Espaço destinado aos temas referentes principalmente ao Vêneto e a sua grande emigração. Iniciada no final do século XIX até a metade do século XX, este movimento durou quase cem anos e envolveu milhões de homens, mulheres e crianças que, naquele período difícil para toda a Itália, precisaram abandonar suas casas, seus familiares, seus amigos e a sua terra natal em busca de uma vida melhor em lugares desconhecidos do outro lado oceano. Contato com o autor luizcpiazzetta@gmail.com
domingo, 30 de março de 2025
De l’Altro Lato del Osseano: L’Imigrassion Italiana in Brasil
quinta-feira, 27 de março de 2025
Do Outro Lado do Oceano: A Imigração Italiana no Brasil
sábado, 1 de março de 2025
O Trem, os Navio e a Emigração Italiana no Século XIX
O Trem, o Navio e a Emigração Italiana no Século XIX
O século XIX foi um período marcado por profundas transformações tecnológicas e sociais que alteraram a maneira de viver e de se locomover, especialmente para os milhões de europeus que buscavam melhores condições de vida em terras distantes. Entre as inovações que favoreceram a emigração europeia em geral, e a italiana em particular, destaca-se o surgimento do trem a vapor. Substituindo as lentas carruagens e diligências, o trem revolucionou o transporte terrestre, encurtando distâncias entre cidades e portos. Paralelamente, o advento dos navios a vapor substituiu os veleiros, reduzindo significativamente o tempo das travessias marítimas entre a Europa e as Américas, transformadas no novo El Dorado para aqueles que sonhavam com prosperidade.
Para os italianos que partiam de pequenas aldeias no interior do país, o trem representava não apenas um meio de transporte, mas também um primeiro encontro com a modernidade. Muitos desses emigrantes eram camponeses analfabetos, habituados a uma vida simples e cercada por tradições. A visão daquele "monstro de ferro", soltando fumaça e rugindo com estrondos que ecoavam pelas montanhas, era, ao mesmo tempo, fascinante e aterradora. Alguns encaravam a máquina com temor, acreditando que aquilo era algo sobrenatural, enquanto outros se maravilhavam com a possibilidade de deixar para trás a miséria e as restrições impostas pela vida rural.
A jornada de emigração começava ainda antes de embarcarem em um navio. Muitos viajavam longas distâncias a pé ou em carroças para alcançar a estação ferroviária mais próxima. Para famílias inteiras, essa era uma experiência inédita e repleta de incertezas. Subir em um trem pela primeira vez era um desafio. As sensações de movimento, o barulho das rodas nos trilhos e os solavancos causavam espanto e desconforto. As crianças choravam, as mães tentavam acalmá-las, enquanto os pais lidavam com a ansiedade de garantir a segurança de todos.
Ao chegar ao porto de Gênova ou outros grandes portos de embarque, como Nápoles, enfrentavam uma nova etapa do processo migratório. Ali, os navios a vapor os aguardavam, verdadeiras cidades flutuantes que prometiam levá-los ao outro lado do oceano. Para muitos, o navio era uma visão ainda mais impressionante do que o trem. Acostumados à calmaria de seus vilarejos, embarcar em uma embarcação tão gigantesca era um teste de coragem. Dentro do navio, amontoados nos porões apertados, os emigrantes conviviam com a insegurança sobre o futuro. A viagem era longa e marcada por condições precárias, mas também por esperança.
O trem e os navios a vapor foram os grandes facilitadores dessa migração em massa, encurtando não apenas as distâncias físicas, mas também o tempo necessário para que os emigrantes italianos pudessem tentar uma nova vida. Antes, uma viagem que durava semanas ou meses em embarcações movidas a vela passou a ser realizada em dias. Isso abriu portas para que um número ainda maior de pessoas tivesse acesso a essa oportunidade.
No entanto, o impacto psicológico dessa modernidade repentina era inegável. Para os emigrantes, deixar suas terras natais já era doloroso. O trem e o navio simbolizavam uma ruptura definitiva com o conhecido e o mergulho no desconhecido. Os campos verdejantes e as casas de pedra de suas aldeias davam lugar ao frio aço das máquinas e ao horizonte vasto do oceano. Cada etapa da viagem era permeada por sentimentos conflitantes de medo, saudade e esperança.
No Brasil, na Argentina ou nos Estados Unidos, ao desembarcar, enfrentavam novos desafios. Mas foi graças à infraestrutura proporcionada pelo trem e pelos navios que milhões de italianos puderam reescrever suas histórias. Eles levaram consigo suas tradições, gastronomia, língua e fé, ajudando a moldar a identidade cultural dos países que os acolheram.
Assim, o trem e os navios a vapor não foram apenas instrumentos de transporte, mas verdadeiros símbolos da transformação de um tempo. Eles não apenas encurtaram distâncias geográficas, mas conectaram sonhos e destinos, permitindo que milhões de emigrantes italianos buscassem uma vida melhor no Novo Mundo.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Tra Sòni e Fadighe: El Viàio de la Famèia Bianchi
Tra Sòni e Fadighe: El Viàio de la Famèia Bianchi
Era el ano 1885, e la picina vila de Enna, su par le montagne de la Sicìlia, vivia zornade difìssei. La seca no dava trègoa e la povartà no lassava altra s-cielta par tanti. Giuseppe Bianchi, un zòvane contadin de 34 ani, passava le note sensa dormir pensando al futuro de la so famèia. La so mòier, Rosa, de 30 ani, curava i tre fiòi: Maria, na piciòla vivasse de 7 ani; Pietro, un toset forte de 12 ani; e la piciòla Sofia, de sol 8 mesi, che gnanca gavea mai senti el gusto del late di muca.
Un pomerìgio de primavera ze rivà na notìssia par la vila: "In Brasile ghe ze tera gratis e laoro par tuti." La notìssia pareva impossibile. Far tuto quel viàio su el mar? Andrà in un posto ndove no se savea gnente? Giuseppe gavea dubi, ma Rosa, tenendo Sofia in brasso, la dise: "No gavemo pì gnente da perder qua. Démo na oportunitàa ai nostri fiòi."
Vendendo le so do cavre e con qualche fiorin che gavea messo via, i ga comprà i biglieti de terza classe sul vapor La Speransa, che partiva da Palermo verso el Brasile. El adio è stà doloroso. Lori i ga lassà i genitori vèci de Giuseppe e la casa dove gavea fato tanti memorie. Al porto, un mùchio de emigranti disperà se radunava, con le so valise poverete e i òci pien de speransa e paura.
Su el vapor, no ghe zera spasso, e l'odor del mar se mescolava con el sudor de centinàia de famèie. Rosa fasea de tuto par tegner i fiòi sani, ma Sofia, la piciota la ga scominssià a indebolirse. La aqua dolse la zera scarsa e la magnar la zera poca. Giuseppe, malgrado la fadiga, divideva quel poco che gavea con altri passegieri. "In Brasile, tuto sarà diverso", disea, pì par convinserse che par tranquilisar i altri.
Dopo 45 zornade de viàio, finalmente lori i ga visto el porto de Santos. Le palme e el forte calor tropical ùmido i zera na sensassion strana par chi vegniva dai monti con tanto vento de la Sicilia. Ma la consolassion de rivar in tera presto la è stà sostituida da la dura realtà. Dopo un viàio molto longo e stracoso in carete e a piè, lori i ze rivà a na fasenda de cafè vicin a Taubaté, ´ntel interior de San Paolo.
Su la fasenda, lori i ze stai ricevudi dal fator, che i ga portà in na pìcola casa de legno e fango. "Adesso qua ze casa vostra", el disea, con un acento portoghese forte. La casa la zera povereta, ma almeno gavea un teto. Giuseppe e Rosa i ga lavorà duro su le piantagioni de cafè, dessoto un sol che brusava e in condissioni pesanti. Pietro dava na man con i lavori più legeri, mentre Maria curava Sofia e metea ordine in casa.
I primi mesi i zera stà duri. El cafè pareva na maledission e na benedission. Nonostante el lavoro senza fin, i Bianchi lori i ga scominssià a refar la so vita. Giuseppe, con el talento par la agricoltura, presto el ga guadagnà la fiducia del paron de la fasenda e el ga messo su orti par la subsistensa de la famèia. Rosa, con le so man d'oro, la faseva vestiti e pan, cambiando con altri viveri con le famèie vissine.
Con el tempo, quel che zera solo fadiga è diventà speransa. Pietro ga imparà a léser con un missionàrio che passava par la zona, e Maria sperava de diventà maestra un zorno. Sofia, che tanti gavea paura che no sopravivesse al viàio, la è diventà forte e sana, giocando fra i café.
Dieci ani dopo, i Bianchi gavea messo da parte abastansa par comprar un pìcolo peso de tera ´tela vila pròssima a la fasenda. Giuseppe el ga costruì na casa pì granda con lo aiuto de altri coloni, e Rosa la ga piantà diverse ortàgie che presto gavea dà fruti. Guardando i campi verdi del interior paulista, Giuseppe el ga mormorà a Rosa: "Ze stà la miglior sielta che gavemo fa. Adesso i nostri fiòi lori i gavè un futuro."
La stòria de la famèia Bianchi la ze solo na fra tante de la saga de i migranti italiani che i ga trasformà el Brasile con el so laoro duro e la so forsa. Nel cor de ogni café piantà e racolto, ghe zera un sònio che ga traversà el mar e che ga vinto le adversità.