sexta-feira, 30 de março de 2018

Pergunta de Uma Emigrante Italiana




“Quando em uma família alguém é obrigado a sair de casa ou mandado para longe, aqueles que ficaram se perguntam: 

Porquê? Como foi possível acontecer? ...

Se ficam indiferentes, quer dizer que não se trata de uma verdadeira família. É só um grupo de pessoas que estão vizinhas.

Partimos em milhões da península e ainda esperamos que as pessoas se perguntem: 

Como foi possível acontecer?...

São mais de cem anos que - nós emigrados – esperamos que a Itália se comporte como uma verdadeira família...”.

Uma emigrada



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS

Vênetos as Vítimas do Reino da Itália

 







Muitos fatos ocorridos logo antes e durante o plesbiscito de 1866 e por ocasião da anexação do Vêneto pelo Reino da Itália nunca foram bem esclarecidos. 

Fatos históricos importantes foram intencionalmente esquecidos por aqueles historiadores que, após a anexação em 1866, escreveram a história dos vênetos.
O Vêneto desde sempre era uma nação de fato, com quase um milênio de história, desde o tempo da Serenissima República de Veneza, quando então era uma grande potência marítima e comercial que dominava as águas do Mediterraneo.
Era uma nação de fato, pois sempre possuiu identidade própria, uma rica e variada cultura e principalmente uma língua falada e escrita desde muitos séculos antes da anexação. Essa língua no auge da Serenissima chegou a ser aquela empregada em todos os portos do Mediterraneo. A moeda vêneta, o ducado, era empregada nas trocas comerciais em todo Mediterraneo até os paises do oriente. 
Quando os nossos antepassados vênetos chegaram ao Brasil, nos anos finais do século XIX e no início do XX, não falavam o idioma italiano e sim as diversas variantes do dialeto vêneto de acordo com a provincia de origem. O idioma italiano era então totalmente desconhecido e isso ainda após o ano de 1866.
Como poderiam ser italianos se nem esse idioma eles falavam? Eles eram na verdade Vênetos, cidadãos de uma nação que tinha Veneza como capital, herdeiros da antiga gloriosa Sereníssima.




A anexação do Vêneto ao Reino da Itália se deu após um pleito viciado nas suas origens, uma eleição controlada pela Itália, em um processo no mínimo irregular. A votação consistia em dizer SIM ou NÃO depositando o voto em urnas separadas, na frente e controle das autoridades italianas. Os votos eram anotados e o eleitor identificado! Ao lado da urna NÃO,  em cada local de votação, ficava sempre um guarda armado para intimidar ainda mais os pobres agricultores, que temendo pela sua integridade e da sua família, tremendo de medo se dirigiam à urna do SIM. O índice de aprovação obtido pelo pleito foi perto dos cem por cento, índice jamais alcançado em qualquer eleição livre.





 As novas releituras dos fatos ocorridos naquele período, nos poucos documentos que sobraram, pois grande parte deles desapareceu, certamente destruídos, são nítidos os contornos de uma grande fraude orquestrada e comandada pela Casa de Savóia. Naquela época o Vêneto estava ainda sob a dominação do Império Austro Húngaro, que era governado pela dinastia dos Habsburgos, com sede em Viena.
A anexação pelo reino italiano veio agravar as condições econômicas do Vêneto, submetendo o povo a novos sacrifícios, com o aumento do desemprego no campo e a presença da fome, que passou a rondar os lares daqueles pobres agricultores.




A anexação foi, sem dúvida, uma das causas principais que fez precipitar a emigração em massa do Povo Vêneto. 
O crescente descontentamento do povo vêneto estava criando um verdadeiro caldeirão já a ponto de explodir e a emigração em massa foi a solução encontrada, como uma válvula de escape, para se evitar uma revolução. 
A emigração foi sem dúvida um mal necessário e representa uma manifestação pacífica de descontentamento daquele povo.
A história contada pelos primeiros imigrantes que aqui aportaram e as suas declarações registradas colocam em xeque tudo que foi até aqui relatado oficialmente pelo governo italiano. 
Essas declarações de fatos, episódios e testemunhos vividos em primeira pessoa, contradizem o que foi escrito nos diversos livros didáticos e nas diversas obras literárias italianas. 
Nas varias pesquisas realizadas no Vêneto e nos novos estudos de antigos documentos de diversas épocas que sobreviveram, apontam para varias inconsistências e irregularidades ocorridas no plesbiscito de 1866 que antecedeu a anexação do Vêneto pelo Reino da Itália. 
Na época da dominação austro húngara a situação do Vêneto estava mais ou menos controlada onde os nobres proprietários de terra e também a Igreja as cediam aos camponeses para plantarem em troca de parte da colheita. Era a meação e os seus participantes eram denominados “mezadri” em vêneto. 
Viviam em um país dominado por estrangeiros, já que em 1779 aconteceu a queda da Serenissima Repubblica di Venezia com a derrota para as tropas de Napoleão Bonaparte, o qual não demorou muito para saquear as riquezas em obras de arte de Veneza e levá-las para Paris. Algumas delas foram devolvidas mais tarde e outras não. 
Em seguida o Vêneto foi cedido passando para as mãos do Império Austro Húngaro, da dinastia dos Habsburgos, com sede em Viena.
Muitas batalhas aconteceram entre italianos e austríacos, principalmente entorno de Verona, onde vênetos e lombardos lutaram até a assinatura da Paz de Viena. Nesta a Áustria abria mão do domínio sobre o Vêneto, e determinava que através de uma votação o Povo Vêneto poderia escolher o seu futuro. 
A população vêneta já fazia festas em todos as partes antevendo a liberação e a criação de um estado Vêneto independente.
Infelizmente isso não veio acontecer por conta desse plesbiscito manipulado.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS