segunda-feira, 26 de março de 2018

Luiz Sponchiado um Padre Genealogista - Padre Luizinho em Nova Palma RS



Padre Luiz Sponchiado - padre Luizinho


Nascido no dia 22 de Fevereiro de 1922 em Nova Treviso, atual distrito de Faxinal do Soturno, no Rio Grande do Sul, foi ordenado padre em 1946 e em 1956 assumiu a paróquia de Nova Palma. Era um grande líder e além das atividades paroquiais ele também contribuía na vida social e econômica do município.
Foi o criador do Centro de Pesquisas Genealógicas de Nova Palma inaugurado oficialmente em o1 de Junho de 1984, onde era conhecido carinhosamente como padre Luizinho. Dedicou-se por mais de 50 anos à pesquisa das origens das famílias dos imigrantes da Quarta Colônia. Hoje esse centro conta com um volumoso acervo de genealogia com aproximadamente 50 mil nomes, segundo as suas próprias declarações.
Além de arquivos com as informações sobre os antepassados dos imigrantes que chegaram naquela colônia, o centro também conta com inúmeros outros documentos, como fotografias, livros, escritos, cronologias, gravações em vídeo e áudio. O local é referência para pesquisadores de todo o país e também do exterior. Muitos são os genealogistas e pesquisadores de todo o mundo que ali chegam para visitar ou ampliar as suas pesquisas.
Na sua vida recebeu inúmeras honrarias tanto do Brasil como da Itália. Veio a falecer em 16 de Março de 2010, aos 88 anos de idade, no Hospital de Caridade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
O centro continua funcionando e é o ponto de partida para as pesquisas genealógicas dos descendentes daqueles imigrantes que chegaram na Quarta Colônia.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS

Causas da Emigração Vêneta



Inúmeras são as causas desse verdadeiro êxodo Vêneto que, no período de aproximadamente cem anos, esvaziou vilas e cidades, um fenômeno jamais visto nos tempos modernos.

A grande emigração vêneta fez com que milhares de homens, mulheres e crianças tivessem que abandonar, desordenamente e sem auxílio do governo, a terra natal para, procurar trabalho e melhores condições de vida em lugares distantes e pouco conhecidos.

Em primeiro lugar, devemos levar em conta a somatória de fatores locais na Região do Vêneto, ocorridos nos últimos cinqüenta anos finais do século XIX, os quais, muito contribuiram para romper o relativo equilibrio existente, agravando a já tão difícil vida de milhares de pobres agricultores, diaristas e pequenos artesãos.

A população vêneta, como de toda a Europa na época, devido a melhoria das condições de higiene, que ocasionou uma maior redução da mortalidade infantil, experimentou nesse período um aumento populacional importante e nunca conhecido.

A agricultura vêneta nesta época, que antecedeu a grande emigração, era muito atrasada. Durante centenas de anos muito pouco foi acrescentado em novas técnicas, desde a introdução da batata e do milho nos séculos anteriores, produtos estes que contribuiram, ainda no governo da Sereníssima República de Veneza, para manter a população vêneta mais ou menos equilibrada. Pelo atraso em que se encontrava, não conseguiu suportar a concorrência de produtos importados de outros países, principalmente dos Estados Unidos da América, que chegavam por preços mais baixos.

Uma série de desastres naturais, também se abateu sobre todo o Vêneto neste período, com secas, inundações, granizo e pragas, contribuindo para agravar a já deficiente produção agrícola vêneta e a conseqüência foi a fome e as doenças carenciais tal como a pelagra.

O atraso da Itália em geral, e do Vêneto em particular, também ficava evidente no que diz respeito a industrialização, movimento que só apareceu na região em fins do século XIX, ainda que timidamente, não oferecendo trabalho suficiente para aquela mão de obra expulsa do campo.

A "independência" do Vêneto, ocorrida em 1866, que da esfera do poder áustro-húngaro desde o fatídico 1775, passou, então, a fazer parte do Reino da Itália, comandado pela piemontesa Casa de Savoia, criou inúmeros problemas em toda a região. Entre eles a proibição de uso das terras da Igreja, fonte de sustento de grande número de pequenos agricultores, criadores de gado e lenhadores, os quais com o seu trabalho, tiravam daqueles locais o sustento para suas famílias. Também a criação de impostos abusivos, que puniam sempre os mais fracos, tornando-os cada vez mais pobres. Entre esses odiosos impostos estavam a taxa sobre o volume de grãos moídos, que era cobrado diretamente no moinho e a taxa sobre a venda de sal.

O confisco das terras da Igreja pelo Reino da Itália, também criou um grande atrito na região do Vêneto, onde a presença de católicos era a maioria. O desentendimento entre Igreja e Estado durou até próximo ao período republicano.

O tipo de relacionamento entre o capital e o trabalho, ainda herança da era medieval, onde o patrão, dono da terra, detinha o controle quase total do empregado, ao qual, sem leis específicas de proteção, só restava calar sempre, obedecer sempre.

A vontade de libertação do jugo do patrão, exercido ainda de forma medieval, juntamente com a fome crônica que grassava na região, a falta de perspectivas para o futuro e, posteriormente, a ação desonesta de angariadores de mão-de-obra e divulgadores do "el dorado" brasileiro, foram, sem dúvidas, as causas mais próximas da grande emigração vêneta para o Brasil.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS