sábado, 18 de agosto de 2018

Muitos Emigrantes Italianos Não Eram Agricultores




  
Quem já procurou os documentos de um antepassado que emigrou da Itália, já se deparou, tanto nas paróquias, como nos registros de alistamento militar (Registro di Leva), nos Atestados de Nascimento e Casamento (Certificato di Nascita ou Atto di Matrimonio) a presença de alguns termos, antigamente usados para definir a profissão dos pais do recém nascido, dos noivos ou mesmo naqueles documentos de alistamento do futuro soldado.

Esses termos variam muito, de acordo com o município de procedência do emigrante, mas, também podem ser diferentes até no mesmo comune de moradia da pessoa. Assim, nos livros da paróquia ou do cartório, na coluna destinada a informar a profissão, podemos observar que às vezes definem as pessoas como sendo villico, ou villici quando no plural, e em outros casos vemos a expressão contadino, ou contadini no plural. Observamos que esta definição também varia entre os diversos membros de uma mesma família. 

Nos dicionários italianos mais modernos a palavra villico define genericamente a pessoa que habita uma vila e também a pessoa que trabalha na agricultura. O termo contadino se refere sempre ao indivíduo que tem a profissão de agricultor ou que sempre trabalha com a produção agrícola. 

Nos livros de registro, são raros os casos em que a profissão ali descrita nesses documentos, se referem mais objetivamente a uma outra profissão conhecida, por exemplo, um artesão (artigiano), carpinteiro (falegname, marangon), ferreiro (fabro, fàvaro, fàvero, ferrer, ferraro), barbeiro (barbiere, rasarolo), alfaiate, costureira (sarto, sarta), pedreiro (muratore, murer), vendedor ambulante (venditore ambulante), um costador de lenha (boscaiolo) e tantas outras pequenas profissões autônomas que existiam a séculos. Parece até que registravam somente dois tipos de profissões: os villicie os contadini. Porém, como sabemos, não era bem assim.

Até o início do século XX, durante período da emigração vêneta, a palavra villico englobava, em si mesma, todas as demais profissões existentes em uma vila, que não fosse aquela de agricultor, na qual o indivíduo trabalhava exclusivamente com a terra. Também se definia como villico, aquelas pessoas que, esporadicamente, mas, não de forma permanentemente, exerciam a profissão de agricultor, tal como o trabalhador braçal na zona rural (manovale), que naquele tempo, representava o ganha pão de grande parte da população masculina nas pequenas vilas. 

Um outro termo pouco conhecido, que podemos encontrar com menos frequência na coluna destinada à profissão, é a palavra bisnenti, que é uma outra forma de dizer sem profissão ou pessoa que na ocasião exercia a mendicância. 

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS