quinta-feira, 19 de abril de 2018

As Conjunções e as Preposições no Talian - A Língua Vêneta do Sul do Brasil

Filò


Aqui estão algumas conjunções e preposições usadas no Talian, a língua falada pelos vênetos brasileiros, ainda hoje muito difundida no Rio Grande do Sul. 




Conjunções

e,anca, no sol, ma anca, ma, però, peraltro, epure, intanto, ndove, che, come, infati, de modo che, tanto che, dunque, pertanto, seben che, benché, ben che, se, a fin de, parché, finché, mentre, dopo che, meno se, basta che, basta, sinò, salvo se, come.

Preposições

a, co, con, de, fra, tra, in, nte, te, te, per, su.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

Os Números em Talian o Vêneto Sul Brasileiro



I nùmari cardinali en Talian

1- uno
2- do
3- tre
4- quatro
5- sinque
6- sie
7- sète
8- oto
9- nove
10- diese
11- ùndese
12- dódese
13- trèdese
14- quatòrdese
15- quìndese
16- sédese
17- diciassete
18- disdoto
19- disnove
20- venti
30- trenta
40- quaranta
50- sinquanta
100- sento
1000- mie
1000000- un milione
10- na desina
12- na dosina
100- un sentenaro
1000- un miaro/un mejaro 



          Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
         Erechim RS

Regras de Acentuação no Talian o Vêneto Brasileiro



O Talian é uma língua de comunicação criada no Rio Grande do Sul pelos emigrantes italianos chegados à partir de 1875. Depois da longa viagem,  todos misturados, emigrantes procedentes de várias partes da Itália, os recém chegados foram assentados em lotes nas linhas e travessões das diversas colônias criadas para recebe-los. Não foram respeitadas as suas origens, as suas línguas e seus usos e costumes, criando portanto evidentes problemas de entendimento entre eles. 
Da necessidade de entender-se foi sendo criada uma nova língua de comunicação, muito mais vêneta do que daquelas de outras regiões da Itália que também formaram o grande contingente de italianos que aqui chegaram. 
Como em geral os vênetos representavam a grande maioria dos imigrantes italianos, é compreensível que também a sua forma de falar viesse a ter papel predominante na nova língua, fato que, por outro lado, pode ser comprovado nos locais onde a predominância era, pelo contrário, de lombardos ou friulanos, a predominância das palavras dos seus dialetos se torna evidente no Talian falado nesses locais.


Acentos Gráficos no Talian


1- Acento grave (`) se usa para indicar os sons abertos. Ex: fràgola
2- Acento agudo (´) é usado para sinalizar os sons fechados. Ex: doménega

Regra nº1 

Todas as proparoxítonas são acentuadas. Ex.: Véneto, mèrcore, basìlico, Ménego

Regra nº2 

As palavras paroxítonas não são acentuadas, com exceção daquelas terminadas em ditongo crescente. Ex.: orgòlio, calvário

Regra nº3 

As palavras oxítonas que terminam com consoante não são acentuadas. Ex.: talian

Regra nº4

As oxítonas não monossilábicas terminadas em vogal serão acentuadas. Ex: bacalá

Regra nº5

As palavras monossilábicas só serão acentuadas quando possuírem um homógrafo átono. Ex.: (embaixo) de do(dois)


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

Emigração Italiana e A Longa Viagem de Navio com destino às Fazendas de Café



Depois de decidirem imigrar para o Brasil, quase sempre após terem sido persuadidos pelos agentes e subagentes de imigração, a próxima etapa era a viagem de navio. O primeiro desafio era chegar até o porto de embarque. 

Para os emigrantes do norte da Itália, o local de partida era o porto de Gênova e, os que emigravam do sul, o porto de Nápoles. A ida até o porto, muitas vezes era feita a pé, mesmo nos meses frios do inverno, muitas vezes envolvia vilas inteiras. Antes de partir, vendiam os poucos bens que possuíam. Frequentemente chegavam ao porto vários dias antes do embarque, iludidos pela má-fé dos agentes de emigração, que mancomunados com os comerciantes e donos de pequenas estalagens, entrono ao porto, que tratavam de aumentar os preços, explorando os pobres emigrantes. 


Uma vez dentro do navio, os imigrantes precisavam enfrentar uma dura viagem marítima que durava até 36 dias, para os que se dirigiam ao Brasil. Ficavam amontoados no navio ocupando todas as instalações da terceira classe. Muitas foram as mortes ocorridas nessas embarcações mal adaptadas para o transporte de seres humanos. Em várias dessas travessias ocorreram muitos óbitos à bordo, quase sempre devido a falta de comida que diminuía a resistência dos passageiros e por epidemias surgidas devido a falta de higiene, nas instalações destinadas aos emigrantes. Casos de asfixia também foram frequentes, devido a grande concentração de pessoas, algumas vezes muito acima da suportada, em um ambiente confinado com pouca ventilação.


 
Ao chegarem ao porto brasileiro, se encantavam com o verde intenso da natureza exuberante do país e estranhavam os homens e mulheres de pele escura que perambulavam pelo porto, que os italianos nunca tinham visto em seu país de origem. Encaminhados para as fazendas de café, em São Paulo, muitos desses emigrantes tiveram que enfrentar uma vida de semiescravidão naquelas fazendas, uma situação bem diferente daquela dos relatos de um paraíso, apregoados pelos recrutadores e agentes de viagem, que os persuadiram a abandonar a Itália e se dirigirem para o Brasil. 

Como consequência, um número elevado de emigrantes retornou para a Itália ou reemigrou para outros países ou migraram para as colônias criadas no sul do Brasil, onde as condições de vida pareciam melhores. Também a possibilidade de ser dono do seu lote de terra, influenciou muitos a se instalarem mais ao sul. 

Entre 1882 e 1914, entraram no estado de São Paulo 1.553.000 emigrantes e saíram 695.000, ou seja, 45% do total. Para aqueles que voltaram para a Itália, restou na lembrança histórias trágicas que ainda hoje permanecem na memória dos filhos e netos desses que retornaram. 

Por outro lado também ficaram memórias positivas do Brasil, das plantações de café, das frutas tropicais que a maioria nunca mais iria provar. 



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS