Mostrando postagens com marcador Trabalho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Trabalho. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 4 de março de 2024

A Atração da Emigração: Sonhos e Realidades nos Portos Italianos



 

A decisão de partir muitas vezes era influenciada por convites de parentes ou amigos no exterior, e também era encorajada por guias para emigrantes, frequentemente subsidiados pelos países que buscavam atrair mão de obra da Europa. Esses guias apresentavam imagens de paraísos na Terra: vastas planícies com vegetação exuberante, casas bonitas e bairros bem organizados. Esses sonhos impressos eram exibidos sem escrúpulos pelas agências de viagens e pelos agentes das companhias de navegação para persuadir os indecisos a partirem. Alguns agentes eram verdadeiros representantes de empresas ou governos estrangeiros. Um exemplo típico foi o Brasil, que, nas últimas décadas do século XIX, aumentou a imigração da Europa oferecendo viagens gratuitas do porto de partida até o destino final nas fazendas, onde cada família emigrante recebia um lote de terra cultivável. O processo de expatriação envolvia a solicitação e posterior concessão de passaporte. A capa do passaporte do emigrante, a partir do início do século XX, foi predominantemente vermelha por um longo período. No passaporte do homem com família, a esposa, os filhos e até mesmo os ascendentes que viviam juntos podiam ser registrados. Os que estavam inscritos para o serviço militar também precisavam de autorização das autoridades militares. Embora no meio do século XIX já existissem pequenos grupos de emigrantes italianos nas Américas, muitos dos quais emigraram após o fracasso de várias revoltas do Risorgimento, um fluxo migratório significativo se dirigiu, a partir dos últimos anos do século XIX, primeiro para países europeus, começando pelas regiões do norte e só mais tarde para as regiões do sul, que, no entanto, manifestaram uma clara preferência pelas Américas. A escolha entre as Américas era determinada pela posse ou não de dinheiro para investir na expatriação. Era mais caro ir para a América Latina, onde as perspectivas econômicas eram melhores, os problemas de idioma eram superáveis e as diferenças culturais eram menores. Por outro lado, o bilhete para os Estados Unidos era mais barato e era fácil encontrar trabalho, embora pouco qualificado, na agricultura ou em empresas industriais, em um país em pleno desenvolvimento. Além disso, trabalhar na construção de infraestrutura às vezes permitia um ritmo de trabalho sazonal que permitia, se desejado, retornos periódicos para casa. Os portos de embarque dos emigrantes eram Gênova, Nápoles e Palermo. Os países europeus e o porto francês de Le Havre, de onde era mais fácil para os emigrantes do norte embarcarem para destinos americanos, eram alcançados de trem. O número de partidas cresceu vertiginosamente até a véspera da Primeira Guerra Mundial, marcando o período conhecido como "a grande emigração". Após o conflito e devido ao fechamento progressivo das portas de entrada americanas, houve um renovado êxodo em direção aos destinos europeus, mas com um número reduzido de expatriados. Trieste foi adicionada aos outros portos. Após a Segunda Guerra Mundial, as partidas para todos os destinos, continentais ou intercontinentais, recomeçaram com um aumento significativo no número de emigrantes.


quarta-feira, 19 de abril de 2023

A Saga de Um Casal de Imigrantes Italianos na Colônia Caxias

 




No final do século XIX, muitas famílias italianas emigraram para o Brasil em busca de melhores oportunidades de vida. Entre elas, estava a família de Francesco e Augusta, que vieram da região do Veneto e se estabeleceram na colônia Caxias do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, em 1878. A jornada foi longa e difícil, durando 40 dias entre o mar e em terra. Eles eram dois pobres camponeses, mas corajosos, que decidiram deixar sua terra natal, na Itália, em busca de uma vida melhor na América do Sul. Eles haviam ouvido falar do Brasil e de suas terras férteis, onde os imigrantes eram bem-vindos e poderiam prosperar. Depois de muitas conversas e planejamento, eles finalmente embarcaram em uma longa jornada, que durou quase cinquenta dias, até chegarem à Colônia Caxias, no Rio Grande do Sul. Durante a longa viagem, Francesco e Augusta fizeram amizade com outros imigrantes, que também estavam a caminho da mesma colônia. A maioria deles eram italianos como eles, mas havia também alguns poucos alemães. Eles compartilharam histórias e experiências, tornando a viagem menos solitária e mais emocionante. Quando finalmente chegaram na Colônia Caxias, a terra parecia diferente de tudo o que tinham visto antes. As montanhas ao redor eram majestosas, a vegetação era densa e exuberante e o clima era um pouco diferente. Eles, e todo o grupo, foram recebidos pelos funcionários da colônia e por outros imigrantes que já estavam estabelecidos, que os ajudaram a encontrar o seu pedaço de terra e construir a sua nova casa. O casal teve que trabalhar duro para sobreviver nos primeiros anos. Eles desmataram uma parte do terreno e ali, após a queima das árvores, plantaram um pouco de trigo, milho, feijão e outros vegetais como todos os outros imigrantes na região. Começaram a criar alguns animais, como porcos e galinhas, para terem carne fresca e ovos. Pietro e Sofia, seus filhos, ajudavam nas tarefas diárias, mas também iam à escola no período da manhã para aprender a ler e escrever. A vida na colônia não era fácil, mas eles eram cercados de pessoas amigas e trabalhadoras. Eles participavam de festas e celebrações na igreja, onde se encontravam com outros imigrantes e trocavam experiências. Lentamente aprenderam a falar algumas palavras em português e a se comunicar com os brasileiros locais, mas entre os imigrantes italianos só falavam o talian, uma língua criada nas colônias italianas do Rio Grande do Sul para se comunicarem entre eles. Nos anos seguintes, a colônia cresceu e se desenvolveu. Mais imigrantes chegaram, e a terra foi ficando mais produtiva. Francesco e Augusta  conseguiram comprar mais terras ao lado da que já possuíam  e expandiram seus negócios. Pietro e Sofia cresceram e se casaram com os filhos de outros imigrantes italianos da região. Por volta do final do século, a família de Francesco e Augusta já era uma das mais prósperas da colônia. Eles tinham uma grande plantação de milho, um bom número de vacas e criação de suínos, até chegaram a construir uma pequena fábrica de queijo. Com muito amor eles ainda mantinham suas antigas tradições italianas. O casal havia se adaptado muito pouco à cultura brasileira e a língua do país, o português, jamais conseguiram falar direito e sempre carregado com muito sotaque italiano. A vida na colônia não era fácil, mas eles haviam conseguido construir uma vida feliz e satisfatória.


Texto de um livro de contos de
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS