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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

O Caminho das Estações: A Vida de uma Cròmera


 

O Caminho das Estações: A Vida de uma Cròmera

Maria Santina nasceu em 1835, em uma encantadora localidade de Valle di Cadore, um dos recantos mais pitorescos da província de Beluno, no norte da Itália. O vale, aninhado sob a sombra das majestosas Dolomitas, parecia um quadro vivo, com montanhas cujos cumes de tons avermelhados no fim da tarde, se fundiam ao céu e cujos bosques mudavam de cor conforme o ritmo das estações. Era uma terra de beleza austera, mas também de desafios implacáveis. Ali, o som cristalino dos riachos que cortavam os prados misturava-se ao canto dos pássaros, enquanto o cheiro da terra revolvida trazia a promessa — nem sempre cumprida — de fartura.

Filha de camponeses, Maria cresceu em uma rotina onde cada amanhecer trazia a dura realidade do trabalho. Suas mãos pequenas logo se habituaram ao toque áspero do solo e às ferramentas de madeira que, embora simples, eram essenciais para a sobrevivência. A incerteza das colheitas, ameaçadas por chuvas repentinas com avalanches ou secas prolongadas, moldavam o espírito resiliente dos habitantes do vale. No inverno, quando a neve cobria os campos e as montanhas assumiam uma imponência quase inacessível, a aldeia tornava-se um reduto de resistência, com famílias unidas em torno do fogo, tentando driblar o frio intenso que parecia eterno. Maria, mesmo jovem, absorvia esse espírito de luta e adaptação, aprendendo que a simplicidade da vida exigia tanto força quanto sabedoria.

Naquela época, toda a região do Cadore fazia parte do vasto Império Austro-Húngaro, uma realidade que influenciava profundamente a vida dos cadorinos. Sob o domínio imperial, as terras eram administradas por uma burocracia distante, que pouco se importava com as dificuldades enfrentadas pelas comunidades montanhesas. A identidade italiana dos habitantes do vale convivia com as imposições culturais e políticas do império, gerando um sentimento de pertencimento dividido.

As decisões tomadas em Viena pareciam tão distantes quanto as montanhas que cercavam o vale, e os camponeses precisavam lutar com determinação para preservar suas tradições, idioma e modo de vida. Mesmo assim, a dureza das condições econômicas e a falta de oportunidades ultrapassavam qualquer questão de lealdade política. A necessidade de sobreviver obrigava famílias inteiras a buscar alternativas fora da terra natal, muitas vezes desafiando as fronteiras do império em busca de sustento.

Esse cenário moldou o espírito resiliente de Maria Santina e de tantos outros que, embora submetidos às restrições impostas pelo domínio austro-húngaro, mantinham viva a chama de suas raízes italianas e a esperança de um futuro melhor.

A vida no Valle di Cadore era uma constante luta contra as adversidades. Muitos cadorinos enfrentavam a dura realidade de que o trabalho no campo, por mais árduo que fosse, raramente era suficiente para garantir o sustento de suas famílias. As terras, ainda que férteis em algumas partes, eram limitadas e nem sempre generosas. As colheitas dependiam do humor instável das estações, e os invernos rigorosos frequentemente deixavam os celeiros vazios, obrigando os moradores a buscar alternativas para sobreviver.

Os homens cadorinos, em sua maioria, desde o início do século XIX já migravam sazonalmente, no período de menor atividade nas suas propriedades, para trabalhar como vendedores ambulantes, operários nas pedreiras, carpinteiros em florestas distantes ou trabalhadores braçais e prestadores de serviços em vilarejos vizinhos de países confinantes. Durante esse êxodo temporário, que durava alguns meses, porém, deixava as mulheres com a responsabilidade de cuidar da terra, da casa e dos filhos. Ainda assim, muitas delas não se limitavam ao lar. Corajosas e resilientes, as mulheres cadorinas encontravam na emigração sazonal com a venda ambulante uma forma de sustentar suas famílias e preservar a dignidade diante das dificuldades. Maria, observando essas mulheres, inspirou-se na determinação delas em ajudar na manutenção da família e decidiu seguir o mesmo caminho. Tornou-se uma cròmera, uma vendedora ambulante que carregava às costas não apenas mercadorias, mas também a alma de sua terra natal. Ela começou a cruzar as trilhas sinuosas das montanhas, atravessando fronteiras para levar os tesouros do Cadore a outras paragens. Lenços delicadamente bordados, ervas aromáticas, espelhos, vidros, pequenas esculturas de madeira e outros produtos que refletiam o talento artesanal de sua aldeia tornaram-se os instrumentos de seu trabalho. Essas vendedoras também comercializavam estampas com motivos variados, inclusive calendários e imagens de santos católicos, coloridas em cromo, provenientes de uma famosa estamparia do Veneto. Para Maria, cada peça vendida era mais do que uma simples transação; era uma maneira de compartilhar a história e a essência do povo cadorino, enquanto construía, passo a passo, um futuro melhor para os seus.

A estrada era longa e solitária, uma travessia que colocava à prova tanto o corpo quanto o espírito. Maria caminhava por dias inteiros, com os pés protegidos apenas por sapatos de couro que, às vezes, não resistiam bem às pedras afiadas das estradas montanhosas. Enfrentava chuvas repentinas que encharcavam suas roupas e tornavam os caminhos cheios de lama, e o frio cortante da primavera, que parecia entrar até nos ossos. Mas ela seguia em frente, guiada pela determinação que a vida entre as Dolomitas lhe ensinara desde pequena: a sobrevivência era uma luta, mas a luta valia a pena.

Quando cruzava a fronteira da Áustria e chegava ao primeiro vilarejo, sentia o coração bater mais forte. As paisagens conhecidas davam lugar a algo diferente: casas robustas de pedra com telhados inclinados, ruas bem arrumadas que pareciam feitas para resistir ao rigor do inverno e pessoas de rostos reservados, mas curiosas. Era uma terra nova, mas Maria não se intimidava.

A cada porta que batia, oferecia não só suas mercadorias, mas também um sorriso caloroso que parecia dissipar toda a desconfiança. Com a voz firme, falava de sua aldeia, descrevendo as montanhas, os riachos e a vida simples, mas cheia de significado. Apresentava os lençóis como se fossem pedaços da paisagem que deixara para trás, os artefatos de madeira como representações do trabalho habilidoso de seu povo e as ervas aromáticas como uma promessa de saúde e bem-estar. Cada venda não era apenas uma transação comercial; era uma troca de cultura, um momento em que Maria compartilhava um pedaço de sua história e, em troca, aprendia sobre o mundo além das fronteiras do Vale de Cadore.

As noites talvez fossem a parte mais difícil. Depois de um dia inteiro de caminhada e negociações, ela procurava abrigo onde podia: estábulos, casas de famílias generosas ou, às vezes, sob o céu estrelado, envolta em um grosso cobertor para espantar o frio. Mesmo nos momentos de solidão, sentia o calor de sua missão. Para ela, cada passo era um avanço em direção a um futuro mais promissor, e cada encontro com austríacos e suíços era uma oportunidade de mostrar o valor de sua terra e de seu trabalho.

Maria logo descobriu que a vida de uma cròmera exigia mais do que força física. Cada dia era um teste de resistência e astúcia. A habilidade para negociar era essencial; ela precisava avaliar rapidamente o interesse de seus clientes e ajustar suas estratégias. Às vezes, isso significava oferecer um desconto sutil, contar uma história sobre as origens dos produtos ou simplesmente ouvir com paciência as reclamações daqueles que não tinham intenção de comprar. A paciência era sua maior aliada, especialmente diante das recusas. Nem todos abriam suas portas para uma estrangeira, e os olhares desconfiados frequentemente a seguiam pelas ruas. Mas Maria carregava consigo um espírito resiliente que parecia crescer diante das adversidades.

O que a sustentava era a ideia de que cada moeda obtida representava mais do que um ganho material; era um passo rumo a um futuro melhor para sua família. Cada centavo acumulado era uma promessa de que Angelina, sua filha, teria uma vida mais confortável, e que Pietro, seu marido, poderia cultivar suas terras sem as preocupações incessantes da subsistência. Era essa visão que a fazia continuar, mesmo quando seus pés doíam de tanto caminhar ou quando o peso da sacola parecia insuportável.

Ao longo dos anos, Maria retornava sempre na mesma época, tornando-se uma presença familiar e querida nos vilarejos que visitava. Seu sotaque italiano, marcado pela cadência suave dos cadorinos, era cativante, e sua voz melodiosa muitas vezes transformava uma simples interação comercial em um momento de conexão humana. As crianças a seguiam pelas ruas como se ela fosse uma espécie de fada viajante, fascinadas pelos pequenos brinquedos de madeira que ela habilmente exibia. Para os adultos, Maria era uma mulher forte, determinada e bondosa. Os agricultores a admiravam por sua coragem e trabalho árduo, enquanto as donas de casa viam nela uma amiga com quem podiam compartilhar confidências e risos.

Foi no cantão de Schaffhausen, próximo a fronteira com a Alemanha, com suas colinas suaves e vinhedos impecavelmente alinhados, que Maria encontrou uma espécie de segunda casa. Lá, ela se hospedava com Maddalena, uma prima que com o casamento havia emigrado anos antes e que a acolheu com os braços abertos. As duas tinham a mesma idade e se correspondiam com frequência. Durante as noites frias, as duas mulheres, unidas por suas histórias de resistência, sentavam-se perto do fogo e compartilhavam memórias da juventude. Maddalena contava sobre as dificuldades dos primeiros anos na Suíça, enquanto Maria falava das saudades da família e das paisagens de Valle di Cadore. Entre risos e lágrimas, elas encontravam consolo uma na outra.

Depois dessas noites de conversa, Maria organizava sua caixa com cuidado quase cerimonial, dobrando os lenços bordados e verificando se os artefatos de madeira estavam intactos. Cada peça representava horas de trabalho e esperança. Apesar da rotina árdua, Maria nunca deixava de escrever cartas para Pietro, relatando seus progressos e perguntando sobre a evolução da plantação, e para Angelina, enchendo as páginas de ternura e promessas de que voltaria com histórias para contar e presentes para dividir. Essas cartas, enviadas religiosamente, eram sua forma de permanecer conectada à terra que deixara para trás e ao futuro pelo qual lutava com tanta determinação.

Quando Pietro adoeceu gravemente, Maria compreendeu que sua vida tomaria um novo rumo. Sem hesitar, quando retornou ao vale para cuidar do marido, o que encontrou foi uma terra ainda mais castigada pela pobreza. As colheitas continuavam escassas, os invernos pareciam mais rigorosos, e o desespero estava estampado nos rostos de seus vizinhos. Diante desse cenário, a ideia de emigrar para o Brasil, que circulava nas conversas sussurradas ao redor da lareira, começou a tomar forma como uma possibilidade real. A promessa do governo brasileiro de terras férteis, onde o trabalho duro poderia finalmente trazer frutos, soava como um chamado, embora carregasse consigo o medo do desconhecido e a dor de deixar para trás tudo o que conheciam.

Em 1879, com 44 anos e o coração dividido entre a esperança de um futuro melhor e o pesar da despedida, Maria, Pietro e a jovem Angelina embarcaram no porto de Gênova em direção a um destino desconhecido e incerto. A travessia marítima se revelou uma verdadeira odisseia. Nos porões do navio, dezenas de famílias se espremiam em espaços apertados, e o cheiro de sal e óleo impregnava o ar. As condições eram precárias: a água potável era racionada, o alimento, escasso e monótono, e doenças se espalhavam rapidamente entre os passageiros, com uma velocidade alarmante.

Maria, no entanto, se recusava a ceder ao desespero. Sua determinação era uma chama que mantinha aceso o espírito daqueles ao seu redor. Nos momentos mais difíceis, ela recorria ao que sabia fazer de melhor: cuidar. Com seu estoque de ervas e remédios caseiros cuidadosamente guardados, preparava infusões para acalmar os doentes e aliviar as dores. Dividia o pouco que tinha, sempre com palavras de conforto e um sorriso que parecia desafiar a adversidade. Enquanto muitos sucumbiam ao cansaço e à tristeza, Maria mostrava que a solidariedade poderia transformar até os dias mais sombrios em lampejos de esperança.

Assim, ao longo das semanas de viagem, ela não apenas cuidou de sua família, mas também se tornou uma espécie de guardiã improvisada para muitos no navio. Crianças corriam até ela em busca de atenção, mães exaustas encontravam nela uma confidente, e homens preocupados com o futuro viam em sua força um lembrete de que o esforço valia a pena. Embora a travessia fosse extenuante, Maria sabia que, do outro lado do oceano, uma nova página os aguardava — e isso era suficiente para mantê-la firme, dia após dia.

Quando finalmente desembarcaram no Brasil, foram enviados para a colônia Azambuja, no interior de Santa Catarina. A floresta parecia infinita e intransponível, e os desafios eram assustadores. Era preciso abrir clareiras, construir uma casa e começar o cultivo em terras desconhecidas. Maria não se deixou intimidar. A experiência como cròmera a havia ensinado a resistir e a encontrar soluções criativas para os problemas. Em pouco tempo, ela organizou uma pequena rede de trocas entre os vizinhos, oferecendo artesanato e ervas em troca de sementes e ferramentas. Aos poucos, a comunidade começou a prosperar.

Maria viveu até os 68 anos, quatro a mais que o seu marido Pietro, tempo suficiente para ver Angelina casar-se e construir uma família no Brasil. Mesmo em seus últimos anos, era lembrada por sua força e generosidade. As histórias de suas viagens como cròmera tornaram-se lendas entre os netos, que ouviam com fascinação sobre os caminhos percorridos e as pessoas que ela conheceu.

No interior de Santa Catarina, Maria Santina deixou um legado de perseverança e fé. Seu exemplo inspirou gerações a acreditarem na possibilidade de recomeços, mesmo diante das maiores adversidades. Assim, a mulher que atravessou montanhas e oceanos encontrou seu lugar em um novo mundo, onde as sementes de seu trabalho e coragem floresceram para sempre.


Nota do Autor

O romance O Caminho das Estações: A Vida de uma Cròmera é uma obra que busca capturar a essência de um tempo e de um povo cujas histórias, muitas vezes, permanecem esquecidas nas dobras do passado. Embora fictícia, a narrativa foi profundamente inspirada por fatos históricos e relatos que o autor teve a oportunidade de conhecer, sejam eles registros escritos ou memórias transmitidas oralmente por descendentes de famílias que viveram na região do Cadore e em suas adjacências.

A trajetória de Maria Santina é, ao mesmo tempo, uma homenagem e um tributo às mulheres cadorinas que, com coragem e resiliência, enfrentaram os desafios de uma vida de sacrifícios e, ainda assim, encontraram força para preservar sua identidade, sua cultura e seu legado. Essas mulheres, representadas na figura de Maria, personificam o espírito de luta, adaptação e esperança que transcendem gerações e fronteiras.

Este livro, portanto, é mais do que uma narrativa fictícia; é uma janela para o mundo daquelas que cruzaram montanhas não apenas para sustentar suas famílias, mas também para levar consigo a alma de sua terra. Que esta história inspire em cada leitor a mesma admiração e respeito que motivaram sua criação.

Com gratidão,

Dr. Piazzetta


sexta-feira, 20 de junho de 2025

Uma Jornada Sem Fim

 

Uma Jornada Sem Fim


No amanhecer de uma manhã fria e enevoada, a pequena vila de San Pietro di Livenza parecia tão calma quanto sempre, mas para Giuseppe Zilotto e sua família, aquele dia marcava o início de uma jornada que mudaria suas vidas para sempre. Era o outono de 1876, e Giuseppe, um homem robusto com as mãos calejadas pelo trabalho árduo na terra estéril, sabia que não havia mais como sustentar sua família naquele lugar.

Ao seu lado estava Maria, sua esposa, cujos olhos, embora marcados pelo cansaço, ainda refletiam uma centelha de esperança. Com seus três filhos pequenos – Matteo, de oito anos; Luca, de cinco; e o bebê Vittorio, de apenas dez meses – eles se preparavam para deixar tudo para trás e embarcar rumo ao desconhecido Brasil. A vila inteira se reuniu para se despedir, oferecendo pequenos presentes para a longa viagem, como pães, ervas medicinais e até um medalhão de Santo Antônio, além de lágrimas e orações silenciosas. 

O caminho desde a estação ferroviária até o porto de Gênova foi longo e cansativo, devido às inúmeras paradas em diversas estações pelo caminho, ocasião em que embarcavam dezenas de outros emigrantes como eles. O trem carregado corria lento pelos trilhos e as crianças, especialmente o pequeno Vittorio, pareciam definhar com a exaustão.

Quando finalmente chegaram ao porto, a visão do enorme vapor Savoie foi tanto uma promessa de esperança quanto uma ameaça de perigos desconhecidos. A bordo do navio, as condições eram insalubres. Homens, mulheres e crianças amontoavam-se em espaços apertados, com pouca ventilação e comida escassa. A água potável frequentemente se misturava com impurezas, e as noites eram preenchidas com o som de orações, choros e tosse – especialmente de Luca, que começou a demonstrar sinais de fraqueza. Apesar de todo o cuidado de Maria, as más condições agravaram sua saúde, e a febre logo se tornou uma companheira constante.

Após quase 40 dias no mar, o navio chegou ao porto do Rio de Janeiro no início de 1877. O desembarque trouxe alívio, mas também novos desafios. A família ainda precisaria enfrentar uma segunda jornada em uma caravana até Santa Catarina, e os riscos das doenças e da fadiga estavam sempre presentes. Quando finalmente chegaram ao lote designado para eles, a visão da terra foi um choque. Prometida como fértil e abundante, era na verdade um matagal denso e inóspito. Giuseppe, com determinação feroz, começou a desbravar o terreno com a ajuda de Matteo, enquanto Maria cuidava das crianças e tentava adaptar-se ao ambiente hostil.

A tragédia atingiu a família poucos meses após a chegada. Luca, debilitado pela longa viagem e pelas condições adversas, adoeceu gravemente. Sem médicos ou recursos, Maria e Giuseppe fizeram tudo o que podiam, utilizando ervas e compressas ensinadas por vizinhos mais experientes, mas seus esforços foram em vão. Luca faleceu numa tarde silenciosa, no verão de 1877, e a dor de sua perda foi como uma faca atravessando o coração da família. O pequeno grupo de vizinhos imigrantes, alguns deles já estabelecidos na região, organizou um funeral simples. Sob um velho cedro, próximo ao cemitério improvisado, Giuseppe cavou a sepultura. Maria, com o pequeno rosário nas mãos, murmurava orações entre lágrimas. A perda de Luca marcou a família profundamente, mas também fortaleceu sua determinação de sobreviver e honrar sua memória.

Os meses seguintes foram repletos de desafios. Giuseppe e Matteo trabalharam incansavelmente para limpar a terra e plantar as primeiras sementes. Após muitos esforços, a primeira colheita foi modesta, mas trouxe um senso de realização e esperança renovada. Maria buscou formas de melhorar a vida da família, aprendendo com os vizinhos novas receitas com ingredientes locais, muitos deles desconhecidos e a utilizar ervas medicinais para tratar pequenas enfermidades.

Mesmo diante das dificuldades, ela sempre encontrava tempo para contar histórias da Itália aos filhos, incentivando-os a sonhar com um futuro melhor. No início de 1878, Maria descobriu que estava grávida novamente. A notícia trouxe sentimentos mistos, com o medo de novas perdas, mas também a esperança de um recomeço.

Em julho de 1878, durante uma forte tempestade, nasceu um menino, que recebeu o nome de Carlo Vittorio, em homenagem ao irmão perdido e à força que sustentava a família. Carlo Vittorio trouxe alegria e tornou-se um símbolo de resiliência.

Sob o velho cedro, Maria frequentemente rezava, lembrando-se de Luca e encontrando forças em sua memória. A terra, antes hostil, começou a mostrar sua generosidade, e a casa simples tornou-se um lar acolhedor. Os anos seguintes foram de trabalho árduo e conquistas. A família Zilotto, apesar de todas as adversidades, construiu uma vida digna, transformando sofrimento em força e saudade em esperança. A história deles tornou-se um testemunho da força humana diante das dificuldades, uma jornada que começou com dor e incerteza, mas que se transformou em uma celebração da vida e da superação.

A jornada dos Zilotto foi mais do que uma travessia oceânica; foi um ato de coragem que plantou os alicerces de um novo futuro. Ao cruzarem o Atlântico, deixaram para trás não apenas uma terra empobrecida, mas também uma identidade que logo se fundiria com o vigor do Brasil. Carlo e Maria talvez nunca tenham imaginado que seu esforço criaria raízes tão profundas. O que começou como uma luta pela sobrevivência se transformou em uma história de superação e resiliência, passada de geração em geração.

Hoje, muitos descendentes dos Zilotto retornam à Itália, não como imigrantes em busca de refúgio, mas como viajantes em busca de suas origens. Em Treviso, pequenos vilarejos ainda reconhecem os sobrenomes que desapareceram há mais de um século. Os viajantes são recebidos com curiosidade e hospitalidade, como se a volta completasse um ciclo iniciado por Carlo e Maria.

As marcas dessa jornada também estão nos detalhes cotidianos da vida brasileira. A tradição de plantar vinhedos, passada por Carlo a seus filhos, floresceu em algumas das melhores vinícolas do país. A dedicação de Maria à comunidade se reflete em descendentes que hoje são médicos, professores e líderes locais. Em cada pequeno gesto – uma prece antes da refeição, uma receita de família transmitida com carinho, um abraço caloroso – vive a essência dos Zilotto.

Essa saga, rica em detalhes e profundidade, ensina que, mesmo nas circunstâncias mais adversas, a fé, o trabalho duro e o amor pela família podem superar qualquer obstáculo. A medalha e o terço são mais do que relíquias: são símbolos de uma força que atravessou gerações, lembrando a todos que a coragem dos que vieram antes é a base sólida sobre a qual o presente se ergue.


Nota do Autor

A história que você tem em mãos é mais do que uma narrativa de coragem e superação. É um tributo àqueles que atravessaram mares, deixaram para trás tudo o que conheciam e enfrentaram o desconhecido com esperança no coração. Uma Jornada Sem Fim nasceu do desejo de resgatar e honrar a memória de milhares de imigrantes italianos que ajudaram a moldar a identidade cultural e econômica do Brasil.

Giuseppe Zilotto e sua família são fictícios mas representam tantos outros que, como eles, plantaram raízes em terras estrangeiras. A cada página, procurei dar voz às suas dores, aos seus sacrifícios e, principalmente, aos seus sonhos. Essa obra é, acima de tudo, uma celebração da força humana diante das adversidades e da capacidade de transformar dificuldades em um legado que atravessa gerações.

É importante mencionar que o que está apresentado aqui é apenas um resumo da obra completa. Nas páginas do livro, mergulho mais profundamente nas vivências de Giuseppe, nos detalhes históricos e emocionais que deram forma a essa saga. Espero que este resumo desperte em você a curiosidade e a emoção para explorar a obra em sua totalidade, onde cada capítulo traz nuances ainda mais intensas e cativantes.

Com imensa gratidão,


Dr. Piazzetta




domingo, 6 de outubro de 2024

Le Radìse de la Speransa: La Saga de i Migranti Taliani in Santa Catarina

 


Le Radìse de la Speransa: 

La Saga de i Migranti Taliani in Santa Catarina


L’emigrassion italiana in Santa Catarina la ze  scomincià a la metà de el XIX sècolo, con le sentene de famèie de contadin che i sercava de catar mèio condission de vita in un novo paese. I migranti taliani lori i ze rivài in sta provìncia par porti diversi, compreso el Porto de Itajaí e el Porto de San Francisco do Sul.

I primi migranti taliani che i ze rivài in Santa Catarina i se ga fissà in zone diverse, compreso le cità de Blumenau, Joinville, Brusque e Florianópolis. Lori i sercava na´ oportunità nove de laoro e condission de vita pi digne, parchè tanti de lori i vivea in condission mìsere in Itàlia.

Quando i ze rivài in Brasil, i primi migranti taliani lori i ga trovà tanti dificultà, compresa la bariera de la lèngoa, de un clima e na cultura nova. Ma lori i ghe zera fermi de costruir na vita nova in sto paese e i ga inissià a laorar forte par reussir.

I primi ani in sta nova tera lori i ze stà dificile par i migranti taliani. I dovea imparar tecniche nove de agricoltura e adatarse al clima tropical, che zera ben diverso de queo che i gavea in Itàlia. Ma la volontà e la forsa de laorar che lori i gavea ghe ga fato superar ste dificoltà.

I emigranti taliani, nei primi ani, i produsea soratuto magnar par viver. I coltivea robe diverse, compreso riso, granturco, fasòi, mandioca e tabaco. In pi, tanti de lori i ga inissià a far vin e formaio, portando in Brasil le tradission culinarie de so paesi.

Con el tempo, i migranti taliani lori i ze rivài a prosperar in Santa Catarina e i ga contribuito sensa misura al svilupo econòmico del stato. I ga miso in pié pìcole imprese e negòsi, in pi i ga fato tanto par l'indùstria de i tessuti in sta region.

A Joinville, par esempio, i migranti taliani i se ga sistemà ´ntel quartiere de Vila Nova, ndove lori i ga fato le case e i ga inissià a laorar forte. Tanti de lori i lavorea ´ntele fabriche de stofa in sta zona, contribuendo al svilupo de l'indùstria.

A Blumenau, i migranti taliani i se ga sistemà ´ntela contrada de la Vècia, ndove lori i ga fato le case e inissiava a laorar in agricultura. Lori i produssea sopratuto riso e tabaco, che i vendea in tuta la region.

A Brusque, i migranti taliani i se ga sistemà in la region del Vale de l’Itajaí. Lori i ga inissià a laorar in agricultura e ´ntela ´indùstria de i tessuti, donando un gran contributo a la crescita econòmica de el posto.

Con el tempo, i migranti taliani in Santa Catarina i ga contribuì anca al svilupo culturale del posto. I ga portà con lori la mùsica, la cusina e altree tradission de l’Itàlia, che tanti anca incòi i mantegni.

I migranti taliani i se ga fermà anca in Blumenau, ndove i ga fondà la colònia de San Paolo de Blumenau, ´ntel 1875, e la colònia de Gaspar, intel 1878. Ste do colònie i ga avudo un gran sucesso ´ntela cultura de el tabaco, che i ze deventà un prodoto importante par l’economia de la zona.

Da Blumenau, i migranti taliani lori i ze sbrissà fora par tute le zone del Vale de l’Itajaí e del Planalto Norte catarinense. A Jaraguá do Sul, lori i ga fondà la colònia de Nova Itàlia, ´ntel 1875, e anca qua i ga laorà con el tabaco e dopo anca con le ua e el vin.

Altra colònia che i migranti taliani i ga fondà in Santa Catarina la ze stà quela de Angelina, ´ntel 1877, che i lavorea par far zùcaro e àlcol, oltre a l’agricultura. La colònia de Nova Veneza, fondà ´ntel 1891, la ze di quele pi importanti de el sud de Santa Catarina e anca qua lori ize stài laorar con el tabaco, cafè, ue e altri fruti.

I migranti taliani che i ze rivài in Santa Catarina lori i ga avudo da far par adatarse a na realtà nova. Tanti i gavea el problema de la lèngoa e i dovea imparar el portoghese par parlar con i brasilian e far negòsi. In pi, le condission de vita i zera ben diverse de quela che i gavea lassià in Itàlia.

Al ’inisio, i migranti taliani i lavorea soratuto in agricultura de sopravivensa, producendo magnar par lori stesi. Piano piano, lori i ze rivài a adatarse a la nova tera e a imparar tecniche nove de agricultura, che i ghe ga permesso de espander la produsione e comercialisar i prodoti.

La produzione de tabaco la ze sta una de le principale atività econòmiche de i migranti taliani in Santa Catarina, soratuto ´ntel Vale del Fiume Itajaí. La cultura del tabaco ghe fasèa bisogno de tanta manodopera e i migranti i ga trovà qua un laoro e na rèndita.

Oltra de el tabaco, i migranti italiani i lavorea anca co altre culture, come el cafè, ue, fruti vari, formento e granoturco. Anca la creassion de bestiame, come porsèi e galine, i zera usual ntei poderi de i migranti.

I primi ani de vita de i migranti in Santa Catarina i ze stà pien de dificoltà e privassion. Le condission de vita le zera mìsere e tanti de lori i ga sofresto de problemi de salute, soratuto par le condissioni sanitàrie scarse.

Ma, con el tempo, i migranti taliani i ze rivài a sistemarse e a adatarse a la nova realtà. Lori i ga fondà le so colònie, i ga fato le so case e le so cese e i ga mantegnù le tradission culturai e religiose. La presensa dei migranti taliani in Santa Catarina la ze ancora forte incòi.

Alcuni dei primi nuclèi de colonisassion de taliani in Santa Catarina lori i ze stà fondà in cità come Tubarão, Laguna, Orleans, Urussanga e Criciúma. Con el passare de el tempo, altre zone del stato anca lore le ga ricevesto migranti taliani.

A Tubarão, i primi taliani lori i ze rivài ntel 1876 e lori i se ga sistemà ´ntel posto che i ghe dise Sertão dos Corrêa, dove lori i ga fondà la Colònia Nova Itàlia. Qua lori i ga inisià a coltivar ue e a far vin, oltre a piantar grani e far su l’allevamento de porsèi e altre bestiame par la sopravivensa.

In Laguna, i taliani i ze rivài verso ´ntel 1875 e lori i ga sistemà in Capivari de Baixo. Qua anca i lavorea in agricultura, piantando soratuto granoturco, fasòi, patate e ortai.

In Orleans, i primi taliani i ze rivài ´ntel 1879 e lori i ga fondà la Colònia Nova Veneza. I lavorea soratuto con el cafè e anca in fornaie, a far matoni e teie de baro.

A Urussanga, i taliani lori i ze rivài ´ntel 1878 e i ga fondà la Colònia Nova Trento. Qua i lavoreva soratuto co le ue e el vin, oltre a piantar grani, fasòi e ortàgi.

In Criciúma, i primi taliani i ze rivài ´ntel 1890 e i se ga sistemà in Rio Maina, ndove lori i ga fondà la Colònia Nova Roma. Qua i lavorea con le ue e el vin, oltre a piantar fasòi e grani.

Col passare de i ani, l’emigrassion italiana la ze andà in tuta Santa Catarina, e i migranti lori i ga aiutato formar la cultura e l’economia de la region. Incòi, in tante cità de Santa Catarina, la ze facile trovar l’influensa de la cultura taliana, sia in cusina, ´ntele tradizioni religiose o anca ´ntel ’architetura.

Alcuni soranomi comuni tra i pionieri taliani che lori i ga sistemà in Santa Catarina i ze:

Bazzo: Vèneto. Comandolli: Trentino-Alto Adige. Dalçoquio: Trentino-Alto Adige. Dalsóquio: Trentino-Alto Adige. Delazzeri: Vèneto. Delaurenti: Lombardia. Dengo:  Campania. Farias: Vèneto. Fiamoncini:  Trentino-Alto Adige. Fontanive: Vèneto. Gasparin: Vèneto. Grando: dal Trentino-Alto Adige. Meneghel: Vèneto. Panizzi: Emilia-Romagna. Sartor: Vèneto. Sgrott: Trentino-Alto Adige. Slongo: Trentino-Alto Adige. Zanatta: Vèneto. Zucco: Vèneto.

Sti qua i ze solo arquanto de i tanti cognomi de i pionieri taliani che lori i ze rivài in Santa Catarina.



terça-feira, 18 de junho de 2024

Lista de Imigrantes Italianos Navio Colombo em 1878


 

Navio Colombo 

Porto do Rio de Janeiro

fevereiro de 1878



BARBIERO:
Giuseppe – 79 anos – viúvo
Bortolo – 52 anos – casado
Maria – 52 anos – casado
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

BASCAN:
Valentino – 32 anos – casado
Maria – 26 anos – casado
Amedo – 6 anos – solteiro
Sante – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

BISOGNIN:
Francesco – 46 anos – casado
Brígida – 27 anos – casado
Isidoro – 9 anos – solteiro
Alessandro – 6 anos – solteiro
Santa – 3 anos – solteiro
Rosa – 8 meses – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

BIZZOTO:
Francesco – 41 anos – casado
Angela – 35 anos – casado
Antonio – 13 anos – solteiro
Matteo – 11 anos – solteiro
Giovanni – 9 anos – solteiro
Orsola – 7 anos – solteiro
Regina – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

BOLZON:
Pietro – 28 anos – solteiro – nome riscado na lista. Há uma observação ilegível.
Luigi – 26 anos – casado
Rosa – 23 anos – casado
Giacomo – 22 anos – solteiro
Adora – 5 meses – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

BRAGAGNOLO:
Pietro – 51 anos – casado
Angela – 54 anos – casado
Ciriaco – 15 anos – solteiro
Matteo – 12 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

BROCCARDO:
Francesco – 32 anos – casado
Elena – 30 anos – casado
Silvio – 4 anos – solteiro
Aliuto – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

CARLESSO:
Bernardo – 49 anos – casado
Angela – 46 anos – casado
Giovanni – 15 anos – solteiro
Francesco – 11 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

CARLOTTO:
Antonio – 62 anos – casado
Maria – 54 anos – casado
Domenico – 23 anos – casado
Rosa – 21 anos – casado
Andrea – 18 anos – solteiro
Antonio – 8 meses – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

CECCHIN:
Francesco – 52 anos – casado
Veronica – 47 anos – casado
Celeste – 29 anos – solteiro
Maria – 26 anos – solteiro
Gio Batta – 18 anos – solteiro
Vittorio – 14 anos – solteiro
Maria – 12 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Itajahy



CECEON:
Gaetano – 34 anos – casado
Cecilia – 34 anos – casado
Maria – 11 anos – solteeiro
Angelo – 8 anos – solteiro
Margherita – 1 ano – solteiro – faleceu
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

CESDERNARO:
Francesco – 38 anos – casado
Profissão: Agricultor
Origem: Sanova
Destino: Itajahy

CHEMELO:
Antonio – 30 anos – casado
Domenica – 30 anos – casado
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

COSTA:
Isidoro – 31 anos – casado
Caterina – 30 anos – casado
Angela – 4 anos – solteiro
Domenico – 3 anos – solteiro
Rosa – 7 meses – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

CREAZZO:
Lucia – 70 anos – viúvo
Luigi – 40 anos – casado
Angela – 33 anos – casado
Elena – 25 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul



DALLA COSTA:
Domenico – 46 anos – casado
Maria – 40 anos – casado
Eva – 14 anos – solteiro
Maria – 12 anos – solteiro
Costanza – 10 anos – solteiro
Speranza – 8 anos – solteiro
Guglielmo – 6 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

DALLAPOZZA:
Maria – 69 anos – viúvo
Antonio – 40 anos – casado
Rosa – 35 anos – casado
Giuditta – 9 anos – solteiro
Massimiliano – 6 anos – solteiro
Maria – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy
DAL SANTO:
Bortolo – 37 anos – casado
Filomena – 32 anos – casado
Maria – 10 anos – solteiro
Natale – 4 anos – solteiro
Rosa – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

FACCIN:
Benedetto – 48 anos – casado
Pasqua – 44 anos – casado
Rodolfo – 15 anos – solteiro
Romano – 12 anos – solteiro
Guglielma – 8 anos – solteiro
Agostino – 5 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

FERMIAN:
Caterina – 70 anos – casado
Giuseppe – 33 anos – casado
Carolina – 38 anos – solteiro
Maria – 20 anos – solteiro
Luigia – 19 anos – solteiro
Luigi – 18 anos – solteiro
Alessandro – 16 anos – solteiro
Gaetano – 14 anos – solteiro
Rosa – 11 anos – solteiro
Giuseppe – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Verona
Destino: Itajahy

FERRARI:
Giuseppe – 23 anos – casado
Regina – 21 anos – casado
Profissão: Agricultor
Origem: Cremona
Destino: Itajahy
O nome está riscado na lista.

FILIPPIN:
Giovanni – 22 anos – casado
Antonia – 21 anos – casado
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Itajahy

FINALTI:
Michele – 62 anos – viúvo
Angelo – 27 anos – casado
Giovanna – 25 anos – casado
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

FOGLIATO:
Francesco – 35 anos – casado
Maria – 33 anos – casado
Giacomo – 7 anos – solteiro
Cecília – 4 anos – solteiro
Francesco – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

FORNER:
Maria – 64 anos – casado
Giacomo – 41 anos – casado
Antonia 0 39 anos – casado
Antonio – 14 anos – solteiro
Maria – 10 anos – solteiro
Guglielmo – 2 anos – solteiro
Giordano – 7 meses – solteiro – faleceu
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

FUGANTI:
Felice – 49 anos – casado
Bartolomeo – 38 anos – casado
Lucia – 18 anos – solteiro
Virginia – 17 anos – solteiro
Rosa – 16 anos – solteiro
Cesare – 10 anos – solteiro
Pietro – 9 anos – solteiro
Caterina – 7 anos – solteiro
Romedio – 5 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

GAZZOLA:
Agostino – 35 anos – casado
Lucia – 30 anos – casado
Fortunato – 32 anos – solteiro
Alessandro – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

GAZZOLA:
Antonio – 65 anos – viúvo
Pietro – 30 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Itajahy

GHENO:
Giovanna – 59 anos – viúvo – possui filho no Brasil
Antonia – 24 anos – solteiro – o nome está riscado
Maria Angela – 13 anos – solteiro
Bartolomeo – 9 anos – solteiro
Ernesta – 1 ano – solteiro – o nome está riscado
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

GIARETTA:
Angelo – 50 anos – casado
Pasqua – 50 anos – casado
Michele – 29 anos – casado
Maria – 29 anos – casado
Antonio – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

GRIGOLETTO:
Giuseppe – 33 anos – casado
Maria – 33 anos – casado
Maria – 7 anos – solteiro
Rosa – 4 anos – solteiro
Giovanni – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

GOBBO:
Mario – 49 anos – casado
Maria – 35 anos – casado
Amalia – 10 anos – solteiro
Massimiliano – 8 anos – solteiro
Giuseppe – 6 anos – solteiro
Petrolina – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

GUERRA:
Giovanni – 53 anos – viúvo
Francesco – 39 anos – casado
Orsola – 37 anos – casado
Gio Batta – 14 anos – solteiro
Genovieffa – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

GUERRA:
Antonio – 44 anos – casado
Maria – 40 anos – casado
Francesca – 16 anos – solteiro
Gio Batta – 13 anos – solteiro
Maria – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

GUIDOLIN:
Angelo – 59 anos – casado
Angela – 57 anos – casado
Luigi – 19 anos – solteiro
Giuseppe – 16 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Itajahy

LORENZON:
Francesco – 40 anos – casado
Giovanna – 37 anos – casado
Maria – 8 anos – solteiro
Giovannina – 4 anos – solteiro
Pietro – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

LORENZON:
Giovanni – 39 anos – casado
Caterina – 37 anos – casado
Francesco – 9 anos – solteiro
Pia – 6 anos – solteiro
Paola – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

LORENZONI:
Caterina – 60 anos – viúvo
Antonio – 24 anos – casado
Maria – 41 anos – casado
Giulio – 14 anos – solteiro
Andrea – 8 anos – solteiro
Gaetano – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

LOVATO:
Isidoro – 50 anos – casado
Cristina – 46 anos – casado
Giuseppe – 13 anos – solteiro
Gio Batta – 7 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

MASCHIO:
Gio Maria – 27 anos – casado
Angela – 22 anos – casado
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

MELATTO:
Michele – 27 anos – casado
Domenica – 25 anos – casado
Clorinda – 7 anos – solteiro
Paola – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

MENEGAZ:
Abramo – 55 anos – casado
Pasqua – 43 anos – casado
Domenico – 14 anos – solteiro
Pietro – 8 anos – solteiro
Maria – 5 anos – solteiro
Anna – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

MENEGHETTI:Valentino – 33 anos – casado
Caterina – 30 anos – casado
Giuseppina – 1 ano – solteiro – faleceu
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

MILANI:
Antonio – 40 anos – casado
Rosa – 34 anos – casado
Maria – 16 anos – solteiro
Valentino – 9 anos – solteiro
Caterina – 4 anos – solteiro
Giovanni – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Não consta

MORO:
Bortolo – 44 anos – casado
Luigia – 44 anos – casado
Maria – 16 anos – solteiro
Pietro – 14 anos – solteiro
Domenica – 12 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

NODARI:
Sebastiano – 41 anos – casado
Angelo – 40 anos – casado
Luigia – 10 anos – solteiro
Lucia – 9 anos – solteiro
Domenico – 7 anos – solteiro
Romano – 5 anos – solteiro
Maria – 4 anos – solteiro – faleceu
Emilio – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

NOGARA:
Angelo – 49 anos – casado
Teresa – 39 anos – casado
Lucia – 15 anos – solteiro
Alessandro – 11 anos – solteiro
Gio Batta – 9 anos – solteiro
Maria – 6 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

NOGARA:
Giuseppe – 39 anos – casado
Domenica – 30 anos – casado
Teresa – 10 anos – solteiro
Elisabetta – 7 anos – solteiro
Rosa – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

PAOLETTO:
Bortolo – 57 anos – casado
Maria – 37 anos – casado
Giuseppe – 8 anos – solteiro
Anna – 5 anos – solteiro
Carlo – 8 meses – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

PASINATO:
Amedeo – 70 anos – viúvo
Patrizio – 46 anos – casado
Luigia – 40 anos – casado
Pietro – 18 anos – solteiro
Giuseppe – 13 anos – solteiro
Angelo – 11 anos – solteiro
Matteo – 7 anos – solteiro
Angelo – 4 anos – solteiro
Giocondo – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Itajahy

PELIZZARO:
Giovanni – 35 anos – casado
Giuditta – 35 anos – casado
Riccardo – 4 anos – solteiro
Rosa – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

PETTENON:
Antonio – 32 anos – casado
Caterina – 30 anos – casado
Giovanni – 4 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

PIEROBON:
Antonio – 33 anos – casado
Teresa – 27 anos – casado
Marco – 26 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Itajahy

PIROTTO:
Francesco – 35 anos – casado
Elisabettaa – 30 anos – casado
Giustina – 10 anos – solteiro
Francesco – 9 anos – solteiro
Costanza – 6 anos – solteiro
Maria – 3 anos – solteiro
Pietro – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Não consta

RECCHIA:
Luigi – 32 anos – casado
Maria – 25 anos – casado
Antonio – 4 anos – solteiro
Massimiliano – 3 anos – solteiro
Benvenuto – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

RIGHI:
Giovanni – 28 anos – casado
Teresa – 25 anos – casado
Giovanni – 6 anos – solteiro
Francesco – 3 anos – solteiro
Emilia – 6 meses – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

RINEO:
Margherita – 70 anos – viúvo
Luigi – 35 anos – casado
Isotta – 36 anos – casado
Gio Batta – 11 anos – solteiro
Giuseppe – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

ROARO:
Giovanni – 38 anos – casado
Regina – 36 anos – casado
Giulio – 6 anos – solteiro
Antonio – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

RUGGINE:
Antonio – 37 anos – casado
Maria – 31 anos – casado
Attilio – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Rio Grande do Sul

SAGIN:
Giovanni – 42 anos – casado
Filomena – 40 anos – casado
Maria – 15 anos – solteiro
Maddalena – 11 anos – solteiro
Giovanni – 4 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

SONZA:
Celeste – 37 anos – casado
Domenica – 37 anos – casado
Angelo – 14 anos – solteiro
Maria – 12 anos – solteiro
Amedeo – 10 anos – solteiro
Giovanni – 7 anos – solteiro
Giuseppe – 4 anos – solteiro
Angela – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Itajahy

STANGHERLIN:
Santo – 63 anos – casado
Maria – 53 anos – casado
Cesare – 27 anos – solteiro
Eugenio – 23 anos – solteiro
Pasquale – 16 anos – solteiro
Regina – 13 anos – solteiro
Teresa – 11 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Itajahy

STRADIOTTO:
Antonio – 31 anos – casado
Antonia – 33 anos – casado
Valentino – 6 anos – solteiro
Cristina – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Não consta

TOLFO:
Eurosia – 61 anos – viúvo
Giovanni – 28 anos – casado
Margherita – 26 anos – casado
Pietro – 5 anos – solteiro
Drusilla – 4 anos – solteiro
Fioravante – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

TOMAS:
Gio Batta – 36 anos – casado
Margherita – 28 anos – casado
Corona – 10 anos – solteiro
Margherita – 8 anos – solteiro
Giacomo – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Trento
Destino: Itajahy

TONIETTI:
Fortunata – 42 anos – viúvo
Maria – 15 anos – solteiro
Barbara – 11 anos – solteiro
Pietro – 8 anos – solteiro
Giorgio – 3 anos – solteiro
Giovanni – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

TONIOLO:
Eugenio – 30 anos – casado
Maria – 27 anos – casado
Maria – 2 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Treviso
Destino: Itajahy

TOTENE:
Andrea – 37 anos – casado
Pasqua – 28 anos – casado
Sebastiano – 7 anos – solteiro
Lucia – 4 anos – solteiro
Maria – 2 anos – solteiro – faleceu
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

TREVISAN:
Giuseppe – 38 anos – casado
Francesca – 36 anos – casado
Giovanna – 15 anos – solteiro
Lucia – 10 anos – solteiro
Angela – 9 anos – solteiro
Francesco – 7 anos – solteiro
Francesco – 6 anos – solteiro
Domenico – 4 anos – solteiro
Caterina – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

TRITOLATI:
Vincenzo – 32 anos – casado
Angela – 27 anos – casado
Gaetano – 6 anos – solteiro
Giovanni – 4 anos – solteiro
Anacleto – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

TUALDO:
Gio Batta – 45 anos – casado
Luigia – 42 anos – casado
Maria – 14 anos – solteiro
Emanuele – 10 anos – solteiro
Giuseppe – 7 anos – solteiro
Tarquinho – 5 anos – solteiro
Silvio – 3 anos – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy

VIERO:
Giovanni – 43 anos – casado
Caterina – 40 anos – casado
Andrea – 9 anos – solteiro
Giovanna – 6 anos – solteiro
Antonio – 3 anos – solteiro
Santo – 1 ano – solteiro
Profissão: Agricultor
Origem: Vicenza
Destino: Itajahy