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quarta-feira, 3 de abril de 2024

A Jornada de Matteo de Assisi para o Brasil

 


Nas montanhas verdejantes que circundavam a pitoresca vila não longe de Assisi, na região da Umbria, a parte central da Itália, nasceu Matteo, filho de Giovanni e Maria. Era uma manhã ainda fria de primavera quando ele veio ao mundo, envolto nas esperanças e nas expectativas de seus pais, que há muito tempo trabalhavam na terra fértil da região.
Desde os primeiros momentos de sua vida, Matteo foi imerso na beleza rústica e na simplicidade da vida campestre. Cresceu entre os campos ondulantes de oliveiras e vinhas, respirando o ar fresco das montanhas e ouvindo os cânticos dos pássaros que pairavam nos céus azuis.
Seu pai, Giovanni, era um mezzadro respeitado na comunidade, um homem que dedicava suas horas ao trabalho árduo nos campos em troca de uma modesta parcela de terra para cultivar. Sua mãe, Maria, era o coração do lar, uma mulher forte e amorosa que cuidava da casa e dos filhos com dedicação inabalável.
Matteo cresceu rodeado pelo calor da família e pela solidariedade dos vizinhos. Na pequena vila natal, próxima de Assisi, onde todos se conheciam pelo nome e compartilhavam alegrias e tristezas, ele encontrou um senso de pertencimento que moldaria sua visão de mundo nos anos seguintes.
Enquanto o tempo passava, Matteo testemunhava as estações mudarem, cada uma trazendo consigo suas próprias bênçãos e desafios. Ele aprendeu com seu pai os segredos da terra, trabalhando lado a lado nos campos desde tenra idade, enquanto absorvia as histórias e os ensinamentos dos mais velhos na vila.
No entanto, mesmo em meio à tranquilidade da região, Matteo não conseguia ignorar as histórias de parentes e amigos que partiram em busca de oportunidades além-mar. A situação economica da Itália no pós guerra impedia o desenvolvimento e a criação de novos postos de trabalho para uma população que crescia nas cidades pelo abandono do campo. Embora seu coração estivesse profundamente enraizado na terra que o viu nascer, ele sabia que o mundo além das montanhas guardava segredos e possibilidades desconhecidas.
E foi assim que, apesar de sua resistência inicial, Matteo se viu confrontado com uma escolha difícil em 1924, quando a Itália ainda estava se recuperando da guerra, uma série de más colheitas e dificuldades financeiras assolaram sua família e muitos outros na vila. A tentação da emigração tornou-se irresistível, e junto com outras famílias da província, Matteo embarcou em uma jornada incerta em direção ao Brasil, deixando para trás as colinas verdejantes e os laços de sangue que o ligavam à sua terra natal.
Após desembarcar no Porto do Rio de Janeiro, Matteo se encontrou diante de uma paisagem completamente diferente daquela que deixara para trás na Itália. As ruas movimentadas, os sons estridentes e a mistura de culturas o deixaram maravilhado e um pouco atordoado. No entanto, ele sabia que ali estava apenas o início de uma nova jornada.
Ao chegar em Santos e subir a Serra do Mar até São Paulo, Matteo contemplou as vastas plantações de café que se estendiam pela região, compreendendo a magnitude da economia cafeeira que impulsionava o estado. Em São Paulo, ficou tentado a se estabelecer na cidade, seduzido pela promessa de oportunidades infinitas, mas o convite de seu amigo de infância o levou a seguir rumo ao interior até Ribeirão Preto.
Ao chegar em Ribeirão Preto, Matteo imergiu profundamente no universo da construção civil. Seu domínio das técnicas de alvenaria, cultivado desde a infância enquanto auxiliava um tio em suas empreitadas, rapidamente o destacou pela destreza e dedicação. Logo, viu-se envolvido em projetos audaciosos e desafiadores, contribuindo para erigir os fundamentos de uma cidade em pleno crescimento.
Enquanto se entregava ao trabalho árduo durante o dia, Matteo mergulhava de corpo e alma na riqueza da cultura brasileira durante suas horas de folga. Determinado a se integrar completamente, ele dedicou-se a aprender o idioma local, imergindo em festas tradicionais e estabelecendo laços de amizade que transcendiam fronteiras. Foi em uma dessas celebrações que o destino o presenteou com Giulia, uma mulher cativante, cujas raízes italianas ecoavam as suas próprias. O amor entre eles floresceu de forma arrebatadora e rápida, guiando-os a decidir, em pouco tempo, unirem-se em matrimônio.
Com Giulia como sua companheira, Matteo descobriu uma fonte renovada de motivação para alcançar o sucesso. Unidos, eles ergueram sua morada e deram vida a uma família. Matteo persistiu em sua jornada na construção civil, eventualmente fundando sua própria empresa, que ascendeu para se tornar uma das mais conceituadas da região. Enquanto isso, Giulia dedicava-se incansavelmente ao lar e aos filhos, espelhando a mesma devoção e amor que ele testemunhara em sua própria mãe.
Ao longo dos anos, Matteo testemunhou o florescimento de Ribeirão Preto diante de seus olhos, como um jardim que desabrochava com o tempo. Novas ruas foram meticulosamente pavimentadas, imponentes arranha-céus ergueram-se majestosos onde outrora se estendiam campos abertos, e a cidade transformou-se em um polo econômico vital na região. Enquanto isso, seus filhos foram criados imersos na rica herança italiana que Matteo trouxera consigo, mas também absorveram avidamente as oportunidades oferecidas pelo Brasil em constante evolução.
Matteo, agora idoso, contempla o passado com um coração transbordando de gratidão pela jornada que o conduziu até este ponto. Ele se regozija com o trabalho árduo que desempenhou, com as memórias preciosas que acumulou ao longo dos anos e com a família que teve a honra de construir ao lado de Giulia. Embora as montanhas verdejantes da Umbria permaneçam como um cenário nostálgico em sua mente, ele reconhece plenamente que encontrou um novo lar, uma nova pátria, e uma vida repleta de realizações e significado no caloroso coração do Brasil.



quarta-feira, 13 de março de 2024

A Jornada de Rosalia: da Sicília ao Brasil - Uma História de Luta e Superação



Rosalia já era uma senhora na casa dos sessenta anos quando seu genro, Donato, casado com sua filha caçula, Giuditta, resolveu emigrar, seguindo o destino dos milhares de outros camponeses por todo o país. Na casa da última filha, tinha encontrado abrigo logo após a morte prematura do marido em um acidente de trabalho cinco anos antes. A Itália ainda era um país muito novo, recém-unificado no agora chamado Reino da Itália, e passava por sérias dificuldades econômicas. O Sul, onde viviam, foi assolado por vários anos de guerras e convulsões sociais, não sendo mais um lugar adequado para criar uma família. A falta de trabalho, o subemprego e a fome já rondavam muitos lares da pequena vila no interior da Sicília. Donato e Giuditta, casados há cerca de doze anos, tinham seis filhos, todos com idades abaixo de onze anos. Rosalia e seu falecido marido Giacomo, por sua vez, haviam tido quatro filhas, todas agora casadas e morando nos Estados Unidos para onde tinham emigrado alguns anos antes. Estavam distantes uma das outras, em cidades diferentes. Rosalia mantinha contato regular com elas através de cartas e sabia que todas estavam bem, que tinham inúmeros filhos, todos saudáveis e alguns já frequentando as escolas americanas.
Rosalia estava enraizada na sua pequena vila, onde era conhecida e estimada por todos, mas agora estava sem outra opção senão seguir a filha mais nova para o Brasil, destino escolhido pelo casal, para ajudá-la a cuidar dos seis netos. O genro e a filha haviam sido contratados, assim como centenas de outras famílias compatriotas, para trabalhar em uma grande fazenda de café no interior de São Paulo, na região de Ribeirão Preto. Depois de muitos dias de viagem de navio, chegaram ao porto de Santos e dali até um local de Ribeirão Preto, não muito distante da fazenda, o trajeto até ali foi feito de trem. A grande plantação de café pertencia a um único proprietário, o qual tinha o título de Barão e, na época da escravidão, havia tido mais de seiscentos escravos. Foi justamente para uma casa bastante humilde desses antigos trabalhadores que a família de Rosalia foi alojada. Na verdade, era um velho casebre, cujo piso de terra batida e paredes de barro delimitavam quatro pequenos aposentos com janelas. Alguns móveis toscos completavam a mobília. Apesar de serem pobres na Itália, o que encontraram naquela fazenda deixou todos muito desanimados. Perceberam que tinham deixado de trabalhar para um dono de terras na Itália para depender de outro patrão em outro país. O marido de Giuditta havia assinado um contrato de trabalho de quatro anos, para ter direito à passagem gratuita e a todos os traslados da Itália até a fazenda. Esse contrato, que incluía todos os membros da família, explicitava que eles ficariam responsáveis pelos cuidados de limpeza de mil pés de café, deviam também ajudar na colheita e transporte dos grãos de café até os grandes terreiros de secagem. Tinham permissão para cultivar uma pequena horta e criar alguns animais pequenos em volta da casa. Eram acordados bem cedo todas as manhãs, com o som de um grande sino que ficava não longe da casa de um dos capatazes. Deviam se dirigir a pé por alguns quilômetros, subindo e descendo ladeiras no meio de longas filas de cafeeiros, até o local onde, às seis horas, iniciavam o trabalho. O almoço e as vezes a água deviam levar de casa. Tinham uma breve pausa de meia hora para fazer a refeição à sombra de algum pé de café. Como a fazenda ficava longe de qualquer cidade, o proprietário mantinha um grande armazém para suprir seus empregados. Geralmente, o preço cobrado era muito mais alto do que os praticados no comércio das cidades. Quando chegavam os dias de pagamento, os imigrantes percebiam que haviam muitos descontos com a diminuição nos valores que deviam receber. Somando a precariedade das instalações onde foram alocados, este procedimento desagradou muito a todos eles, mas, presos a um contrato que só favorecia o patrão, não podiam abandonar a propriedade. Um imigrante só podia deixar a fazenda após o período combinado de quatro anos e ainda após quitar todas as dívidas contraídas com o patrão, sob pena de ter que ressarcir o fazendeiro de todas as despesas de viagem da família, o que para eles era impossível. A essas despesas, muitas vezes, eram somados gastos com médicos, remédios ou internações hospitalares, que o fazendeiro pagava e depois descontava dos seus empregados. Donato e Giuditta compravam no armazém da fazenda somente o estritamente necessário e faziam todo esforço possível para não contraírem dívidas, a fim de um dia poderem deixar a fazenda, mas isso ainda estava longe de acontecer.
Rosalia, em sua juventude, havia aprendido com sua avó paterna, uma reconhecida curandeira, a arte de tratar doenças e ferimentos usando chás, poções e emplastros de ervas recolhidas da natureza. Também com sua avó, aprendeu a arte de "arrumar ossos" e também trazer ao mundo os bebês, não só da sua vila, mas também daquelas mais próximas. Ela tinha o dom natural de curar enfermos com suas ervas e isso pôde demonstrar centenas de vezes nos anos em que morou na fazenda. Muitos imigrantes moradores na grande propriedade recorriam à velha Rosalia para curar seus males, aliviar seus sofrimentos, costurar seus ferimentos ou mesmo reduzir suas fraturas. Ela via nessa sua atividade uma espécie de sacerdócio provido por Deus e, por isso, nunca cobrava pelos seus trabalhos, mas aceitava doações e presentes dos seus pacientes, o que constituía uma verdadeira fonte de recursos para a família. Na fazenda ainda morava morava uma antiga escrava, que sempre tinha exercido este trabalho de curandeira, porém, agora, com quase cem anos de idade, doente sem poder enxergar direito e não podendo mais caminhar, não tinha mais condições de tratar ninguém.  Rosalia, nas suas poucas horas vagas, a visitava com frequência e com ela foi aprendendo a reconhecer as centenas de ervas brasileiras, as suas propriedades e indicações terapêuticas, agregando ao conhecimento que ela tinha trazido da Itália. A jovem esposa de um dos capatazes, que também compreendia bastante de italiano, servia de intérprete entre Rosalia e a velha curandeira.
Aos poucos, a família foi economizando e guardando todo o dinheiro que conseguiam ganhar para a tão sonhada liberdade. Nos domingos após a missa na capela da fazenda, e também quando conseguiam alguma folga, iam a pé até a então pequena cidade de Ribeirão Preto, a mais próxima da fazenda. Nessas visitas, fizeram vários amigos na localidade, imigrantes como eles, que os ajudaram com muitas informações valiosas. Além de comprarem por melhor preço as coisas que faltavam, evitando o armazém da fazenda, aproveitavam para sondar os preços dos terrenos que estavam à venda, especialmente aqueles maiores e um pouco mais afastados do centro. Foi assim que, um dia, quando já haviam se passado quatro anos desde a chegada na fazenda, Rosalia, que sabia ler e escrever, muito comunicativa e astuta, ficou sabendo através de uma amiga, que também se tratava com ela, de um negócio de ocasião, uma pequena chácara com ótima casa e belo arvoredo, não muito afastada do centro da cidade. O proprietário, um imigrante italiano, estava querendo vender para voltar para a Itália, pois sua esposa não aguentava mais ficar no Brasil longe de seus familiares. O preço e as condições de pagamento eram bastante convidativos e cabiam perfeitamente dentro das economias da família. Donato e Giuditta ao saberem não perderam tempo, solicitaram a permissão de se ausentar por um dia da fazenda, o que não foi negado pelo capataz, desde que fosse descontado do pagamento. Foram até Ribeirão Preto e fecharam a compra da chácara, pagando quase todo o valor em dinheiro vivo e o restante em duas prestações. Depois de dois meses, em uma manhã ensolarada, deixaram definitivamente a fazenda após se despedirem dos amigos e do capataz geral.
Estabeleceram-se em Ribeirão Preto e a primeira providência de Donato foi arrumar um trabalho que pudesse garantir o sustento da família. Analfabeto, encontrou um emprego condizente nas turmas de reparo da rede ferroviária, com possibilidades de melhorias de posto e vencimentos com o passar dos anos. Com alegria, aceitou a oportunidade e trabalhou a vida toda na rede ferroviária, no final alcançando o posto de chefe geral das turmas de manutenção. Giuditta, desde menina hábil costureira e uma das filhas mais velhas, abriu um salão de costuras e reparos na própria casa. Com o tempo, a freguesia foi aumentando e o nome de Giuditta e sua filha Maria Augusta tornaram-se sinônimos de boa costura em Ribeirão Preto, costurando para a alta sociedade local. Rosalia continuou com seu trabalho de parteira e de curar os enfermos, se tornou uma afamada curandeira e arrumadora de ossos, muito requisitada pelos membros da grande colônia italiana da região, mas não só, inclusive jogadores de times de futebol a procuravam com frequência. Com seu trabalho sério chegou a atrair até a alta sociedade local que a procurava em massa. Quando nona Rosalia, como era conhecida, faleceu, já com quase noventa anos, teve um dos maiores funerais vistos em Ribeirão Preto. Em vida, entre vária honrarias, recebeu o título de cidadã honorária. Após a morte seu nome foi dado para uma das ruas da cidade e para uma pequena praça, próxima à casa onde viveu, na qual foi erguido um belo busto de bronze, que a retrata com perfeição, uma homenagem da municipalidade pelos importantes serviços prestados. Seu túmulo logo tornou-se local de peregrinação durante todo o ano e, por ocasião de Finados, fica até hoje repleto de flores e velas, recebendo uma verdadeira multidão de admiradores que formam longas filas para homenagea-la com uma oração.


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Imigração Italiana no Brasil: Impactos e Desafios

 



A partir do final da década de 1870, a emigração italiana para o Brasil passou a adquirir contornos mais definidos e ganhar proporções consideráveis, culminando em um fenômeno de massa. Este movimento exerceu um papel decisivo no crescimento demográfico do país sul americano. Os italianos desempenharam um papel crucial no processo de modernização do Brasil contemporâneo, contribuindo ativamente para o desenvolvimento da economia de exportação, da industrialização e dos processos de politização e nacionalização das massas. Muitos deles, especialmente os mais empreendedores, deixaram o campo, onde inicialmente se estabeleceram, para se aventurar nos setores de serviços, comércio e varejo, impulsionando significativamente o rápido desenvolvimento das cidades brasileiras. Entretanto, o caminho para alcançar esse status foi repleto de desafios, ilusões e desilusões, esperanças e desistências, saudades e uma inabalável determinação.
Mas o que motivou o governo brasileiro a acolher tantos imigrantes italianos e quais expectativas trouxeram um número tão expressivo deles para o vasto e distante Brasil? O território brasileiro sempre apresentou uma dicotomia marcante: de um lado, riquezas naturais abundantes, como ouro, diamantes e minerais; do outro, uma escassez extrema de mão de obra, capaz apenas de atender às necessidades básicas. Os colonizadores portugueses, que dominavam a vasta colônia, buscaram resolver esse problema trazendo milhares de escravos da África. Inicialmente, essa mão de obra escrava foi fundamental para a extração de madeira nobre e para sustentar a indústria açucareira. Posteriormente, foi empregada na criação de gado e, mais tarde ainda, na exploração das minas de ouro e diamantes. O Brasil se apresentava, assim, como um tesouro imenso que carecia de mãos para explorá-lo plenamente.
Com o advento do cultivo do café, a partir de 1840, o Brasil passou a dominar o mercado mundial. No entanto, essa prosperidade estava intrinsecamente ligada à mão de obra escrava. Com a abolição da escravidão em 1888, o Brasil enfrentou uma grave crise de mão de obra, uma vez que os ex-escravos não estavam mais dispostos a trabalhar para seus antigos senhores. Para um país constantemente às voltas com a escassez de mão de obra, esse foi um verdadeiro desafio. Alguns anos antes da promulgação da Lei Áurea, pela princesa Isabel, os grande produtores rurais de cana remanescentes e os cafeicultores viram no crescimento do movimento abolicionista, com a aprovação do parlamento de diversas leis que favoreciam os escravos, como Lei do Ventre Livre e a dos Sexagenários, começaram a pensar em utilizar trabalho assalariado em suas lavouras, o que para o Brasil era uma grande novidade na época, aproveitando o excedente de mão de obra nos países europeus que passavam por uma superpopulação e desemprego.
Diante desse cenário, o governo brasileiro vislumbrou na Itália uma possível solução para o problema. Acreditava-se que os italianos, especialmente aqueles das regiões do Vêneto que tinham preferencia, por serem pacíficos, brancos, católicos e conhecidos por sua diligência e respeito ao trabalho, poderiam suprir a demanda por trabalhadores e, ao mesmo tempo, contribuir para "clarear" uma raça considerada "muito escura" pelas autoridades imperiais. Assim, na segunda metade do século XIX, o governo brasileiro começou a promover ativamente a imigração italiana, oferecendo viagens gratuitas e promessas de terras para cultivo.
Os camponeses italianos, muitos dos quais enfrentavam condições de vida miseráveis e sem perspectivas de melhoria, viram na oferta do governo brasileiro uma oportunidade de escapar da pobreza e construir uma vida melhor para si e suas famílias. No entanto, o caminho rumo a essa nova vida foi marcado por desafios e dificuldades. Ao chegarem ao Brasil, muitos foram enviados para áreas selvagens e insalubres, onde substituíram os escravos libertos nas grandes fazendas de café.
A vida nessas fazendas e também nas colônias não foi fácil, especialmente após o entusiasmo inicial se dissipar e os imigrantes perceberem as duras realidades que teriam que enfrentar, como a falta de amparo religioso pela falta de igrejas e padres, a escassa e, em muitas áreas do Rio Grande do Sul inexistente assistência médica, a falta de educação, o isolamento e os diversos conflitos com os povos indígenas locais. Nas fazendas de café, a situação era ainda mais difícil, com exploração no preço dos alimentos fornecidos no armazém da fazenda, no preço pago pelo trabalho que muitas vezes sofriam diminuição de valores combinados, violência física, abusos sexuais e condições de vida deploráveis nos casebres a eles destinados, uma vez a senzala dos antigos escravos. Os proprietários das grandes fazendas e seus capatazes, não estavam acostumados a lidar com pessoas livres e tratavam os imigrantes italianos com brutalidade, da mesma forma como antes faziam com os indefesos escravos. Isso foi motivo de inúmeras desavenças, algumas graves, que necessitaram intervenção da polícia, como as ocorridas no interior de São Paulo.  
Apesar de todas essas adversidades, os italianos aos poucos conseguiram se estabelecer em diversos setores da economia brasileira, contribuindo para a modernização do país. A século e meio após a chegada dos primeiros imigrantes italianos ao Brasil, seu legado ainda é lembrado com afeto, admiração e reconhecimento, testemunhando a importância e a influência dessa comunidade na história e na cultura brasileira.



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

A História da Imigração Italiana no Paraná



A colonização do Paraná teve início em 1816 com a chegada dos colonos açorianos a Rio Negro, marcando um começo gradual na formação de núcleos coloniais. Até 1853, apenas três colônias haviam sido estabelecidas, acolhendo um total de 420 imigrantes. Até 1864, apenas mais duas colônias foram fundadas. Desde os primeiros momentos de sua autonomia política e administrativa, os líderes paranaenses buscaram uma política de imigração adaptada às suas necessidades. Ao contrário de outras regiões do Império, onde a imigração visava suprir a falta de mão de obra na agricultura de exportação, no Paraná, priorizava-se a agricultura de subsistência.
Este cenário, contudo, persistiu, e apenas com colonos trabalhadores e respeitosos habitando suas vastas e férteis terras, a abundância de alimentos e o excesso de produção reviveriam o comércio de exportação agrícola. Os governantes provinciais subsequentes buscaram implementar planos de colonização com base na criação de colônias agrícolas próximas a centros urbanos.
Entre as décadas de 1830 e 1860, imigrantes alemães estabeleceram-se nos arredores de Curitiba, especialmente nas partes norte, noroeste e nordeste da cidade, contribuindo para um notável crescimento demográfico. Observando o sucesso da colonização nas áreas circundantes, novos projetos foram concebidos para intensificar a colonização do planalto de Curitiba, do litoral e de outras regiões do Paraná. A partir de 1870, esse programa foi intensificado, especialmente durante a administração de Lamenha Lins, seguindo a tendência nacional de reativar a imigração.
A década de 1870 marcou o início da imigração italiana no Paraná. Os governos provinciais geralmente delegavam a colonização a empresas privadas, que traziam imigrantes por meio de concessões de terras acessíveis. Em 1871, um contrato entre o Governo da Província do Paraná e o empresário italiano Savino Tripoti planejou o estabelecimento de imigrantes italianos no litoral.
O primeiro grupo de colonos chegou ao porto de Paranaguá em fevereiro de 1875, estabelecendo-se em Alexandra, mas a colonização enfrentou dificuldades devido às condições climáticas e deficiências administrativas. Para acomodar os colonos, o Governo Provincial criou a Colônia Nova Itália em 1877, com sede em Morretes, qual também teve vida breve devido a má administração do empreendimento e desentendimentos do empresário com o governo da província.
As experiências negativas em Alexandra e Nova Itália desestimulou a colonização no litoral, levando muitos imigrantes a se mudarem para o planalto. Nos anos seguintes, mais italianos se estabeleceram no Paraná, especialmente em Curitiba. A maioria era originária das regiões do Vêneto e do Trentino. Após a Segunda Guerra Mundial, houve uma retomada do processo migratório, com italianos contribuindo para o desenvolvimento industrial da região.



sábado, 27 de janeiro de 2024

Destino: Brasil - A Odisseia Inesquecível de uma Família de Imigrantes




No mês de janeiro de 1836, nas acidentadas terras de Cesiomaggiore, cercada por altas montanhas, repletas de neve naquela época do ano, Giacomo veio ao mundo, um homem destinado a traçar uma jornada que moldaria o destino de gerações da sua família. Maddalena, nascida em 1835 em Arsiè, seria sua companheira nessa odisséia, uma mulher alta e forte, com determinação e amor tão profundos quanto as raízes das árvores que testemunhariam sua saga.
O casal de pequenos agricultores trouxe à vida uma família vibrante, começando com Giuseppe, o primogênito, nascido em 1858 em Cesiomaggiore, sendo a escolha do seu nome uma homenagem ao avô paterno, Giuseppe, cujo nome ressoava nas colinas como um tributo à tradição familiar. Logo, Maria Augusta veio ao mundo em 1860, seguida por Beatrice em 1861 e Giovanni Battista em 1863, todos nascidos na mesma cidade de Cesiomaggiore, na província de Belluno. Uma família unida, mas inquieta, cujo destino se entrelaçaria com a imensa vastidão do Brasil.
A história da família ganhou uma nova dimensão em 1875, quando todos, de Giacomo e Maddalena aos filhos e netos, decidiram embarcar em uma jornada épica para terras desconhecidas localizadas do outro lado do grande e temeroso oceano. O irmão mais novo de Giacomo, nascido em 1842, casado com Fiordalise, e seus filhos Angelo e Augusto, completavam a caravana que se aventuraria muito além dos horizontes familiares. O governo imperial brasileiro, necessitando urgentemente de mão de obra estava concedendo a passagem grátis até o novo local de trabalho, para as as famílias que aceitassem o convite para se transferirem para o grande país. Foi a oportunidade que tiveram para abandonar de forma definitiva aquele novo país no qual sempre viveram, mas que agora depois da unificação, não reconheciam mais. Lá, o desemprego grassava em todas as regiões, a má alimentação e a fome assolavam suas vítimas, forçando milhares de pessoas a buscarem um novo lugar para garantir seu sustento diário, bem distante daquelas circunstâncias adversas. 
A viagem, da pacata Belluno até o movimentado porto de Genova, foi uma experiência marcante. O desconhecido trem conduziu-os pela paisagem italiana, antes que embarcassem no navio Adria, enfrentando as intempéries do oceano. Duas tempestades memoráveis desafiaram sua resiliência, mas a determinação de deixar uma Itália desconhecida superou as adversidades. Apesar de tudo estavam felizes porque sabiam que um mundo melhor os aguardava.
O desembarque no porto do Rio de Janeiro, em janeiro de 1869, marcou o início de uma nova fase. Ficaram dois dias hospedados na Hospedaria dos Imigrantes, aguardando ansiosos o navio Rio Negro, que os conduziria à Colônia Dona Isabel no longíquo Rio Grande do Sul.
A bordo do Rio Negro, entre centenas de outros sonhadores, a família enfrentou seis dias de travessia até desembarcarem no porto de Rio Grande. Grandes barracões comunitários de madeira, onde quase não havia privacidade, os abrigaram por quase quinze dias, enquanto esperavam pela chegada dos barcos fluviais que os levariam até a cidade de Montenegro, o local mais próximo à tão aguardada Colônia Dona Isabel.
A travessia pela grande Lagoa dos Patos até Porto Alegre, e a subsequente subida do rio Caí por mais de sete horas, culminaram na chegada ao porto da pequena cidade de Montenegro, o local mais próximo que poderiam chegar de barco ao seu destino final. Um breve descanso de um dia precedeu a preparação para a jornada final até a colônia, que se fazia com carroças e mulas transportando os poucos pertences do grupo. Os homens, as mulheres aptas e as crianças maiores, caminhavam ao lado das carroças, enquanto as pequenas e as mulheres grávidas seguiam nas grandes carroças. O trecho era pedregoso e difícil, a maior parte dele percorrido em subida. Ao chegarem na colônia sempre acompanhados por funcionários do governo brasileiro, que serviam de guias, foram acomodados em outros barracões de madeira esperando a liberação dos seus lotes de terra.
No dia seguinte, os homens, determinados, partiram para conhecer e ajudar demarcar as terras adquiridas do governo. As mulheres e as crianças permaneceram nos barracões enquanto os alicerces do sonho eram estabelecidos. Como eram três famílias, cada uma adquiriu um grande lote 500.000 metros quadrados cada, uma área de terra vasta, coberta por uma vegetação exuberante e rios que seriam testemunhas da prosperidade por vir. Haviam realizado o sonho da propriedade acalentado por todos. Agora deixariam de calar sempre e dividir a safra com o patrão dono da terra. Eles agora eram os patrões. Com orgulho diziam "Desso, qua, in coesto paradiso, naltri ghe semo i paroni"!
Os primeiros anos foram bastante árduos, com derrubada de florestas, construção de casas precárias e o desbravamento do solo para plantio de milho e trigo. A colheita da primeira safra inaugurou uma era de melhoria nas condições de vida, e a família floresceu. Ao longo dos anos, cresceram não apenas em número, mas em riqueza e sucesso, tornando-se um exemplo do espírito pioneiro que impulsionou tantos imigrantes italianos na construção do Rio Grande do Sul.
Assim, a história dessa família italiana se entrelaçou com as paisagens verdejantes do Brasil, uma narrativa de coragem, determinação e sucesso que ecoa através das gerações.


Texto 
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Nascimento a Bordo

 

Navio Principe de Asturias


Após uma longa e angustiante viagem de trem, durante a qual poucos passageiros conseguiram dormir, em um trajeto repleto de paradas nas inúmeras estações ao longo de todo o percurso, ocasião em que outras famílias de emigrantes, assim como eles, foram se juntando nos vários vagões da composição. Finalmente, chegaram à estação da cidade de Gênova, a última etapa em terras italianas, antes de se aventurarem, não sem grandes preocupações, nas águas do desconhecido oceano. Ainda estava muito escuro, numa madrugada fria de final de inverno. Enquanto se esforçava para vislumbrar a cidade que ainda se escondia na forte neblina matinal, que encobria quase totalmente a cidade e parte do porto, Cesco, como era carinhosamente chamado pelos pais e seus doze irmãos e irmãs que havia deixado na antiga casa paterna, percebeu com o coração apertado que a decisão tomada alguns meses antes, juntamente com sua jovem esposa Maria, não tinha mais volta. Estava realmente apreensivo, com muito medo da longa travessia, principalmente com o que o destino reservara para eles, mas, ao mesmo tempo, feliz com a decisão tomada e com as perspectivas de uma nova vida no tão sonhado Brasil, o distante "el Dorado" da América.
Maria, apesar de seu avançado estado de gravidez, também não conseguira dormir quase nada durante a viagem, pois Betina, a primogênita de pouco mais de um ano, deitava-se entre suas pernas. Sua família desaprovava a mudança para o exterior naquela situação, justamente por causa da gravidez, pois ela poderia passar mal e ter o bebê no navio.
Maria era a terceira filha de um casal de camponeses, naturais de um pequeno município localizado quase na divisa das províncias de Treviso com Belluno, que em outros tempos já havia conhecido uma importância maior. Maria e todos os seus irmãos nasceram em uma pequena vila do município de Quero. Além das duas irmãs mais velhas, já casadas, Maria tinha outros quatro irmãos homens, todos mais jovens. Na antiga casa, além dos pais e irmãos, moravam também os avós, já com idade avançada, mas ainda gozando de boa saúde e úteis nos trabalhos do campo.
Ao casar, Maria passou a morar na casa dos pais de Cesco no município de Alano di Piave, distante cerca de 15 km da sua casa paterna. Francesco e sua esposa Maria tinham a mesma idade, 22 anos, e já estavam casados há dois anos. Ele era o primogênito de um casal de pequenos trabalhadores rurais sem terra, que tiveram oito filhos, sendo cinco homens e três mulheres. O pai de Cesco era um empregado rural diarista, trabalhava na propriedade de uma família com passado nobre, que morava na cidade de Treviso. Ambas as famílias eram muito pobres, mas, apesar das dificuldades, sempre conseguiram alimentar bem todos os filhos.
As oportunidades de trabalho no meio rural existiam há séculos. A economia italiana, especialmente no caso deles, no Veneto, sempre foi baseada na agricultura, a qual, infelizmente, não conseguiu se modernizar na velocidade necessária para suprir a população sempre crescente do novo país. O novo reino também demorou muito tempo para se industrializar e acompanhar o progresso de outras nações europeias. Essa situação de atraso crônico da Itália, agravada após a unificação e a criação do reino da Itália, foi o impulso que levou milhões de italianos a buscarem fora do país o sustento diário. O desemprego nas zonas rurais aumentou consideravelmente, e a fome começou a aparecer em muitas regiões do país, especialmente nas zonas montanhosas, as primeiras a cogitarem deixar definitivamente a Itália.
A partir de 1875, não suportando mais a situação, ocorreu uma grande debandada de italianos para o exterior, a qual só arrefeceu com o início da I Grande Guerra, retomando logo após o término do conflito, porém, não mais com o mesmo ímpeto anterior. Em 1890, quando Francesco e Maria embarcaram, milhões de outros italianos, do norte ao sul da península, já tinham deixado definitivamente o país em busca de melhores oportunidades em países distantes do outro lado do oceano, especialmente nos Estados Unidos, Brasil e Argentina. Foi nesse ano que o casal Francesco e Maria, com a pequena Betina, finalmente realizou o sonho de tentar a sorte em um novo país, o Brasil, que tanto tinham ouvido falar através das cartas do tio Masueto, que tinha partido com a família nas primeiras levas de emigrantes.
Deslumbrados com a grande cidade de Gênova, o jovem casal dirigiu-se a uma pequena e barata estalagem, localizada em uma rua vizinha do cais. O embarque estava programado para daqui a dois dias, e na situação em que se encontrava Maria, não poderiam ficar ao relento todo esse tempo. Ainda fazia frio, e as madrugadas eram bastante geladas, especialmente pelo vento que vinha do mar. Apesar do pouco dinheiro que traziam, não havia outra opção para eles.
No dia do embarque, logo cedo, dirigiram-se ao cais onde o navio já estava ancorado. Um grande número de pessoas se amontoava no guichê de embarque, homens carregando grandes sacos e baús com seus pertences, e as mulheres levando os seus filhos. Do convés, ouviam-se ordens gritadas e os marujos correndo pelo tombadilho, ultimando os últimos preparativos para o embarque. No cais, um frenesi desordenado de carroças e carregadores de bagagens ao lado do grande navio a vapor. Subitamente, um longo apito agudo, seguido por dois outros mais graves, anunciava o início da admissão dos passageiros no barco.
Pela longa escada inclinada, encostada ao lado da embarcação, os passageiros subiam ordenadamente em fila, com os bilhetes de viagem e o passaporte nas mãos, as famílias agrupadas entre si, com as crianças pequenas agarradas nas saias das mães. O primeiro contratempo inesperado surgiu ao entrarem no interior do barco, que para eles parecia um verdadeiro monstro que os tinha engolido. Um dos membros da tripulação, com pouca paciência, separava os homens e os meninos maiores de oito anos das mulheres, meninas e crianças pequenas. As acomodações eram separadas por sexo.
Os grandes salões dormitórios, com o teto baixo e sem janelas, localizados nos porões do grande navio, consistiam de várias longas filas de beliches, de duas camas, fixados entre si e no piso. Nas extremidades de cada uma dessas filas, tinham colocado um grande balde de madeira com tampa, que deveria servir como sanitário para os passageiros fazerem as suas necessidades. Não havia muito conforto e nem privacidade. As instalações sanitárias e até mesmo a água eram insuficientes para o grande número de passageiros embarcados. O ambiente nesses dormitórios era quente, úmido e dele exalava um odor insuportável, depois de alguns dias de viagem.
O Matteo Bruzzo zarpou de Gênova em direção ao Porto de Nápoles, levando mais de seiscentos passageiros, a maioria imigrantes venetos e lombardos com destino ao Brasil e Argentina. Em Nápoles, subiram a bordo mais outros quinhentos passageiros, todos emigrantes provenientes de várias províncias do sul da Itália. A lotação, como quase sempre acontecia, já havia ultrapassado o número legal de passageiros permitido pela lei; entretanto, as autoridades portuárias faziam vista grossa e o ilícito se repetia a cada viagem.
Com exceção de algum enjoo e vômitos no início da viagem, Maria estava bem e suportando o duro trabalho de cuidar da Betina, que, amedrontada, exigia mais atenção do que o costume. As refeições servidas a bordo eram até relativamente boas, e tanto Maria como Cesco não tiveram problemas em se adaptar. Tudo ocorria tranquilamente, com a grande embarcação sulcando águas calmas, até quando chegaram próximo à linha do Equador, onde a temperatura era muito mais quente, e o mar começou a ficar mais agitado devido aos fortes ventos.
No final de uma tarde muito quente e abafada, o céu ficou carregado por ameaçadoras nuvens escuras e, de repente, iniciou-se uma grande tempestade, com ventos bastante fortes que faziam a água do mar saltar acima do convés, molhando cadeiras e outros equipamentos ali amarrados. Os passageiros foram proibidos de ficar ali e receberam ordens expressas para se dirigirem aos seus dormitórios. O navio balançava furiosamente, e as grandes ondas produziam um barulho ensurdecedor batendo como martelos no costado do barco. Objetos soltos nos dormitórios eram arremessados, e os passageiros precisavam se segurar para não caírem. A tripulação corria de um lado para o outro verificando todos os cantos do navio para ver se havia alguma infiltração da água do mar. O pânico começou a tomar conta dos passageiros, que tiveram a sensação de que iriam morrer afogados.
Maria, que estava sozinha em um dos dormitórios femininos, junto à filha Betina, ficou muito agitada e com medo, começou a se sentir mal, com enjoo e fortes cólicas na barriga. Ficou na sua cama, agarrada com a filha na esperança de que as dores aliviassem. Entretanto, elas não cessavam; pelo contrário, estavam cada vez mais frequentes. Maria, desesperada, pediu para chamar o marido que, avisado, prontamente correu para encontrá-la. O que os familiares de Maria temiam estava acontecendo; era evidente que as dores do parto haviam começado. O médico de bordo foi chamado, e depois de examiná-la, encaminhou-a diretamente para a enfermaria, tudo isso no meio da gritaria e correria causada pela tempestade, a qual não dava um minuto de trégua, balançando freneticamente o grande navio. Não demorou muito tempo e um forte choro anunciou o nascimento de Tranquilo, o segundo filho do casal Maria e Francisco. Como já estavam em águas brasileiras, o bebê seria registrado com essa nacionalidade.
Maria tinha leite em abundância, e o pequeno recém-nascido tinha um grande apetite. Com exceção do primeiro choro, o bebê era calmo e sossegado, o que corroborou a prévia escolha do nome que os pais fizeram, em homenagem ao pai de Francisco, que tinha este nome, cumprindo-se assim uma antiga tradição vêneta.
Depois de mais três dias, chegaram ao Porto do Rio de Janeiro, desembarcando na Ilha das Flores e sendo levados para a Hospedaria dos Imigrantes, onde foram abrigados por mais alguns dias. Até chegar ao porto, o navio costeiro Rio Negro, que os levaria até o Rio Grande do Sul, a jornada da família de Cesco ainda estava longe de terminar. Centenas de passageiros que viajavam no Matteo Bruzzo não desembarcaram no Rio de Janeiro, seguindo com o mesmo navio para a Argentina, que era seu destino final.
Com a chegada do vapor Rio Negro, Cesco e a família, acompanhados por várias dezenas de outros passageiros, embarcaram novamente, para mais oito dias de viagem até o Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Desembarcaram e foram alojados em grandes barracões de madeira, sem conforto ou privacidade. Deveriam ficar esperando pela chegada dos barcos fluviais, que os levariam rio Caí acima até a colônia Caxias.
Há vários anos, um tio de Cesco havia emigrado com toda a sua família logo no início da fundação da colônia Caxias, alguns anos antes. Pela correspondência que recebiam do tio, ficaram sabendo das grandes oportunidades que ali existiam para aqueles que queriam trabalhar. O tio Mansueto e um sócio tinham uma grande fábrica de carroças naquela colônia, e não foram poucas as vezes que convidava os parentes na Itália para se juntarem a ele. Como Cesco, apesar de jovem, era um bom carpinteiro, esta foi uma das razões do casal ter escolhido a colônia Caxias para viverem. Esperava trabalhar na empresa do tio e, se possível, mais tarde, quando tivesse juntado algum dinheiro, abrir a própria carpintaria.
Depois de quase dez dias de espera naqueles incômodos barracões, finalmente chegou o dia de embarcarem novamente em direção à nova vida. Embarcaram no vapor Garibaldi, um pequeno vapor fluvial, e, seguindo pelo rio Guaíba, atravessaram a Lagoa dos Patos até a cidade de Porto Alegre, a capital do Rio Grande do Sul. Nesse ponto, desembocavam vários importantes rios que vinham do interior do estado. Tomaram a direção do Rio Caí e começaram a lenta subida de quase dez horas, seguindo contra a forte correnteza, até o Porto Guimarães, na cidade de São Sebastião do Caí, onde então desembarcaram.
Desse porto até a Colônia Caxias, ainda deveriam percorrer um longo trecho pela irregular e acidentada estrada Rio Branco, a pé ou em carroças, levando no colo os dois filhos e os poucos pertences que tinham trazido. Fizeram uma parada para descanso e abastecimento e, no dia seguinte, partiram em direção à grande colônia, seu destino final. Foram recebidos pela família do tio Mansueto, com inúmeros primos que Cesco ainda não conhecia.
Francisco trabalhou duramente por alguns anos na fábrica de carroças do tio, demonstrando grande talento como carpinteiro, sendo elogiado por todos os clientes. Alguns anos mais tarde, já respeitável chefe de família com uma prole de oito filhos, abriu a sua própria oficina, aventurando-se em grandes obras como construções de igrejas e moinhos movidos por água, suas duas especialidades com as quais se tornou famoso e solicitado em toda a região de colonização italiana da Serra Gaúcha.
Tranquilo, o filho mais velho, nascido durante a viagem de navio para o Brasil, desde muito pequeno tinha um especial interesse no trabalho do pai, sempre o acompanhando alegremente como ajudante na oficina e durante suas frequentes viagens. Cresceu ajudando o pai e, logo, do qual aprendeu o ofício e, apesar da pouca idade, se tornou conhecido como um excelente mestre de obras, construtor de grandes obras como igrejas, pavilhões e moinhos coloniais movidos a água e, posteriormente, a eletricidade.



Texto
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Trama de Transformações: O Crepúsculo da Escravidão e a Saga dos Imigrantes na Reconstrução do Brasil





À medida que as décadas do século XIX desenrolavam-se, uma complexa trama de debates se desdobrava no Brasil em torno do declínio da odiosa prática da escravidão. Nesse contexto histórico, medidas políticas significativas, como a promulgação da Lei Aberdeen, promulgada em 1845, foi uma legislação britânica que tinha como objetivo reprimir o tráfico de escravos. Essa lei concedia à Marinha Real britânica o poder de interceptar navios negreiros estrangeiros suspeitos de estarem envolvidos no comércio de escravos e de confiscar essas embarcações. Ela fazia parte dos esforços internacionais para combater o tráfico transatlântico de escravos. A Lei Eusébio de Queirós em 1850, a Lei do Ventre Livre em 1871 e a Lei dos Sexagenários em 1885, surgiam como respostas ao movimento que visava extinguir o sistema escravista que por tanto tempo tinha assolado o solo brasileiro. No cerne desse conjunto legislativo, destacava-se, de maneira proeminente, a promulgação de 1888, a Lei Áurea, com a abolição da escravidão no Brasil, que sancionava de forma incontestável o fim do trabalho escravo no Brasil. Contudo, tal decisão acarretou um colossal desafio para os fazendeiros, agora confrontados com a penúria de mão de obra nas vastas plantações. Diante desse impasse, a solução encontrada foi a contratação de trabalhadores estrangeiros, com milhares de italianos, suíços, alemães e japoneses sendo atraídos para contribuir principalmente nas fazendas de café, notadamente no Estado de São Paulo.
A principal motivação para a vinda desses imigrantes residia na escassez de oportunidades de emprego provocada pela Revolução Industrial, cujo avanço tecnológico redundou na dispensa de uma considerável parcela da força de trabalho nas fábricas. Nesse cenário, a emigração tornou-se a alternativa buscada pelos imigrantes para driblar o desemprego.
Ao pisarem em solo brasileiro, os imigrantes eram absorvidos pelo sistema de parceria. Nesse esquema, os fazendeiros custeavam a viagem dos imigrantes, impondo-lhes, assim, um início de jornada já marcado pela dívida. Ademais, trabalhavam em parcelas específicas de terra nas fazendas, com os frutos e prejuízos das colheitas sendo compartilhados. Todavia, em razão do controle disciplinador exercido sobre os trabalhadores, estes frequentemente mal podiam se ausentar das fazendas. Além disso, o fazendeiro detinha o monopólio da venda de mercadorias essenciais, como roupas, alimentos e remédios, mantendo o imigrante perpetuamente endividado, já que o sistema de parceria favorecia invariavelmente os fazendeiros. Diante dessas circunstâncias adversas, muitos imigrantes optaram por não eleger o Brasil como destino, dirigindo-se a outras regiões das Américas, como a Argentina. Percebendo o iminente esgotamento da mão de obra, os grandes fazendeiros reformularam a dinâmica laboral, passando a remunerar os imigrantes com uma quantia fixa, abrindo mão, assim, do sistema de parceria. Somente com essa transição é que os trabalhadores estrangeiros recuperaram a confiança em escolher o território brasileiro como sua morada.
Para além de atuarem como força de trabalho nas fazendas, os imigrantes faziam parte de um projeto político mais amplo no Brasil, cujo intento era o embranquecimento da sociedade. O objetivo era transformar o país em uma nação predominantemente composta por pessoas de ascendência europeia, refletindo a discriminação, à época, da elite brasileira em relação às misturas raciais entre indígenas, africanos e europeus. Esse ambicioso projeto visava moldar o Brasil conforme uma civilização assemelhada à dos países europeus, onde a predominância de pessoas brancas era notável em comparação com a população negra.
Assim, esse período histórico caracterizou-se por profundas transformações na sociedade brasileira, e em decorrência dessa transição do trabalho escravo para o assalariado, o Brasil abriga atualmente colônias japonesas, alemãs e italianas, contribuindo para a formação de uma sociedade rica em diversidade cultural e costumes.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS



sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Jornada Além-Mar: Narrativas Inéditas dos Navios que Desembarcaram Imigrantes no Brasi

Navio Espagne

 

NroPesq.Nome NavioCapitão NavioPorto OrigemSaídaDestinoChegadaLista Passageiro
1FJKErnestineAntuérpia,Rio de Janeiro20/02/1862
2FJKEmmaC.HerbothBremenRio de Janeiro22/05/1862
3FJKCezar??Rio de Janeiro09/07/1862
4FJKGrefin KnyphousenHannoverRio de Janeiro06/10/1863
5FJKBrazilRio de JaneiroSanta Catarina (Desterro?S.Francisco?)21/10/1883
6CHH, REPeter & MarieHeinrich HintzeHamburg27/07/1824Rio de Janeiro12/11/1824
7CHH, REDer KranichClaus Friedrich BeckerHamburg25/09/1824Rio de Janeiro1/1825
8FJKDer Kranich (2ª Viagem)Claus Frederico BeckerHamburg9/10/1825Rio de Janeiro (Armação da Praia Grande)09/01/1826
9SF, FJKJules DufauréMarseilleRio de Janeiro24/01/1875
10SF, FJK???GenovaRio de Janeiro26/06/1877
11SF, FJKWilhelnGenovaRio de Janeiro10/12/1879
12SF, FJKHohryelenGenovaRio de Janeiro14/01/1880
13SF, FJKPoitouNapoliRio de Janeiro03/11/1880
14SF, FJKBaltimoreGenovaRio de Janeiro13/12/1880
15SF, FJKKolunGenovaRio de Janeiro14/04/1880
16SF, FJKPampaGenovaRio de Janeiro20/04/1880
17SF, FJKBerlinGenovaRio de Janeiro18/12/1880
18SF, FJKHalsburgGenovaRio de Janeiro12/01/1883
19SF, FJKMariaGenovaRio de Janeiro21/07/1883
20SF, FJKNigerBordeauxRio de Janeiro14/12/1883
21SF, FJKScriviaGenovaRio de Janeiro15/12/1883
22SF, FJKPolceveraGenovaRio de Janeiro25/01/1884
23SF, FJKScriviaGenovaRio de Janeiro22/03/1884
24SF, FJKRighiGenovaRio de Janeiro28/01/1885
25SF, FJKBisagnoGenovaRio de Janeiro16/02/1885
26SF, FJKNapoliGenovaRio de Janeiro09/06/1886
27SF, FJKUmberto IGenovaRio de Janeiro05/08/1886
28SF, FJKCenísioGenovaRio de Janeiro28/01/1886
29SF, FJKOrioneGenovaRio de Janeiro17/02/1886
30SF, FJKPerscoGenovaRio de Janeiro08/04/1886
31SF, FJKValparaísoHamburgRio de Janeiro29/05/1886
32SF, FJKRighiGenovaRio de Janeiro22/01/1887
33SF, FJKRighiGenovaRio de Janeiro20/02/1887
34SF, FJKSan MarcoGenovaRio de Janeiro19/02/1887
35SF, FJKSavailGenovaRio de Janeiro30/01/1887
36SF, FJKAdriaGenovaRio de Janeiro14/05/1887
37SF, FJKRomaGenovaRio de Janeiro18/06/1887
38SF, FJKParaguayGenovaRio de Janeiro18/07/1887
39SF, FJKBirmaniaGenovaRio de Janeiro20/10/1887
40SF, FJKParaguayGenovaRio de Janeiro18/06/1887
41SF, FJKAdriaGenovaRio de Janeiro18/06/1887
42SF, FJKS.GottardoGenovaRio de Janeiro03/05/1885
43SF, FJKRomaGenovaRio de Janeiro17/09/1887
44SF, FJKMalabarGenovaRio de Janeiro17/11/1887
45SF, FJKGenovaRio de Janeiro07/12/1887
46SF, FJKBirmâniaGenovaRio de Janeiro25/12/1887
47SF, FJKG.MazziniGenovaRio de janeiro03/01/1888
48SF, FJKIndepend.(sic)GenovaRio de Janeiro15/01/1888
49SF, FJKAdriaGenovaRio de Janeiro16/01/1888
50SF, FJKC.IquenGenovaRio de Janeiro04/02/1888
51SF, FJKParaguayGenovaRio de Janeiro18/02/1888
52SF, FJKGiavaGenovaRio de Janeiro21/03/1888
53SF, FJKCheribonGenovaRio de Janeiro20/03/1888
54SF, FJKAdriaGenovaRio de Janeiro14/09/1888
55SF, FJKLybanGenovaRio de Janeiro03/06/1888
56SF, FJKAdriaGenovaRio de Janeiro16/06/1888
57SF, FJKAdriaGenovaRio de Janeiro02/10/1888
58SF, FJKMalabarGenovaRio de Janeiro19/10/1888
59SF, FJKHindoustanGenovaRio de Janeiro18/11/1888
60SF, FJKGenovaRio de janeiro11/11/1888
61SF, FJKMalabarGenovaRio de Janeiro18/11/1888
62SF, FJKBirmaniaGenovaRio de janeiro15/12/1888
63SF, FJKGotardoGenovaRio de Janeiro30/12/1888
64SF, FJKCacharGenovaRio de Janeiro23/01/1889
65SF, FJKIndepend.GenovaRio de Janeiro30/01/1889
66SF, FJKBananalGenovaRio de Janeiro07/02/1889
67SF, FJKHindoustanGenovaRio de Janeiro21/02/1889
68SF, FJKGuintillaGenovaRio de janeiro19/08/1889
69SF, FJKC. de RomaGenovaRio de Janeiro18/03/1890
70SF, FJKSaraéGenovaRio de Janeiro17/04/1890
71SF, FJKM.BruzzoNapoliRio de Janeiro05/06/1890
72SF, FJKAdriaGenovaRio de Janeiro03/10/1890
73SF, FJKManillaGenovaRio de Janeiro21/11/1890
74SF, FJKPacíficaGenovaRio de Janeiro23/11/1890
75SF, FJKSavoieGenovaRio de Janeiro01/12/1890
76SF, FJKHumberto IGenovaRio de Janeiro06/12/1890
77SF, FJKAdriaGenovaRio de Janeiro31/12/1890
78SF, FJKBearnGenovaRio de Janeiro01/01/1891
79SF, FJKRosarioGenovaRio de janeiro17/01/1891
80SF, FJKSud AmericaGenovaRio de Janeiro03/02/1891
81SF, FJKManillaGenovaRio de Janeiro06/02/1891
82SF, FJKTibetGenovaRio de Janeiro04/01/1891
83SF, FJKC.GenovaGenovaRio de Janeiro30/01/1891
84SF, FJKVittoriaGenovaRio de Janeiro21/02/1891
85SF, FJKRio GrandeRio de JaneiroParanaguá07/10/1888
86SF, FJKRio NegroRio de JaneiroParanaguá18/11/1888
87SF, FJKRio de JaneiroRio de JaneiroParanaguá, PR26/10/1888
88SF, FJKRio NegroRio de JaneiroParanaguá, PR26/11/1888
89SF, FJKLadárioRio de JaneiroParanaguá, PR10/01/1889
90SF, FJKParanáRio de JaneiroParanaguá, PR15/01/1889
91SF, FJKRio GrandeRio de JaneiroParanaguá, PR25/01/1889
92SF, FJKRio GrandeRio de JaneiroParanaguá, PR27/02/1889
93SF, FJKVictóriaRio de JaneiroParanaguá, PR04/03/1889
94SF, FJKVictoriaRio de JaneiroParanaguá, PR13/10/1890
95SF, FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá, PR03/11/1890
96SF, FJKOndinaRio de JaneiroParanaguá, PR27/02/1889
97DB, FJKZanzibarKruseHamburg20/06/1873São Francisco d Sul (SC)06/09/1873
98DB, FJKHumboldtH.D. Busch???15/04/1876São Francisco do Sul (SC)11/06/1876
99GC, FJKGuanabaraRio de JaneiroParanaguá29/12/1891
100FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá03/04/1892
101FJKRio PardoRio de JaneiroParanaguá11/04/1892
102FJKRio de JaneiroRio de JaneiroParanaguá24/04/1892
103FJKRio ParanáRio GrandeParanaguá26/04/1892
104FJKPorto Alegre???Paranaguá28/04/1892
105FJKPelotas???Paranaguá16/12/1891
106FJKCarnicho ?ou Cornicho???Paranaguá26/12/1891
107FJKRio ParanáSantosParanaguá16/07/1891
108FJKDesterro???Paranaguá18/08/1891
109FJKDesterro???Paranaguá03/04/1891
110FJKSatellite ou Satelite???Paranaguá02/12/1891
111FJKSantosRio de JaneiroParanaguá04/01/1892
112FJKPelotasRio de JaneiroParanaguá06/01/1892
113FJKSerro AzulRio de Janeiro12/01/1892 (??)Paranaguá12/01/1892
114FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá09/01/1892
115FJKOndinaRio de JaneiroParanaguá18/01/1892
116FJKGuanabaraRio de JaneiroParanaguá07/02/1892
117FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá09/02/1892
118FJKRio de JaneiroRio de JaneiroParanaguá15/02/1892
119FJKIrisRio de JaneiroParanaguá04/03/1892
120FJKRio de JaneiroRio de JaneiroParanaguá10/03/1892
121FJKPorto AlegreRio de JaneiroParanaguá24/03/1892
122FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá03/04/1892
123FJKAndrea DoriaGenova??/??/1893Rio de Janeiro03/05/1893
124FJKMayrinkRio de JaneiroParanaguá11/01/1891
125FJKRio de JaneiroRio de JaneiroParanaguá18/01/1891
126FJKRio NegroRio de JaneiroParanaguá23/01/1891
127FJKRio PardoRio de JaneiroParanaguá23/01/1891
128FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá29/01/1891
129FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá09/02/1891
130FJKDesterroDesterroParanaguá19/02/1891
131FJKRio GrandeRio de JaneiroParanaguá22/02/1891
132FJKRio de JaneiroRio de JaneiroParanaguá23/02/1891
133FJKRio GrandeRio de JaneiroParanaguá28/02/1891
134FJKRio NegroRio de JaneiroParanaguá28/02/1891
135FJKDesterroRio de JaneiroParanaguá05/03/1891
136FJKRio PardoMontevideoParanaguá08/03/1891
137FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá10/03/1891
138FJKPorto AlegreRio de JaneiroParanaguá16/03/1891
139FJKRio NegroMontevideoParanaguá17/03/1891
140FJKDesterro???Paranaguá22/03/1891
141FJKVictoriaSantosParanaguá24/03/1891
142FJKAymoréRio de JaneiroParanaguá01/04/1891
143FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá02/04/1891
144FJKDesterroRio de JaneiroParanaguá03/04/1891
145FJKPorto AlegreMontevideoParanaguá08/04/1891
146FJKPorto AlegreRio de JaneiroParanaguá17/04/1891
147FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá21/04/1891
148FJKAymoréMontevideoParanaguá22/04/1891
149FJKDesterro???Paranaguá23/04/1891
150FJKCamiloRio de JaneiroParanaguá24/04/1891
151FJKRio PardoSantosParanaguá25/04/1891
152FJKArlindoRio de JaneiroParanaguá30/04/1891
153FJKRio GrandeRio de JaneiroParanaguá04/05/1891
154FJKAymoréRio de JaneiroParanaguá07/05/1891
155FJKPorto AlegreMontevideoParanaguá10/05/1891
156FJKPorto AlegreSantosParanaguá19/05/1891
157FJKRio NegroRio de JaneiroParanaguá23/05/1891
158FJKCamiloRio de JaneiroParanaguá24/05/1891
159FJKRio GrandeMontevideoParanaguá27/05/1891
160FJKRio de JaneiroRio de JaneiroParanaguá28/05/1891
161FJKAymoréRio de JaneiroParanaguá03/06/1891
162FJKRio PardoRio de JaneiroParanaguá04/06/1891
163FJKRio GrandeRio de JaneiroParanaguá07/06/1891
164FJKRio ParanáRio de JaneiroParanaguá09/06/1891
165FJKPorto AlegreMontevideoParanaguá14/06/1891
166FJKDesterroRio de JaneiroParanaguá17/06/1891
167FJKRio PardoMontevideoParanaguá23/06/1891
168FJKRio NegroRio de JaneiroParanaguá23/06/1891
169FJKAymoréRio de JaneiroParanaguá26/06/1891
170FJKSatelliteRio de JaneiroParanaguá04/07/1891
171FJKPorto AlegreSantosParanaguá04/07/1891
172FJKDesterroMontevideoParanaguá08/07/1891
173FJKRio PardoSantosParanaguá10/07/1891
174FJKRio NegroMontevideoParanaguá11/07/1891
175FJKRio ParanáSantosParanaguá16/07/1891
176FJKDesterroRio de JaneiroParanaguá18/07/1891
177FJKRio NegroSantosParanaguá23/07/1891
178FJKPorto AlegreMontevideoParanaguá25/07/1891
179FJKRio de JaneiroSantosParanaguá28/07/1891
180FJKPorto AlegreRio de JaneiroParanaguá03/08/1891
181NMASCalpéHavre22.01.1816Rio de Janeiro26/03/1816
182NMASArgusEhlersAmsterdam10-12/05/1823Rio de Janeiro07/01/1824
183NMASPhisicienneCork1827Rio de Janeiro00/00/1827
184NMASEdwardCork1827Rio de Janeiro00/00/1827
185NMASPromiseCork1827Rio de Janeiro00/00/1827
186NMASRetrieveCork1827Rio de Janeiro00/00/1827
187NMASCombatentCork1827Rio de Janeiro00/00/1827
188NMASArchurusCork1827Rio de Janeiro00/00/1827
189NMASClarenceCork1827Rio de Janeiro00/00/1827
190NMASCharlotte MariaCork09.09.1827Rio de Janeiro22.12.1827
191NMASElisaCork07/08/1827Tenerife00/00/1827
192NMASRewardRoberto RaddemTenerife1827Rio de Janeiro28.01.1828
193NMASVictóriaRio de Janeiro15.03.1828Salvador28.03.1828
194NMASImperial PedroFelipe Vieira dos SantosSalvador03.08.1828Valença-BA11.08.1828
195NMASTrês de MaioBalthazar Victor Maria BoissonSalvador03.08.1828Valença-BA11.08.1828
196NMASJustineM.LucasHavre07.09.1837Rio de Janeiro13/11/1837
197NMASVirginieFaureDunquerque17.04.1845Rio de Janeiro13/06/1845
198NMASMarieCastelDunquerque07.05.1845Rio de Janeiro20/07/1845
199NMASLeopoldHoltzDunquerque02.06.1845Rio de Janeiro21/07/1845
200NMASCurieuxBeaugardDunquerque25.05.1845Rio de Janeiro24/07/1845
201NMASAgripinaRodgersDunquerque10.07.1845Rio de Janeiro25/07/1845
202NMASMarie LouiseBoutonDunquerque25.05.1845Rio de Janeiro26/07/1845
203NMASJeune LeonDunquerqueRio de Janeiro11/08/1845
204NMASGeorgDunquerqueRio de Janeiro26/08/1845
205NMASMary Queen Of ScottW.KilleyDunquerque20.07.1845Rio de Janeiro01/09/1845
206NMASDanielJuulDunquerque20.07.1845Rio de Janeiro07/09/1845
207NMASOdinLethDunquerque20.07.1845Rio de Janeiro07/09/1845
208NMASPampasWordingerDunquerque23.08.1845Rio de Janeiro16/10/1845
209NMASFyenKruuseDunquerque10.09.1845Rio de Janeiro08/11/1845
210NMASCamõesPortoRio de Janeiro11/06/1875
211NMASVille dos SantosHavreRio de Janeiro16/07/1875
212NMASMontevidéoLisboaRio de Janeiro30/01/1876
213NMASTerceirenseIlha TerceiraRio de Janeiro04/02/1876
214NMASAdamastorPortoRio de Janeiro10/02/1876
215NMASNewtonLondresRio de Janeiro12/02/1876
216NMASArgentinaRio de PrataRio de Janeiro12/02/1876
217NMASRio GrandeBordeauxRio de Janeiro12/02/1876
218NMASSenegalBuenos AiresRio de Janeiro15/02/1876
219NMASRioHamburgRio de Janeiro17/02/1876
220NMASMokely???Rio de Janeiro24/02/1876
221NMASPoitouMarseilleRio de Janeiro25/02/1876
222NMASNigerBuenos AiresRio de Janeiro10/03/1876
223NMASSan MartinHavreRio de Janeiro13/03/1876
224NMASBritaniaLisboaRio de Janeiro16/03/1876
225NMASLidadorIlha TerceiraRio de Janeiro16/03/1876
226NMASHevelinsPortoRio de Janeiro18/03/1876
227NMASPascalLondresRio de Janeiro18/03/1876
228NMASMinhoLeixõesRio de Janeiro18/03/1876
229NMASCuyabá???Rio de Janeiro22/03/1876
230NMASBahiaBahiaRio de Janeiro24/03/1876
231NMASSavoieMarseilleRio de Janeiro25/03/1876
232NMASMaskelyneLiverpoolRio de Janeiro26/03/1876
233NMASNevaLisboaRio de Janeiro31/03/1876
234NMASMendozaBuenos AiresRio de Janeiro01/04/1876
235NMASVandaliaLisboaRio de Janeiro02/04/1876
236NMASCearáRio de Janeiro03/04/1876
237NMASMinhoBuenos AiresRio de Janeiro07/04/1876
238NMASLeibnitzLisboaRio de Janeiro08/04/1876
239NMASGirondeLisboaRio de Janeiro09/04/1876
240NMASJohn Bramall???Rio de Janeiro10/04/1876
241NMASPtolemyAntuerpiaRio de Janeiro13/04/1876
242NMASAconcaguaLisboaRio de Janeiro13/04/1876
243NMASGuadianaLisboaRio de Janeiro14/04/1876
244NMASColombiaGenovaRio de Janeiro14/04/1876
245NMASHumbeldtHamburgRio de Janeiro15/04/1876
246NMASMemnonHavreRio de Janeiro15/04/1876
247NMASOrenoqueNapoliRio de Janeiro16/04/1876
248NMASValparaisoLisboaRio de Janeiro16/04/1876
249NMASVandaliaLisboaRio de Janeiro19/04/1876
250NMASOlbersLisboaRio de Janeiro25/04/1876
251NMASGaliciaLisboaRio de Janeiro29/04/1876
252NMASDouroLisboaRio de Janeiro02/05/1876
253NMASGuadianaPortoRio de Janeiro05/05/1876
254NMASSorataLisboaRio de Janeiro11/05/1876
255NMASTycho-BraheLisboaRio de Janeiro13/05/1876
256NMASRioLisboaRio de Janeiro18/05/1876
257NMASPoitouNapoliRio de Janeiro25/05/1876
258NMASLiguriaLisboaRio de Janeiro26/05/1876
259NMASGalileuLisboaRio de Janeiro26/05/1876
260NMASColombiaGenovaRio de Janeiro27/05/1876
261NMASHabsburgLisboaRio de Janeiro28/05/1876
262NMASElbeLisboaRio de Janeiro30/05/1876
263NMASEspadarteGenovaRio de Janeiro06/06/1876
264NMASSavoieGenovaRio de Janeiro25/06/1876
265NMASLa FranceGenovaRio de Janeiro26/07/1876
266NMASEsterGenovaRio de Janeiro31/07/1876
267NMASDoitonNapoliRio de Janeiro05/08/1876
268NMASPotosiCallaoRio de Janeiro17/09/1876
269NMASLa FranceNapoliRio de Janeiro06/10/1876
270NMASParanaBordeauxRio de Janeiro12/10/1876
271NMASEquateurBordeauxRio de Janeiro25/10/1876
272NMASCeresPiumaRio de Janeiro06/11/1876
273NMASSenegalBordeauxRio de Janeiro09/11/1876
274NMASSallierBordeauxRio de Janeiro26/11/1876
275NMASNigerBordeauxRio de Janeiro26/11/1876
276NMASWerneckPiumaRio de Janeiro14/12/1876
277NMASLa FranceGenovaRio de Janeiro05/01/1877
278NMASLa FranceNapoliRio de Janeiro07/01/1877
279NMASEsterGenovaRio de Janeiro21/01/1877
280NMASIsabellaGenovaRio de Janeiro25/01/1877
281NMASVille de CearaHavreRio de Janeiro23/01/1889
282NMASElbeVigoRio de Janeiro23/01/1889
283NMASCachasGenovaRio de Janeiro19/01/1889
284NMASGaliciaValparaiso22/03/1890
285NMASVittoriaJ.RubaudeGenova07.07.1894Rio de Janeiro19/08/1894
286NMASIberiaValparaiso24/08/1890
287NMASColomboNapoliRio de Janeiro20/08/1894
288NMASSarmientoW.GremnLiverpoolRio de Janeiro11/10/1894
289NMASGordon castleE.RooneyMontevideoRio de Janeiro11/10/1894
290NMASEktoneW.J.EnrithlMontevideoRio de Janeiro11/10/1894
291NMASMatteo BruzzoM.RosanoSantosRio de Janeiro11/10/1894
292NMASPorto AlegreA.BarreletSantosRio de Janeiro12/10/1894
293NMASPatagoniaJ.G.von HoltenHamburgRio de Janeiro15/10/1894
294NMASColomboGenovaRio de Janeiro16/10/1894
295NMASLucônioMacauRio de Janeiro04/1818
296NMASHarmoniaRio de janeiro07/1828
297NMASColomboGenovaRio de Janeiro07/11/1894
298FJKColombo???Rio de Janeiro13/03/1897
299FJKEmilieHavre1817Rio de Janeiro03/10/1817
300FJKDaphnéKollerSt.Gravendeel, (Havre?)11/09/1819Rio de Janeiro04/11/1819
301FJKUraniaSt.Gravendeel, (Havre?)12/09/1819Rio de Janeiro30/11/1819
302FJKDeux CatherineSt.Gravendeel, (Havre?)12/09/1819Rio de Janeiro04/02/1820
303FJKDebby ElisaSt.Gravendeel, (Havre?)12/09/1819Rio de Janeiro26/11/1819
304FJKHeurex Voyage (Glukch Roy)St.Gravendeel, (Havre?)10/10/1819Rio de Janeiro17/12/1819
305FJKElisabeth-MarieSt.Gravendeel, (Havre?)10/10/1819Rio de Janeiro06/12/1819
306FJKCamillusSt.Gravendeel, (Havre?)10/10/1819Rio de janeiro08/02/1820
307FJKTrajanSt.Gravendeel, (Havre?)15/10/1819Rio de janeiro
308CHH, REArgusEhlersAmsterdam24/06/1823Rio de Janeiro07/01/1824
309CHH, RECarolineJacob von der WetternHamburg17/12/1823Rio de Janeiro04/1824
310CHH, REAnna LuiseJohann Heinrich KnaackHamburg05/04/1824Rio de Janeiro04/06/1824
311CHH, REGermâniaHans VossHamburg03/06/1824Rio de Janeiro14/09/1824
312CHH, REGeorg FriedrichJohann Peter Christian RosiliusHamburg27/06/1824Rio de Janeiro11/10/1824
313CHH, RECaroline (2a. Viagem)Jacob von der WetternHamburg19/11/1824Rio de Janeiro05/04/1825
314CHH, RETritonJohann Samuel Gottlieb Wilhelm PaapHamburg17/01/1825Rio de Janeiro13/03/1825
315CHH, REWilhelmineGottlieb Nathaniel Jacob MeyburgHamburg14/12/1824Rio de Janeiro22/04/1825
316CHH, REFriedrich HeinrichPeter ZinkAmsterdam25/08/1825Rio de Janeiro08/11/1825
317ASTBretagneSantos15/05/1888
318ASTVincenzo FlorioSantos02/07/1888
319ASTColomboSantos06/12/1891
320ASTBourgogneSantos14/05/1887
321ASTBourgogneSantos11/12/1887
322ASTPoitouRio de JaneiroSantos27/11/1888
323ASTProvenceSantos12/05/1888
324ASTProvenceSantos21/05/1888
325ASTOrioneSantos28/10/1891
326ASTBearnSantos09/04/1887
327ASTBearnSantos13/01/1889
328ASTBuenos AyresSantos12/05/1888
329ASTBuenos AyresSantos04/05/1888
330ASTA LavorelloSantos22/06/1891
331ASTSolferinoSantos10/11/1891
332ASTRosarioSantos29/06/1891
333ASTRosarioSantos01/12/1891
334ASTRosarioSantos05/03/1905
335ASTRosarioGenovaSantos05/02/1895
336ASTItaliaSantos31/10/1895
337ASTPoRio de JaneiroSantos11/12/1897
338ASTD de GenovaSantos03/01/1892
339ASTMatteo BruzzoSantos??/??/1894
340ASTNapoliSantos07/07/1888
341ASTNapoliSantos22/12/1892
342ASTCachemirSantos24/12/1891
343ASTCarlo RSantos11/11/1888
344ASTLa FranceSantos23/07/1887
345ASTS MartinoSantos04/05/1888
346ASTAmericaSantos16/01/1893
347ASTSud AmericaSantos19/09/1891
348ASTFortunata RSantos24/10/1888
349ASTRio São PauloSantos21/10/1888
350ASTIta de LozanoSantos18/03/1888
351CHH, RESão Joaquim ProtectorRio de Janeiro06/1824Porto Alegre18/07/1824
352CHH, RESão Francisco de PaulaRio de Janeiro07/1824Porto Alegre07/1824
353CHH, RELigeiraRio de Janeiro10/1824Porto Alegre01/1824
354CHH, REDelfina (1a. viagem)Rio de Janeirofins out/1824Porto Alegre11/1824
355CHH, REFlor de Porto AlegreManuel José FerreiraRio de Janeiroinício dez/1824Mostardas (1)01/1825
356CHH, REPenhaRio de Janeiro05/02/1825Porto Alegre25/02/1825
357CHH, REAlexandrinaRio de Janeiro14/04/1825Porto Alegre05/1825
358CHH, REDelfina (2a. Viagem)Rio de Janeiroinício maio/1825Porto Alegre21/06/1825
359CHH, RETentativaRio de Janeiro23/06/1825Porto Alegre
360CHH, REConceiçãoRio de Janeiro24/10/1825Porto Alegre11/1825
361CHH, REGalvãoRio de Janeiro03/12/1825Porto Alegre12/1825
362CHH, REDelfina (3a. Viagem)Rio de Janeiro04/12/1825Porto Alegre12/1825
363CHH, RESão Joaquim Protector (2a. )Rio de Janeiro04/12/1825Porto Alegre12/1825
364RECarolinaRio de Janeiro15/12/1825Porto Alegre13/01/1826
365RESoledade (1a. Viagem)João Francisco Villa NovaRio de Janeiro01/01/1826Porto Alegre15/01/1826
366RENova Sociedade (1a. Viagem)Rio de Janeiro03/02/1826Porto Alegre27/02/1826
367REAmericanaRio de Janeiro05/02/1826Porto Alegre03/1826
368RELigeiraRio de Janeiro15/02/1826Porto Alegre03/1826
369REArgelinoVictoriano José PereiraRio de Janeiro23/03/1826Porto Alegre17/04/1826
370RENova Sociedade (2a. Viagem)Rio de Janeiro01/06/1826Porto Alegre21/06/1826
371REGenerosaRio de Janeiro17/08/1826Porto Alegre09/1826
372REÁguia Volante (5)Vic. Ferreira RebelloRio de Janeiro29/11/1826Porto Alegre12/1826
373RESoledade (2a. Viagem) (5)Rio de Janeiro29/11/1826Porto Alegre12/1826
374NMASColombiaGenovaRio de Janeiro14/04/1876
375NMASColombiaGenovaRio de Janeiro27/05/1876
376NMASColomboGenovaRio de Janeiro16/10/1894
377NMASColomboGenovaRio de Janeiro07/11/1894
378FJKMargaridaPortoRio de Janeiro17/03/1873
379FJKAlfred MichelMarseille11/11/1874??Rio de Janeiro06/01/1873
380FJKAlmeida GarretPortoRio de Janeiro14/01/1874
381FJKClaudinaPortoRio de Janeiro19/01/1874
382FJKTerceirenseIlha TerceiraRio de Janeiro19/01/1874
383FJKVitoriaPortoRio de Janeiro25/01/1874
384FJKAlegriaPortoRio de Janeiro21/02/1874
385FJKJulio DinizPortoRio de Janeiro21/02/1874
386FJKMargaridaPortoRio de Janeiro18/03/1874
387FJKEuropaPortoRio de Janeiro18/03/1874
388FJKNova VencedoraPortoRio de Janeiro20/03/1874
389FJKAlmeida GarretPorto14/03/1874Rio de Janeiro11/04/1874
390FJKHumildadePortoRio de Janeiro12/04/1874
391FJKSanta Maria de BelémPortoRio de Janeiro12/04/1874
392FJKFormosaPorto17/03/1874Rio de Janeiro01/05/1874
393FJKBourgogneMarseille30/03/1874Rio de Janeiro11/05/1874
394FJKCotopaxiLiverpoolRio de Janeiro14/05/1874
395FJKMorenoHavreRio de Janeiro17/05/1874
396FJKJosefinaPorto2/04/1874Rio de Janeiro18/05/1874
397FJKJulio DinizPortoRio de Janeiro25/05/1874
398FJKPoitouMarseille15/04/1874Rio de Janeiro27/05/1874
399FJKAméricaPorto01/05/1874Rio de Janeiro02/06/1874
400FJKAdamastorPortoRio de Janeiro05/06/1874
401FJKSuffrenMarseille20/03/1874Rio de Janeiro10/06/1874
402FJKPicardieMarseille29/04/1874Rio de Janeiro12/06/1874
403FJKRivadaviaHavre16/05/1874Rio de Janeiro14/06/1874
404FJKTerceirenseIlhas Terceira e São JorgeRio de Janeiro18/06/1874
405FJKSavoieMarseille15/05/1874Rio de Janeiro26/06/1874
406FJKLidador???Rio de Janeiro28/06/1874
407FJKAlmeida GarretPortoRio de Janeiro05/07/1874
408FJKMaria Carolina??Rio de Janeiro06/07/1874
409FJKLa FranceMarseille15/06/1874Rio de Janeiro06/07/1874
410FJKAudaciaPortoRio de Janeiro07/07/1874
411FJKBelgranoHavreRio de Janeiro17/07/1874
412FJKVasco da GamaPortoRio de Janeiro17/07/1874
413FJKCamões??Rio de Janeiro05/08/1874
414FJKSan MartinHavreRio de Janeiro12/08/1874
415FJKTentadoraPortoRio de Janeiro22/08/1874
416FJKJulio DinizPorto1/08/1874??Rio de Janeiro30/08/1874
417FJKAlmeida GarretPortoRio de Janeiro08/09/1874
418FJKJovem AdelaidePortoRio de Janeiro12/09/1874
419FJKNova SimpatiaPortoRio de Janeiro27/09/1874
420FJKLidadorIlhas do Faial, de São Miguel, TerceiraRio de Janeiro23/09/1874
421FJKVitoriaPortoRio de Janeiro06/10/1874
422FJKNovo SilêncioPorto11/09/1874??Rio de Janeiro26/10/1874
423FJKHenri IVHavreRio de Janeiro12/11/1874
424FJKIberiaLiverpool21/10/1874Rio de Janeiro13/11/1874
425FJKJulio DinizPortoRio de Janeiro17/11/1874
426FJKHarmoniaPorto11/10/1874??Rio de Janeiro20/11/1874
427FJKHumildadePorto24/09/1874Rio de Janeiro22/11/1874
428FJKItajaíRio de Janeiro24/11/1874
429FJKArinosMontevideoRio de Janeiro29/11/1874
430FJKTerceirenseIlha Terceira2/11/1874Rio de Janeiro03/12/1874
431FJKAdmirávelPorto24/09/1874Rio de Janeiro11/12/1874
432FJKMendonzaBordeaux20/11/1874Rio de Janeiro11/12/1874
433FJKÁfricaPortoRio de Janeiro14/12/1874
434FJKVille de SantosHavre19/11/1874Rio de Janeiro20/12/1874
435FJKItajaí Montevideu??Rio de Janeiro10/12/1874
436FJKLidadorIlha do FaialRio de Janeiro22/12/1874
437FJKSant MartinHavre01/12/1874Rio de Janeiro23/12/1874
438FJKJosefinaPorto12/11/1874Rio de Janeiro24/12/1874
439FJKOrenoqueBordeaux05/12/1874Rio de Janeiro24/12/1874
440FJKArinosMontevideoRio de Janeiro27/12/1874
441FJKJules DufauréMarseille24/01/1875Rio de Janeiro18/03/1874
442FJKEster GenovaMarseille02/02/1875Rio de Janeiro
443FJKSavoieMarseille15/02/1875Rio de Janeiro08/03/1875
444FJKSan MartinHavre16/03/1875Rio de Janeiro12/04/1875
445FJKVille de BahiaHavre01/04/1875Rio de Janeiro29/04/1875
446FJKArinos????Rio de Janeiro31/10/1875
447PVIsland QueenCURRANCadizRio Grande30/12/1869
448PVNancyENZELRio de JaneiroRio Grande30/12/1869
449PVSuperbBOHENRio de JaneiroRio Grande30/12/1869
450PVSilverlandWHITESanta CatarinaRio Grande30/12/1869
451PVPromptidãoOLIVEIRARio de JaneiroRio Grande31/12/1869
452PVGuaporé1° TEN.ARNALDOMontevideoRio Grande01/01/1870
453PVPadelmBARTOLORio de JaneiroRio Grande03/01/1870
454PVGuaranyAlmeidaBAHIARio Grande04/01/1870
455PVEuricoALVESPERNAMB.Rio Grande04/01/1870
456PVPensamentoTRINDADERio de JaneiroRio Grande04/01/1870
457PVMargarethaJOSEPH VEENRio de JaneiroRio Grande04/01/1870
458PVNova SorteSILVA JÚNIORPortoRio Grande05/01/1870
459PVNicolausC. NIBBAMontevideoRio Grande05/01/1870
460PVSublimeMello Jr.BAHIARio Grande05/01/1870
461PVTelkune MeisheriaCardiffRio Grande21/11/1869
462PVMary LouiseCuxhavenRio Grande22/11/1869
463PVHalian IVCuxhavenRio Grande22/11/1869
464PVAlerteCuxhavenRio Grande23/11/1869
465PVMargarethaWIGHTRio Grande23/11/1869
466PVMarionLiverpoolRio Grande23/11/1869
467PVCornish GirlDEALRio Grande25/11/1869
468PVHo-HoangCadizRio Grande26/11/1869
469PVJessieCadizRio Grande28/11/1869
470PVJean BaptisteHavreRio Grande02/12/1869
471PVAntellopeHamburgRio Grande02/12/1869
472PVCornish GirlFALMOUTHRio Grande05/12/1869
473PVAmaliaLiverpoolRio Grande06/12/1869
474PVVila do CondeRio de JaneiroRio Grande04/01/1870
475PVPolycenaRio de JaneiroRio Grande04/01/1870
476PVSanta CruzWADDINGTONRio de JaneiroRio Grande12/01/1870
477PVHo-HoangJ.CRAIGIECadizRio Grande13/01/1870
478PVJessieM. DAVIESCadizRio Grande13/01/1870
479PVUllyssesWinterCardiffRio Grande13/01/1870
480PVJeaneROELLERHavreRio Grande13/01/1870
481PVElephanteJ.D.FERREIRALisboaRio Grande13/01/1870
482PVS.StetsonH.F. BAKERPENSACOLARio Grande13/01/1870
483PVVila do CondeCoelhoRio de JaneiroRio Grande13/01/1870
484PVMary RichmondGRAHAMGLASGOWRio Grande14/01/1870
485PVJean BaptisteDENISHavreRio Grande15/01/1870
486PVAlcyoneMathsanMontevideoRio Grande15/01/1870
487FJKColonHasselHamburg10/12/1850São Francisco do Sul>09/03/1851
488FJKSophieHamburgRio de Janeiro03/1851
489FJKGloria dos AnjosRio de Janeiro3/1851São Francisco do Sul10/03/1851LP com PCN
490FJKEmma & LouiseViereckeHamburg02/05/1851São Francisco do Sul12/07/1851LP com PCN
491FJKGloriosaW.F.ToosbuyHamburg19/07/1851São Francisco do Sul28/09/1851LP com PCN
492FJKNeptunToosbuyHamburg13/10/1851São Francisco do Sul12/12/1851LP com PCN
493FJKEmma & LouiseJ.J.ViereckHamburg18/03/1852São Francisco do Sul20/05/1852LP com PCN
494FJKFlorentinLofgrenHamburg17/05/1852São Francisco do Sul19/07/1852LP com PCN
495FJKSweaStrömbergHamburg01/06/1852São Francisco do Sul06/08/1852LP com PCN. Destino: Desterro (SC) – atual Florianopolis.
496FJKAndromachePetersenHamburg20/09/1852São Francisco do Sul05/12/1852LP em PCN.
497FJKWittus?Hamburg04/05/1853São Francisco do Sul27/06/1853LP em PCN
498FJKCarolineDiedrichsenHamburg09/08/1853São Francisco do Sul29/10/1853LP com PCN
499FJKLindaBasautHamburg06/05/1854São Francisco do Sul23//06/1854LP com PCN
500FJKEmilyA SchmidtHamburg?São Francisco do Sul06/10/1854LP em PCN
501FJKFlorentinE.J.B. WichmannHamburg30/09/1854São Francisco do Sul20/11/1854LP com PCN
502FJKKomeetH.NymannHamburg10/01/1855São Francisco do Sul25/03/1855LP com PCN
503FJKCometF. WilckenHamburg22/05/1855São Francisco do Sul02/08/1855LP com PCN
504FJKPatacho “Maria RosaRio de JaneiroSão Francisco do Sul07/03/1855LP com PCN
505FJKPatacho “Americano”Rio de JaneiroSão Francisco do Sul20/07/1855LP em PCN
506FJKSantos PacketA F. BrorsenHamburg29/10/1855São Francisco do Sul31/12/1855LP com PCN
507FJKNovo PallasHamburgSão Francisco do Sul06/01/1856LP parcial com PCN
508FJKMachtilda CorneliaL.E..LundgrenHamburg10/05/1856São Francisco do Sul07/08/1856LP com PCN. Destino: D.Francisca
509FJKTritonDankerHamburg21/07/1856`LP com PCN
510FJKHamburgH.AhlmannHamburg20/10/1856São Francisco do Sul16/12/1856LP com PCN
511FJKAlexanderJ.NichollsHamburg02/10/1856São Francisco do Sul30/12/1856LP com PCN
512FJKCantonTweehupsHamburg28/04/1857São Francisco do Sul14/07/1857LP com PCN
513FJKTridentA SchwensenHamburg22/06/1857São Francisco do Sul01/09/1857LP com PCN
514FJKLucie CarolineMeineckeHamburg21/08/1857São Francisco do Sul09/11/1857LP com PCN
515FJKAmazoneWestergaardHamburg19/09/1857São Francisco do Sul25/11/1857LP com PCN
516FJKTherese AugusteRussHamburg27/06/1859São Francisco do Sul02/09/1859LP com PCN
517FJKEmmaFriedrichsenHamburg31/10/1857São Francisco do Sul13/01/1858LP com PCN
518FJKWiedemannKalklöserHamburg20/04/1858São Francisco do Sul27/06/1858LP com PCN
519FJKFranciscaTiedemannHamburg22/07/1858São Francisco do Sul21/09/1858LP com PCN
520FJKSir Isaac NewtonDahlHamburg23/10/1858São Francisco do Sul04/01/1859LP com PCN
521FJKAnnaThomählenHamburg23/04/1859São Francisco do Sul24/06/1859LP com PCN
522FJKMarquez de ViannaRio de JaneiroDesterro12/11/1828LP na Fonte
523FJKLuizaRio de JaneiroDesterro07/11/1828LP na Fonte
524FJKCharlotte & LouiseBremen07/06/828Rio de Janeiro
525FJKVereemgeng???Rio de Janeiro18/06/1861
526FJKImperadorRio de Janeiro28/06/1861Desterro