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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

A Riqueza das Raízes Italianas: Como a Contribuição dos Imigrantes Moldou a Economia Brasileira




A grande imigração italiana para o Brasil no final do século XIX e meados do século XX teve um impacto significativo na economia brasileira. Os imigrantes italianos ajudaram a moldar a economia do país, contribuindo para setores como agricultura, manufatura e comércio. Além disso, eles tiveram um papel importante na formação do mercado de trabalho brasileiro, fornecendo mão-de-obra para diversas indústrias.
Os italianos se estabeleceram principalmente no sudeste e no sul do Brasil, em estados como São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Eles foram atraídos pelas oportunidades de trabalho oferecidas no país, bem como pela promessa de uma vida melhor. No entanto, eles enfrentaram muitos desafios ao chegar ao Brasil. 
Um dos principais desafios enfrentados pelos imigrantes italianos foi a discriminação. Eles eram frequentemente vistos como estrangeiros e não eram bem-vindos pela população local. Além disso, muitos imigrantes italianos chegaram ao Brasil em condições de pobreza e com poucos recursos. Eles tiveram que trabalhar duro para se estabelecer e construir uma vida nova.
Apesar dos desafios, os imigrantes italianos tiveram um impacto significativo na economia brasileira. Eles foram particularmente importantes para a agricultura, ajudando a transformar esses estados do Brasil em uma das regiões agrícolas mais produtivas do país. Os imigrantes italianos também tiveram um papel importante na manufatura e no comércio, ajudando a desenvolver muitas indústrias importantes no Brasil. Um exemplo de como os imigrantes italianos contribuíram para a economia brasileira é a indústria têxtil. A partir do final do século XIX, muitos imigrantes italianos se estabeleceram em São Paulo e começaram a trabalhar nas fábricas têxteis da região. Eles trouxeram consigo habilidades e conhecimentos. Além disso, os imigrantes italianos ajudaram a construir o sistema ferroviário no Brasil. Muitos imigrantes trabalharam como operários na construção de linhas ferroviárias em todo o país. Eles também ajudaram a operar as ferrovias, trabalhando como maquinistas, condutores e outros funcionários. Os imigrantes italianos também contribuíram para o desenvolvimento da indústria do vinho no Brasil. Muitos imigrantes italianos se estabeleceram na região do Rio Grande do Sul, que é conhecida por sua produção de vinhos. Eles trouxeram consigo técnicas de vinificação e conhecimentos em viticultura, ajudando a transformar a região em uma das principais produtoras de vinho do país.
No entanto, os imigrantes italianos muitas vezes enfrentavam condições de trabalho difíceis. Eles trabalhavam longas horas em condições perigosas e na maioria das vezes recebiam salários baixos. Além disso, eles por vezes enfrentavam discriminação e eram tratados injustamente pelos empregadores donos das terras, acostumados até então a lidar com os pobres escravos. Apesar dos desafios, os imigrantes italianos perseveraram e ajudaram a construir uma comunidade próspera no Brasil. Eles criaram laços fortes uns com os outros e formaram organizações para ajudar a promover seus interesses e proteger seus direitos. Eles também mantiveram suas tradições culturais e transmitiram essas tradições para as gerações futuras. A comunidade italiana no Brasil evoluiu ao longo do tempo. À medida que os imigrantes italianos se estabeleceram no país e se tornaram mais integrados na sociedade brasileira, a comunidade italiana começou a mudar. No entanto, a influência italiana ainda é forte em muitas partes do país, especialmente na região sul. A imigração italiana teve um impacto duradouro na cultura e na sociedade brasileiras. Os imigrantes italianos ajudaram a moldar a cultura e a tradição do país, contribuindo com seus costumes, culinária e arte. Ajudaram também a estabelecer muitas das cidades e comunidades que conhecemos hoje. A imigração italiana para o Brasil foi um momento importante na história do país. Ela ajudou a moldar a cultura, a sociedade e a economia do Brasil, deixando um legado duradouro que ainda é sentido até hoje. A história dos imigrantes italianos no Brasil é uma história de perseverança, trabalho duro e resiliência.









quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Lágrimas e Triunfos: A Jornada Épica dos Emigrantes Italianos em Terras Brasileiras




Na primeira metade deste século XIX, a Inglaterra, já um país industrializado e precisando vender seus manufaturados, que era a superpotência mundial da época, pressionou fortemente o Brasil para acabar com o tráfico de escravos da África que supria as necessidades de mão de obra do império brasileiro. O movimento abolicionista crescia no Brasil e vária leis foram promulgadas pelo congresso tentando minimizar e proibir o tráfico negreiro. Em 1850 com a Lei Eusébio de Queirós ficou proibido a importação de escravos em todo o Brasil. A partir desta data começou faltar a mão de obra nas zonas rurais do país, especialmente no momento em que a cultura do café se expandia, para atender a grande procura mundial pelo precioso grão. Nesse período um grupo de grandes fazendeiros de café do oeste paulista, com grande força política no congresso, passou a defender o uso de mão livre nas suas fazenda, entrando em choque com o pensamento de um outro grupo do Vale do Paraíba, também politicamente forte e donos de grande número de escravos, que eram contra a ideia de contratar trabalhadores livres. Os escravos valiam uma grande fortuna e não queria se desfazer desse capital. Os embates passaram para o congresso que estava dividido em duas alas de parlamentares: os abolicionistas e os escravagista. A força dos abolicionistas no parlamento foi crescendo em número de adesões até que em 1871 foi promulgada a Lei do Ventre Livre, na qual determinava que os filhos de escravas seriam cidadãos livres. A pressão da ala abolicionista foi aumentando até que em 1885 foi aprovada a Lei dos Sexagenários, onde os escravos que atingissem a idade de sessenta anos seriam automaticamente libertos. Essas duas leis já prenunciavam que o fim da escravidão no Brasil estava próximo. Também durante esse período de embates no congresso, a população escrava envelhecia sem que a reprodução natural fosse suficiente para suprir as necessidades de mão de obra nas plantações que a anualmente aumentavam de área. A necessidade de mão de obra se acentuou drasticamente quando em 1888 foi promulgada a Lei Áurea com a proibição da escravidão em todo o território brasileiro. 
Nesse mesmo período do século XIX na Itália acontecia a unificação, um fenômeno conhecido como Risorgimento, com o fim das guerras de independência, que deixaram arrasada a economia do novo reino, seguida de um aumento dramático do desemprego, associado a um crescimento demográfico, também verificado em outros países europeus. Tais fatores levaram, a partir da década de 1870, ao início da maciça imigração de italianos para o Brasil. No final do século XIX e início do século XX, as ideias de darwinismo social e eugenia racial tiveram grande prestígio no pensamento científico mundial. Na medida em estas ideias eram aceitas e divulgadas pela comunidade científica nacional, o imaginário social e político brasileiro passou a considerar que os brasileiros eram incapazes de desenvolver o país por serem, em sua grande maioria, negros e mestiços. Essa política de imigração, além de aumentar a oferta de mão de obra, trazendo um maior número de pessoas brancas para o país, também possibilitou melhores condições de vida aos agricultores europeus, que viviam uma situação difícil em seu país. Os emigrantes, na época No final do século XIX e início do século XX, as ideias de darwinismo social e eugenia racial tiveram grande prestígio no pensamento científico mundial. Na medida em estas ideias eram aceitas e divulgadas pela comunidade científica nacional, o imaginário social e político brasileiro passou a considerar que os brasileiros eram incapazes de desenvolver o país por serem, em sua grande maioria, negros e mestiços. Essa política de imigração, além de aumentar a oferta de mão de obra, trazendo um maior número de pessoas brancas para o país, também possibilitou melhores condições de vida aos agricultores europeus, que viviam uma situação difícil em seu país. Os italianos eram considerados um dos melhores emigrantes disponíveis, por serem brancos e terem a mesma religião católica que o império. Eles poderiam ser usados para o "branqueamento" da população brasileira. E não foi apenas o nosso país a adotar esses critérios raciais, alguns dando preferência aos imigrantes provenientes do norte da península em detrimento daqueles do sul. Foi a partir da década de 1870 que os imigrantes italianos  começaram a chegar em maior número, aumentando expressivamente entre os anos de 1887 e 1904, quando os italianos já eram o maior grupo étnico a entrar no Brasil. A repercussão negativa na imprensa italiana surgidas no início do século XX com notícias relatando as péssimas condições de vida dos emigrantes italianos, principalmente nas plantações de café de São Paulo, fizeram com que o parlamento italiano emitisse o chamado decreto Prinetti, que passou a proibir a emigração subsidiada para o nosso país, causando uma grande diminuição do número de recém chegados.








segunda-feira, 7 de agosto de 2023

A Emigração Vêneta para o Brasil: Um Capítulo Emocionante da História da Imigração Italiana


 

Durante os últimos 25 anos do século XIX e início do XX, houve uma significativa imigração de pessoas vindas da região do Vêneto para o Brasil. Isso fez parte de uma grande onda de emigração para o nosso país vinda da Europa, que incluiu muitos italianos. A emigração italiana para o Brasil e de outros países europeus deixou um impacto duradouro na cultura e na demografia brasileira. Hoje, ainda existem comunidades no Brasil que falam um dialeto com grande carga da língua vêneta, chamado Talian, criado aqui mesmo pelos imigrantes italianos que chegaram ao Rio Grande do Sul. Quando as primeiras levas de colonos começaram a povoar as colônias localizadas na Serra Gaúcha, a Itália como conhecemos atualmente, só existia há apenas nove anos, ainda um país muito jovem, sem uma consciência nacional, um reino que ainda não sabia o que era ser uma nação. Com a unificação foi criado o país chamado Itália e agora era necessário criar os italianos. Poucos sabiam falar em italiano, a língua oficial do recém criado país, moldada sobre a estrutura do dialeto toscano, o mais erudito de então, com variada literatura e conhecidos escritores florentinos como Petrarca, Dante Alighieri e Boccaggio. O povo, do país Itália, no entanto, falava somente os seus inúmeros dialetos, característicos das suas regiões e muitas vezes até diferentes dentro de algumas delas. Os imigrantes vênetos e de outras partes do norte italiano, falavam dialetos algumas vezes incompreensíveis entre eles sendo preciso criar uma língua, o Talian, para se comunicar entre si nas remotas e isoladas colônias do Rio Grande do Sul. Os casamentos entre imigrantes italianos de regiões diferentes criava situações embaraçosas dentro da própria casa. Com a criação e uso do Talian esses problemas desapareceram. 

A emigração dos vênetos em direção ao Brasil, no final do século XIX, fez parte de uma grande onda de imigração italiana para o nosso país. A primeira onda de emigração italiana ocorreu em decorrência a uma crise agrícola, o que levou mais de cinco milhões de pessoas, principalmente do norte da Itália, a emigrar para outros países europeus e para a América Latina. Pobreza, falta de emprego e de renda foram os principais motivos que estimularam italianos do norte e do sul a emigrar. Os vênetos foram os primeiros a deixar a Itália, cerca de 30% do total, seguidos por habitantes da Campânia, Calábria e Lombardia. A imigração italiana para o Brasil foi muito importante para o desenvolvimento econômico e cultural da região. As condições econômicas no Vêneto na época da emigração foram afetadas por uma crise agrícola que levou mais de cinco milhões de pessoas, principalmente do norte da Itália, a emigrar para outros países europeus e para a América Latina. Segundo os resultados de várias pesquisas, os principais motivos que levaram os vênetos a emigrar para o Brasil foram a pobreza, a exclusão das classes rurais, a fome e o desejo de possuir terras, o chamado "sonho da propriedade" profundamente arraigado há muitos anos na mente dos pobres trabalhadores rurais vênetos. O sonho da propriedade influenciou os pequenos agricultores do Vêneto na decisão de empreenderem a grande emigração para o Brasil, pois eram pequenos proprietários, locatários, meeiros e trabalhadores rurais diaristas que buscavam melhores oportunidades. No Brasil, desde a chegada, eles podiam adquirir títulos de propriedade e se tornar donos de seus próprios lotes de terra, o que não era possível na Itália. Esse sonho de propriedade foi um poderoso motivador para os camponeses vênetos emigrarem para o Brasil. Além disso, o governo brasileiro começava a implementar políticas de incentivo à agricultura familiar, o que ajudou pequenos agricultores a adquirir terras e se tornarem autossuficientes. 

Conforme pesquisas e trabalhos já publicados, a região do Vêneto, na época da Sereníssima República, experimentou um declínio na prosperidade a partir do final do século XVI. Durante o Renascimento, Veneza tornou-se uma rica nação comercial, o que permitiu o florescimento das artes. O dinheiro em Veneza consistia principalmente em ouro ou prata, e a economia dependia fortemente do fluxo desses metais. Veneza teve que desenvolver um sistema altamente flexível de moedas e taxas de câmbio entre moedas compostas de prata e ouro para preservar e aprimorar seu papel como plataforma giratória do comércio internacional. O comércio de trigo e painço também era importante para a riqueza do patriciado. No século XIX, o comércio veneziano foi regulado pelos conquistadores da cidade, primeiro a Áustria, depois a Itália. A grande emigração do final do século XIX foi o ápice de um processo que se iniciou muitos anos antes resultado de vários fatores importantes, incluindo as estruturas econômicas e sociais da América do Sul. Muitos italianos fugiram das perseguições políticas na Itália lideradas pelo governo imperial austríaco após os primeiros fracassos da unificação. Os imigrantes europeus brancos e de religião católica foram pensados pelas autoridades imperiais para "melhorar" o "choque étnico" no Brasil, ou conforme se pode ler em alguns documentos do período: para o branqueamento do país. Os alemães foram a primeira opção, especialmente por terem experiência militar. Pelo fato deles não se integrarem muito bem nas comunidades onde foram assentados, refratários a miscigenação, persistindo em manter a sua língua, religião e costumes, o governo imperial deu preferência aos imigrantes italianos. O desejo de possuir terras foi um fator significativo na migração de emigrantes rurais do norte da Itália. Os vênetos foram os primeiros a emigrar da Itália, cerca de 30% do total dos emigrantes, seguidos por aqueles da Campânia, Calábria e Lombardia. 

A primeira grande migração da história moderna foi a italiana, começando com pessoas da região do Vêneto em 1875, quando começaram a deixar a Itália e se estabelecer na Argentina, EUA, mas acima de tudo no Brasil. Os italianos foram viver em colônias relativamente bem desenvolvidas no sul do Brasil, mas no sudeste, eles viviam em condições de semiescravidão nas grandes plantações de café. Não há informações específicas disponíveis sobre as condições econômicas do Vêneto que levaram à emigração para o Brasil, com certeza uma pobreza em crescimento e falta de postos de trabalho para todos. No entanto, sabe-se que a região do Vêneto forneceu a maior cota de emigrantes para o Brasil, seguida pela Campânia. Os imigrantes vênetos trouxeram suas mudas de parreiras para o Brasil e plantaram grandes vinhedos, cultivaram milho, trigo, frutas e legumes, moldando o terreno acidentado em áreas de terra cultivada. As comunidades que falam Talian ainda existem no Brasil e representam uma parte importante da herança cultural italiana no país. A imigração italiana para o Brasil, incluindo a emigração vêneta do século XIX, teve um impacto duradouro na cultura e na demografia brasileira. A imigração italiana para o sul do Brasil foi especialmente importante para o desenvolvimento econômico e cultural dos três estados da região. Os imigrantes transformaram o sul do Brasil de uma área de colonização em uma das regiões mais ricas e desenvolvidas do país. Por outro lado, muitos imigrantes italianos, também entre eles muitas famílias vênetas, que se estabeleceram em fazendas de café no sudeste do Brasil viveram em condições semi-escravas pelo fato de não terem acesso à propriedade: continuaram aqui no Brasil sujeitos a um patrão que dirigia as suas vidas. Para sair dessa situação, para poderem deixar as fazendas precisavam primeiro cumprir os quatro anos de trabalho, obrigatório por contrato e saldar todas as dívidas que tinham contraído com os donos das terras, desde a viagem para o Brasil, assim como as outras possíveis despesas custeadas pelo patrão ao longo do período de permanência na fazenda. 

Embora não haja informações específicas disponíveis sobre as condições econômicas no Vêneto que levaram à emigração para o Brasil, é sabido que a região de Veneto forneceu a maior cota de emigrantes para o Brasil, seguida por Campania. Os motivos principais que estimularam a emigração foram a pobreza, a falta de emprego e a renda insuficiente. 

Hoje em dia, a região de Vêneto continua a ser uma terra de emigração como no passado, se bem que muito diferente, desta vez são os cérebros mais privilegiados, os profissionais mais bem formados que procuram colocação de trabalho em outros países. O Vêneto hoje é uma terra de imigração, recebendo a cada ano milhares de trabalhadores de outras regiões do país e principalmente do exterior, que buscam, no seu grande parque fabril, uma oportunidade de trabalho. Muitos habitantes do Vêneto emigraram para construir novas vidas em outros lugares devido à pobreza e falta de perspectivas de futuro antes das melhorias econômicas que aconteceram na região a partir dos anos 60 do século XX. Os imigrantes vênetos do século anterior deixaram sua marca no Brasil e ainda são lembrados por sua grande contribuição à cultura e ao desenvolvimento econômico do país.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

    


sábado, 22 de abril de 2023

Colônia Nova Itália: Uma Viagem no Tempo pelas Tradições Italianas no Paraná

Igreja da Colônia Nova Itália no Paraná

Era o ano de 1878 e a grande colônia italiana de Nova Itália, o segundo grande experimento oficial de colonização da província, com uma população de mais de oitocentos imigrantes, localizada próximo de Paranaguá, entre as cidades de Antonina e Morretes, no Paraná, estava passando, desde algum tempo, por um período crítico de grande agitação. Desde a sua fundação em 1872, criada às pressas para acolher os imigrantes retirantes da mal sucedida Colônia Alexandra, esse novo assentamento era bem maior, com vários núcleos de povoamento, ainda não tinha mostrado o desenvolvimento e a pujança que as autoridades do governo tanto esperavam. Já de algum tempo as condições de vida na colônia estavam bastante corroídas, tendo já ocorrido diversas reclamações dos imigrantes contra a administração da colônia. Havia uma falta crônica de material para a construção das casas, de sementes, roupas e até de alimentos para os colonos, os quais depois de seis anos ainda dependiam totalmente do estado para praticamente tudo. Diversos abaixo-assinados foram enviados para as autoridades competentes em Curitiba, sem receberem solução adequada. O descontentamento para esta situação era generalizado e cresciam as manifestações de protestos contra a administração da colônia, as quais estavam ficando cada vez mais violentas. Os colonos exigiam do governo a sua transferência para outro local, fazendo valer uma das cláusulas constante nos seus contratos. Por diversas vezes a autoridades provinciais estiveram no local avaliando a situação, prometendo melhorias que acabaram não acontecendo, mas agora os colonos estavam irredutíveis exigindo transferência de local. Na realidade a extensa região que a colônia tinha sido implantada e onde se estabeleceram os diversos núcleos de povoamento da mesma, tinham condições muito diferentes na qualidade do solo. Alguns dos terrenos tinham áreas com possibilidade de algum cultivo e outros eram quase todo de terreno arenoso e alagadiço, impróprios para as culturas pretendidas. Por outro lado, o clima quente, muito úmido e os incômodos insetos típicos da zona litorânea, que tantas doenças causavam, estavam presentes indistintamente neles todos. O contrato oficial assinado pelos colonos com as autoridades brasileiras, estipulava que se eles, por qualquer motivo, não se adaptassem na colônia oferecida, poderiam solicitar ao governo paranaense a transferência para outro local. Os imigrantes italianos que ali tinham sido assentados, estavam preocupados com o seu futuro naquela colônia de clima ruim e terras magras para o cultivo e teimava em não progredir, isso também devido por se encontrar longe de um grande centro consumidor para os seus produtos. Muitos desses colonos já haviam começado a trabalhar como diaristas nas obras de construção da Estrada da Graciosa e da Estrada de Ferro Paranaguá Curitiba, mas o que conseguiam ganhar segundo eles mal dava para sustentar a família.
Cada vez mais a ideia de se transferir para Curitiba tomava corpo, estimulada pelas notícias que chegavam através dos tropeiros, viajantes comerciais ou mesmo em conversas com o pessoal da ferrovia, muitos deles trazidos da capital. Aqueles imigrantes que ainda tinham alguma reserva financeira, trazida da Itália, se adiantaram e por conta própria empreendiam a viagem até Curitiba, comprando em conjunto terrenos em alguns pontos da cidade, tal como a Colônia Santa Felicidade. Curitiba era uma cidade ainda pequena, mas como uma capital de província tinha um futuro muito promissor e isso era fácil de se perceber. As terras em torno da cidade eram de ótima qualidade para qualquer tipo de cultivo e o clima temperado de montanha, quase idêntico aquele da Itália que haviam deixado. A cidade era movimentada e cheia de vida, em franco crescimento, necessitando de muita mão de obra para as suas fábricas e de gêneros alimentícios para alimentar a população que não parava de crescer. Eles sabiam que não seria fácil se adaptar a um novo lugar, mas estavam dispostos a tentar. Então, a maioria decidiu se mudar para Curitiba. O governo provincial, depois de alguma relutância e atraso, finalmente cedeu e liberou a saída dos colonos da Colônia Nova Itália para aqueles que assim desejassem e até ajudou no transporte e na alocação das famílias em diversas outras colônias que estavam sendo criadas entorno da capital. 


Texto 
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS