas. No ano de 1360 foram obrigadas a morar em um conjunto de casas, muito semelhante a um gueto, em San Matteo de Rialto, o local ficou conhecido como "Casteletto". Desse local só podiam sair para passear entorno, mas, dentro de um perímetro bem preciso e restrito, e a noite, depois do terceiro toque do sino, deviam estar reclusas em casa, sob pena de receberem multas em dinheiro e chicotadas caso fossem descobertas. Cada casa era comandada por uma mulher mais velha, a chamada matrona, uma espécie de diretora, que mantinha a contabilidade de cada quarto e pagava os impostos. Muitas prostitutas moravam fora do casteletto, em outras áreas da cidade, que pelo hábito, foram posteriormente  também oficializadas à prostituição. Nas datas de festas religiosas, como exemplo a Páscoa e o Natal, não podiam chegar perto de nenhum homem, sob a pena de receberem quinze chicotadas pela infração. Se por um lado o estado emanava normas muito restritivas para elas, por outro criava leis apropriadas para protege-las de abusos e opressões que frequentemente eram vítimas, especialmente, de cavalheiros. Durante um certo período o governo da Sereníssima as deixou ficar nos balcões das suas casas, com os seios a mostra, com a finalidade de estancar o crescimento da homosexualidade. 








O número de prostitutas em Veneza era grande, segundo um censo realizado em 1509 foram registradas onze mil cento e sessenta e quatro cortesãs na cidade. A profissão não era considerada desonrosa, elas eram até  invejadas pelo teor de vida que tinham e pelas amizades que podiam fazer. A maioria delas eram cortesãs de classe baixa, pouco atraentes, desleixadas, que moravam em casebres insalubres, frequentadas pelo povo de menor poder aquisitivo. Outras, no entanto, eram belas e bem cuidadas mulheres, que moravam em casas luxuosas e usavam roupas confeccionadas com finos tecidos, frequentemente muito cultas, escritoras, poetisas ou até excelentes musicistas, que ocupavam aqueles lugares esperados somente para as mulheres de origem nobre.  Eram as cortesãs de altíssimo luxo em cujas salas recebiam literatos, artistas, expoentes da nobilidade veneziana e de outros países que ficavam estupefatos. Para aqueles visitantes estrangeiros elas mandavam publicar catálogos com nomes e os endereços onde podiam ser encontradas, assim como o valor que seria cobrado pelos serviços. 

Veronica Franco foi provavelmente o exemplo mais famoso de cortesã "honesta", embora não fosse a única intelectual em uma Veneza renascentista que ostentava uma cultura refinada e contava com inúmeros talentos nos campos literário e artístico. Nascida em Veneza de uma família de classe média da cidade, teve três irmãos, um deles acabou morto na epidemia de peste em 1570 e outro foi prisioneiro dos turcos. Muito jovem ela se casou   com o médico Paolo Panizza, deixando-o pouco tempo depois. Foi a mãe que a iniciou nessa arte  de cortesã "honesta", profissão que ela também exerceu quando ainda jovem. Veronica Franco não foi a única cortesã intelectual a ostentar uma cultura requintada e a expressar numerosos talentos nos campos literário e artístico. Depois da separação, para se sustentar, ela se tornou uma cortesã de alto nível. Foi incluída no catálogo de todas as principais e mais honradas cortesãs de Veneza, publicado por volta de 1565, era uma lista que fornecia o nome, endereço e taxas das cortesãs mais importantes da cidade, segundo o qual um beijo desta cortesã custava cinco ou seis ducados de ouro e o serviço completo chegava a 50 ducados de ouro. Para se ter uma idéia real do valor nos dias de hoje basta fazer o cálculo: um ducado tinha o peso 3,44 gramas de ouro de 24 quilates. 


Ducados de ouro



Graças à sua amizade com homens ricos e figuras importantes da época, ela logo se tornou bastante conhecida pela aristocracia veneziana e até teve uma breve ligação com o rei Henrique III da França.  Escritores relatam que em seguida a um grande jantar no palácio ducal, oferecido pelo doge ao monarca francês, ela foi servida nua sobre a mesa a frente do soberano. 

Veronica Franco foi uma das cortesãs mais honradas de uma cidade próspera e cosmopolita e viveu cercada de conforto durante a maior parte de sua vida como cortesã; no entanto, ela não pode desfrutar da proteção concedida às mulheres  ditas respeitáveis. Ela sempre teve que fazer seu caminho sozinha. Estudou e procurou seus patronos entre homens ricos e instruídos. 




A partir de cerca de 1570, passou a fazer parte de um dos círculos literários mais famosos da cidade, participando de discussões, fazendo doações e até curando antologias de poesia. Veronica Franco escreveu dois livros de poesia: Terze rime no ano de 1575 e Lettere familiari a diversi em 1580. Publicou coleções de cartas e reuniu obras de escritores famosos em uma antologia. Após o sucesso dessas obras, ela ainda fundou uma instituição de caridade em favor das cortesãs e seus filhos. 




Em 1575, durante a epidemia de peste que assolou a cidade, Veronica Franco foi forçada a deixar Veneza e, após o saque de sua casa e de suas posses, perdeu grande parte de sua riqueza. Após seu retorno, em 1580, ela se defendeu brilhantemente durante o julgamento da Inquisição, que a acusava de encantamento e feitiçaria. Essas acusações eram até muito comuns às cortesãs daquela época, mas acabaram se desfazendo. De acordo com os depoimentos, suas ligações com a nobreza veneziana contribuíram para a absolvição. Após esse evento, pouco se sabe sobre sua vida; porém os documentos ainda existentes relatam o fato de que, mesmo tendo obtido sua liberdade, eles perdeu toda riqueza e bens materiais. Quando seu último benfeitor também morreu, ela se viu privada de apoio financeiro. 

Em 1577, ela propôs ao governo da Sereníssima a construção de uma casa para mulheres carentes, administrada por ela, mas, não foi ouvida. Na época, seus filhos já haviam crescido ou morrido de peste, e Verônica estava criando netos órfãos. 




A sua vida também é contada no livro de Margaret F. Rosenthal, "The Honest Courtesan". Segundo os críticos literários, este livro "retrata a figura de Veronica Franco de forma contundente no contexto cultural, social e econômico da época. Rosenthal sublinha, nos escritos de Veronica Franco, o apoio desapaixonado às mulheres indefesas, as convicções muito fortes sobre as desigualdades e o caráter político e sedutor de seus poemas, escritos em verso em uma linguagem altamente erótica. É a introspecção de Verônica Franco nos conflitos de poder entre os dois sexos e a consciência de representar uma ameaça ao homem contemporâneo, que fez tão atual suas obras literárias e suas relações com os intelectuais venezianos".

Catherine McCormack interpretou Veronica Franco no filme de 1998 Mistress of Her Destiny. O filme é baseado no livro de Margareth Rosenthal, The Honest Courtesan.

A atriz Giusy Buscemi interpretou Veronica Franco no programa Stanotte...a  uma série de documentários sobre a história da arte apresentado por Alberto Angela, transmitidos na Rai 1, a partir de 28 de maio de 2015.




Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS