quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Da Calábria ao Brasil: A Jornada Épica dos Rizzoti e o Inabalável Sonho de Marco por Poliolo





No remoto ano de 1842, na pitoresca província de Catanzaro, na ensolarada Calábria, nasceu Giovanni Rizzoti. Sua vida tomou um rumo extraordinário quando, em 1862, ele uniu seu destino ao de Maria Rossini, com quem teve cinco filhos - Marco, Alessia, Elena, Giorgio e Lorenzo.
A saga da família Rizzoti começou a se desdobrar quando, em 1877, decidiram embarcar em uma jornada além-mar em direção às terras promissoras do Brasil. Partindo de Nápoles, em um grande, mas lento navio a vapor, após cerca de 40 dias de uma travessia tumultuada e cansativa, chegaram ao exuberante Rio de Janeiro, sendo acolhidos na Hospedaria da Ilha das Flores, em Niterói. Depois de breves dois dias, dirigiram-se a Vitória, onde encontraram abrigo na Hospedaria da Pedra d'Água.
Com canoas robustas, que podiam atingir até 16 metros de comprimento, os Rizzoti navegaram pelos cursos d'água até Cachoeiro de Santa Leopoldina, de lá para Santa Tereza e, por fim, em uma jornada conjunta com outras 15 famílias, alcançaram Santa Joana. Neste novo lar, cada família ergueu suas moradias, estabelecendo os alicerces daquilo que hoje conhecemos como Itarana.
A linhagem dos Rizzoti permaneceu forte e florescente nas terras brasileiras. O filho de Giovanni, Marco, escreveu seu próprio capítulo na história da família. Aos 25 anos, Marco uniu-se em matrimônio com Sofia Bianchet. Juntos, estabeleceram-se na região denominada Bananal, onde se dedicaram a adquirir e revender lotes de terra. O fruto de sua união foi abençoado com doze filhos, cada um deles carregando consigo a herança e o espírito intrépido dos Rizzoti.
Marco, empreendedor e visionário, empreendia viagens a Vitória com uma pequena caravana de burros, levando consigo mercadorias valiosas, especialmente pimenta. Curiosamente, a pimenta, que não fazia parte dos hábitos alimentares dos italianos, era um tesouro cobiçado pelos habitantes locais. Marco, contudo, não se restringia a Vitória; aventurava-se até Taquaral, atravessando uma floresta que, na época, abrigava comunidades indígenas.
Para Marco, cada retorno a sua casa em Bananal era acompanhado por uma melancolia discreta, uma saudade que ecoava nas noites estreladas. Seus olhos muitas vezes se perdiam no horizonte, relembrando as colinas de Poliolo, sua terra natal no pequeno município de Cellia. Uma chama persistente ardia em seu peito, alimentada pela saudade das paisagens familiares, das risadas compartilhadas e das histórias contadas ao redor da grande mesa da cozinha.
Apesar de todas as suas proezas comerciais, que em todos esses anos nunca trouxeram riqueza, o desejo inabalável de retornar à Itália permanecia como um fio de ouro tecido na tapeçaria de sua vida. A casa simples em Bananal, embora repleta de amor e prosperidade, nunca conseguiu apagar completamente a luz do sonho de Marco, que perdurou até seus últimos dias. A última página desse capítulo desta história foi escrita em 1951, quando Marco partiu deste mundo, deixando um legado de coragem, tenacidade e um amor profundo pelas terras que, por escolha e destino, tornaram-se seu lar.