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domingo, 11 de maio de 2025

La Tragèdia de Bianca Mareni


 

La Tragèdia de Bianca Mareni


Bianca Mareni la ze nata a Borgo Rotondo, na pìcola vila nascosta fra le montagne de la provìnsia de Savona, ´ntel 1888. Fiola picena de un marangon, Giacomo Mareni, e de so mòier Teresa, Bianca la ze cressù in na famèia segnata da la povertà e da la dura realtà de un paese diviso tra modernità e tradission. Da toseta, lei gà imparà el peso del lavor de casa e i secreti de cusir, abilità che pì in là gavesse diventà la so ùnica fonte de sostento.

Ntel 1914, intanto che l’Europa la brusegava dentro le fiame de la Prima Guera Mondial, Bianca l’à deciso de lassar l’Itàlia. A 27 ani, la ze partì in compagnia de so fradeo pì grande, Ernesto, e de so cognà, Maria Ricci. I tre i ze montà su un treno verso la sità portuària de Gênova, ndove el vapor Santa Lucia i aspetava. L’ària in stassion la zera piena de emossion; le famèie se salutava tra làcrime e speranse tàcite, intanto che i emigranti i portava le so valise pien de sòni e nostalgia.

Sora el Santa Lucia, Bianca la ga passà un viaio che la ga messo a la prova el coràio so. L’Atlàntico, con la so fùria de sempre, el tirava onde che pareva volé inghiotir el vapor. I passagieri, streti in compartimenti picinin, i combateva contro el mal de mar e el sconforto. Bianca la ricordava pì tarde come l’odor de sal e de gòmito el penetrava l’ària, intanto che el piansar dei putei se mescolava con le preghiere dei vèci. “Ogni scoson del vapor zera un ricordin de la nostra flagilità”, la ga scrito in na lètara.

Finalmente, dopo quasi un mese de traversata, el Santa Lucia el ze arivà a Nova York. Bianca, con solo 40 dólar e na picolina valisia, la ze passà dai rigorosi esamini de Ellis Island. Là, convinta da altre famèie, la ga deto de èssar cusidora – un mestier che la sperava la ghe procurasse lavoro in tera forestiera.

Bianca e la so famèia i ze andà a San Francisco, ndove ghe spetava parenti. La sità, con le so coline ondeganti e i tram rumorosi, la gavea un contrasto forte con la tranquilità de le montagne de Borgo Rotondo. Bianca la ga trovà lavor in na fàbrica de scarpe, ndove le zornate de 12 ore le zera scandìe dal romor assordante de le machine e da l’odor aspro del cuoio. Le condision pesanti presto le ga pagà el conto: na tosse persistente la ga tacà a tormentarla, acompagnà da febre e debolessa.

Ntel 1918, Bianca la ga ricevù el diagnòstico de tubercolosi. El tratamento rudimentale che ghe dava in un ospital local la ze stà insuficiente, e le autorità americane, seguendo le lesion de emigrassion de quel perìodo, le ga deciso de mandarla indrio. Bianca la ze tornà su un vapor, stavolta senza speranse e con un futuro inserto.

De ritorno a Borgo Rotondo, Bianca la ze stà ricoverà da la so famèia, che la ghe ga fato de tuto par cuidarla. Ernesto e Maria, da la so parte, i xe restà in America, stansiandose su un rancho ´ntel interno de la Califòrnia. Lori i ze mai tornà in Itàlia, mentre Bianca la combateva i ùltimi ani de la so vita contro la malatia.

Ntel 1921, a 33 ani, Bianca la ze morta, lassando indrìo na stòria de sacrifissi e resiliensa. El so viaio, come tante altre de quei emigranti, la ze stà segnata da la ricerca de un sònio che, par tanti, no se ga mai avu. Ancòi, el nome so el ze scrito sora na làpide semplice ´ntel pìcolo cimitero de Borgo Rotondo, come tributo silensioso a na vita spesà da le aversità de un mondo in cambiamento.



terça-feira, 6 de maio de 2025

Horizontes Perdidos: A Tragédia de Bianca Mareni

 

Horizontes Perdidos: A Tragédia de Bianca Mareni


Bianca Mareni nasceu em Borgo Rotondo, uma aldeia escondida entre as montanhas da província de Savona, em 1888. Filha mais nova de um carpinteiro, Giacomo Mareni, e de sua esposa, Teresa, Bianca cresceu em uma família marcada pela pobreza e pela dura realidade de um país dividido entre modernidade e tradição. Desde cedo, aprendeu o peso do trabalho doméstico e os segredos da costura, habilidades que mais tarde se tornariam sua única fonte de sobrevivência.

Em 1915, enquanto a Europa era consumida pelas chamas da Primeira Guerra Mundial, Bianca decidiu abandonar a Itália. Aos 27 anos, partiu acompanhada de seu irmão mais velho, Ernesto, e de sua cunhada, Maria Ricci. Os três embarcaram em um trem rumo à cidade portuária de Gênova, onde o navio Santa Lucia os aguardava. A atmosfera na estação era carregada de emoção; famílias se despediam entre lágrimas e esperanças silenciosas, enquanto os emigrantes carregavam suas malas repletas de sonhos e saudades.

A bordo do Santa Lucia, Bianca enfrentou uma jornada que testou os limites de sua coragem. O Atlântico, em sua fúria habitual, ergueu ondas que pareciam querer engolir o navio. Os passageiros, comprimidos em compartimentos estreitos, lutavam contra o enjoo e o desespero. Bianca recordaria mais tarde como o cheiro de sal e vômito permeava o ar, enquanto o choro das crianças se misturava às preces dos mais velhos. “Cada balanço do navio era um lembrete de nossa fragilidade”, diria ela em uma carta.

Finalmente, após quase um mês de travessia, o Santa Lucia atracou em Nova York. Bianca, com apenas 40 dólares e uma pequena mala, passou pelos rigorosos exames em Ellis Island. Ali, convencida por outras mulheres, declarou ser costureira – um ofício que esperava lhe garantir emprego em terras estrangeiras.

Bianca e sua família seguiram para San Francisco, onde parentes os aguardavam. A cidade, com suas colinas ondulantes e bondes barulhentos, oferecia um contraste agudo à tranquilidade das montanhas de Borgo Rotondo. Bianca encontrou trabalho em uma fábrica de calçados, onde a jornada de 12 horas era pontuada pelo som ensurdecedor das máquinas e pelo cheiro acre de couro. As condições insalubres logo cobraram seu preço: uma tosse persistente começou a atormentá-la, acompanhada de febre e fraqueza.

Em 1918, Bianca foi diagnosticada com tuberculose. O tratamento rudimentar oferecido em um hospital local foi insuficiente, e as autoridades americanas, seguindo as leis de imigração da época, decidiram repatriá-la. Mais uma vez, Bianca embarcou em um navio, agora sem esperanças e com um futuro incerto.

De volta a Borgo Rotondo, Bianca foi acolhida pela família, que fez de tudo para cuidar dela. Ernesto e Maria, por outro lado, permaneceram nos Estados Unidos, estabelecendo-se em um rancho no interior da Califórnia. Eles nunca mais retornariam à Itália, enquanto Bianca enfrentava os últimos anos de sua vida lutando contra a doença.

Em 1921, aos 33 anos, Bianca faleceu, deixando para trás uma história de sacrifício e resiliência. Sua jornada, como a de tantos outros emigrantes, foi marcada pela busca de um sonho que, para muitos, nunca se concretizou. Hoje, seu nome está gravado em uma lápide simples no pequeno cemitério de Borgo Rotondo, como um silencioso tributo a uma vida interrompida pelas adversidades de um mundo em transformação.


Nota do Autor

"Horizontes Perdidos: A Tragédia de Bianca Mareni" é uma obra que nasceu do desejo de dar voz aos incontáveis emigrantes que, como Bianca, enfrentaram os desafios de um mundo dividido por guerras, preconceitos e desigualdades sociais. Essa narrativa mesmo que fictícia é uma homenagem aos sonhos despedaçados, às lutas invisíveis e à resiliência de quem buscou além do horizonte uma promessa de vida melhor, muitas vezes paga com o preço da própria saúde e dignidade. Ao explorar a história de Bianca Mareni, busquei retratar não apenas os fatos que marcaram sua jornada, mas também as emoções e os dilemas que permeiam a experiência do exílio. Suas decisões, carregadas de coragem e desespero, representam uma geração que foi arrancada de suas raízes em nome de um futuro incerto. Embora Bianca não tenha alcançado o sonho americano, sua história reflete o heroísmo silencioso de tantas vidas interrompidas.

Escrever esta obra foi também um exercício de reflexão sobre as cicatrizes que a emigração deixa, tanto nos que partem quanto nos que ficam. Espero que os leitores encontrem em Bianca uma figura que transcende sua época, um testemunho da fragilidade e da força humanas diante das adversidades.

Agradeço a cada leitor que se dispõe a ouvir a voz de Bianca e a reviver, por meio dela, as esperanças e dores que ainda ecoam em tantas histórias de emigração ao redor do mundo. Que seu nome, gravado em uma lápide simples em Borgo Rotondo, inspire empatia e memória.

Dr. Piazzetta