terça-feira, 21 de junho de 2022

Período de Brigantaggio no Sul da Itália

Carmine Crocco chefe dos revoltosos

 





Nos anos de 1861 a 1863, que se seguiram a unificação política da Itália, com a criação do novo reino, o sul do novo país italiano se viu envolvido por episódios revolucionários e de violento banditismo que passou para a história como a temporada do "brigantaggio".

Nesse período inúmeros bandos de rebeldes armados, os "brigantes", incendiaram grandes áreas do "meridione" italiano. Além das desordens roubaram e assassinaram inúmeras pessoas importantes, em diversas localidades, entre eles políticos que representavam a nova ordem no poder.

Muitos desses grupos armados contavam com apoio militar direto e financiamento de Francisco II, da casa dos Bourbon, então exilado no estado papal. 

A precariedade da infraestrutura e da rede viária no Mezzogiorno, o sul italiano, herdada do período bourbônico, facilitavam grandemente a ocultação dos bandos revolucionários, os chamados de brigantes.

O período mais áspero da luta brigantesca ocorreu nos dias que se seguiram à ocupação militar do Reino das Duas Sicílias e a sua subsequente anexação ao nascente Reino de Itália. 

Os bandos dos brigantes neste período eram compostos por grande número de ex-soldados do então dissolvido reino das duas Sicílias, mas que ainda permaneciam fiéis à dinastia bourbônica, de agricultores e pastores que lutavam contra os proprietários de terras e latifundiários, os quais, assim como no anterior regime bourbônico, continuavam a deter grande parte das terras do "meridione", onde faziam as suas fortunas encima do trabalho daqueles agricultores de fato, os servos das glebas. Também, em menor número, compunham os quadros dos "brigantes" criminosos e fugitivos. 
Os principais motivos que levaram os agricultores à revolta armada foi a perda do uso das terras devolutas e início do serviço militar obrigatório introduzido, como em todo o resto do país pelo governo central, somado aos novos e mais elevados impostos e taxas sobre os produtos, que aqueles anteriormente praticados.

De particular importância foi a coletiva desilusão com o novo governo em melhorar as duríssimas condições de trabalho e exploração do trabalho no campo em que viviam, métodos de governo herdados dos Bourbons. Por último, mas não sem importância, a anexação ao Reino da Itália foi sentida pela população como uma ameaça à própria fé e tradições.

Frente a esta guerra civil o jovem estado italiano reagiu empregando forças do exército e promulgando a chamada Lei Pica, em agosto de 1863, com novas restrições, na prática dando início a um estado de guerra.








Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS