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quinta-feira, 5 de junho de 2025

Horizontes de Esperança

 


Horizontes de Esperança

Marmora, província de Cuneo em 1883

Um romance histórico inspirado enm fatos reais


Giovanni Morandello nasceu em 1883 na pacata vila de Marmora, situada a poucos quilômetros de Dronero, na província de Cuneo. A família Morandello era composta por camponeses humildes, que dependiam da agricultura de subsistência para sobreviver. Giovanni, desde muito jovem, conheceu o peso da responsabilidade. Aos dezesseis anos, seguiu os passos de muitos jovens da região e tornou-se um emigrante sazonal, viajando para a França para trabalhar nas colheitas e economizar o máximo possível.

A vida na casa dos Morandello seguia um ciclo imutável: primavera e verão eram dedicados ao plantio e à colheita nos campos da família, enquanto o inverno levava Giovanni de volta à França, onde enfrentava jornadas árduas no frio intenso. Todo o dinheiro que ele ganhava era entregue aos pais, que o utilizavam para manter a família à tona. Contudo, o passar dos anos trouxe um sentimento crescente de insatisfação e inquietação a Giovanni.

Em 1905, aos 22 anos, Giovanni tomou uma decisão que mudaria sua vida para sempre. Dois conhecidos de Marmora, que haviam emigrado para o Brasil, enviaram cartas cheias de promessas sobre as oportunidades no novo continente. Eles afirmavam que, com trabalho duro, era possível construir um futuro melhor, longe da pobreza e das restrições do Piemonte. Giovanni não hesitou. Conversou com os pais, que venderam uma vaca para financiar sua viagem, e decidiu partir.

Giovanni não viajou sozinho. Na mesma caravana estavam Rosa e Teresa, duas jovens de Marmora. Rosa queria reencontrar o noivo, que trabalhava como pedreiro em São Paulo, enquanto Teresa buscava escapar das perspectivas limitadas oferecidas às mulheres de sua aldeia. Os três partiram a pé em direção a Nice, onde pegaram um trem para Le Havre. Ali, no movimentado porto, embarcaram no navio “La Bourgogne” em uma manhã fria de janeiro de 1906.

A travessia do Atlântico foi tudo menos tranquila. As tempestades de inverno agitavam o mar com fúria, e o balanço constante do navio deixava muitos passageiros debilitados. Giovanni, no entanto, parecia incansável. Ele ajudava Rosa e Teresa quando elas ficavam doentes, mantendo a esperança viva com histórias sobre o que encontrariam do outro lado do oceano.

Ao chegar ai Porto do Rio de Janeiro, o trio passou pelo controle de imigração na Ilha das Flores. Giovanni carregava pouco dinheiro mas sua saúde robusta e disposição para o trabalho o ajudaram a atravessar o processo sem maiores problemas. Após alguns dias na Hospedaria dos Imigrantes, Giovanni seguiu viagem para São Paulo, onde ouviu falar de empregos na construção civil.

São Paulo era um mundo completamente diferente de Marmora. Giovanni ficou fascinado e assustado com o tamanho da cidade, mas não deixou que isso o intimidasse. Trabalhou em várias obras, levantando pontes e prédios que moldariam o horizonte da metrópole. Foi nesse período que conheceu Luigi Bruni, outro imigrante italiano, que lhe falou sobre oportunidades no sul do Brasil. Decididos a buscar melhores condições, Giovanni e Luigi embarcaram em um outro navio no porto de Santos rumo ao Rio Grande do Sul.

No Sul, Giovanni enfrentou os maiores desafios de sua vida. Em Porto Alegre contratado para trabalhar na construção de uma barragem, um projeto colossal em meio à paisagem semi tropical ao lado do rio Guaíba. Em um trágico incidente, uma explosão acidental de dinamite matou dois colegas de trabalho, lembrando Giovanni dos perigos constantes daquele ambiente. Ainda assim, ele perseverou, economizando cada centavo com o sonho de voltar para a Itália.

Mais tarde, Giovanni se juntou a uma equipe de operários que instalava trilhos para a expansão da ferrovia que ligava o Rio Grande do Sul com resto do país. Embora o trabalho fosse exaustivo, ele encontrou conforto no fato de estar ao ar livre, rodeado por montanhas e vastas planícies. Durante as noites, escrevia cartas para sua amada, Maria, que havia prometido esperá-lo em Marmora.

Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, Giovanni decidiu que era hora de retornar à Itália. Com uma pequena economia acumulada, ele embarcou em um navio em direção ao Rio de Janeiro e dali para Gênova. No entanto, ao chegar, encontrou um país devastado pela inflação e pela iminente guerra. O dinheiro que ele havia economizado com tanto sacrifício perdeu rapidamente o valor.

Giovanni voltou a Marmora, onde casou-se com Maria e retomou a vida de camponês. Devido a sequela da ferida em uma das pernas devido a explosão de dinamite na barragem brasileira, ele não foi chamado para servir o exército. Apesar das dificuldades, ele nunca perdeu a esperança. Contava histórias sobre suas aventuras no Brasil para seus filhos e netos, lembrando-os de que a coragem e a resiliência eram as maiores riquezas que um homem podia possuir.


Nota do Autor

A história de Horizontes de Esperança nasceu do desejo de dar voz aos milhares de imigrantes italianos que deixaram suas terras em busca de um futuro melhor no Brasil. Embora este romance seja uma obra de ficção, ele é profundamente inspirado nas experiências reais dos pioneiros que enfrentaram desafios imensuráveis, desde a travessia do Atlântico até a luta por dignidade e progresso em terras desconhecidas.

Giovanni Morandello representa o espírito resiliente de tantas pessoas que, como ele, partiram de vilarejos como Marmora, na província de Cuneo, deixando para trás famílias, histórias e raízes. Ao longo de sua jornada, ele se depara com dificuldades que refletem as condições de muitos imigrantes: trabalhos árduos, a distância de seus entes queridos e a constante busca por um lugar no mundo.

Minha intenção ao escrever este romance foi trazer à tona não apenas as adversidades, mas também a coragem, a esperança e os pequenos triunfos que moldaram essas vidas e ajudaram a construir a história do Brasil. Que esta obra seja um tributo aos sonhos e sacrifícios daqueles que cruzaram oceanos carregando consigo a força de sua cultura e a esperança de dias melhores.

Dr. Piazzetta



domingo, 1 de junho de 2025

Horizonte de Speransa

 


Horizonte de Speransa

Marmora, Provìnsia de Cuneo ´ntel 1883


Giovani Morandelo lu el ze nassesto ´ntel 1883 inte la calma localita de Marmora, un paeseto visin de Dronero, ´nte la provìnsia de Cuneo. La famèia Morandelo la zera de contadin povereti, che viveva de l'agricoltura de sussistensa. Giovani, da pìcolo, el ga imparà a portar su le responsabiltà. A sèdese ani, el ga seguì i passi de tanti zòvani de la zona che la zera 'ndà via come emigrante de stassion, lavorando in Frància ´nte le racolte, par metar via quel che se podeva.

La vita ´nte la vècia casa dei Morandelo seguiva ´na repetission che no cambiava mai: primavera e istà i zera par semenar e racòglier ´nte i campi afità de la famèia, e l'inverno el riportava Giovani in Frància, ndove el lavorava forte ´ntel fredo bastiàn. Tuto che el guadagnava e che el faseva el lo dava ai so pare e mare, che lo adoperava par tegner in piè la famèia. Ma con i ani che passava, in cuor de Giovani el nasse on sentimento de malcontento e inquietudine.

Ntel 1905, a 22 ani, Giovani lu el ga tirà na ressolussion che la gavaria cambià la vita par sempre. Do amissi de Marmora, che i zera ´ndà in Brasile, i ga mandà de le lètare pien de speransa, contandoghe che là ghe zera tanta oportunità. I diseva che con laor forte, se podeva costruir un futuro mèior, via da la misèria e da le misure del Piemonte. Giovani no el ga pensà tanto. El ga parlà con i genitori, che sensa schei i ga vendù na vaca par pagarghe el viaio, e lu el ze partì.

Ma no lo ze stà solo, ´nte la stessa caravana ghe zera Rosa e Teresa, do putele de Marmora. Rosa la voleva ritrovar el so moroso, che fasea el piastrer a San Paolo, e Teresa la scampava da na vita sensa prospetive che ghe zera par le fémene de la so vila. I tre i ze partì a piè fin a Nice, e da là lori i ga siapà el treno par Le Havre. Là, ´nte el porto pien de zente, lori i ga imbarcà sul vapor “La Bourgogne”, na matina freda de Zenaro del 1906.

La traversia del Atlàntico no la zera mica fàssil. Le tempeste d’inverno le sbatacava el mar come on demónio, e el movimento del vapor el dava fastìdio a tuti. Ma Giovani no se fermava mai. El dava man a Rosa e Teresa quando che lore le stava mal, e el contava stòrie pien de speransa su quel che i gavaria trovà de là del osseano.

Quande che lori i ze rivà al Porto de Rio de Janeiro, lori i ga passà par el control de l’emigrasione in l’Isola de le Fiore. Giovani no ga portà tanto danari, ma con la so salù robusta e la gran voia de laorar, el ga passà tuto sensa gran problema. Dopo quache zorno ´ntela Ospitalità dei Emigranti, el gà siapà el camìn verso San Paolo, ndove el gavea sentì che ghe zera posto ´nte le costrusion.

San Paolo el zera un mondo tuto diverso da Marmora. Giovani el zera incantà e spaventà dal grande de la sità, ma no se ga lassà intimidir. El laorava in tante fàbriche, tirando su ponti e palassi che i forma el horisonte de la sità. E pròprio là el conosse Luigi Bruni, n'altro talian emigrante, che el ghe parlò de le oportunità che ghe zera ´ntel Sud del Brasile. Insieme, lori i decise de provar sorte e i ga imbarcà ´nte un altro vapor da Santos verso el Rio Grande do Sul.

Nel Sud, Giovani el passò le prove pì dure de la so vita. A Porto Alegre el ze stà contratà par laorar in ´na diga, on lavorone in meso a un paesagio semi tropical, visin al fiume Guaíba. Ma ´na disgràssia ghe colpì: na explossion de dinamito la portò via do compagni de laoro. Ghe ze stà un colpo duro, ma anca un ricordo de quanto pericoloso el zera quel tipo de vita. Ma Giovani no se ga mai desmentegà del so obietivo. El sparagnava ogni soldino con el sònio de tornar in Itàlia.

Dopo el acidente, el ga entrà in na squadra che meteva su i binari par la ferovia che la dovea unir el Rio Grande do Sul con el resto del Brasile. El lavor zera pesante, ma el trovava pace stando a l’ària aperta, trà montagna e campagna infinida. La sera, el scrivea lètare a la so amata Maria, che ghe ga promesso de aspetarlo in Marmora.

Prima de la Prima Guerra Mondial, Giovani el sentì che zera ora de tornar in Itàlia. Con un pochetin de danaro sparagnà, el ga imbarcà verso Rio de Janeiro e dopo verso Génova. Ma quando che el ze rivà, el trovò na Itàlia in crisi, con el danaro che no valeva quasi gnente e la guera che la s’avissinava.

El tornò a Marmora, el se sposò con Maria, e el tornò a far el contadin. El ferimento che lu gavea in na perna, consequensa de la explosion de dinamito en la diga brasiliana, lo ga salvà de èsser ciamato par servir l´esèrsito. Malgrà le dificoltà, mai el ga perso la speransa. El contava le stòrie del Brasile ai so fiòi e nipoti, contandoghe che el coraio e la volontà i zera le pì gran richesse che un omo pol portar con lu.