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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

A Emigraçao Italiana, as Toneladas Humanas, o Cólera e o Torna Viagem

 


A Emigração Italiana, as Toneladas Humanas, as 

Epidemias de Cólera e o Torna Viagem 


O intenso verão de 1893 trouxe notícias de casos isolados de cólera que começavam a surgir em algumas cidades europeias, incluindo Gênova e Nápoles. Embora os números fossem baixos, o histórico da doença e suas consequências devastadoras mantinham as autoridades em alerta. Para a maioria da população, contudo, a ameaça parecia distante, pouco mais que rumores sem impacto imediato em suas vidas. Entre os emigrantes que lotavam os portos, o foco estava no desejo de partir e no recomeço que aguardavam além do oceano.

Gênova, um dos maiores portos da Itália, era o destino final de famílias inteiras provenientes das áreas rurais do centro norte do país, buscando escapar da pobreza e do desemprego que assolavam suas terras. Em meio ao calor intenso, milhares de pessoas se amontoavam com seus pertences em um cenário de caos e expectativa. As condições precárias e a superlotação eram uma constante, mas, para muitos, eram apenas etapas necessárias de uma jornada para um futuro promissor.

No dia 15 de agosto de 1893, o vapor Remo estava pronto para zarpar rumo ao Rio de Janeiro, com uma escala prevista no porto de Nápoles para o embarque de emigrantes do sul do país. Mais de mil passageiros subiram a bordo em Gênova, acompanhados por cerca de sessenta tripulantes. Entre eles estava a família de Piero Antonello, composta por nove membros. Vindos da pequena localidade de San Pietro Novello, em Monastier di Treviso, eles haviam abandonado a vida de agricultores arruinados para tentar a sorte em terras brasileiras. Carregavam não apenas seus poucos pertences, mas também o peso das despedidas e a esperança de um recomeço.

O convés do Remo refletia a diversidade e a agitação dos portos italianos: vozes em diferentes dialetos ecoavam enquanto famílias se acomodavam, crianças exploravam curiosas os espaços do navio e adultos trocavam relatos de suas expectativas. Olhares saudosos se voltavam para a costa italiana enquanto o navio começava a afastar-se lentamente. Para muitos, aquele era o último vislumbre da terra natal.

Apesar das condições apertadas e do calor sufocante, o clima a bordo era de otimismo cauteloso. Poucos se preocupavam com o risco de doenças; a presença de cólera em cidades como Gênova e Nápoles não era um tema amplamente discutido entre os passageiros. A promessa de um futuro melhor superava qualquer receio que pudesse surgir naquele momento.

Conforme o Remo navegava em direção ao horizonte, cada passageiro carregava sua história, suas perdas e suas esperanças. A viagem transatlântica era um salto no desconhecido, mas também a única chance de muitos para escapar da pobreza e reconstruir suas vidas. No silêncio das primeiras noites em alto-mar, a sombra das incertezas dividia espaço com a fé em dias melhores que os aguardavam do outro lado do oceano.

Já no dia seguinte que o navio zarpou apareceu um caso de colera a bordo,  o qual foi mal diagnosticado pelo capitão ou ele, seguindo as ordens dos armadores, preferiu não tomar conhecimento, considerando que fosse somente uma gastroenterite e resolveu irresponsavelmente prosseguir com a viagem. 

O navio seguiu normalmente para o porto de Nápoles, onde outro numeroso grupo de aproximadamente quinhentos passageiros aguardava ansiosamente para embarcar. Eram emigrantes provenientes das regiões rurais mais meridionais da Itália, carregando consigo o peso das dificuldades e a esperança de um futuro melhor. Entre eles destacava-se a família de Vittorio Esposito, composta por seis membros, cada qual trazendo no olhar a mistura de incerteza e determinação, características de quem deixa para trás suas raízes em busca de uma nova vida.

Terminados os procedimentos de embarque o navio zarpou em direção do porto do Rio de Janeiro, levando quase 1600 pessoas ao todo entre tripulantes e passageiros. Na ocasião segundo relatos de um desses passageiros, a dieta servida consistia em arroz de má qualidade e carne salgada com lentilhas, o que frequentemente causava diarreia e disenteria. 

No dia 17 de agosto mais casos de diarréia e vômitos surgiram seguidos das primeiras mortes. O diagnóstico de cólera a bordo foi então declarado. Mesmo assim o comandante não abortou a viagem retornando para Nápoles, o que teria salvo centenas de pessoas. Logo após a partida de Gênova, os primeiros casos começaram a se manifestar entre os passageiros: febre, diarreia intensa, vômitos, cólicas abdominais e espasmos musculares violentos. A pele dos enfermos tornava-se azulada e enrugada, os olhos encovados, e a morte podia ocorrer em poucas horas devido a uma desidratação rápida e intensa. O pânico se espalhou tão  rápido entre os passageiros, quanto o próprio cólera, que viam seus companheiros sucumbirem à doença sem qualquer assistência médica adequada.

Para a família Esposito, a viagem começara com lágrimas de despedida e promessas de um futuro melhor. Em Nápoles, eles se separaram dos amigos e parentes com abraços longos e olhares carregados de emoção, mas também de esperança. A bordo, Maria Esposito tentava acalmar seus filhos, ocupando-os com histórias sobre a vida que teriam no Brasil. Porém, apenas alguns dias após a partida, os sinais da tragédia começaram a emergir.

Vittorio Esposito, o patriarca da família, foi um dos primeiros a adoecer. Maria notou o cansaço incomum do marido e, em seguida, a febre e as cólicas que o deixaram debilitado. Buscando ajuda, ela procurou o médico do navio, um jovem inexperiente que logo se viu sobrecarregado com dezenas de casos semelhantes. Seus suprimentos médicos eram limitados e sua capacidade de resposta, insuficiente diante da magnitude do problema.

A doença também ceifou a vida de dois membros da família de Piero Antonello, a mãe viúva que os acompanhava e um dos seus filhos menores. A tragédia causada pela epidemia a bordo foi particularmente cruel para Piero Antonello e sua família. Em meio ao caos e à falta de recursos, a doença não fez distinção entre jovens ou idosos, fortes ou frágeis. Primeiro, foi sua mãe, uma mulher já idosa, cuja saúde delicada não resistiu aos sintomas devastadores do cólera. Em questão de dias, as febres intensas, a desidratação severa e a fraqueza extrema tiraram-lhe a vida, deixando Piero com o coração pesado pela perda de quem era a figura central de suas memórias e tradições familiares.

A situação tornou-se ainda mais insuportável quando um de seus filhos, um menino de apenas sete anos, também começou a apresentar os sintomas. O olhar inocente e assustado da criança, misturado ao desespero do pai que tentava protegê-lo de um inimigo invisível, tornou-se uma cena gravada na mente dos que assistiam à tragédia. Piero fez o que pôde com os escassos recursos disponíveis. Tentou hidratá-lo com a pouca água que conseguia, segurou-o nos braços por noites seguidas e implorou ao médico do navio por alguma intervenção. No entanto, o pequeno corpo, já enfraquecido pela alimentação precária e pelas condições insalubres da viagem, não suportou.

O momento do adeus foi avassalador. As despedidas a bordo não tinham direito a cerimônias ou conforto. Os corpos eram rapidamente envoltos em lonas, amarrados com uma pedra aos pés para afundarem rápido e lançados ao mar, um gesto necessário para evitar a propagação ainda maior da doença, mas que dilacerava os corações de quem ficava. Piero viu sua mãe e seu filho serem entregues às profundezas do oceano em questão de dias, sem uma sepultura onde pudesse prantear, sem um lugar onde pudesse se conectar com as lembranças daqueles que amava.

A dor da família de Piero foi compartilhada silenciosamente por outras a bordo. Cada perda era sentida não apenas como um luto individual, mas como um lembrete cruel da fragilidade da vida em meio às adversidades. As lágrimas de Piero se misturaram às de outras famílias que, como a sua, haviam embarcado no navio carregando sonhos e esperança, mas agora se agarravam ao pouco que restava: a força de continuar vivendo, mesmo diante de uma realidade tão implacável.

Com o passar dos dias, o número de doentes aumentou exponencialmente. O ambiente confinado dos porões da terceira classe, onde viajavam os emigrantes, era um terreno fértil para a propagação do cólera. As condições de higiene precárias pela escassez de água potável, instalações sanitárias insuficientes e a falta de alimentos adequados agravavam a situação. Maria, mesmo debilitada emocionalmente, tentava proteger os filhos do pior. Ela fazia o que podia para mantê-los longe das áreas mais afetadas, mas o espaço limitado do navio tornava essa tarefa quase impossível.

As mortes começaram a ocorrer com frequência alarmante. Primeiro eram os mais frágeis: idosos e crianças sucumbiam rapidamente à doença. Os corpos eram enrolados em lençóis e, com poucas palavras ditas em oração, lançados ao mar, o que gerava cenas de desespero e gritos de dor daqueles que perdiam seus entes queridos.

Quando o navio finalmente se aproximou da costa brasileira, a bordo reinava uma esperança frágil de que a chegada ao Rio de Janeiro pudesse representar a salvação. Porém, ao avistarem os oficiais sanitários que se aproximavam em pequenos barcos, a tensão cresceu. Após inspeções rápidas, veio a notícia que ninguém queria ouvir: o navio não teria permissão para atracar. As autoridades brasileiras temiam que a epidemia se espalhasse para a população local e ordenaram que o navio permanecesse em quarentena no mar com uma bandeira amarela hasteada no mastro principal para denunciar a sua situação.

A rejeição foi um golpe devastador. Os passageiros, já exaustos e famintos, não tinham forças para protestar. A bordo, o desespero atingiu seu ápice. A comida e a água se esgotaram, as mortes continuaram, e o odor da doença e da decomposição impregnava o ambiente. Os Esposito, como tantos outros, rezavam incessantemente por um milagre que não parecia vir.

Após dias intermináveis de espera, a decisão final foi anunciada: o navio teria que retornar à Itália. Para muitos, aquilo era o colapso de um sonho e o fim de qualquer esperança. A família Esposito, como os demais passageiros, viu-se forçada a enfrentar mais semanas de viagem, voltando para o ponto de partida, agora marcada pela dor, pela perda e pela desesperança.

A jornada de retorno, conhecida como "Torna Viagem", simbolizava não apenas um retrocesso físico, mas também emocional e espiritual. Para Maria, Vittorio e os filhos que sobreviveram, para a família Exposito, o que restava era tentar reconstruir suas vidas em meio aos escombros de uma tragédia que marcaria suas memórias para sempre. 

O "Torna Viagem" foi um processo trágico e emblemático da história da imigração no Brasil durante o século XIX. Implementado como uma medida de saúde pública, ele consistia em impedir o desembarque de passageiros em navios que transportavam imigrantes, caso houvesse registro de epidemias a bordo, como o temido cólera. Em vez de permitir que os passageiros desembarcassem e recebessem tratamento, as autoridades brasileiras ordenavam que esses navios retornassem aos seus portos de origem, levando consigo toda a carga de sofrimento, mortes e desespero.

Essa prática preventiva era motivada pelo temor justificado de que doenças contagiosas pudessem se espalhar pela população local, especialmente em cidades portuárias como o Rio de Janeiro, onde o acesso a infraestrutura sanitária era limitado. Assim, os navios eram submetidos a rigorosas inspeções sanitárias logo ao se aproximarem da costa. A detecção de mortes ou de sinais de doenças altamente contagiosas, como diarreia severa, febre e desidratação, geralmente levava à decisão de envio imediato do navio de volta à Europa.

Embora tivesse a intenção de proteger a saúde pública, o "Torna Viagem" gerava grande controvérsia. Para os imigrantes, que haviam investido todas as suas economias e sonhos em uma nova vida no Brasil, essa decisão era devastadora. Durante a viagem de ida, as condições a bordo já eram precárias: os porões das embarcações eram abarrotados, mal ventilados e mal iluminados. A higiene era quase inexistente, com instalações sanitárias insuficientes e água potável frequentemente contaminada. A disseminação de doenças como o cólera era praticamente inevitável.

No retorno forçado, a situação se agravava. Muitos passageiros já estavam enfraquecidos pela longa viagem e pela doença. O número de mortos aumentava, e os corpos eram frequentemente lançados ao mar sem cerimônias, um ato que aumentava o desespero daqueles que perdiam seus entes queridos. A comida e a água tornavam-se ainda mais escassas, enquanto a tripulação, também exausta, lutava para manter o controle em meio ao caos.

Para a famílias Esposito e Antonello, o "Torna Viagem" foi a culminação de um pesadelo que começou ainda nos primeiros dias de viagem. Após semanas de agonia, eles finalmente chegaram ao porto de Nápoles, mas o desembarque trouxe pouca sensação de alívio. Muitos passageiros estavam em estado crítico, debilitados pela doença e pela fome. Autoridades médicas e locais trabalharam incansavelmente para conter a epidemia e fornecer cuidados aos doentes. Os casos mais graves, como o de Vittorio Esposito, foram levados às pressas para hospitais improvisados, enquanto Maria e os filhos aguardavam com angústia a recuperação do patriarca.

O impacto psicológico do retorno foi imenso. Para os Esposito e tantas outras famílias, o "Torna Viagem" não foi apenas um revés prático, mas um golpe em suas esperanças e sonhos. Muitos nunca mais tentariam emigrar, marcados para sempre pelo trauma da experiência. Outros, obstinados pela necessidade, arriscariam novas travessias em busca de um futuro melhor, mas com cicatrizes indeléveis.

O "Torna Viagem" permaneceu em vigor até o início do século XX, quando avanços em saúde pública e infraestrutura permitiram a adoção de medidas mais humanas, como quarentenas em ilhas próximas aos portos e hospitais de isolamento. Hoje, é lembrado como um dos capítulos mais sombrios da imigração, destacando a vulnerabilidade dos imigrantes e a complexidade dos desafios enfrentados em busca de uma vida melhor.

Naquele verão além do Remo outros três navios transportando imigrantes italianos chegaram ao Brasil nas mesmas condições. O navio Andrea Doria chegou ao Porto do Rio de Janeiro em 12 de setembro de 1893 pelos mesmos motivos também não obteve a permissão para desembarcar os seus passageiros. Durante a travessia tinham ocorrido 91 casos de cólera a bordo e assim o navio recebeu a ordem de retornar ao porto de origem, frustando todos aqueles imigrantes e suas famílias. 

No dia 24 de agosto de 1893, o navio italiano Carlo R. atracou nas proximidades do Porto do Rio de Janeiro, trazendo consigo uma história de sofrimento e desespero. Durante a longa travessia atlântica, uma violenta epidemia de cólera assolou a embarcação, ceifando a vida de 100 pessoas. Entre os mortos estavam crianças, idosos e outros imigrantes debilitados pelas precárias condições de higiene e alimentação. A situação a bordo era calamitosa: além dos mortos, um número ainda maior de passageiros encontrava-se gravemente doente, lutando contra febres, diarreia intensa e desidratação severa.

Quando as autoridades sanitárias brasileiras subiram a bordo para vistoriar o Carlo R., foram imediatamente impactadas pelo cenário dantesco. Relatos da época descrevem o navio como uma verdadeira prisão flutuante de sofrimento, com um odor insuportável que impregnava o ar, resultado da falta de ventilação, da decomposição de resíduos e da aglomeração humana em condições desumanas. Os porões estavam lotados de passageiros exaustos e doentes, muitos deles amontoados em estreitas camas de madeira ou diretamente sobre o chão, sem acesso a cuidados básicos.

A inspeção confirmou o pior: o navio era um foco de contaminação. O estado deplorável da embarcação e o alto risco de propagação da epidemia levaram as autoridades brasileiras a tomarem uma decisão drástica. O Carlo R. foi sumariamente interditado e impedido de desembarcar seus passageiros em terras brasileiras. A embarcação recebeu ordens de retornar imediatamente ao porto de origem na Itália, levando consigo não apenas os doentes e os corpos dos que haviam perecido, mas também os sonhos despedaçados de centenas de famílias que acreditavam estar a caminho de uma vida nova e promissora.

O retorno forçado para a Itália foi uma sentença cruel para aqueles a bordo. A jornada de volta, em condições ainda mais deterioradas, prometia mais sofrimento e mortes. Sem acesso a tratamento médico adequado e com estoques de comida e água cada vez mais escassos, os passageiros enfrentaram uma verdadeira prova de resistência. O sonho de "fazer a América" transformou-se em um pesadelo flutuante, onde a esperança dava lugar ao desespero e à resignação diante do incontrolável.

A tragédia do Carlo R. é lembrada como um símbolo dos desafios enfrentados pelos imigrantes italianos no final do século XIX. Representa não apenas as adversidades de uma travessia transatlântica, mas também as políticas rigorosas de contenção sanitária da época, que frequentemente sacrificavam vidas e sonhos em nome da proteção coletiva.

No dia 16 de setembro do mesmo ano foi a vez do navio Vicenzo Florio ser proibido de desembarcar os seus passageiros devido o surgimento de uma epidemia a bordo enquanto atravessava o oceano com destino ao Brasil. Este navio também foi proibido de desembarcar os passageiros ou qualquer membro da tripulação e teve que empreender a viagem de volta ao porto de origem.

Quando finalmente o Vincenzo Florio chegou ao porto, as autoridades sanitárias brasileiras, alertadas pelos registros de mortes e relatos de doenças durante a travessia, realizaram uma rigorosa inspeção. As evidências de contaminação e o alto risco de propagação da epidemia levaram à temida decisão: o navio foi proibido de desembarcar passageiros ou tripulação. Seguindo os protocolos de saúde pública da época, a embarcação recebeu ordens para empreender a viagem de volta ao porto de origem na Itália.

A decisão foi um golpe devastador para os imigrantes. Após semanas enfrentando as adversidades do mar e os horrores da doença, a proibição de desembarque significava a destruição de seus sonhos de uma nova vida. Famílias inteiras, que haviam deixado tudo para trás em busca de oportunidades no Brasil, viram-se forçadas a retornar para uma terra onde a miséria e o desemprego as aguardavam.

A viagem de retorno foi ainda mais desafiadora. O número de doentes aumentava a cada dia, e os suprimentos de comida e água estavam perigosamente baixos. Muitos passageiros sucumbiram à epidemia durante o trajeto de volta, e os que sobreviveram chegaram à Itália profundamente debilitados, física e emocionalmente.

O episódio do Vincenzo Florio reflete um capítulo doloroso da história da imigração no Brasil e do fenômeno conhecido como "Torna Viagem". Ele simboliza os desafios e tragédias enfrentados por aqueles que, movidos pela esperança, se lançavam ao mar em busca de uma vida melhor. Além disso, destaca as condições desumanas a que esses imigrantes eram submetidos e as duras políticas sanitárias que, embora visassem proteger a população local, resultavam em sofrimento extremo para os viajantes. Essas histórias permanecem como testemunhos de coragem, resiliência e da busca incessante por um futuro melhor, mesmo diante das adversidades mais cruéis.

Entre os meses de agosto e setembro de 1893, quase seis mil imigrantes italianos tiveram seus destinos drasticamente alterados. Nesse período, quatro grandes vapores italianos, cada um transportando aproximadamente 1.500 imigrantes, viram suas jornadas interrompidas de forma abrupta ao serem impedidos de desembarcar no Porto do Rio de Janeiro. Após mais de um mês enfrentando os desafios e privações de uma longa travessia oceânica, esses navios foram obrigados a retornar aos portos de embarque na Itália, transformando sonhos de esperança e prosperidade em desespero e frustração.

Essas famílias deixavam a pátria com o propósito de “fazer a América”, como dizia-se à época, mas a concretização desse ideal exigia mais do que coragem e disposição. A decisão de emigrar era acompanhada de meses, ou até anos, de planejamento meticuloso e uma preparação rigorosa. Não bastava o desejo de partir; era necessário reunir recursos financeiros para custear as passagens e reunir uma vasta gama de documentos que atestavam desde a saúde até o histórico pessoal dos viajantes.

Entre os papéis exigidos estavam o passaporte, que marcava a saída de sua terra natal, e o visto, necessário para transitar pelos portos de escala e entrar no Brasil. Além disso, os imigrantes precisavam de certificados de vacinação, muitas vezes obtidos em clínicas lotadas nos dias que antecediam a viagem, bem como de certificados de inspeção médica, que atestavam estarem livres de doenças contagiosas. Como se isso não bastasse, era necessário ainda um certificado de antecedentes penais, que assegurava às autoridades brasileiras que os recém-chegados não representavam uma ameaça à ordem pública. Cada etapa burocrática representava um novo obstáculo, que os emigrantes superavam com determinação, movidos pelo sonho de um futuro melhor.

A partir de abril de 1893, começaram a chegar às autoridades brasileiras relatos alarmantes enviados pelas representações diplomáticas no exterior. Essas comunicações informavam sobre as precaríssimas condições sanitárias nos principais portos europeus afetados por uma devastadora epidemia de cólera. Em resposta, as embarcações provenientes dessas regiões, ou aquelas que tivessem registrado qualquer caso da doença a bordo, passaram a ser admitidas nos portos brasileiros somente após cumprirem rigorosos protocolos sanitários. Esses incluíam a desinfecção completa da embarcação, assim como a limpeza de bagagens, roupas e objetos pessoais dos passageiros. Todas essas etapas ocorriam no Lazareto da Ilha Grande, para onde os navios deveriam se dirigir antes de seus ocupantes terem a permissão de pisar em terra firme.

Como medida preventiva adicional, o governo brasileiro decidiu suspender temporariamente a corrente migratória. A partir de 16 de agosto de 1893, foi proibida a entrada de imigrantes transportados por vapores oriundos da Itália e da Espanha, além de todos os navios provenientes de portos franceses e africanos do Mediterrâneo, declarados oficialmente como infectados pela epidemia.

Além disso, foi imposta uma quarentena rigorosa para embarcações com passageiros infectados ou mesmo sob suspeita de contaminação por cólera. Apenas no início de 1894, quando a epidemia começou a ser controlada, a situação se normalizou, permitindo a retomada gradual do fluxo migratório a partir de regiões consideradas livres da doença.

Entre as medidas profiláticas adotadas, uma das mais drásticas foi o chamado “torna-viagem”, que consistia no retorno forçado do navio ao porto de origem. Essa prática era aplicada em casos extremos, especialmente quando havia grande número de doentes e mortos a bordo. Infelizmente, foi exatamente essa a situação enfrentada por quatro vapores italianos que chegaram ao Porto do Rio de Janeiro entre agosto e setembro de 1893. Essas embarcações, carregadas de passageiros esperançosos em busca de uma nova vida, tiveram seus sonhos interrompidos de forma trágica, sendo obrigadas a empreender a dolorosa jornada de volta à Europa.

A travessia, no entanto, era um teste de resistência. A bordo dos vapores, as condições eram muitas vezes desumanas. Os porões abarrotados tornavam o ar sufocante, enquanto os alimentos e a água potável eram racionados. Doenças como o cólera ou a febre tifoide encontravam terreno fértil para se espalhar rapidamente entre os passageiros enfraquecidos. Qualquer pequeno sintoma era motivo de pânico, pois uma epidemia a bordo podia condenar não apenas os doentes, mas também os saudáveis ao infortúnio do "Torna Viagem".

Para os imigrantes que sonhavam com uma nova vida no Brasil, o retorno à Itália não era apenas um revés prático, mas um golpe moral e emocional devastador. A dura realidade de ver o horizonte do novo mundo desaparecer em direção oposta era difícil de suportar. Muitos voltavam ainda mais pobres e fragilizados do que quando partiram, tendo perdido suas economias, sua saúde e, em alguns casos, seus entes queridos durante a viagem. Ainda assim, o desejo de reconstruir suas vidas continuava a pulsar, mesmo que o caminho para o futuro permanecesse incerto e doloroso.


Nota do Autor


Escrever A Emigração Italiana, as Toneladas Humanas, o Cólera e o Torna Viagem foi um mergulho profundo nas páginas esquecidas da história, onde vidas inteiras são comprimidas em estatísticas e relatos oficiais. Este livro nasce do desejo de dar voz aos protagonistas de um dos maiores deslocamentos humanos da história moderna: os emigrantes italianos do final do século XIX e início do XX.


Em um período de intensa crise social, política e econômica, milhares de famílias italianas enfrentaram a fome, o desemprego e a falta de perspectivas, embarcando rumo ao desconhecido em busca de sobrevivência. Contudo, a travessia marítima muitas vezes transformava a esperança em tragédia. Navios superlotados, condições insalubres e epidemias, como o cólera, transformavam os sonhos em luto.


Ao retratar os desafios, as perdas e as conquistas desses emigrantes, procuro não apenas resgatar suas histórias, mas também refletir sobre a resiliência e a humanidade que resistem mesmo diante das adversidades mais brutais.


Este livro também revisita o conceito do torna viagem — o regresso, muitas vezes forçado ou desejado, à terra natal —, como símbolo de um ciclo interminável de saudade, fracasso e recomeço. Ele revela o peso do passado que esses indivíduos carregavam consigo, mesmo ao tentar construir um novo futuro.


Dedico este trabalho a todos os descendentes desses corajosos emigrantes, para que jamais esqueçam a jornada dos que vieram antes deles, e às almas daqueles que nunca chegaram ao destino, mas cujas histórias merecem ser contadas.


Espero que as páginas que seguem sirvam como um convite à reflexão e uma homenagem à força indomável do espírito humano diante do sofrimento.

Dr. Piazzetta




quinta-feira, 29 de maio de 2025

O Destino de Giuseppe Veraldi

 


O Destino de Giuseppe Veraldi


Giuseppe Veraldi nasceu em 1854 no município de San Bonifacio, na província de Verona. Sua infância foi marcada pelo trabalho árduo ao lado do pai, um pequeno agricultor que lutava para extrair sustento daquela terra castigada por impostos e colheitas incertas.

Com o passar dos anos, Giuseppe percebeu que a Itália não lhe oferecia um futuro digno. Assim, em 1875, aos vinte e um anos, embarcou em um navio rumo ao Brasil, em busca da prosperidade que tantos conterrâneos diziam encontrar no Novo Mundo.

O porto de Santos o recebeu com uma mistura de promessas e dificuldades. A cidade fervilhava de emigrantes, sonhadores e oportunistas. No início, Giuseppe encontrou trabalho em Campinas, no interior de São Paulo, onde passou anos trabalhando com a terra e as plantações de café. Não demorou muito para entender que a verdadeira riqueza não estava apenas no trabalho manual, mas na capacidade de organização e investimento.

Com algumas economias, em 1884 mudou-se para Jundiaí, onde montou uma casa comercial. O comércio, ao contrário da agricultura, lhe dava mais controle sobre os ganhos e menos dependência das intempéries. Com sua visão empreendedora, Giuseppe expandiu seus negócios para além da simples venda de produtos: criou uma empresa chamada Fazenda Verona, que fornecia terras, ferramentas e crédito aos italianos que chegavam sem nada além da esperança. Os colonos pagavam com parte de sua colheita, e Giuseppe, sempre atento às oportunidades, também cobrava pelo uso da terra.

A fama da Fazenda Verona cresceu rapidamente. O próprio governo paulista, interessado em expandir a colonização da região, via com bons olhos a iniciativa de Veraldi. Até os indígenas da área, que a princípio desconfiavam dos estrangeiros, foram incluídos no sistema. Trabalhando ao lado dos italianos, aprenderam novas técnicas agrícolas e se tornaram parte da cadeia produtiva que transformou Jundiaí em um polo agrícola de grande destaque.

Em 1889, já um homem rico, Giuseppe comprou uma fazenda de 22.000 hectares em São Carlos, batizando-a de Fazenda Coqueiro. Juntas, a Fazenda Verona e a Fazenda Coqueiro garantiam uma produção anual de 30.000 toneladas de grãos, a ponto de a imprensa lhe dar o apelido de “O Rei do Milho”.

Mas Giuseppe nunca foi apenas um comerciante ávido. Lembrava-se bem das dificuldades de sua infância e da falta de oportunidades na Itália. Por isso, financiou a construção de escolas, asilos e hospitais em suas propriedades, garantindo que tanto os colonos quanto os indígenas pudessem ter uma vida mais digna.

Quando a Primeira Guerra Mundial devastou a Europa, Giuseppe não hesitou em enviar navios carregados de cereais para a Itália, ajudando sua terra natal em tempos de grande miséria. O governo italiano o homenageou, concedendo-lhe o título de Comendador da Fazenda Coqueiro.

Ele faleceu em 1935, retornando à terra que o viu nascer, mas que não lhe havia dado oportunidades. Contudo, seu nome permaneceu gravado na história do interior paulista, não apenas como um magnata do trigo, mas como um homem que soube transformar dificuldades em prosperidade – para si e para muitos outros.



sexta-feira, 9 de maio de 2025

I Imigranti Taliani ´ntel Brasil

 



I Imigranti Taliani ´ntel Brasil



Da l'època coloniae, la presenssa dei taliani la se fa notar ´ntela stòria del Brasil. Durante le spedission marìtime portoghesi, tanti taliani i ga svolso ruoli de rilievo come navigatori, e ´ntele mission gesuìtiche del Rio Grande do Sul, i se ga destacà come architetti. Però, l’arivo pì forte dei taliani in Brasil el ga scominsià a consolidarse ´ntel sècolo XIX, specialmente dopo l’implementassion del proieto de imigrassion europea da parte de D. João VI.
Ntela seconda metà del sècolo XIX, el mondo el ga assistì a un dei pì grandi flussi migratori mai registrà: sirca 10 milion de europei i ze parti rumo a le Amèriche. Tra el 1875 e el 1900, pì o meno 803 mila imigranti europei i ze rivà al continente americano tramite i porti brasilian. De questi, 577 mila i zera taliani. In ogni mile imigranti europei che sercava l’Amèrica, 57 i ga scelto el Brasil, spargendose soratuto ´ntei stati de São Paulo e Rio Grande do Sul.
L’imigrassion italiana par el Brasil la seguiva do formati: quela spontánea e l´organisà. L’imigrassion spontánea la ga scominsià ´nte la prima metà del sècolo XIX e la zera composta da individui o famèie isolà che vegniva a tentar la fortuna ´nte le sità brasilian. Tra sti pionieri, se trovava preti, mùsici, architeti, sarti, artisti plàstici e pìcoli industriai.
Da l’altra parte, l’imigrassion organisà la ze stà in do fasi distinte. Ntel 1845, ze stà sancita na lege che prevedeva sussidi governativi par finanssiar la vegnuda dei imigranti, con el scopo de mèter in pràtica el sistema de parsseria ´ntei cafesai e introdur manodòpera bianca lìbara come complemento al lavoro schiavisà.
La seconda tapa de sto prossesso la ze stà segnada da la creassion de istitussion come l’Associassion Aussiliadora da Colonisassion e Imigrassion par la Provìncia de São Paulo, ´ntel 1871, e la Società Promotora da Imigrassion a São Paulo, fondà nel 1866. Ste organisassion, con el suporto del governo, le ofriva inssentivi come bilieti gratis, rissesion ´ntei porti, sozorni temporanei e trasporto fin a le fasende de cafè. I nùmari i impressiona: tra el 1874 e el 1889, 320.373 taliani i ze rivà in Brasil, e quasi metà se ga stabilì a São Paulo.
I imigranti i zera atraì da agenti contratà da le sossietà promotrissi, che dipinseva un quadro idealisà del Brasil, ritratandolo come un vero "paese de la cucagna" (paese de la fartura). Però, la traversia par l’Atlántico la zera longa e sfidante, variando da 14 a 30 zorni, e segnalà da sovrafolamento e la ricorensa de epidemie sui navi.
Quando i sbarcava in Brasil, i novi rivà i passava par quarantene ´ntele ospitalità gestide dal governo. Da lì, i seguiva do strade prinssipai: tanti i se dirigeva ai cafesai paulisti, ndove i rimpiasava el lavoro schiavisà, mentre altri i sercava ´ntele colónie del Rio Grande do Sul el sònio de libartà e indipendensa. 

Nota de l’Autore 

Sto raconto el ze un omaio a tuti quei taliani che, ndando contra la speransa e ´nte la famèia, i ga traversà l’Atlàntico par sercar un futuro novo in Brasil. La stòria de i migranti taliani ´ntel Brasil no el ze solo ´na pàgina de laoro duro e de sfide, ma anca de resiliensa, creatività e determinassion. Da i paron sui cafesai paulisti ai pionieri ´nte le colònie del Rio Grande do Sul, sta gente la ga trasformà teritori sconossù ´nte tere de fartura, portando con se la loro cultura, la lèngoa l´amor par la tradission. Ntel raconto se cata anca i sentimenti de chi che el ga lassà drio ´na vita nota par infrontar lo sconossù e de chi che, nonostante i sacrifìssi, lo ga trovà ´ntel amor de la so comunità la forsa de resìster. La mea memòria la va a quei òmeni e done che, ndando oltre le aversità, i ga construito un ponte tra do mondi, un lassà che, anca a distansa de sècoli, el contìnua a parlar de coraio, forsa e dignità.




sábado, 26 de abril de 2025

Da le Tere Vècie de Vicenza: Na Stòria de Superassion e Speransa ´ntel Brasile


Da le Tere Vècie de Vicenza: Na Stòria de Superassion e Speransa ´ntel Brasile


Nte la Colònia Dona Isabel, ntel 1885, Pietro Ferranesi, de 42 ani, lu el zera un òmo de poche parole e tanta determinassion. Quando el ze rivà al porto del Rio de Janeiro, con el so mòier Caterina e i tre fiòi picolini, no gaveva gnanca idea de quel che i li aspetava ´ntela Colonia Dona Isabel, che se catava ´ntel cor del Rio Grande do Sul. La so strada fin là la ghe volèa qualcossa de setimane de viàio in altra nave, fin al porto de Rio Grande. Dopo qualche zorni de aspeta, un´altra olta in barcheti a vapor el doveva traversar la Lagoa dos Patos fin la capitale, Porto Alegre, sensa desbarcar, e da sto posto, con el stesso barco, salìr su par el fiume Caí par sei o sete ore fin a Montenegro, el punto pì vissino del destino: la Colónia Dona Isabel, che incòi la ze Bento Gonçalves. Una volta rivà a Montenegro, dopo un zorno de riposo, lori i continuava a piè o in groppa de mulo fin al posto ndove se trovava la colónia tanto sonià.

El viàio traverso l'oceano, la ga durà 40 zorni a bordo dela grande nave a vapor Giulio Cesare, la zera stà duro, pien de malatie e insertesse, ma quel el zera sol el prinsìpio de uns sfìda ancora pì grande.

Quando el ga leso la lètara de so zio Giovanni Ferranesi, che el se gaveva sistemà in Brasile ani prima, Pietro el gaveva alimentà la speransa de na vita miliore. "Ghe ze tere fèrtili qua, ma ghe vole coràio. Vegni, la colónia la ga bisogno de zente lavoradora come voi", che diseva la lètara. Sta promessa la gaveva dà forsa al spìrito de Pietro, anca quando el ga vendù el so toco de terren drio Vicenza e el ze partì par lo sconossuo, lassando drio amighi, parenti e la so tera cara ndove el ga nassesto.

Dopo el desbarco a Montenegro, la strada fin la Colónia Isabel la zera stà na odissea. Sensa risorse, la famèia la ga dovù caminar su par strade strete e fangose, inseme ad altri poari emigranti che i gaveva lo stesso destin. Par quasi do zorni, Pietro e Caterina i ga dovù tagiar la foresta con el manarin par far strada. La note, i piantava acampamenti improvisà soto i àlbari giganteschi, ndove Caterina, anca straca morta, la preparava pasti con el poco che i gaveva.

Finalmente, i ze rivà ´ntela colònia e i ga trovà Giovanni e la so famèia, che i ghe ga dà un abrasso con le làgrime su l’oci. Ma la gioia del rivar la ze stà sparì presto con la dura realtà: el teren destinà a lori el zera montagnoso e pien de foresta spessa. “Ghe vol pì de forsa fìsica par far de sta tera na casa,” che pensava Pietro.

I primi mesi i ze stà brutai. Pietro el ga scominsià a taiar àlbari, a construir na cabana rudimentària e a piantar sorse e fasòi. Caterina la se ocupava dei fiòi e lei ancora aiutava el marì ´ntela fatica. La foresta la pareva magnar la picola radura che i gaveva fato, ma Pietro, con l´ aiuta de Giovanni, el continuava a libarar la tera.

Le dificultà le ze stà tante: malatie come la febre tifoide le meteva a risco i fiòi, e la nostalgia de la Itàlia la pesava su el cor. Pietro el soniava speso con i campi verdi de la so tera natal, ma quando vardava i fiòi che i zocava intorno a la cabana la ghe dava bruta forsa.

Do ani dopo, Pietro el ga vardà i fruti del so lavor. Le sorze le ze cressù alte, e i porseleti che el alsava i ghe dava sustento e scambio con la comunità. El ga imparà dai vissini a piantar ua, na tradission che lori i gaveva portà da la Italia. El primo vin, anca se rudimentar, la ze stà un motivo de orgòio par la famèia.

La pìcola colónia la gaveva scominsià a prosperar, e Pietro el ze diventà un leader de la comunità taliana. El ga organisà lavori in comun par far nove strade e el ga costruì, inseme ai vissini, na cesa che la ze diventà el cuor spiritual de la colónia.

Nel 1895, un dessénio dopo el so rivar, la Colónia Dona Isabel la gaveva siapà forma. Pietro e Caterina i gaveva trasformà un peso de foresta vèrgine in una colónia produtiva. I fiòi, che ormai i zera zòveni, i li aiutava ´ntel lavor e i soniava de ingrandir i vigneti de la famèia.

Pietro el saveva che no el saria mai tornà in Itàlia, ma el capiva che el so vero legado no el se catava ´ntela tera che el gaveva lassà, ma in quela che el gaveva costruì par el futuro de la so famèia.
Ntela piassa sentral de la colónia, un marco de piera la ga portà ´na frase de Pietro par render omàio a i pionieri:

“La tera no ze nostra; semo noi che femo parte de lei, e con el nostro sudor la diventa na casa.”
I Ferranesi, come tanti altri emigranti, i gaveva trovà in Brasile no solo na nova vita, ma un propòsito che el ze andà oltre le generassion.

Nota de l'Autore

"Da le Tere Vècie de Vicenza: Na Stòria de Suprassion e Speransa ´ntel Brasile" la ze un romanso inspirà da le dificoltà e i sòni de tanti taliani che i ga lassià le so radise par sercar na vita nova ´nte le terre brasiliane al fin del Ottocento. Anca se i eventi, i personagi e le situassion ghe ze inventà, le emossion e le sfide descrite le rapresenta la realtà de tanti emigranti.

Sto libro el vole ricordar la forza, la determinassion e la speransa de quei che i ga traversà l’osseano, lassando drio le sue tera, ma portando con lori la cultura, la tradission e l’amor par la famèia. Ghe voleva coraio par afrontar un destino sconossùo, ma sto coraio el ze el vero protagonista de sta stòria.

Pietro Ferranesi e la so famèia, anca se invéntai, i xe sìmboli de quei che, con sudor e sacrifìssio, i ga trasformà foreste in vigne, lontan de i paeseti de Vicenza che lori i gaveva lassà. La so stòria la parla de sopravivensa, perseveransa e comunion, ndove ogni conquista la ze stà condivisa con chi che ga partissipà a sto viaio de vida.

Me auguro che sto libro el trasporte chi che lese a un tempo de grande resiliensa e transformassion. Che el possa inspirar riflession sul peso de le radise e sul valore de costruir un futuro.

Con i pensieri e gratitudene a tuti quei che i ga fato sta stòria possìbile,

Dotor Piazzetta



sexta-feira, 25 de abril de 2025

Lista de Emigrantes Italianos "Vapor Adria" e Destino


 

Lista de Emigrantes Italianos 
"Vapor Adria" e Destino

Desembarque 23 de Junho de 1885

Porto do Rio de Janeiro


AIELLO Giosuè 5/6 23/40 – destino SC
ALGIERI Angelo 5/6 23/40 – destino Campinas SP
ALTIERI Domenico 5/6 23/40 – destino São Paulo SP
Amadio Luiz 5/6 23/40
ANGHINONI Carlo 5/6 23/40 – destino Porto Alegre RS
ANTONELLI Gabrielle 5/6 23/40
ASPRINO Biagio Antonio 5/6 23/40 – destino São Paulo SP
BARP Valentino, Giacoma, Eugenia, Lucia e Augusta 5/6 23/40 – destino Porto Alegre RS
BILOTTA Francesco 5/6 23/40 – destino São Carlos SP
BOSCHI Chiara, BERTOLOTTI Alfredo, Adolfo, Ancilla e Eufemia 5/6 23/40 – destino Bragança Paulista SP
BREGALDA Enrico – 5/6 23/40
BRUNELLI Luigi Cesare 5/6 23/40 – destino Porto Alegre RS
BUONOCORE Nicola 5/6 23/40 – destino SC
BURTET ou BURLET Domenico, Maria e Amabile 5/6 23/40 – destino Porto Alegre RS
BURTET ou BURLET Giovanni, Antonia, Domenico, Celeste e Giacoma 5/6 23/40 – destino Porto Alegre RS
C. Angelo e Saverio – destino São Paulo
CAISCO Rosario – 5/6 24/40 – destino São Paulo SP
CANDIA Antonio – 5/6 23/40 – destino Mogi Mirim SP
CANDIA Mansueto – destino São Paulo SP
CARLESSO Sante – 5/6 23/40 – destino Curitiba PR
CARLI Maria Teresa e Domenico – 5/6 23/40 – destino Porto Alegre RS
CASCADI Carlo – 6/6 8/26
CASELLA Giuseppe – 5/6 24/40
CASTORI Giuseppe, Santina, Alfredo, Maria e Oreste – 5/6 24/40 – destino Bragança Paulista SP
CELANI Francesco – 5/6 23/40
CELESTINO Battista – HRJ 5/6 24/40 – destino São Paulo SP
CHINI CARLI FILY FORRER FONER GALVAGNI LOS ROMAGNA RATTIN SOLAI SARTORELLI SCHINI ZAMBRA ZORTEA
CHINI Lucia, Emilio, Beniamino, Carlo e Celestino – 5/6 23/40 – destino Porto Alegre RS
Francesco Franseli – destino São Paulo
CHIRILLI Caterina e ESPOSITO Valentino F. – 5/6 23/40 – destino São Paulo SP
CIMMINELLO Michele – 5/6 24/40
COBUCCIO Giuseppe – 5/6 24/40
COBUCCIO Nicola – 5/6 24/40 – destino Macuco RS
COCCHIA ou COSTINE Domenico – 5/6 24/40
COLUSSI ou CALUPI Luigi, Teresa, Francesco, Giuseppe e Basilio – 5/6 23/40 – destino Porto Alegre RS
COLUSSI ou CAPUPI Angelo, Angela, Agostino e Oliva – 5/6 23/40 – destino Porto Alegre RS
CONTI Giovanni Enrico – 5/6 23/40 – destino Porto Alegre RS
DAGNOLUSSO Domenico, Fortunato, Maria, Timolo e Angela – 5/6 24/40 – destino Porto Alegre RS
DAGNOLUSSO Gio Batta, Luisa e FILIPPON Angelo – 5/6 24/40 – destino Porto Alegre RS
DE BON Giuseppe e Giovanni
DE SANTIS Raffaele – 5/6 24/40 – destino Porto Alegre RS
DELLA VALLE Francesco e Luigia – 5/6 24/40 – destino Porto Alegre RS
DI BERNARDO Antonio e Angelo – 5/6 24/40 – destino Porto Alegre RS
DI DOMENICO Davide, Maria, Pietro, Felice e Adriano Giulio – 5/6 24/40 – destino Porto Alegre RS
DI GIULIO Giuseppe
DONATELLI Francesco – 6/6 8/26
FACCIOLO Paolo – 5/6 24/40 – destino Araraquara SP
FARRER Luigi e Giuseppe – 5/6 25/40 – destino Porto Alegre RS
FAVALI Marianna e PAPI Giovanni – 5/6 25/40
FERRARA Emidio – 5/6 24/40 – destino São Paulo SP
FERRARI Nicola – 6/6 8/26 – destino São Paulo SP
FICO Cresina e filho – 6/6 8/26
FILIPPI Tome Davide, Angelina e Oliva – 5/6 24/40 – destino Porto Alegre RS
POLI Onorato – 5/6 26/40 – destino Porto Alegre RS
PRANOVA Giovanni – 5/6 26/40
PRESTIA Felice – 5/6 26/40 – destino Porto Alegre RS
QUATTRIN Angelo e Maria – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
RAFFANELLI Antonio, Angela e Maria – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
RAMPAZZO Francesco, Luigi e Regina – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
RAMPAZZO Giovanni e Rosa – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
RENIERI Gaetano – 5/6 27/40 – destino Limeira SP
RIGO Domenico – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
RINALDI Pietro, Angela e Francesco – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
RIZZATO Giuseppe e Regina – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
ROSSI Paolo – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
ROTTA Giovanni – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SALGADO Pietro – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SALGADO Giovanni – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SALGADO Antonio e família – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SALMASO Enrico, Angelo, Anna e Beatrice – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SALMASO Giovanni e família – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SANTINI Francesco e Giuseppe – 5/6 27/40 – destino Limeira SP
SARACINI Luigi e Regina – 5/6 27/40 – destino Limeira SP
SARACINI Domenico – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SARACINI Angelo – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SCARPELLINI Giovanni – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SCORZO Pietro – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SERAFINI Francesco, Angela e Luigi – 5/6 27/40 – destino Limeira SP
SPINELLI Domenico e família – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
SPINELLI Giuseppe e família – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
STELLINI Pietro e Angela – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
TADDEO Vincenzo e família – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
TADDEO Luigi e família – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
TARTAGLIA Giovanni e família – 5/6 27/40 – destino Limeira SP
TARTAGLIA Luigi e família – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
TASSINARI Giovanni – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
TONETTO Luigi e família – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
TONINI Pietro, Maria e Francesco – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
TOSCANO Francesco e Regina – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
TRABUCO Giuseppe e família – 5/6 27/40 – destino Porto Alegre RS
TRAVERSA Luigi – 5/6 27/40 – destino Limeira SP

quinta-feira, 24 de abril de 2025

A Vida do Dr. Martino: Um Médico Italiano no Brasil - Capítolo 3


 

A Vida do Dr. Martino: Um Médico Italiano no Brasil - Capítolo 3


O cônsul Giuseppe Caprio desembarcara no Brasil havia quase dois anos, transferido do consulado de Barcelona para assumir o de Porto Alegre. Fora naquela vibrante cidade espanhola que Leonora se especializara em música e piano, lapidando-se como uma pianista de notável virtuosidade. Martino, desde o instante em que a conhecera, fora enfeitiçado pelo magnetismo de Leonora — não apenas por sua beleza clássica, mas pelo talento que emanava de suas mãos ao piano. Atraído por ela como a mariposa pela chama, adiava repetidamente sua partida para o interior.

Com a anuência dos pais de Leonora — encantados com o prestígio do jovem médico, herdeiro do respeitável Comendador Coppola — Martino tornara-se um visitante constante na casa consular. Para eles, naquele recanto remoto e distante da Itália, era raro surgir um pretendente tão promissor para sua filha. Os dias transformaram-se em semanas, e o inevitável aconteceu: um pedido de noivado selou o destino de ambos. Para os Caprio, aquilo era mais que um compromisso; era um renascimento de esperanças.

O casamento foi marcado para o final do ano, uma data especial: o aniversário de 26 anos de Leonora. A cerimônia seria realizada na imponente catedral de Porto Alegre, um evento que prometia ser tão grandioso quanto o amor que os unia.

Enquanto Leonora imergia nos preparativos, Martino finalmente decidiu aventurar-se ao interior do estado. Lá, adquiriu uma propriedade imponente: uma ampla casa de dois andares, situada em um vasto terreno em uma das principais ruas da cidade. O imóvel, que antes pertencera a um rico comerciante cuja trágica morte ainda era comentada pelos habitantes locais, parecia aguardá-lo. Anos mais tarde, essa casa seria transformada em um grande hospital-maternidade, mas, naquela época, era o marco inicial da visão de Martino.

Martino planejava abrir sua clínica na nova residência, mas não queria perder contato com o ambiente médico de Porto Alegre. Assim, passou a dividir seu tempo entre a capital e o interior, numa estratégia que demonstrava tanto ambição quanto um desejo de estar próximo de Leonora.

O casamento, como previsto, foi um acontecimento memorável. Noticiado pelos principais jornais e comentado entre as elites da cidade, a união do jovem médico e da talentosa pianista atraiu até mesmo os pais de Martino, que viajaram da Itália para prestigiar a cerimônia e conhecer a nora tão celebrada.

Após a boda, o casal se estabeleceu no interior, carregando consigo o piano de Leonora — uma peça indispensável, tanto para a decoração da casa quanto para sua alma artística. Com ele, Leonora preenchia os serões com recitais que atraíam a elite local, transformando a residência em um ponto de encontro cultural.

Nos anos que se seguiram, Martino e Leonora formaram um casal inseparável. Quando Martino precisava atender pacientes em cidades vizinhas — algo frequente —, alugavam acomodações em pequenos hotéis, garantindo que nunca se distanciassem um do outro. Esse equilíbrio entre vida pessoal e profissional tornou-se uma marca de sua união.

A clínica de Martino prosperou rapidamente, impulsionada por equipamentos modernos trazidos da Itália e pelo talento do médico em realizar complexas cirurgias. Logo, sua reputação ultrapassou as fronteiras do município, atraindo pacientes de toda a região. Na capital, ele abriu um consultório e firmou-se como cirurgião em um dos maiores hospitais de Porto Alegre. Seu nome, agora sinônimo de excelência, perpetuou-se nos anais da medicina gaúcha.

Apesar do sucesso e da harmonia conjugal, uma tristeza persistia: o casal não teve filhos. Embora o amor entre eles permanecesse inabalável, a ausência de crianças era uma sombra que, de tempos em tempos, pairava sobre sua felicidade.


Nota do Autor

"A Vida do Dr. Martino: Um Médico Italiano no Brasil" é um romance fictício inspirado no rico contexto histórico da imigração italiana para o Brasil no final do século XIX. Apesar de os cenários, eventos históricos e circunstâncias socioeconômicas descritos serem baseados em fatos reais, os personagens e suas histórias são inteiramente fruto da imaginação do autor.

Este livro busca explorar a força humana em meio a adversidades e a resiliência de indivíduos que deixaram suas terras natais em busca de um futuro melhor. O protagonista, Dr. Martino, é uma figura fictícia, mas sua jornada representa os desafios enfrentados por muitos que embarcaram nessa travessia para terras desconhecidas, carregando consigo sonhos, esperanças e o desejo de reconstruir suas vidas.

Ao dar vida a esta narrativa, espero que o leitor seja transportado para uma época de transformações, desafios e conquistas. Que possam sentir o peso das decisões que moldaram gerações, a saudade que permeava os corações e a determinação que levava homens e mulheres a desafiar o desconhecido.

Este é, acima de tudo, um tributo à coragem, à humanidade e ao espírito de aventura que definiram um capítulo tão significativo na história de dois países, Itália e Brasil, cujos destinos se entrelaçaram para sempre através da imigração.

Com gratidão por embarcar nesta jornada,

Dr. Piazzetta

domingo, 13 de abril de 2025

Lista Passageiros Italianos Navio Belgrano ano 1876

 


VAPOR BELGRANO 


Porto  de Saída L´Havre

Chegada Porto do Rio de Janeiro

data 10 de junho de 1876


ALDORANDI:
Goppedeo (?) – 48 anos
Violante – 30 anos
Clorinda – 10 anos
Menetti – 4 anos
Olímpia – 2 anos
Paulina Fortunata – nascida a bordo, em 31.05.1876

 

ALTAVISTA:
Francesco – 20 anos

 

AMBROSI:
Gio Batta – 39 anos
Catterina – 40 anos
Giovanni – 8 anos
Giacinta – 5 anos
Giuseppe – 3 anos
Fiorenza – 6 meses

 

ANTONIOLI:
Luigi – 43 anos
Carlina – 44 anos
Enrico – 17 anos
Barbara – 10 anos

 

ARCARI:
Giuseppe – 51 anos
? – 55 anos
Luigi – 18 anos
Attilio – 16 anos
Ítalo – 12 anos
Profissão: Agricultor


ASTRINA:
Salvatore – 43 anos
Profissão: Marinheiro
Destino: Rio
O nome está riscado na lista

AVI:
Gio Batta – 65 anos
Abramo – 17 anos
Ermenegilda – 22 anos
Catterina – 20 anos
Benedetto – 26 anos
Profissão: Marinheiro
Destino: Rio
O nome está riscado na lista

BALZANELLI:
Giovanni – 37 anos
Stella – 35 anos
Carolina – 14 anos
Catterina – 1 ano

 

BATALETTI:
Davide – 45 anos
Italo – 12 anos
Virginia – 7 anos
Sordolo – 3 anos

 

BATTAGLIA:
Clemente – 41 anos
Virginia – 33 anos
Erminia – 10 anos
Modesto – 7 anos
Ermenilda – 5 anos
Disolina – 3 anos

 

BELLINE:
Giuseppe – 36 anos
Maria – 26 anos
Ester – 4 anos

 

BELUNGI:
Giuseppe – 32 anos

 

BIANCHI:
Antonio – 33 anos
Maria – 33 anos
Silvestre – 9 anos

 

BIANCHI:
Carlo – 48 anos
Catterina – 35 anos
Cesar – 14 anos
Francesco – 7 anos
Catolina – 4 anos

 

BIANCHI:
Francesco – 32 anos
Violante – 26 anos
Clelio – 3 anos

 

BISI:
Santo – 44 anos

 

BOLLATO:
Giulio – 33 anos
Luigia – 18 anos
Rosa – 14 anos
Angela – 11 anos
Regina – 8 anos
Maria – 8 anos
Albina – 5 anos
Lucia – 2 anos

 

BOLLOTO:
Michel – 60 anos

 

BORANI:
Pietro – 48 anos
Rosa – 38 anos

 

BORELLI:
Santo – 41 anos
Luigia – 42 anos
Angelo – 3 anos

 

BOSI:
Alessandro – 39 anos
Maria – 37 anos
Ernesto – 8 anos
Romualdo – 2 anos

 

BRAGHINI:
Pietro – 58 anos
Regina – 58 anos
Andrea – 37 anos
Prosperina – 24 anos
Giovanni – 15 anos

 

BRUNELLI:
Valentino – 32 anos

 

BUEVICOSTO:
Francesco – 15 anos

 

CAGLIARI:
Erasmo – 40 anos
Elisabetta – 37 anos
Antonia – 12 anos
Giuseppe – 9 anos
? – 7 anos
Vercia – nasceu a bordo, em 25.05.1876

 

CALEFFI:
Giuseppe – 36 anos
Carolina – 27 anos

 

CAMATTI:
Francesco – 42 anos
Maria – 36 anos
Giuseppe – 11 anos
Catterina – 26 anos

 

CAPELLI:
Giovanni – 44 anos
Angela – 38 anos
Maria – 15 anos

 

CAPUTO:
Domenico – 24 anos

 

CAVICCHIONI:
Celeste – 28 anos
Rosa – 43 anos
Pietro – 4 anos
Angelo – 2 anos
Maria – 1 ano

 

CERVI:
Francesco – 28 anos

 

COLETTI:
Alessandro – 42 anos
Maria – 35 anos
Alessandro – 10 anos
Angelo – 6 anos
Giovanni – 4 anos
Clementina – 6 meses
Profissão: Agricultor


CORAZZI:
Catterina – 50 anos

 

CROTTA:
Francesco – 40 anos

 

DAMBRONO:

 

Giuseppe – 27 anos

 

DAMIANO:
Antonio – 21 anos
Profissão: ?
Destino: Rio

DELCIGGIO:
Francesco – 48 anos
Pietro – 10 anos
Tercia – 7 anos
Teresa – 48 anos
Profissão: Agricultor


FALAVIGNA:
Luigi – 38 anos
Amalia – 34 anos
Profissão: Agricultor


FERRARI:
Antonio – 22 anos
Giovanni – 21 anos
Profissão: Agricultor


FILIPPE:
Mauro – 29 anos
Profissão: Marinheiro
Destino: Rio
O nome está riscado na lista

FILIPPO:
Mauro – 29 anos
FONTANI:
Stefano – 34 anos
Rosa – 24 anos
Irene – 3 anos
Profissão: Agricultor


FORMIGHICCA:
Sisto – 48 anos
Francesco – 14 anos
Pietro – 45 anos
Vincenza – 43 anos
Francesco 10 anos

 

FORNUNAT:
? – 45 anos
Maria – 38 anos
Anselmo – 14 anos
Rodolfo – 12 anos
Tercia – 5 anos
Profissão: Agricultor


FRANZOI:
Nicola – 47 anos
Anna – 45 anos
Luigi – 19 anos
Orsola – 15 anos
Filomena – 12 anos
Coresa – 10 anos
Lucia – 7 anos
Elvira – 5 anos
Giuseppe – 22 anos
Battista – 33 anos
Profissão: Agricultor


FROTTA:
Francesco – 30 anos
Profissão: Ferreiro
Destino: Rio

FUIATI:
Paolo – 52 anos
Violante – 12 anos
Matilde – 22 anos
Enrico – 10 anos

 

GAGGIELO:
Luigi – 24 anos

 

GANDOLFI:
Calista – 38 anos
Erminia – 26 anos
Anchieto – 34 anos
Rosa – 42 anos

 

GENTILE:
Antonio – 39 anos
Luigia – 7 anos

 

GIACOMOZZI:
Francesco – 18 anos
Catterina – 15 anos
Anna – 13 anos
Domenico – 1 ano

 

GIANEZIO:
Antonio – 46 anos
Bárbara – 43 anos
Maria – 16 anos
Alessandro – 15 anos
Giuseppe – 13 anos
Antonio – 10 anos
Carlo – 8 anos
Giuditta – 6 anos
Cattarina – 3 anos
Profissão: Agricultor


GUZZO:
Gabriel – 58 anos
Nicolas – 16 anos
INAMA:
Lorenzo – 54 anos
Assunta – 50 anos
Carlo – 13 anos
Profissão: Agricultor


IQUINZANO:
Stefano – 36 anos
Elisabetta – 27 anos
Natale – 21 anos
Carlo – 2 anos
Profissão: Agricultor


ITRINO:
Salvatore – 23 anos
LA PENDAS:
Pasquale – 21 anos
Profissão: Agricultor
Destino: Rio

LIRA:
Giuseppe – 63 anos
Profissão: Agricultor


LIVI:
Paolo – 35 anos
Leonora – 40 anos
Anna – 6 anos
Carlo – 4 anos
Amalia – 2 anos
Eleonio – 5 meses
Profissão: Agricultor


LOSI:
Gioconda – 6 anos
LUCIANO:
Gaetano – 26 anos
MANDOSI:
Maria – 60 anos
Cesiro – 12 anos
Luciano – 6 anos
MANDUCA:
Antonio – 21 anos
Profissão: Sapateiro
Destino: São Paulo

MANDUCA:
Antonio – 19 anos
Diamaro – 19 anos
Zapondo – 19 anos

 

MARI:
Isidoro – 44 anos
Catolina – 38 anos
Norberto – 16 anos
Francesco – 14 anos
Geresino – 14 anos

 

MARIANI:
Adamo – 39 anos
Massina – 36 anos
Enrico – 11 anos
Attilio – 8 anos
Ermenegilda – 6 anos
Secundo – 2 anos

 

MELETTI:
Massimiliano – 37 anos
Virginia – 33 anos
Erasmo – 5 anos
Luigi – 4 anos

 

MICHEL:
Elisio – 56 anos
Maria – 39 anos
Natale – 17 anos
Rosa – 14 anos
Giuditta – 12 anos
Catterina – 10 anos
Matteo – 8 anos
Virginia – 4 anos
Profissão: Agricultor


MIELLI:
Francesco – 15 anos
Profissão: Alfaiate
Destino: Rio

MIGLIOLI:
Pietro – 64 anos

 

MORETTI:
Domenico – 54 anos
Margherita – 51 anos

 

MORETTI:
Giacomo – 43 anos
Amalia – 36 anos
Virginia – 8 anos
Uldorico – 5 anos

 

NERONI:
Pietro – 58 anos
Eufrasia – 47 anos
Profissão: Agricultor


NICO:
Carmino – 22 anos

 

NORVEGNA:
Salvatore – 35 anos
Chiara – 27 anos

 

ORLANDI:
Bonaventura – 35 anos

 

PARADIGO:
Salvatore – 44 anos
Profissão: Agricultor
Destino: Rio

PASQUALINI:
Eugenio – 44 anos
Luigia – 44 anos
Giulia – 16 anos
Elisabetta – 12 anos
Carolina – 9 anos

 

PATALIO:
Giuseppe – 42 anos

 

PAVESI:
Giuseppe – 36 anos
Adelina – 24 anos
Carlo – 6 anos
Vitorio – 1 ano

 

PEDRESCHI:
Pelegrino – 28 anos

 

PELIZZONI:
Antonio – 60 anos
Annunziata – 62 ano
Francesco – 36 anos
Anna – 34 anos
Adile – 17 anos
Quintelio – 11 anos
Anselmo – 10 anos
Filomena – 5 anos
Argia – 4 anos
Romildo – 3 anos
Erminia – 1 ano
Luigi – 36 anos

ç 

PESSARA:
Demetrio – 30 anos

 

PEZZINI:
Giovanni – 54 anos
Maria – 48 anos
Eugenio – 22 anos
Filomena – 13 anos
Elisio – 10 anos
Maddalena – 8 anos
Giovanni – 5 anos

 

PILECCO:
Francesco – 27 anos
Giovanna – 27 anos
Francesco – 5 anos

 

PIZARRO:
Dometrio – 24 anos
Profissão: Alfaiate
Destino: Rio

POLISSI:
Carlo – 39 anos
Giuseppina – 33 anos
Luigia – 13 anos
Carlina – 11 anos
Cesar – 8 anos
Saulo – 2 anos

 

RAMPELOTTO:
Mario – 33 anos
? – 48 anos
Parlina – 5 anos
Maria – 3 anos
Vemmizanio – 1 ano
Pietro – 26 anos
Profissão: Agricultor


ROMAGNOLI:
Teresa – 68 anos

 

ROSSI:
Bernardino – 26 anos

 

SALARNI:
Adolfo – 36 anos
SASSI:
Antonio – 41 anos
Santa – 46 anos

 

SIMMI:
Angelo – 40 anos

 

STORCHI:
Teodoro – 40 anos
Elisabetta – 36 anos
Battista – 16 anos
Raffaele – 14 anos
Emilia – 8 anos
Erminia – 7 anos
Ugo – 3 anos
Profissão: Agricultor


VIOLA:
Giuseppe – 36 anos
Rosa – 33 anos
Paride – 9 anos
Profissão: Agricultor


VITA:
Filomena – 30 anos
Profissão: Alfaiate
Destino: Rio

VITO:
Filomena – 31 anos
Mieda – 18 anos

 

ZAGNI:
Bartolo – 38 anos
Rosalio – 37 anos
Attilio – 6 anos
Francesca – 4 anos
Rita – 1 ano

 

ZALLA:
Valentino – 34 anos

 

ZAMADEI:
Gaetano – 49 anos
Rosa – 35 anos
Giuntilio – 18 anos
Maria – 12 anos
Profissão: Agricultor


ZANONI:
Francesco – 44 anos
Emilia – 42 anos
Angello – 13 anos
Ermenegilda – 10 anos

 

ZAURANGONI:
Francesco – 39 anos
Giovanni – 17 anos

 

ZORETTI:
Giuseppe – 32 anos