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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

La Dona e la Spartission de la Tera in Zona de Colonisassion Taliana nel Rio Grande do Sul


La Dona e la Spartission de la Tera in Zona de Colonisassion Taliana nel Rio Grande do Sul


Ne le zone coloniai taliane del Rio Grande do Sul, la spartìa dei beni tra i fiòi e le fiole faceva parte de na tradission che seguiva regole pròprie. La tera, el ben più presioso, zera quasi sempre destinà ai fiòi mas’ci. Par lori, el toco de tera era un’eredità garantìa, tanto che quando un fiol se sposava, el zera sovente premià con i campi da coltivar e con na colónia, dove metèr su casa.

La dona imigrante taliana, con 'l so laoro stragrando, laorava spala a spala co 'l òmo, par mantegner la proprietà e far crèssere i tanti fiòi. Lei la ze stà responsàbile direta par el sussesso de l'imigrassion taliana in ‘ste tere gauchas e par conservar la cultura de la so tera natal, che la zera trasmessa ai fiòi, la ze rivà fin ai nostri dì.

No stante tuto sto impegno, a la dona no ghe vegniva quasi mai riconossùo el dirito a la tera, o, quando 'sta roba capitava, el so parte ne la spartission l'era quasi sempre minore de quel che rivea l'òmo. La tera rara volta faceva parte de l'eredità de la dona imigrante in zona coloniale taliana del Rio Grande do Sul. Se gavea fradèi, per eredità, lei no diventava parona de gnanca un tochetin de tera, se no quando la restava védova o, se ancora scapola e con i veci morti, la restava fiola ùnica, senza fradèi.

Quando capitava la morte de uno de i genitori, la proprietà coloniale, lassada come ùnica eredità, la zera divisa fra i fiòi mas’ci. E quando ‘sta spartission, che dava poca tera a cada uno, lori i la sistemava spesso fra de lori, ma no sempre in pase, comprando el toco de l’altro per cavar l'ostacoli. Par evitar ste desavenze, e se la famèia gavea i messi giusti, i veci cercava, ancora che lori zera vivi, de catar tera par i fiòi mas’ci, uno a uno, man man che i se maridava e formava la so famèia.

Par le tose, quando lore i se sposava, ghe dava en dota, ogni tanto na màchina de cusir e, quasi sempre, na muca da late. Le famèe più riche ghe catava già la tera par i fiòi quando ancora i zera putèi, ani prima che i pensasse al matrimónio. Qualche volta, in famèe pì riche, ghe dava anca due bò ancora picinin, o vedèi, che lori i adestrava pian pian par vardàrli pronti par el futuro, quando lori i sarà òmini paroni de famèia.

La spartission de i beni lassài per eredità se basiava su na division disegual che quasi mai favoriva la dona. Quando un fiol se sposava, el ricivea un toco de tera, quasi sempre una colónia, par laorar e farse la so casa. I genitori la comprava quasi sempre de un visino e, quando no l’aveva, i comprava anca in posti pì lontan. La fiola, poareta, se la gavea fortuna, ricevea qualcosa per la dota: coverte, tovaglie, robe par la cusina, ogni tanto una màchina de cusir o una muca da late. El interessante el ze che parte de ‘sta dota la cusìa lore stesse, con ani de fatiche de note, nei momenti lìbari, spesso tante volte pagà con i pochi schei messi da parte e risparmià con i laoreti par qualquedun o con el guadagno de qualche venda al marcà de ovi o altre robe da lore coltivà.

domingo, 18 de agosto de 2024

Sonhos em Terra Nova: A Jornada dos Imigrantes Italianos no Rio Grande do Sul



No final do século XIX, a Itália, então um reino recém unificado, estava marcada pela diminuição drástica de trabalho, pobreza e pelo desespero. A falta de empregos no campo trazia para as pequenas cidades levas de famílias em busca de uma vida nova que o país, por falta de recursos, infelizmente, não podia oferecer. Trento, Vêneto e Lombardia eram regiões particularmente afetadas pela crise econômica que assolava o país. As terras eram secas em algumas zonas e sofriam com inundações em outras, sendo a fome um inimigo constante, especialmente nas zonas montanhosas, acostumadas  a séculos com essas dificuldades. Entre as aldeias e vilarejos, a esperança de melhora era uma mercadoria escassa. No entanto, o rumor de uma terra prometida, do outro lado do oceano, começava a se espalhar como um bálsamo para aqueles que lutavam pela sobrevivência.

Giovanni e Maria, pequenos trabalhadores rurais, moradores em uma vila de Trento, viviam com seus três filhos – Carlo, Lucia e Antonio – em uma velha e precária casa, que a família ja não tinha recursos para os devidos reparos, mas, por outro lado, cheia de sonhos. Giovanni, como agricultor lutava contra a terra ingrata, a inclemência do clima e os preços baixos dos grãos que colhia e dos poucos produtos que conseguia obter, sentia agora que sua família estava à beira do desespero. Ao ouvir histórias sobre a vastidão das terras brasileiras e as oportunidades que se abriam no Novo Mundo, decidiu que era hora de buscar um futuro melhor. Com apenas alguns poucos bens e muito mais esperança, a família se preparou para deixar para trás o que conheciam e partir rumo ao desconhecido.

Enquanto isso, em Treviso, Elisa e seu pai, Giuseppe, estavam imersos em um sentimento de perda e esperança. Giuseppe, um viúvo marcado pela dor da perda recente de sua esposa, viu na emigração uma chance de dar a sua filha uma vida que ele não podia mais proporcionar na Itália. Eles embarcaram em um navio, cheios de expectativas e com o coração pesado pela despedida, rumo ao Brasil.

Na Lombardia, a situação era igualmente desesperadora. Luigi, um jovem artesão, viu a emigração como a única saída para mudar sua sorte e garantir um futuro melhor para seus irmãos mais novos. O navio que os transportava estava cheio de pessoas como ele – homens e mulheres que, carregavam consigo sonhos e esperanças.

A travessia para o Brasil não foi fácil. O oceano, imenso e imprevisível, desafiou a resistência dos imigrantes com tempestades e doenças. A comida era escassa e as condições de vida, precárias. No entanto, a fé e a determinação mantiveram todos em frente. A promessa de um novo começo estava sempre presente, um farol na escuridão das dificuldades.

Quando os navios finalmente chegaram ao Brasil, a visão que se apresentava era muito diferente daquilo que haviam imaginado. Os portos estavam abarrotados de pessoas, a vegetação era densa e o calor, abafante. Os imigrantes foram distribuídos em várias regiões, mas foi no Rio Grande do Sul que encontraram a maior concentração de novas colônias.

As colônias de Caxias do Sul, Dona Isabel e Conde d'Eu foram fundadas com o propósito de oferecer terras e condições para que os imigrantes pudessem prosperar. No entanto, a adaptação à nova vida não foi fácil. As terras eram vastas e selvagens, e a infraestrutura era quase inexistente. A comunicação com o mundo exterior era limitada e os primeiros anos foram marcados por um intenso esforço para transformar a mata virgem em campos férteis.

Giovanni e Maria enfrentaram o desafio com coragem. A família começou a desbravar a terra, com Giovanni trabalhando a terra e Maria cuidando da casa e dos filhos, além de ajudar o marido no pesado trabalho da roça. As dificuldades eram muitas, mas o trabalho árduo e a esperança de uma colheita promissora eram a motivação diária. O clima quente e as doenças desconhecidas representavam desafios constantes, mas a perseverança da família era inabalável.

Elisa e Giuseppe por sua vez, lutaram para se estabelecer em sua nova casa. Encontraram apoio em outros imigrantes e, juntos lentamente, foram formando uma pequena comunidade. Giuseppe usou suas habilidades agrícolas para cultivar a terra, enquanto Elisa cuidava da casa e procurava fazer amizade com os vizinhos para se adaptar à vida nas colônias.

Luigi e seus amigos enfrentaram desafios semelhantes. A terra era rica, mas o trabalho era intenso. Sua aptidão na construção foi útil, encontrando nesse setor o se ganha pão. As condições em que viviam eram duras e a grande distância entre as famílias aumentava o sentimento de isolamento. No entanto, a camaradagem entre os imigrantes ajudava a superar as dificuldades. Além do trabalho na construção, se dedicava com afinco na pequena roça e a primeira colheita foi uma grande conquista. O sentimento de realização começou a brotar, mesmo diante das adversidades.

Com o tempo, os imigrantes italianos começaram a ver os frutos de seu trabalho. As colônias prosperaram, e as terras, uma vez inóspitas, transformaram-se em áreas férteis e produtivas. As dificuldades iniciais foram superadas pela determinação e pelo espírito de comunidade. Os laços entre os imigrantes se fortaleceram, e a vida nas colônias tornou-se cada vez mais gratificante.

O legado dos imigrantes italianos no Rio Grande do Sul é uma história de resiliência e superação. Eles chegaram em busca de uma vida melhor e, através de trabalho árduo e determinação, conseguiram transformar suas vidas e a terra em que estabeleceram suas raízes. Hoje, suas contribuições são celebradas e a influência italiana é uma parte fundamental da cultura e da história da região. A saga dos imigrantes italianos é um testemunho poderoso do espírito humano e da capacidade de transformar desafios em conquistas duradouras.


terça-feira, 19 de setembro de 2023

Blog Emigrazione Veneta: Descubra o Fascinante Mundo da Emigração Italiana e Veneta






Descubra o Fascinante Mundo da Emigração Italiana e Veneta!

Você já se perguntou sobre as histórias por trás da emigração italiana e, especificamente, da emigração veneta? Quer explorar as experiências, as tradições culturais e as contribuições dos italianos que deixaram sua terra natal para buscar novos horizontes? Se a resposta for sim, você está prestes a embarcar em uma jornada emocionante!

Bem-vindo ao Emigrazione Veneta Blog - http://emigrazioneveneta.blogspot.com - seu portal para o rico e diversificado universo da emigração italiana e, mais especificamente, das histórias e legados dos venetos espalhados pelo mundo.

O que esperar do nosso blog:

Histórias de Coragem e Determinação: Explore as experiências inspiradoras de italianos que enfrentaram desafios incríveis ao deixar sua terra natal em busca de uma vida melhor.


Cultura e Tradições: Mergulhe na rica cultura italiana e veneta, incluindo gastronomia, música, folclore e celebrações que resistiram ao teste do tempo.


Entrevistas Exclusivas: Conheça venetos notáveis e indivíduos italianos que fizeram contribuições notáveis em suas comunidades de acolhimento.

Genealogia e Conexões: Descubra recursos valiosos para ajudá-lo a traçar suas próprias raízes italianas e venetas, tais como completas listas de sobrenomes italianos e os navios que os trouxeram.

Eventos e Comunidade: Mantenha-se atualizado sobre eventos culturais, exposições e atividades relacionadas à diáspora italiana e veneta.

Junte-se a nós nesta viagem emocionante pela emigração italiana e veneta. Visite o nosso blog em Emigrazione Veneta Blog e comece a explorar as histórias intrigantes e a cultura vibrante que tornam a diáspora italiana e veneta tão cativantes.

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Venha fazer parte desta comunidade dedicada à emigração italiana e veneta. Juntos, vamos descobrir e celebrar a extraordinária jornada dos italianos pelo mundo!

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Scopri il Affascinante Mondo dell'Emigrazione Italiana e Veneta!

Ti sei mai chiesto quali storie si celino dietro all'emigrazione italiana e, in particolare, veneta? Vuoi esplorare le esperienze, le tradizioni culturali e i contributi degli italiani che hanno lasciato la loro terra natia per cercare nuovi orizzonti? Se la risposta è sì, stai per intraprendere un'avventura emozionante!

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Cosa aspettarti dal nostro blog:

Storie di Coraggio e Determinazione: Esplora le esperienze ispiratrici degli italiani che hanno affrontato incredibili sfide lasciando la loro terra natia alla ricerca di una vita migliore.

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terça-feira, 2 de maio de 2023

A Pelagra e a Pobreza no Veneto do Século XIX: Uma Análise Histórica

Pátio interno da seção feminina do lazareto de Mogliano Veneto

 

A pelagra foi uma doença que atingiu em larga escala a população do Veneto, região do nordeste da Itália, na última metade do século XIX. A doença, que é causada pela deficiência de niacina (vitamina B3) e triptofano, atingia principalmente as camadas mais pobres da população, que não tinham acesso a uma alimentação adequada e sofriam com as condições insalubres em que viviam.

Os primeiros casos de pelagra foram registrados na região do Veneto em meados do século XIX, mas a doença só começou a se tornar um problema de saúde pública a partir da década de 1870, quando os casos se multiplicaram em toda a região. Os sintomas da pelagra incluem irritação na pele, diarreia, demência e, em casos mais graves, coma e morte.

A causa da pelagra só foi descoberta no início do século XX, quando o médico norte-americano Joseph Goldberger realizou uma série de estudos que demonstraram a relação entre a deficiência de niacina e triptofano e a ocorrência da doença. No entanto, na época em que a pelagra se espalhou pelo Veneto, ainda não se sabia o que causava a doença e como tratá-la.

A pelagra teve um impacto devastador na região do Veneto, que enfrentava uma série de desafios socioeconômicos na época. A região havia passado por um período de instabilidade política e econômica, com a unificação da Itália e a abolição do feudalismo, o que levou a um aumento da pobreza e da marginalização social. Além disso, a região sofria com a falta de saneamento básico e de acesso a uma alimentação adequada, o que favorecia a disseminação da doença.

Para combater a pelagra, foram desenvolvidas diversas campanhas de conscientização e de assistência médica na região do Veneto. Os médicos locais começaram a estudar a doença e a identificar as populações mais vulneráveis, como os trabalhadores rurais e os prisioneiros. Foram também criados hospitais e clínicas especializadas no tratamento da pelagra, onde os pacientes recebiam uma alimentação balanceada e suplementos vitamínicos para combater a deficiência de niacina e triptofano.

Com o tempo, as medidas de prevenção e tratamento da pelagra foram aprimoradas e a doença deixou de ser um problema de saúde pública na região do Veneto. No entanto, a história da pelagra na Itália serve como um lembrete dos desafios enfrentados pelas populações mais vulneráveis em momentos de instabilidade social e econômica, e da importância de se investir em políticas públicas de saúde e assistência social para garantir a qualidade de vida da população.





Os profissionais médicos que tratavam da pelagra geralmente tinham experiência no assunto pesquisando e estudando as causas e tratamentos da doença. Eles se dedicavam a tratar os doentes e estudar as três formas da doença para buscar uma cura.
Entre os mais famosos do Veneto estava Luigi Sacco, médico que trabalhava no hospital de Milão e que publicou um estudo sobre a pelagra em 1901. Ele defendia a ideia de que a doença era causada por uma deficiência na dieta, especialmente na ingestão de proteínas.
Outro importante médico que estudava a pelagra foi Cesare Lombroso, médico e antropólogo que tratava a pelagra em Veneza. Ele também defendia a ideia de que a doença era causada por uma deficiência na dieta, mas também argumentava que fatores hereditários podiam contribuir para facilitar o seu surgimento.
Além dos médicos, havia também um grande número de assistentes sociais e auxiliares, que se dedicavam a cuidar dos doentes e ajudar suas famílias. Um exemplo é Maria Montessori, que na época trabalhava como assistente social em Roma e se dedicou a cuidar dos doentes de pelagra.
Os médicos que estudavam a pelagra tiveram um papel importante na luta contra a doença, tanto na identificação das causas da doença quanto na busca por tratamentos eficazes. No entanto, a cura só foi encontrada décadas depois, quando foi descoberto que a pelagra era causada por uma deficiência de niacina, uma vitamina do complexo B.
O lazareto de Mogliano Veneto também foi um importante estabelecimento criado para tratar os doentes de pelagra no Veneto. Localizado na província de Treviso, o lazareto foi fundado em 1904 e chegou a abrigar mais de 800 pacientes.
O estabelecimento contava com uma infraestrutura completa, incluindo dormitórios, salas de atendimento médico, refeitórios, lavanderia e cozinha. Os pacientes eram separados em diferentes alas, de acordo com o grau de gravidade da doença.
O tratamento dos doentes de pelagra no lazareto de Mogliano Veneto incluía a administração de dietas especiais, ricas em proteínas e vitaminas, além do uso de medicamentos e suplementos alimentares. A higiene era rigorosamente monitorada, com o objetivo de evitar a propagação da doença, pois ainda não se sabia muito bem sobre ela.
O lazareto de Mogliano Veneto foi fundamental para conter a propagação da pelagra na região, e contribuiu significativamente para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para a doença. No entanto, foi somente com a descoberta da causa da pelagra e a implementação de políticas públicas de combate à desnutrição que a doença foi erradicada na região.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS



sexta-feira, 14 de maio de 2021

Criada a Itália Partem os Emigrantes



O fenômeno emigratório na Itália acorreu com um atraso de vinte anos em relação a maioria dos países europeus. O grande êxodo coincidiu com o nascimento do país chamado Itália. Com a unificação italiana desapareceram os pequenos mercados locais dando lugar ao mercado único e aberto à concorrência com outros países. A Itália, ainda muito débil, não estava preparada para esse confronto. 

Na ocasião da unificação a Itália apresentava um balanço negativo da sua economia. Existia uma população, ainda em fase de crescimento, de 26 milhões de habitantes, mas, o país era totalmente desprovido de matérias primas. A industrialização tinha apenas acabado de chegar. 

A agricultura ainda era muito atrasada, fazendo uso de métodos de cultivo arcaicos e já superados. O analfabetismo atingia mais de 80% da população italiana. O país sofria de antigas pragas e doenças que a atingiam desde a muito tempo, como por exemplo a malária que matava a cada ano mais de 40.000 pessoas; a pelagra que atingia 100.000 "italianos". Faltavam estradas, escolas, hospitais, moradias, ferrovias e tantas outras necessidades  básicas para uma vida mais digna. O governo do novo país, para fazer frente as sempre crescentes necessidades do estado, gravava a população com impostos e taxas cada vez maiores. 




Em 1866 quando o Vêneto foi unido ao reino italiano a região já se encontrava em graves dificuldades. Estava em terceiro lugar como região agrícola do país e também era a mais atrasada de todo norte da Itália. Não era uma região onde predominavam os trabalhadores rurais diaristas, pois, de uma população de 2,8 milhões de habitantes, existiam 516 mil pequenos proprietários. 

Os problemas do Vêneto não se iniciaram com a a sua anexação à Itália, era um problema muito mais antigo, da época da República Sereníssima, três séculos e meio atrás, quando Veneza se viu alijada das grandes e lucrativas rotas marítimas, com a circunavegação da África e a descoberta da América. 

Os nobres venezianos e os ricos burgueses para manterem as suas fortunas, tiveram que se voltar para as suas propriedades rurais do interior da região. Eles eram pessoas, que na sua maioria não amavam a terra, moravam na cidade e contratavam administradores para cuidarem das suas plantações e receber os lucros obtidos. Tinham pouco envolvimento com a vida da propriedade rural e a usavam como um local de laser, para passarem algum tempo longe do fervilhar das cidades, onde verdadeiramente residiam. Para eles o que interessava era somente a renda obtida. 

Diferente da vizinha região da Lombardia onde a agricultura foi se transformando em indústrias, dando prioridade para a criação de gado, a produção de leite, de manteiga e queijos, enquanto o Vêneto ainda estava estagnado, com uma visão arcaica das potencialidades do campo. A terra produzia tão somente o necessário para matar a fome dos pobres agricultores arrendatários e contentar os patrões proprietários das terras. Prevalecia no Vêneto uma cultura rural mista, sem especializações, onde o agricultor se limitava a produzir todos os anos as mesmas culturas habituais, utilizando-se de velhas e obsoletas ferramentas de lavoura herdadas dos avós. 

As causas do atraso da agricultura vêneta reside justamente aqui,  e os diversos males que atingiram os trabalhadores da terra são consequências de uma sociedade sem visão, que não criava, que não arriscava, que não se renovava. Era, com raras excessões, uma sociedade atrasada e imóvel. 

Algumas culturas, dependendo das estações do ano, até conseguiam dar algum alívio aos produtores, como a criação do bicho da seda, a cultura do tabaco e a fabricação caseira de tecidos, esta última se constituindo no berço de uma futura indústria têxtil regional. No Vêneto não surgiu um  desenvolvimento capitalista do campo, parecido com aquele da Lombardia. Não apareceram proprietários rurais com uma visão empresarial do campo que o transformasse em uma empresa agrícola, que fosse administrada como uma fábrica. 

Por sua vez, a zona montanhosa era onde se encontrava o ponto mais fraco de toda a Região, nela os males que afligiam a economia vêneta eram elevados ao extremo. Ali uma grande população vivia em uma economia de subsistência onde as safras eram quase sempre deficientes e de pouca qualidade. Os lotes cultiváveis então disponíveis  eram fracionados ao máximo, cabendo à cada família de agricultores arrendatários uma pequena porção de terra insuficiente para gerar renda. 

Os rios e as torrentes de montanha, até então ainda não tinham recebido as melhorias de proteção necessárias, como por exemplo a construção das suas margens para a contenção das cheias, falta essa que provocava periodicamente grandes alagamentos e desmoronamentos que devastavam as plantações e até mesmo vilas inteiras. 

Foi justamente dessas montanhas do Vêneto, privadas de recursos, onde a fome já rondava muitos lares, que partiram as primeiras levas de emigrantes em direção ao Novo Mundo.





sexta-feira, 20 de abril de 2018

O Arenque Defumado Pendurado com um Barbante sobre a Mesa



Non scordare dell’aringa affumicata appesa nello spago sulla tavola.

Entre as recordações do Vêneto que permaneceram até hoje na memória dos descendentes de emigrantes e que ainda se conservam vivas encontramos o episódio do arenque defumado, atado em um barbante, sobre a mesa nas refeições. 

Os mais velhos contavam esse episódio para fazer a comparação da pobreza endêmica sofrida pelas famílias vênetas no final do século XIX e início do século XX com a abundância e bem-estar atual. 

É uma forma de advertência aos mais jovens de hoje que não sabem que coisa seja a necessidade. Menos ainda, o que é verdadeiramente passar fome. Nos contavam ainda que devido as péssimas condições alimentares na época, a falta de proteínas e alimentação de má qualidade, quando só se alimentavam de farinha de milho, usada para a polenta, deram lugar a uma séria de doenças, entre as quais a pelagra, que inutilizavam e ceifavam a vida de muitas pessoas. 

O episódio do arenque defumado é bem ilustrativo dessa fase difícil da história do Vêneto. Quando a família se sentava à mesa, quase sempre eram muitos para alimentar e a comida disponível, a polenta sem gosto e sem carne. Então se amarrava, com um barbante, um arenque defumado e o dependurava por sobre a mesa enquanto era servida a polenta. Cada um a sua vez esfregava rapidamente a sua fatia de polenta quente naquele arenque pendurado, de modo que a polenta sem gosto adquirisse algum sabor. 

Outras versões, conforme a zona de proveniência do imigrante, nos contam que era um pedaço de salame que dependuravam sobre a mesa de refeições. 

Outra história muito contada, geralmente por imigrantes oriundos da província de Treviso, era a do osso para fazer o caldo, que percorria toda a vizinhança, cada dia sendo usado para fazer o “brodo” na casa de uma das famílias.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS




No scordare dell’aringa affumicata appesa nello spago sulla tavola


Tra i brevi ricordi del Veneto, rimasti fino oggi nella memoria degli emigranti che si conserva ancora con i suoi discendenti troviamo l´episodio dell´aringa affumicata appesa allo spago sopra la tavola nei pranzi. I più vecchi raccontanno l´episodio per confrontare la povertà endemica patitte dalle famiglie venete nel fin´Ottocento e inizio del Novecento con l´abbondanza e benessere attuale. È una forma d´avvertimento ai giovani d´oggi che non sano cosa sia la necessità. Ci raccontano che dovuto le brutte condizioni, la mancanza di proteine e cibi di qualità hanno propiziato una serie di malattie, tra cui la pelagra, che portavano via tanti persone. L´episodio dell´aringa: quando ci si sedeva a tavola si era sempre in tanti da sfamare e il cibo pochissimo. Allora, si appendeva un´aringa affumicata ad uno spago penzolante sopra il tavolo e ai commensali si serviva la polenta. A sua volta ognuno strofinava la propria fetta di polenta calda sull´aringa, in modo che la polenta cambiasse sapore. Altre versioni ci parlano del salame e anche delle ossa per il brodo che faceva strada tra i vicini, ogni giorno faceva il brodo di una famiglia.