Mostrando postagens com marcador Bento Gonçalves. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bento Gonçalves. Mostrar todas as postagens

sábado, 3 de maio de 2025

A Promessa de um Novo Horizonte


A Promessa de um Novo Horizonte


Na quase esquecida fração de Alberoro, no pequeno município de Monte San Savino, com somente uma dúzia de construções em pedra, nas planícies onduladas da Toscana, em 1884, a conversa sobre a "Merica” dominava as praças e os encontros em família. Pietro Galvani, um homem de 36 anos, ouvia atento as histórias contadas após a missa dominical na pracinha da localidade por algum vizinho que havia recebido cartas da Argentina ou do Brasil. Diziam que essas terras eram um paraíso onde o ouro fluía nas águas dos rios e as plantações cresciam sozinhas sob um sol generoso.

Piero era um agricultor modesto, casado com Francesca De Martino, uma mulher decidida e resiliente. Eles tinham quatro filhos: Emilio, de 12 anos, que já ajudava o pai no campo; Giulia, de 10, sonhadora e talentosa com agulhas e linhas; Antonio, de 7, sempre curioso e questionador; e o pequeno Luca, de apenas 2 anos. A vida na Toscana era muito dura naqueles anos. As terras estavam exauridas, os impostos eram sufocantes e os Galvani mal conseguiam alimentar a família. Quando o tio de Pietro, Domenico Galvani, escreveu do Brasil falando sobre a abundância de terras férteis e os salários pagos em ouro, Pietro e Francesca começaram a considerar o impensável: também emigrar, seguindo aquela corrente que desde 1875 engrossava a cada ano, de milhares de compatriotas que descontentes deixavam tudo em busca de uma nova vida do outro lado do oceano. 

Francesca hesitava. Deixar a Itália era abandonar o que restava de sua identidade, sua língua, suas tradições. Mas Pietro sabia que não tinham outra escolha. Em uma noite fria de final de novembro, com o vento uivando pelas frestas da janela, ele disse:

Francesca, é agora ou nunca. Se ficarmos, não teremos futuro. Se formos, podemos dar às crianças uma vida que nunca sonharíamos aqui.

Com lágrimas nos olhos, Francesca concordou. Venderam tudo o que possuíam: os móveis, a mula, até mesmo os utensílios de cozinha. Em março de 1885, embarcaram no porto de Genova no navio a vapor Príncipe de Asturias, rumo ao Brasil.

A viagem foi uma provação. Por 33 dias, enfrentaram tempestades, enjôos e a monotonia do oceano. Luca, o mais jovem, contraiu uma febre durante o trajeto, e Francesca passava noites em claro cuidando dele. Apesar das dificuldades, Pietro mantinha a esperança viva, reunindo os filhos todas as noites para contar histórias sobre as terras que os aguardavam.

Chegaram ao porto de Santos em um dia chuvoso. A visão do cais, com suas multidões de imigrantes, trabalhadores e mercadores, foi ao mesmo tempo assustadora e emocionante. Após alguns dias de espera, foram transferidos para o sul, chegando ao Rio Grande em um outro navio menor, apertado, ao lado de outras famílias italianas. Finalmente, desembarcaram no Porto de Rio Grande, no dia 13 de maio de 1888, o mesmo dia em que a escravidão foi abolida no Brasil.

Os Galvani foram enviados para uma colônia em uma região de mata densa chamada Colonia Dona Isabel. Cada família adquiriu do governo em incontáveis prestações, um grande pedaço de terra coberto por árvores altas e cipós, e a primeira tarefa era desbravar a floresta. Pietro e Emilio trabalhavam incansavelmente, derrubando árvores e preparando o solo para plantar milho, trigo e feijões em pequenos espaços abertos na mata enquanto Francesca cuidava das crianças e sempre achava tempo de dar uma mão ao marido.

As noites eram longas e difíceis. Giulia, que sentia muita falta da avó e dos primos, chorava baixinho para não preocupar os pais. Antonio fazia perguntas intermináveis sobre os animais da floresta e sobre os diversos sons que ouvia à noite. E Francesca, apesar de sua resistência, às vezes murmurava em voz baixa:
— "Se eu encontrasse Cristóvão Colombo, eu o faria pagar por ter descoberto esse lugar".

Depois de alguns anos de luta constante, a família começou a ver os frutos de seu trabalho. A primeira colheita foi modesta, mas suficiente para sobreviver. Piero construiu uma pequena adega onde fermentava vinho com as primeiras uvas que plantaram. O vinho logo se tornou conhecido entre os colonos, e os Galvani ganharam um pouco de crédito com os comerciantes locais.

Em 1892, Emilio, agora com 19 anos, casou-se com Teresa Benvenuto, uma jovem da colônia vizinha de Caxias. Juntos, começaram a expandir os vinhedos da família, plantando novas variedades de uvas trazidas da Itália. Antonio, sempre curioso, tornou-se um talentoso carpinteiro, fabricando móveis que eram vendidos em Porto Alegre. Giulia, com seu talento, começou a ensinar outras jovens da colônia, enquanto Luca, o caçula, se tornou o contador da família.

Pietro faleceu em 1912, aos 63 anos, deixando um legado de perseverança e coragem. Francesca viveu até 1925, cercada pelos netos que a ouviam contar histórias da Itália e da travessia que mudou o destino da família. A colonia prosperou rapidamente, tornando-se o município de Bento Gonçalves, e a cantina dos Galvani é hoje uma das mais renomadas da região.

Os descendentes de Pietro e Francesca continuam a celebrar as tradições italianas, lembrando-se dos sacrifícios de seus antepassados e da coragem que os trouxe a esta nova terra.



sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Padre Bartolomeo Tiecher

Padre Bartolomeo Tiecher




O padre Bartolomeo Tiecher, nascido em Caldonazzo, hoje município da província de Trento, na Região do Trentino Alto Adige, foi o primeiro sacerdote tirolês a emigrar de onde hoje é a Itália, para o Brasil acompanhando 700 pequenos agricultores tiroleses, provenientes da Valsugana (Val Sugana) no ano de 1875. 

Chegou com as primeiras levas de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, acompanhado pelos pais, irmãos e conterrâneos. 

Por saber falar também a língua alemã, foi designado para assumir o posto de Capelão da Colônia Santa Maria da Soledade, no então município de São João de Montenegro, hoje São Vendelino, tomando posse em 23 de dezembro de 1875. 

No dia 21 de Março de 1876 celebrou a 1ª missa na Colônia Conde D'Eu, hoje Garibaldi, na Serra Gaúcha, em um altar improvisado com caixas e baús dos imigrantes, no meio da precária estrada ali existente. 

Como sacerdote exerceu o seu apostolado nas colônias de Conde D'Eu e Dona Isabel onde pela falta de igrejas celebrava as missas ao ar livre e em altares improvisados. Se preocupava muito com o abandono que os imigrantes se encontravam naqueles primeiros anos da chegada ao estado e também com a falta de sacerdotes para dar o atendimento religioso aos imigrantes.

Padre Bartolomeo Tiecher se destacou como naturalista estudando a flora do Rio Grande do Sul.

O sacerdote atuou nas
colônias Conde D’Eu e Dona Isabel
O sacerdote atuou nas
colônias Conde D’Eu e Dona Isabel e celebrava
missas a
o
ar livre
por causa
d
a falta de igreja
s.
P
reocupava
-
se
com a
ausência
de auxilio religioso
nas colônias,
devido
à
falta de sacerdotes
,
e
com
a
situação de abandono em que os colonos italianos se encontravam durante a fase
pioneira. O Padre Tiecher também se destacou como um naturalista
,
sendo um grande estudioso
da flora rio
-
grandense.
Palavras
-
chave

: imigrantes italianos, p
mata

domingo, 25 de março de 2018

Sobrenomes Italianos e Vênetos na Linha Palmeiro Rio Grande do Sul



Sobrenomes (cognomi) italianos e vênetos na Linha Palmeiro, uma das principais vias de comunicação no início da colonização italiana no Rio Grande do Sul, que ligava a Colônia Dona Isabel (Bento Gonçalves) a Nova Vicenza (Farroupilha). Os sobrenomes aqui estão em ordem alfabética e não levando em conta o número do lote que ocupavam. Também muitos sobrenomes se repetem na lista pelo número do lote, quando vários núcleos familiares ocupavam os seus respectivos lotes. Também em alguns destes foram assentadas mais de uma família devido a enorme área de terra que tinham. Assim encontramos os sobrenomes: 

Adosco, Agnoletto, Agosti, Alberti, Antiga, Arboit, Arnoldi, Arsego, Bacin, Balbinote, Balbinotti, Barppi, Bartelli, Bartuci, Basei, Baso, Bassani, Bassi, Battistuzzi, Bellaver, Belluchi, Benvenuto, Bernardi, Bernardo, Bertuol, Bertuoli, Bertuolo, Bezzi, Bianchi, Biason, Biasus, Bonelli, Bongo, Bortolazi, Brustolin, Bunetta, Buratti,Bustolin, Cadona, Cainei, Canelli, Cantere, Canton, Carli, Carlin, Carnier, Cartieri, Casa Grande, Casagrande, Casanova, Cassol, Cassoli, Cavaleri, Cavaletti, Centa, Checonelle, Chiaconelli, Chiconello, Cilochi, Colere, Colombelli, Colonezi, Coloto, Comiotto, Conti, Cortina, Costacurta, Crestani, Cusin, Cuzzo, Dacos, Dalaqua, Dalberti, Dalberto, Dall´Agnol, Dallacen, Dallaqua, Dallarin, Dalldat, Dalmagro, Dalmazo, Dalpiva, Dalpizo, Dalponti, Dalvisco, Damarchi, Damiani, Damo, Dargolla, Darri, Dartor, Dassoler, De Luccas, De Maman, De Zorzi, Debarba, Debona, Decesere, Delazin, Delfabro, Dellosbe, Deparis, Dersodio, Desvaldi, Devilla, Dinardi, Domatteu Domenegatti, Domenegatto, Donada, Dorgi, Fabiani, Fabiano, Fachi, Fachio, Fai, Falgatti, Faoro, Faotto, Ferrari, Fiori, Fiurentina, Fochi, Fontanella, Foresti, Frà, Franceschi, Franceschini, Franceschito, Francesco, Francescon, Frandaloso, Fuzari, Gairdo, Galapaci, Galli, Gallina, Gasparin, Gasparini, Ghedini, Giaboti, Giacomel, Giron, Globo, Gobbi, Grando, Granville, Isordi, Isotton, Lamanata, Lanfredi, Lerin, Lira, Lodi, Lombardi, Lonardi, Lucavva, Macoli, Madalozzo, Madurano, Magagnin, Magnani, Magnoli, Mancalosi, Maregia, Marengon, Marin, Marini, Matteu, Mazzelino, Menegotto, Menegrini, Menin, Menta, Merlin, Milanezi, Mioni, Mognoli, Molin, Molinetti, Mulinari, Niquili, Noal, Oldoni, Olivier, Osvaldo, Pagnozatto, Pallude, Panassioli, Panazzolo, Pandolfi, Pasa, Pechin, Perdo, Perlina, Perozzo, Pezzin, Pialho, Pianna, Picolo, Pierri, Pilla, Poletti, Raimondi, Regali, Resera, Ricini, Rizzo, Ros, Marino, Rosarolli, Rossi, Rostirol, Rozzi, Saboti, Sachelli, Sachetti, Salangna, Salatini, Salvador, Sarini, Sarzi, Savario, Savaris, Sbardelotto, Scarton, Sculario, Sebben, Selotti, Serafino, Sertorio, Serttorio, Sineiro, Spolti, Spotti, Squena, Sterzzi, Strapazzon, Sumacal, Tabaldi, Tigarolli, Tomasini, Tonette, Tonietto, Torrini, Tremeio, Troici, Turbian, Under, Valdanega, Valério, Vasseler, Venzon, Vicentino, Viessel, Viessi, Zancanor, Zanella, Zanim, Zanin, Zanol, Zanoli, Zatte, Zomita, Zucchi, Zucco.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS


Linha Palmeiro o caminho dos imigrantes italianos entre Bento Gonçalves e Farroupilha no RS




No início da colonização italiana na Serra Gaúcha as famílias eram assentadas em grandes lotes separados pelas chamadas linhas e travessões, que permitiam o acesso livre entre eles.
Desde os primeiros tempos constatou-se a necessidade de estradas para possibilitar o escoamento da produção e a sua comercialização, atingindo os centros consumidores.
A chamada Linha Palmeiro, nome dado em homenagem ao engenheiro que realizou a demarcação dos lotes, foi uma das mais antigas vias coloniais do Rio Grande do Sul. Tinha uma extensão de 28 Km e em todo o seu comprimento foram demarcados 200 lotes de terra que logo foram ocupados pelos imigrantes italianos que chegavam.
Esta importante via começava na localidade conhecida por Barracão, na então Colônia Dona Isabel, hoje município de Bento Gonçalves, onde ficava o lote de número 1 e se entendia até a Colônia Nova Vicenza, hoje Farroupilha, com o lote de número 200.
Em toda a sua extensão, de acordo com um censo realizado em 1883, dava conta que todos os lotes já estavam ocupados, alguns por mais de uma família, devido a grande área disponível em cada um. Ainda o mesmo censo desse ano relata que nela estavam vivendo 1938 pessoas.
A Linha Palmeiro, pela sua importância, foi palco de importantes passagens da história da colonização italiana do Rio Grande do Sul. Entre elas a morte de Don Domenico Munari, pároco daqueles pioneiros, falecido no ano de 1878, aos 39 anos de idade, na altura do lote 79.
Don Domenico, tinha sido pároco de Fastro, comune de Arsiè, Província de Belluno e emigrou para o Brasil em 1876, via Porto de Bordeaux, juntamente com um grande grupo de seus paroquianos, em uma acidentada viagem oceânica a bordo de um veleiro norueguês que naufragou logo na saída, ainda nas costas da França.
Também na Linha Palmeiro aconteceu a criação da Capela de Nossa Senhora de Caravaggio, no lote 139, hoje Santuário, que marcou a vida daquela população.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS