quinta-feira, 29 de março de 2018

Questionamento de um Emigrante Italiano

Os questionamentos feitos por um italiano anônimo para um ministro italiano da época, onde podemos avaliar as condições em que o povo pobre estava vivendo na Itália do final do século XIX.



“Que coisa entendeis por uma nação, Senhor Ministro?

É a massa dos desafortunados?

Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos pão branco.

Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho.

Criamos animais, mas não comemos a carne!

Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonar a nossa pátria?

Mas é uma pátria onde não se consegue viver do próprio trabalho?”




“Che cosa Lei capisce per uma nazione, Signore Ministro?

È la massa degli sfortunati?

Piantiamo e noi raccogliamo il grano, ma non proviamo mai pane bianco.

Noi coltiviamo la vite, ma non beviamo il vino.

Noi allevamo gli animali, ma non mangiamo la carne.

Nonostante voi ci consigliate a non abbandonare la nostra patria?

Ma è una patria dove non si riesce da vivere del proprio lavoro?”




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

A Longa Espera dos Emigrantes Italianos no Porto de Gênova


Capa do Suplemento Dominical do Jornal Corriere della Sera, de Milão, no 
dia 08.12.1901, distribuído aos seus assinantes 


Chegados ao Porto de Gênova, quase sempre, deviam esperar alguns dias, as vezes algumas semanas, pela partida do vapor que os levaria para a tão sonhada terra “della cucagna”, a prometida América.

No espaço frente a estação de trens de Genova, geralmente era invadida por milhares de emigrantes recém chegados de toda parte da Itália, que se amontoavam esperando para o embarque no porto. 

Durante o período esta espera, os emigrantes se viam desamparados e submetidos a toda sorte de provações, vendo muitas vezes, os seus poucos recursos economizados, roubados por uma gama enorme de todo tipo de aproveitadores, especuladores e ladrões. 

Roubos de passaportes, dinheiro e bagagens eram constantes. O preço dos alimentos e dos albergues na área do porto eram intencionalmente inflacionados, por comerciantes desonestos, que viam nos pobres emigrantes uma oportunidade desonesta de aumentarem os seus lucros. Estavam mancomunados com as agências de viagens e as companhias de navegação. O que acontecia ali era simplesmente escandaloso e muito terrível.

Em declarações desses primeiros emigrantes nos dão conta que já eram roubados pelos próprios italianos antes mesmo de deixarem a Itália. 

O padre Maldotti, enviado do Mons. Scalabrini, desempenhou importante papel na proteção e socorro desses infelizes emigrantes que ali chegavam, às vezes uma semana antes do embarque, abandonados à própria sorte.

Diferente dos italianos do sul que partiam quase sempre com os bolsos vazios, os emigrantes vênetos partiam sempre com uma pequena economia, fruto da venda de objetos das suas casas, de animais e de uma pequena fatia de terra.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS