segunda-feira, 31 de julho de 2023

Da Itália ao Paraná no Vapor Colombo: A Jornada Épica dos Pioneiros Italianos Rumo a um Novo Mundo

 



Emigrantes Italianos Com Destino ao Paraná

Vapor Colombo

Saída Porto de Gênova

Desembarque Porto de Paranaguá  

12 de fevereiro de 1878

 

 

NOME
IDADE
LUGAR DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
TUALDO Gio.Batta 
TUALDO Luigia 
TUALDO Maria 
TUALDO Emanuele 
TUALDO Giuseppe 
TUALDO Tarquino 
TUALDO Silvio
45 
42 
14 
10 


3
VICENZA 





"
Italia 





"
Agricultor 





"
Catholico 





"
ROARO Giovanne 
ROARO Regina 
ROARO Giulio 
ROARO Antonio
38 
36 

3



"
"
"
"
FOGLIATO Francesco 
FOGLIATO Maria 
FOGLIATO Giacomo 
FOGLIATO Cecilia 
FOGLIATO Francesco
35 
33 


2




"
"
"
"
TREVISAN Giuseppe 
TERVISAN Francesca 
TREVISAN Giovanna 
TREVISAN Lucia 
TREVISAN Angela 
TREVISAN Francesco 
TREVISAN Francesco 
TREVISAN Domenico 
TREVISAN Caterina
38 
36 
15 
10 




1








"
"
"
"
PIROTTO Francesco 
PIROTTO Elisabetta 
PIROTTO Giustina 
PIROTTO Francesco 
PIROTTO Costanza 
PIROTTO Maria 
PIROTTO Pietro
35 
30 
10 



1






"
"
"
"
CHEMELO Antonio 
CHEMELO Domenica
30 
30

"
"
"
"
BAGIN Giovanni 
BAGIN Filomena 
BAGIN Maria 
BAGIN Maddalena 
BAGIN Giovanni
42 
10 
15 
11 
4




"
"
"
"
GUERRA Antonio 
GUERRA Maria 
GUERRA Francesca 
GUERRA Gio.Batta 
GUERRA Maria
44 
40 
16 
13 
3




"
"
"
"
BARBIERO Giuseppe 
BARBIERO Bortolo 
BARBIERO Maria
79 
52 
52


"
"
"
"
POTTOLLON(?) Antonio 
POTTOLLON Caterina 
POTTOLLON Giovanni
32 
30 
4


"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
NODARI Sebastianno 
NODARI Angela 
NODARI Luigia 
NODARI Lucia 
NODARI Domenico 
NODARI Romano 
NODARI Maria 
NODARI Emilio
41 
40 
10 




2
VICENZA 






"
Italia 






"
Agricultor 






"
Catholico 






"
LORENZONI Caterina 
LORENZONI Antonio 
LORENZONI Maria 
LORENZONI Giulio 
LORENZONI Andrea 
LORENZONI Gaetano
60 
24 
41(?) 
14 

1





"
"
"
"
MASCHIO Gio Maria(?) 
MARCHIO Angela
27 
22

"
"
"
"
DALLA COSTA Domenico 
DALLA COSTA Maria 
DALLA COSTA Eva 
DALLA COSTA Maria 
DALLA COSTA Costanza 
DALLA COSTA Speranza 
DALLA COSTA Guglielmo
46 
40 
14 
12 
10 

6






"
"
"
"
FINALTI Michele 
FINALTI Angelo 
FINALTI Giovanna
62 
27 
25


"
"
"
"
FORNER Giacomo 
FORNER Maria 
FORNER Antonia 
FORNER Antonio 
FORNER Maria 
FORNER Guglielmo 
FORNER Giordano
41 

39 
14 
10 

0.7






"
"
"
"
GAZZOLA Agostino 
GAZZOLA Lucia 
GAZZOLA Fortunato 
GAZZOLA Alessandro
35 
30 
32 
3



"
"
"
"
MENEGHETTI Valentino 
MENEGHETTI Caterina 
MENEGHETTI Giuseppina
33 
30 
1


"
"
"
"
BIZZOTTO Francesco  
BIZZOTTO Angela 
BIZZOTTO Antonio 
BIZZOTTO Matteo 
BIZZOTTO Giovanni 
BIZZOTTO Orsola 
BIZZOTTO Regina
41 
35 
13 
11 


3






"
"
"
"
BASCAN Valentino 
BASCAN Maria 
BASCAN Amedeo 
BASCAN Sante
32 
26 

3



"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
CECCON Gaetano 
CECCON Cecilia 
CECCON Maria 
CECCON Angelo 
CECCON Margheritta
34 
34 
11 

1
VICENZA 



"
Italia 



"
Agricultor 



"
Catholico 



"
DALLAPOZZA Maria 
DALLAPOZZA Antonio 
DALLAPOZZA Rosa 
DALLAPOZZA Giuditta 
DALLAPOZZA Massimiliano 
DALLAPOZZA Maria
60 
40 
35 


3
"
"
"
"
GHENO Giovanna 
GHENO Maria Angela 
GHENO Bartolomeu 
59 
13 

-
"
"
"
"
PAOLETTO Bortolo 
PAOLETTO Maria 
PAOLETTO Giuseppe 
PAOLETTO Anna 
PAOLETTO Carlo
57 
37 


0.8
"
"
"
"
RIGHI Giovanni 
RIGHI Teresa 
RIGHI Giovanni 
RIGHI Francesco 
RIGHI Emilia
28 
25 


0.5
"
"
"
"
BRAGAGNOLO Pietro 
BRAGAGNOLO Angela 
BRAGAGNOLO Ciriaco 
BRAGAGNOLO Matteo
51 
54 
15 
12
"
"
"
"
MENEGAZ Abramo 
MENEGAZ Pasqua 
MENEGAZ Domenico 
MENEGAZ Pietro 
MENEGAZ Maria 
MENEGAZ Anna
55 
43 
14 


3
"
"
"
"
CARLESSO Bernardo 
CARLESSO Angela 
CARLESSO Giovanni 
CARLESSO Francesco
49 
46 
15 
11
"
"
"
"
TOTONE(?) Andrea 
TOTONE Pasqua 
TOTONE Sebastiano 
TOTONE Lucia 
TOTONE Maria
37 
28 


2
"
"
"
"
GRIGOLETTO Giuseppe 
GRIGOLETTO Maria 
GRIGOLETTO Maria 
GRIGOLETTO Rosa 
GRIGOLETTO Giovanni
33 
33 


1
"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
TRITOLATI Vincenzo 
TRITOLATI Angela 
TRITOLATI Gaetano 
TRITOLATI Giovani 
TRITOLATI Anacleto
32 
27 


1
VICENZA 



"
Italia 



"
Agricultor 



"
Catholico 
 " 


"
MORO Bortolo 
MORO Luigia 
MORO Maria 
MORO Pietro 
MORO Domenica
44 
44 
16 
14 
12
"
"
"
"
BOLZON Pietro 
BOLZON Luigi 
BOLZON Rosa 
BOLZON Giacomo 
BOLZON Adora

26 
23 
22 
0.5
"
"
"
"
STRADIOTTO Antonio 
STRADIOTTO Antonia 
STRADIOTTO Valentino 
STRADIOTTO  Cristina
31 
33 

3
TREVISO 


"
"
"
"
MILANI Antonio 
MILANI Rosa 
MILANI Maria 
MILANI Valentino 
MILANI Caterina 
MILANI Giovanni
40 
34 
16 


1
"
"
"
"
FILIPPIN Giovanni 
FILIPPIN Antonia
22 
21
"
"
"
"
GUIDOLIN Angelo 
GUIDOLIN Angela 
GUIDOLIN Luigi 
GUIDOLIN Giuseppe
59 
57 
19 
16
"
"
"
"
PASINATO Amedeo 
PASINATO Patrizio 
PASINATO Luigia 
PASINATO Pietro 
PASINATO Giuseppe 
PASINATO Angelo 
PASINATO Matteo 
PASINATO Angelo 
PASINATO Gio...
70 
46 
40 
18 
13 
11 


0.18
"
"
"
"
PIEROBOM Antonio 
PIEROBOM Teresa 
PIEROBOM Marco
33 
27 
26
"
"
"
"
CECCHIN Francesco 
CECCHIN Veronica 
CECCHIN Celeste 
CECCHIN Maria 
CECCHIN Gio.Batta 
CECCHIN Vittorio 
CECCHIN Maria
52 
47 
29 
26 
18 
14 
12
"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE  
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
SOUZA Celeste 
SOUZA Domenica 
SOUZA Angelo 
SOUZA Maria 
SOUZA Amedeo 
SOUZA Giovanni 
SOUZA Giuseppe 
SOUZA Angela
37 
37 
14 
12 
10 


2
TREVISO 





"
"
Italia


"



"
Agricultor 






"
Catholico 






"
GAZZOLA Antonio 
GAZZOLA Pietro
65 
30
"
"
"
"
TONIOLO Eugenio 
TONIOLO Maria 
TONIOLO Maria
30 
27 
2
"
"
"
"
STANGHERLIN Sante 
STANGHERLIN Maria 
STANGHERLIN Cesare 
STANGHERLIN Eugenio 
STANGHERLIN Pasquale 
STANGHERLIN Regina 
STANGHERLIN Teresa
63 
53 
27 
23 
16 
13 
11
"
"
"
"
FUGANTI Felice 
FUGANTI Bortolomea 
FUGANTI Lucia 
FUGANTI Virginia 
FUGANTI Rosa 
FUGANTI Cesare 
FUGANTI Pietro 
FUGANTI Caterina 
FUGANTI Romedio
49 
38 
18 
17 
16 
10 


5
TRENTO 







"
"
"
"
TOMAS Gio.Batta 
TOMAS Margherita 
TOMAS Corona 
TOMAS Margherita 
TOMAS Giacomo
36 
28 
10 

2
"
"
"
"
TONIETTI Fortunata 
TONIETTI Maria 
TONIETTI Barbera 
TONIETTI Pietro 
TONIETTI Giorgio 
TONIETTI Giovanni
42 
15 
11 


1
"
"
"
"
PERMIAN Caterina 
PERMIAN Giuseppe 
PERMIAN Carolina 
PERMIAN Maria 
PERMIAN Luigia 
PERMIAN Luigi 
PERMIAN Alessandro 
PERMIAN Gaetano 
PERMIAN Rosa 
PERMIAN Giuseppe
70 
33 
38 
20 
19 
18 
16 
14 
11 
2
VERONA 









"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
VIERO Giovanni 
VIERO Caterina 
VIERO Andrea 
VIERO Giovanna 
VIERO Antonio 
VIERO Santo
43 
40 



1
VICENZA 




"
Italia 




"
Agricultor 




"
Catholico 




"
TOLFO Eurosia 
TOLFO Giovanni 
TOLFO Margherita 
TOLFO Pietro 
TOLFO Drusilla 
TOLFO Fioravante
61 
28 
26 


2
"
"
"
"
RINCO Margherita 
RINCO Luigi 
RINCO Isotta 
RINCO Gio.Batta 
RINCO Giuseppe
70 
35 
36 
11 
2
"
"
"
"
RECCHIA Luigi 
RECCHIA Maria 
RECCHIA Antonio 
RECCHIA Massimiliano 
RECCHIA Benvenuto
32 
25 


1
"
"
"
"
FACCIN Benedetto 
FACCIN Pasqua 
FACCIN Rodolfo 
FACCIN Romano 
FACCIN Guglielma 
FACCHIN Agostino
48 
44 
15 
22 

5
"
"
"
"
MELATTO Michele 
MELATTO Domenica 
MELATTO Clorinda 
MELATTO Paola
27 
25 

2
"
"
"
"
DAL SANTO Bortolo 
DAL SANTO Filomena 
DAL SANTO Maria 
DAL SANTO Natale 
DAL SANTO Rosa
37 
32 
10 

3
"
"
"
"
NOGARA Angelo 
NOGARA Teresa 
NOGARA Lucia 
NOGARA Alessandro 
NOGARA Gio.Batta 
NOGARA Maria
49 
39 
15 
11 

6
"
"
"
"
BROCCARDO Francesco 
BROCCARDO Elena 
BROCCARDO Silvio 
BROCCARDO Aliuto
32 
30 

2
"
"
"
"
RUGGINE Antonio 
RUGGINE Maria 
RUGGINE Attilio
37 
31 
3
"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE 
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
NOGARA Giuseppe 
NOGARADomenica 
NOGARA Teresa 
NOGARA Elisabetta 
NOGARA Rosa
39 
30 
10 

3
VICENZA 



"
Italia



"
Agricultor 



"
Catholico 



"
LOVATO Isidoro 
LOVATO Cristina 
LOVATO Giseppe 
LOVATO Gio.Batta
50 
46 
13 
7
"
"
"
"
GOBBO Mario 
GOBBO Maria 
GOBBO Amalia 
GOBBO Massimiliano 
GOBBO Giuseppe 
GOBBO Petronilla
49 
35 
10 


2
"
"
"
"
COSTA Isidoro 
COSTA Caterina 
COSTA Angela 
COSTA Domenico 
COSTA Rosa
31 
30 


0.7
"
"
"
"
CARLOTTO Antonio 
CARLOTTO Maria 
CARLOTTO Domenico 
CARLOTTO Rosa 
CARLOTTO Andrea 
CARLOTTO Antonio
62 
54 
23 
21 
18 
0.8
"
"
"
"
PELIZZARO Giovanni 
PELIZZARO Giuditta 
PELIZZARORiccardo 
PELIZZARO Rosa
35 
35 

2
"
"
"
"
BISOGNIN Francesco 
BISOGNIN Brigida 
BISOGNIN Isidoro 
BISOGNIN Alessandro 
BISOGNIN Santa 
BISOGNIN Rosa
46 
27 



0.8
"
"
"
"
CREAZZO Luicia 
CREAZZO Luigi 
CREAZZO Angela 
CREAZZO Elena
70 
40 
33 
25
"
"
"
"
GIARETTA Angelo 
GIARETTA Pasqua 
GIARETTA Michele 
GIARETTA Maria 
GIARETTA Antonio
50 
50 
29 
29
"
"
"
"
LORENZON Giovanni 
LORENZON Caterina 
LORENZON Francesco 
LORENZON Pia 
LORENZON Paola
39 
37 


2
"
"
"
"
NOME
IDADE
LOCAL DE  
NASCIMENTO
NAÇÃO
PROFISSÃO
RELIGIÃO
GUERRA Giovanni 
GUERRA Francesco 
GUERRA Orsola 
GUERRA Gio.Batta 
GUERRA Genovieffa
53 
39 
37 
14 
2
VICENZA 



"
Italia 



"
Agricultor 



"
Catholico 



"
LORENZON Francesco 
LORENZON Giovanna 
LORENZON Maria 
LORENZON Giovannina 
LORENZON Giovanni 
LORENZON Pietro
40 
37 



2
"
"
"
"


domingo, 30 de julho de 2023

Da Itália ao Brasil: A História de Francesco e Maria - Uma Jornada de Esperança e Superação


 


Da Itália ao Brasil: A História de Francesco e Maria - Uma Jornada de Esperança e Superação


Era o final do século XIX, uma época de grandes transformações e esperanças para muitas pessoas ao redor do mundo. Em uma pequena aldeia no norte da Itália, vivia um casal de jovens apaixonados, Francesco e Maria, que sonhavam com uma vida melhor do outro lado do oceano. A pobreza e as dificuldades da vida no campo os impulsionavam a buscar novas oportunidades em terras distantes. Com coragem e determinação, Francesco e Maria decidiram embarcar em uma longa travessia pelo Atlântico rumo ao Brasil. A viagem foi árdua e desafiadora, com dias intermináveis de mar revolto e incertezas sobre o futuro. No entanto, a esperança de uma vida melhor os mantinha firmes em seu propósito.
Após semanas de viagem, finalmente avistaram a terra à distância. Era o Brasil, o país que lhes prometia uma nova chance. Desembarcaram em Porto Alegre e, com poucas posses e muitos sonhos, partiram em direção à Colônia Dona Isabel, no Rio Grande do Sul. A chegada à colônia foi um misto de deslumbramento e desafios. A paisagem verdejante e as vastas terras férteis pareciam prometer um futuro próspero. No entanto, a adaptação à nova cultura e a língua desconhecida se mostraram grandes obstáculos. Francesco e Maria encontraram abrigo em uma pequena choupana de madeira e começaram a trabalhar na plantação de trigo de um colonizador local. Os dias eram longos e árduos, com o sol escaldante castigando suas costas e a terra seca exigindo esforço redobrado. Mas eles não desistiram. A cada novo amanhecer, renovavam sua determinação em construir uma vida melhor para si e para as gerações futuras.
Com o passar dos anos, Francesco e Maria prosperaram. Suas lavouras se expandiram, eles construíram uma casa de alvenaria e tiveram filhos. A colônia Dona Isabel se transformou em um pequeno vilarejo, com uma comunidade italiana unida pelo trabalho árduo e pela solidariedade. As tradições italianas foram preservadas, com festas e celebrações que remetiam à terra natal. A comida típica, como a polenta e o vinho, eram apreciados por todos. A língua italiana era falada com orgulho e os costumes transmitidos de geração em geração. Francesco e Maria, orgulhosos de suas raízes e da vida que construíram, viram seus filhos crescerem e se tornarem parte ativa da comunidade. O legado de coragem e perseverança deixado por eles influenciou não apenas seus descendentes, mas também todos aqueles que os cercavam. 
No final do século XIX, a longa travessia do oceano e os primeiros anos na Colônia Dona Isabel no Rio Grande do Sul foram marcados por desafios, mas também por esperança e superação. Francesco e Maria, assim como tantos outros imigrantes italianos, deixaram um legado de trabalho árduo, fé e amor pela terra que escolheram chamar de lar. Sua história é um testemunho da força e da resiliência daqueles que buscam uma vida melhor para si e para seus descendentes.



de Gigi Scarsela
erechim rs




sábado, 29 de julho de 2023

Explorando o Tesouro Arquitetônico de Veneza: Uma Visita a Algumas de Suas Igrejas

 




  • Basílica di Santa Maria della Salute - Localizada no Grande Canal, é uma das igrejas mais icônicas de Veneza. Foi construída no século XVII em estilo barroco, com uma cúpula verde distinta. O interior apresenta várias pinturas e altares elaborados.

  • Igreja de San Zaccaria - Uma das igrejas mais antigas de Veneza, que remonta ao século IX. É conhecida por sua arquitetura gótica e renascentista, bem como por seus muitos afrescos e esculturas.
  • Igreja de San Giorgio Maggiore - Localizada em uma ilha em frente à Praça de São Marcos, a igreja foi projetada por Andrea Palladio no século XVI. Apresenta uma fachada clássica e um interior impressionante, incluindo obras de arte de Tintoretto e Palma il Giovane.
  • Igreja de San Sebastiano - Situada no bairro de Dorsoduro, a igreja é conhecida por suas pinturas de Veronese e é um exemplo do estilo barroco veneziano.
  • Basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari - Uma das maiores igrejas de Veneza, com uma fachada gótica impressionante. O interior apresenta obras-primas de artistas venezianos como Bellini, Donatello e Titian.
  • Igreja de San Pietro di Castello - A igreja principal do patriarcado de Veneza, localizada em uma área residencial menos turística. É uma das igrejas mais antigas de Veneza, com uma história que remonta ao século VIII.
  • Igreja de San Giuseppe di Castello - Localizada próxima à igreja de San Pietro di Castello, é uma pequena igreja que apresenta uma fachada simples e um interior adornado com afrescos e esculturas.
  • Igreja de San Francesco della Vigna - Uma igreja renascentista projetada por Jacopo Sansovino no século XVI. O interior apresenta várias obras de arte, incluindo um afresco de Giuseppe Angeli.
  • Igreja de San Giobbe - Uma pequena igreja no bairro de Cannaregio, com uma fachada simples e um interior decorado com afrescos de artistas venezianos.
  • Igreja de Santa Maria dei Miracoli - Uma pequena igreja que apresenta uma fachada ornamentada e um interior decorado com afrescos e esculturas. É um exemplo do estilo renascentista veneziano.
  • Igreja de San Moisè - Localizada perto da Praça de São Marcos, é conhecida por sua fachada barroca elaborada e seu interior decorado com afrescos e esculturas.
  • Igreja de Santa Maria dei Carmini - Localizada no bairro de Dorsoduro, é uma igreja barroca que apresenta um interior decorado com obras de artistas venezianos.
  • Igreja de San Nicolò dei Mendicoli - Uma pequena igreja no bairro de Dorsoduro, com uma fachada simples e um interior decorado com afrescos e esculturas.
  • Igreja de Santa Maria dei Miracoli: Construída no século XV, a Igreja de Santa Maria dei Miracoli é uma joia do Renascimento veneziano. Ela é famosa por sua fachada externa espetacular, decorada com mármores coloridos em tons pastéis, além de uma série de relevos em terracota. Seu interior também é impressionante, com afrescos e pinturas em ouro e uma série de altares esculpidos em madeira.
  • Igreja de San Moisè: Localizada perto da Piazza San Marco, a Igreja de San Moisè é uma das igrejas mais antigas de Veneza, datando do século IX. A igreja atual foi reconstruída no século XVIII, em estilo barroco, e possui uma fachada impressionante, decorada com estátuas de mármore e uma grande cúpula. Seu interior é rico em afrescos e pinturas em ouro, e possui um altar impressionante.
  • Igreja de Santa Maria dei Carmini: Localizada no bairro de Dorsoduro, a Igreja de Santa Maria dei Carmini é uma igreja gótica do século XV. Ela é famosa por sua fachada em estilo renascentista e por sua nave principal, decorada com afrescos e pinturas em ouro. A igreja também abriga uma série de obras de arte notáveis, incluindo pinturas de Tintoretto e Palma il Giovane.
  • Igreja de San Nicolò dei Mendicoli: Localizada em um bairro tranquilo e menos turístico de Veneza, a Igreja de San Nicolò dei Mendicoli é uma igreja românica do século XII. Ela é famosa por sua fachada simples, com um belo portal em arco, e por seus afrescos medievais bem preservados no interior. A igreja também possui uma torre sineira alta, que oferece uma vista panorâmica da cidade.
  • Igreja de San Polo: Localizada no bairro de San Polo, a Igreja de San Polo é uma igreja barroca do século XVII. Ela é famosa por sua fachada em estilo veneziano e por seu interior impressionante, com uma série de altares esculpidos em madeira e decorados com pinturas em ouro. A igreja também abriga uma série de obras de arte notáveis, incluindo pinturas de Tintoretto e Jacopo Palma il Giovane.
  • Igreja de Santa Maria Formosa: Localizada no bairro de Castello, a Igreja de Santa Maria Formosa é uma igreja românica do século VII. Ela é famosa por sua fachada em estilo bizantino e por seu interior rico em afrescos e pinturas em ouro. A igreja também abriga uma série de obras de arte notáveis, incluindo pinturas de Palma il Giovane e Tintoretto. Além disso, a praça em frente à igreja é um ponto de encontro popular para os moradores locais e um ótimo lugar para sentar e observar a vida veneziana passar.
  • Igreja de San Stae: localizada no sestiere (bairro) de Santa Croce, em Veneza. Sua construção remonta ao século XII, mas a igreja atual foi reconstruída no estilo barroco no século XVII pelo arquiteto Domenico Rossi. San Sten é famosa por sua fachada elaborada e ornamentada, bem como por seu interior ricamente decorado, que inclui obras de arte de artistas venezianos como Giambattista Tiepolo e Jacopo Guarana. A igreja também é conhecida por sediar eventos musicais e culturais, e sua acústica é considerada uma das melhores de Veneza.


sexta-feira, 28 de julho de 2023

Da Glória ao Caos: A Participação da Itália na Segunda Guerra Mundial

 



A entrada da Itália na Segunda Guerra Mundial, um capítulo sombrio da história italiana que deixou marcas indeléveis na nação. A decisão de participar do conflito foi impulsionada por uma combinação complexa de fatores políticos, ideológicos e estratégicos. Naquela época, a Itália estava sob o regime fascista de Benito Mussolini, que buscava restaurar a grandeza do país e expandir seu império. Mussolini acreditava que a guerra era uma oportunidade de alcançar seus objetivos expansionistas e provar a superioridade da Itália como uma potência militar. 
A participação da Itália na guerra foi marcada por uma série de eventos e campanhas militares. A Itália se juntou às forças do Eixo, lideradas pela Alemanha nazista e o Japão, e participou da invasão da Rússia e da Grécia. No entanto, essas campanhas se mostraram desastrosas para as forças italianas.
A invasão da Rússia resultou em pesadas perdas para as tropas italianas. A severidade do inverno russo, a resistência feroz do Exército Vermelho e a extensão geográfica do território russo tornaram a campanha extremamente difícil para as forças italianas, levando a derrotas significativas. Da mesma forma, a invasão da Grécia também terminou em fracasso para as forças italianas. A resistência grega, aliada à intervenção britânica, impulsionou as tropas italianas de volta e resultou em uma derrota humilhante.





Internamente, a Itália também enfrentava desafios. O surgimento dos "partisani", grupos de resistência armada contra o regime fascista, desempenhou um papel importante na luta contra as forças ocupantes. Os partisans se infiltravam nas áreas rurais, montanhas e cidades, realizando ações de sabotagem e ataques contra as tropas alemãs e italianas.
A situação se agravou ainda mais quando o líder fascista Mussolini foi deposto em 1943. A nova liderança italiana assinou um armistício com os Aliados, resultando na ocupação da Itália pelas forças alemãs e no estabelecimento de uma Itália controlada pelos nazistas no norte do país. Essa divisão aprofundou ainda mais a crise política e social na Itália.
A capitulação final da Itália ocorreu em 1945, quando as forças alemãs foram derrotadas e o país foi liberado pelos Aliados. O fim da guerra trouxe consigo uma série de implicações políticas e sociais para a Itália. O fascismo foi desacreditado e banido, levando a um processo de redemocratização e reconstrução do país.
A Itália teve que lidar com o legado do fascismo, processos de justiça e reconciliação, bem como a necessidade de enfrentar os desafios econômicos e reconstruir uma nova identidade nacional. As cicatrizes da guerra e as implicações políticas e sociais perduraram por anos, moldando a forma como a Itália se reergueu e se reconstruiu no pós-guerra.



As implicações políticas foram profundas. A Itália foi transformada em uma república em 1946, através de um referendo que aboliu a monarquia. Esse período também foi marcado pela formação de diferentes partidos políticos, incluindo o Partido Comunista Italiano e a Democracia Cristã, que desempenharam papéis importantes na vida política italiana nas décadas seguintes.
A reconstrução do país foi um desafio significativo. A Itália teve que lidar com a devastação causada pela guerra, a escassez de recursos e a necessidade de reerguer sua economia. No entanto, o país demonstrou resiliência e determinação para se reconstruir, impulsionado pela ajuda financeira dos Estados Unidos por meio do Plano Marshall.
A sociedade italiana também passou por transformações sociais e culturais. O trauma da guerra e a experiência de ocupação deixaram marcas na memória coletiva, moldando a forma como os italianos percebiam a si mesmos e o mundo. A literatura, o cinema e a arte refletiram essas mudanças, explorando as cicatrizes e as esperanças do pós-guerra.
Além disso, as implicações sociais se manifestaram no surgimento de movimentos de memória e justiça, que buscaram investigar os crimes de guerra e os abusos cometidos durante o período fascista. A Itália teve que lidar com o passado sombrio e enfrentar seu legado, promovendo uma reconciliação nacional e buscando a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
A participação da Itália na Segunda Guerra Mundial teve consequências duradouras e complexas. As perdas humanas e materiais foram significativas, e o país teve que enfrentar os desafios da reconstrução, reconciliação e redemocratização. No entanto, a Itália emergiu dessa época sombria com uma nova visão de si mesma e uma determinação para construir um futuro melhor. A história da participação italiana na Segunda Guerra Mundial serve como um lembrete das profundas consequências dos conflitos e da importância de aprender com o passado para moldar um futuro mais pacífico e próspero.


quinta-feira, 27 de julho de 2023

De Rovigo a Província de São Paulo: A História de uma Família de Emigrantes Italianos - parte 2








A Vida na Fazenda 



Domenico era o segundo filho homem de uma família de dez irmãos que moravam na localidade de Rasa, província de Rovigo. Durante algum tempo, na sua juventude, trabalhou como empregado em uma grande plantação de arroz, justamente no local onde conheceu Giuseppina, a sua esposa. O namoro foi bastante rápido e logo resolveram se casar. O matrimônio foi realizado em Villa d’Adige, a pequena localidade onde a família de Pina morava há já várias gerações. Como o pai de Giuseppina havia falecido alguns meses após o casamento, o casal resolveu ficar morando na propriedade da família. Os cunhados eram ainda muito jovens e necessitavam de ajuda. Chegaram mesmo a pensar em se mudar para a cidade de Villa Bartolomea, na província vizinha de Verona, a convite de outros parentes que lá já estavam estabelecidos, mas, para não deixar a família da esposa desamparada, se fixaram na mesma vila onde Pina havia nascido. Era uma localidade muito afastada, pequena e atrasada, formada por poucas famílias, todas muito pobres, que viviam do trabalho nas plantações de arroz como diaristas. Domenico e Pina continuaram trabalhando nessas plantações de arroz da região onde, nos primeiros anos, não faltava serviço. Tiveram seus seis filhos naquela localidade, mas, não viam nenhuma possibilidade de progredir naquele local em que a pobreza só crescia. Devido aos impostos cobrados pelo novo governo, muitas fazendas fecharam e os proprietários emigraram para outros países. O desemprego começou a crescer, chegando a um ponto insuportável. As condições de vida do casal começaram a piorar após a morte do pai de Domenico, Giacomo Risottoni, que sempre os ajudava com o que podia, acometido por uma doença grave que consumiu os recursos de toda a família com médicos e remédios. Foi quando então resolveram emigrar para o Brasil seguindo o exemplo de milhares de outros italianos. Na ocasião, com Domenico também partiram, para o mesmo destino no Brasil, seus dois irmãos: Giuseppe, o mais velho deles, com a esposa Giulia e cinco filhos e o mais novo, que se chamava Antonio, ainda solteiro, acompanhado da mãe Luigia, então viúva com 57 anos. Entre os componentes do grupo de mais cinquenta pessoas também estavam vários primos e dois tios de Domenico, Giovanni Battista e o Francesco, acompanhados das suas esposas. 
Na fazenda Coquinhos, depois do impacto negativo da chegada, quando todos do grupo de imigrantes só pensavam em desistir de tudo e procurar um outro local para viverem, mas precisaram cair na realidade e se adaptar, tal qual dezenas de outros co-nacionais que ali também estavam trabalhando. A fazenda tinha aproximadamente quinhentos empregados, a quase maioria deles eram italianos. Toda aquela região da província de São Paulo, era rica em terras roxas, com relevo, altitude e clima bem definidos, favoráveis à cultura do café. Os colonos contratados recebiam um pagamento fixo pelo cultivo dos pés de café e um pagamento variável pela quantidade de frutos colhidos. Além disso, podiam criar pequenos animais e produzir alimentos para sustento da família na fazenda e vender o excedente. O pagamento de um ano era dividido entre os meses e distribuído no primeiro sábado de cada mês, tornando-o um dia de folga para compras e visitas. Ao chegarem ao Brasil, as famílias vindas da Itália eram relativamente jovens, em plena fase produtiva e reprodutiva, compostas em sua maioria só por casais ou por casal com filhos solteiros e pequenos. Ao contratar o colono, o fazendeiro contratava o trabalho de todos os elementos da família. Na cafeicultura paulista, o termo “colono” e “família colona” tem o mesmo significado. O número de pés de café sob a responsabilidade do colono era estipulado em contrato estabelecido com a fazenda e atribuído conforme o número de membros da família colona aptos ao trabalho. Os termos do contrato geralmente eram mais favoráveis ao fazendeiro, a quem, era permitido aplicar multas e demitir o empregado quando quisesse. A mentalidade dos fazendeiros paulistas era ainda aquela escravagista, em uso a mais de 200 anos e os colonos nem sempre conseguiam tolerar os maus tratos que sofriam. Muitas foram as reclamações enviadas de várias fazendas para o consulado italiano em São Paulo registrando crimes de agressão sofridos pelas famílias de imigrantes. As violências contra as mulheres italianas eram muito frequentes, pois os fazendeiros ainda não estavam acostumados a lidar com pessoas com direitos. Outros abusos eram adulterando pesos e medidas, subestimando a quantia realmente plantada ou colhida pelo trabalhador. Eles confiscavam produtos e, principalmente, usavam multas para limitar suas despesas. Até o motivo mais fútil era o suficiente para deduzir quantias consideráveis do caderno de contas do colono. As multas se tornam cada vez mais frequentes com a queda do preço interno do café. Devido à distância da fazenda até a cidade mais próxima, dependiam de produtos alimentícios que não podiam produzir como farinha, açúcar, sal e se abasteciam no armazém da própria fazenda que os explorava, cobrando  preços mais caros que na cidade. 
A jornada diária de trabalho dos empregados da Fazenda Coquinhos era muito dura, se estendia durante todo o ano do nascer do sol ao anoitecer, sempre sob a vigilância de fiscais de turma, que se reportavam diretamente ao administrador da propriedade. Acordavam às 5 da manhã e às 6h, com o tocar dos sinos da fazenda, partiam para mais um dia de trabalho no cafezal. Eles trabalhavam em média 12 horas por dia, podendo chegar a até 14 horas, não tinham registro em carteira, nem direito a férias ou outros benefícios. A estrutura familiar dos imigrantes se mantinha intocável como era na Itália, onde o pai era o chefe da família, com divisão das tarefas entre cada membro do clã, sendo que o serviço doméstico, o cuidado das crianças, idosos ou inválidos, era reservado para as mulheres da família. Ao pai cabia a palavra final na divisão das tarefas e nas decisões familiares. As mulheres quando grávidas, trabalhavam até a hora do parto, quando de carroça eram levadas para casa, muitas vezes ocorrendo o nascimento da criança no próprio veículo. Muitos bebês nasciam no meio do cafezal, sob a sombra de um cafeeiro e logo era enrolada em panos que a gestante havia reservado. Muitas fazendas tinham a sua capela, onde eram celebradas missas aos domingos, que os colonos podiam comparecer. Outras delas, como no caso onde Domenico e sua família foram parar, só recebia a visita mensal de um padre, que na ocasião fazia casamentos e batizados. O casamento era uma instituição obrigatória para a constituição das famílias dos imigrantes que se casavam muitas vezes somente no religioso e mais tarde faziam a cerimônia civil. A cidade mais próxima ficava a mais de três horas de caminhada e somente lá existia cartório para o devido registro do matrimônio. Através do batismo dos filhos se fortaleciam os laços de amizade entre as diversas famílias de imigrantes. Logo no primeiro ano de estadia na fazenda, Pina voltou a engravidar e deu à luz a um outro menino que Domenico deu o nome de Settimo, por ser o sétimo filho do casal. Por sorte Pina era muito forte e sadia sendo assistida pela sogra Luigia, que também era parteira. As condições sanitárias das casas dos empregados da Fazenda Coquinhos não eram boas. Frequentemente surgiam doenças graves que podiam invalidar um trabalhador e às vezes até matá-lo, como malária, varíola, febre amarela, tracoma e ancilostomose que também estavam presentes em quase todas as fazendas de café. Na fazenda só possuíam atendimento para casos simples de ferimentos e como a fazenda se localizava longe de centros urbanos, nos demais casos necessitavam se deslocar em carroça para obter atendimento médico. Esses eram caros e as visitas domiciliares quando necessárias eram caríssimas, e uma doença de curta duração podia desfazer os ganhos de meses ou mesmo de anos de trabalho. Domenico lembrava muito bem de quando o seu irmão mais novo Antonio, foi picado por uma cobra venenosa e ficou gravemente enfermo, necessitando sua remoção para uma cidade próxima, onde precisou ficar hospitalizado por alguns dias. A vida do rapaz corria sério perigo, inclusive de perder uma perna e o médico chamado para consultá-lo não tinha esperanças de salvá-lo na fazenda e resolveu pela hospitalização. As despesas médicas foram pagas pelo fazendeiro que emprestou o dinheiro para eles para ser devolvido no acerto mensal. Toda a família de Domenico precisou se cotizar para ajudar a pagar a dívida com o dono da fazenda. 
Já tinham se passado seis anos desde quando chegaram na fazenda e agora praticamente não deviam mais nada ao fazendeiro. A família de Domenico também havia crescido no Brasil com o nascimento de mais três filhos, sendo que agora eles eram dez ao todo. Como não havia escola na fazenda e nem próximo dela, era Giovanni Battista, o irmão mais velho de Domenico, que sabia ler e escrever, ainda que precariamente, que tentava suprir esta falta. 
Domenico e a família, algum tempo depois da chegada, percebendo as duras condições de trabalho na fazenda, a vida difícil que levavam e a falta de perspectivas para o futuro, chegaram à conclusão que a emigração não tinha trazido grandes vantagens para eles em termos de progresso: continuavam sob as ordens de um duro patrão, ainda permaneciam pobres e, sobretudo, depois desses anos passados ainda não tinham conseguido um dos principais objetivos que os tinha levado até o Brasil, que era obter a própria terra para cultivar. Durante os anos de trabalho na fazenda conseguiram fazer algumas economias, juntando o que ganhavam com o contrato de trabalho com o café e o que conseguiam obter vendendo o excedente dos produtos agrícolas que plantavam. Giuseppina, com as duas filhas mais velhas e a sogra Luigia eram muito espertas e negociantes, vendiam ovos, pães, doces e bolos que faziam. Uma vez por semana, quando o tempo permitia, iam de carroça até Mogi Mirim, a cidade mais próxima da fazenda, para vender o que produziam. O que produziam era de boa qualidade e chegaram a ter muitas freguesas fixas que faziam encomendas. A ideia de Domenico era adquirir uma pequena chácara na periferia dessa cidade usando as economias guardadas. Deixariam a fazenda assim que conseguissem o terreno que sonhavam. Ele e Pina pensavam muito na educação e no futuro dos filhos. A cidade estava crescendo rapidamente e poderiam conseguir algum emprego no comércio ou em uma pequena fábrica local e os filhos poderiam frequentar uma escola e mais tarde também trabalharem.

Continua 

Trecho do Conto "A História de uma Família de Emigrantes Italianos" de 
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS





quarta-feira, 26 de julho de 2023

Laços Eternos: A Dor do Adeus entre Mãe e Filho Emigrantes


 

Laços Eternos: 
A Dor do Adeus entre Mãe e Filho Emigrantes


Nos versos entrelaçados da saudade, 
A dor da despedida se faz presente, 
Uma mãe, um filho, um destino incerto, 
Emigrantes que partem, vidas diferentes.

O coração aperta, a voz se quebra, 
A mãe abraça seu filho com ternura, 
O tempo, implacável, escorre pelas mãos, 
E o peso da despedida lhe tortura.

No olhar profundo da mãe aflita, 
A certeza triste de um adeus eterno, 
Pois sabe que jamais se reencontrarão, 
O filho parte, destino ao Brasil, seu inverno.

As lágrimas rolam silenciosamente, 
Misturando-se ao sorriso desfeito, 
Um abraço apertado, um beijo sentido, 
É o amor que se expressa em cada gesto feito.

A mãe segura o filho em seu peito, 
Guardando na memória o seu sorriso, 
Sabendo que a distância os separará, 
E que esse encontro será um sonho impreciso.

As mãos que se afastam num adeus, 
São laços que se soltam pelo ar, 
A mãe, a mulher, com coragem enfrentam, 
O desconhecido, o futuro a desbravar.

Emigrantes, almas corajosas, 
Enfrentam o mar em busca de uma vida nova, 
A mãe, com seu coração apertado, 
Vê seu filho partir, num adeus que a comove.

Nas palavras não ditas, a esperança persiste, 
De que o filho encontre a felicidade, 
E que mesmo distantes, os laços se fortaleçam, 
Em memórias, em cartas, em saudades.

A despedida é um capítulo amargo, 
Na história que a vida insiste em escrever, 
Mas o amor de mãe e filho é eterno, 
E mesmo distantes, nunca irá perecer.

Que a jornada do filho seja repleta de luz, 
Que a vida lhe reserve sorrisos e paz, 
E que no coração da mãe a lembrança perdure, 
Do filho que partiu, mas nunca desvanecerá.

Em versos, nesta poesia entrelaçada, 
Celebro a coragem da mãe e do filho, 
Que mesmo separados, estarão ligados, 
Por laços de amor, que nem o tempo abala.


de Gigi Scarsela
erechim rs



segunda-feira, 24 de julho de 2023

Da Trincheira ao Amor: A Vida de um Ex-Soldado Austríaco e sua Enfermeira Italiana parte 4




Esperaram mais alguns meses, pela chegada do verão para finalmente embarcarem. Rodolfo e Mariana fizeram as malas e tomaram um trem até Trieste, o porto mais próximo, onde ele sabia  que partiam regularmente, antes da guerra,  navios com destino à América. Compraram as passagens de terceira classe para economizar o dinheiro que Rodolfo ganhou dos pais e dos seus soldos atrasados. De última hora resolveram que o destino seria alguma cidade de Santa Catarina, onde morassem pessoas que falavam o alemão ou o italiano. Depois de uma longa espera pelo navio, hospedados em uma modesta pensão não muito longe do cais, finalmente embarcaram, estreando os novos passaportes com identidade italiana. A viagem durou menos de vinte dias e foi muito tranquila sem grandes tempestades ou doenças a bordo. Desembarcaram no Porto do Rio de Janeiro e com um outro navio se dirigiram até Florianópolis, a capital do estado de Santa Catarina. O casal já tinha conhecimento, pelas cartas dos parentes de Mariana, moradores em Rodeio, que uma grande olaria, de propriedade de uma importante família alemã, tinha sido construída próxima da cidade de Blumenau a qual,  com freqüência, estavam admitindo novos funcionários. Para morar, compraram por bom preço, uma antiga casa de quatro cômodos em estilo enxaimel, que já se encontrava abandonada a algum tempo e  necessitava de alguns reparos. O terreno era grande, uma chácara, fora da cidade, perto da qual passava o grande rio Itajaí. Mariana, pelas  suas qualificações como ex-enfermeira de guerra, não demorou  a  encontrar trabalho em uma Casa de Saúde, antigamente   conhecida como hospital alemão. Rodolfo demorou um pouco mais, mas, também encontrou trabalho, sendo admitido como funcionário da olaria. Como sabia ler e escrever em alemão, língua falada pela maioria da população da cidade e região, conseguiu uma boa colocação no escritório da fábrica de telhas e tijolos. Assim começaram a nova vida no Brasil.

Continua
Trecho do conto "Da Trincheira ao Amor" de
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS