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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Saga Italiana nos Pampas: Emigração, Trabalho e Sucesso na Argentina




Nas onduladas e pitorescas colinas da província de Bergamo, no norte da Itália, Luca cresceu imerso em uma vida simples e laboriosa. Sua família, composta pelos pais Antonio e Giovanna, e pelos irmãos e irmãs Giovanni, Marco, Martina, Antonio, Zeno e Sofia, enfrentava as agruras da vida agrícola em uma pequena vila. A pequena propriedade que arrendavam mal produzia o suficiente para sustentar a família, e a maior parte do que colhiam ia para o dono da terra.
Luca, o primogênito, sentia o peso das responsabilidades sobre seus ombros. A vida na vila era marcada pela simplicidade e pela dureza do trabalho no campo. Consciente da necessidade de proporcionar um futuro melhor para seus irmãos e aliviar as lutas financeiras de seus pais, Luca tomou a decisão difícil, mas inevitável, de emigrar em busca de oportunidades além das fronteiras da Itália.
No ano de 1878, movido por um misto de determinação e necessidade, Luca desembarcou nas promissoras terras da Argentina. Os amplos horizontes de Buenos Aires, onde permaneceu por apenas três dias, se desdobravam diante dele, trazendo consigo a promessa de um recomeço. Logo encontrou trabalho em uma grande fazenda nos pampas argentinos, onde se viu envolvido na colheita de trigo ao lado de seu novo amigo, Giovanni.
Os dias se desenrolavam sob o sol escaldante dos pampas, entre os campos dourados de trigo. Luca encontrou satisfação no trabalho árduo e na conexão com a terra. À noite, exausto após uma jornada extenuante de trabalho nos campos dourados de trigo, Luca partilhava refeições com seus colegas. Em um cansaço profundo, os laços entre eles eram forjados na fadiga compartilhada, mais do que nas delícias culinárias. Esses momentos, marcados pelo silêncio que sucede um dia de árduo labor, tornaram-se a essência da conexão entre aqueles que, à luz das estrelas, buscavam forças para enfrentar o nascer precoce do próximo amanhecer.
Mesmo distante, Luca não esqueceu suas raízes e a responsabilidade para com sua família na Itália. Regularmente, enviava alguma ajuda financeira para seus pais e irmãos. Com o passar do tempo e já estabilizado financeiramente, Luca tomou uma decisão que mudaria o destino de sua família: mandou as passagens para os irmãos Giovanni, Marco e Antonio poderem se unir a ele na Argentina.
Na Itália, ficaram Martina, que havia se casado com um rapaz da própria vila onde moravam, e Zeno, com 18 anos, e Sofia, ainda menor, que ficaram responsáveis por cuidar dos velhos pais.
Após dois anos na fazenda de trigo, Luca e Giovanni decidiram dar um novo rumo às suas vidas. Deixaram o emprego e mudaram-se para a Província de Córdoba, onde adquiriram dois grandes lotes de terras do governo argentino a preços subsidiados. Essa mudança representou um novo capítulo na vida de Luca e Giovanni, de trabalhadores assalariados a proprietários de terras, vislumbrando um futuro mais estável e independente.
A história de Luca e Giovanni se expandiu para além das plantações. Fundaram uma cooperativa local, unindo esforços com outros agricultores da região para fortalecer a comunidade. Seus esforços culminaram na construção de uma escola para as crianças da região, proporcionando educação e oportunidades que eles mesmos não tiveram.
Com o passar dos anos, a família de Luca e Giovanni cresceu, multiplicando-se em gerações. Os netos, inspirados pelos feitos de seus avós, seguiram diversos caminhos. Alguns continuaram na agricultura, modernizando as práticas herdadas, enquanto outros buscaram carreiras nas cidades, levando consigo os valores fundamentais transmitidos por Luca e Giovanni.
À medida que a Província de Córdoba se transformava e crescia, a história de Luca e Giovanni se tornou parte integrante do legado da região. Suas conquistas ecoaram nas pradarias argentinas, simbolizando a tenacidade e a visão que moldaram não apenas suas vidas, mas também o destino das futuras gerações. A história desses dois amigos imigrantes, que transformaram a adversidade em triunfo, permaneceu viva nas tradições e na memória de uma comunidade que eles ajudaram a construir.
A chegada dos irmãos Giovanni, Marco e Antonio à Argentina trouxe uma alegria renovada para Luca. Reunidos novamente, a família começou a construir um novo capítulo de suas vidas juntos. Giovanni, seguindo os passos de Luca, encontrou uma parceira chamada Rosalia, e juntos, estabeleceram-se em uma fazenda próxima. A terra generosa dos pampas argentinos parecia sorrir para eles, recompensando os anos de trabalho árduo.
Marco, o irmão mais jovem, apaixonou-se por uma jovem argentina chamada Elena. Eles decidiram explorar novos horizontes, optando por um pedaço de terra próximo à cidade, onde fundaram um pequeno comércio que prosperou com o tempo. Antonio, o mais jovem, encontrou em Luisa uma companheira para a vida. Juntos, decidiram investir na produção de laticínios, aproveitando a vastidão de terras para criar um negócio próspero.
A vida na Província de Córdoba era desafiadora, mas a união da família tornou cada obstáculo mais fácil de superar. As festividades italianas misturavam-se com as tradições argentinas, criando um lar onde o amor, o trabalho duro e a celebração se entrelaçavam.
Enquanto Luca e Giovanni colhiam os frutos de sua visão pioneira na cooperativa local, seus irmãos construíam legados próprios. O eco das risadas das crianças, dos negócios bem-sucedidos.



Dr. Luiz Carlos B.Piazzetta

Erechim RS




quarta-feira, 11 de outubro de 2023

De Rovigo ao Interior de São Paulo: a Longa Jornada dos Imigrantes Italianos no Brasil

 



Santo Pazette e sua esposa, Isabella Merlini, deixaram sua terra natal em uma longa jornada transatlântica rumo à América, com destino ao Brasil, no ano de 1886. Santo Pazette nasceu na Itália em 1860, em um pequeno município do interior da província de Rovigo, no Veneto, e veio a falecer em 1941. Sua esposa, Isabella Merlini, também nasceu na mesma província, em 1866, e faleceu em  1942. Com o casal, vieram para o Brasil seus dois filhos pequenos, nascidos na Itália. Ao chegarem ao Brasil, a família se estabeleceu em um lugar distante de grandes centros, onde passaram a trabalhar na extensa fazenda de cultivo de café propriedade de um rico fazendeiro, o qual tinha até o título de Barão. Em meio às vastas terras, Santo Pazette e sua esposa dedicaram-se integralmente a cuidar de milhares de pés de café, limpando a terra do mato que teimosamente não parava de crescer. No tempo da colheita, o trabalho era dobrado. Depois de colhidos manualmente, os grãos eram levados para uma grande área calçada por pedras, para secarem ao sol. Depois de secos, o que demorava alguns dias, os grãos eram ensacados e levados em carroções até a estação ferroviária que ficava em uma comunidade vizinha. No entanto, a vida desse casal de imigrantes começou com tristezas, pois já tendo perdido dois filhos na Itália, agora, infelizmente, perderam também os dois filhos que trouxeram consigo para o Brasil. Com o tempo, o lar deles foi iluminado com o nascimento de seus outros filhos Guerino, Domenico, Giuseppe, Albino e Teresa. Todos os imigrantes que trabalhavam na fazenda, mais de uma centena, precisavam comprar alguns mantimentos no armazém local da propriedade, cujos preços eram bem mais altas que nas cidades, resultando em uma alta conta para Santo Pazette. Decidiram, então, economizar ainda mais, na alimentação diária da família passaria a base de polenta, como quando ainda moravam na Itália, um excelente alimento, e suco de laranja. A farinha de milho para preparar a polenta era adquirida em troca de milho no engenho de açúcar da mesma fazenda. Além disso, eles mantinham, com o consentimento do patrão, uma pequena horta e alguns poucos animais de criação, como 1 ou 2 porcos, uma vaca para leite e aves, cuja carne e ovos complementavam a pobre alimentação. Graças às suas economias, e para isso todos da família contribuíam, vendendo sabão, hortaliças, ovos e os doces que a prendada Isabella e a filha Teresa faziam e vendiam na própria fazenda e até nas cidades próximas, quando íam nos dias de folga ou finais de semana. Ao longo de dez longos anos, eles finalmente conseguiram deixar o trabalho assalariado na fazenda e adquiriram um terreno relativamente grande e fértil em uma cidade vizinha que estava vivendo um período de intenso crescimento da sua população. Decidiram se estabelecer ali pois já a conheciam e lá já tinham alguns amigos e até fregueses para os quitutes das mulheres da casa. Santo e Isabella, junto com todos os filhos já casados e seus primeiros netos, passaram a fazer parte da comunidade italiana local, Santo trabalhando em uma olaria, fabricando tijolos e telhas de barro e os filhos foram se colocando na crescente indústria e no comércio local. A única exceção foi sua filha Teresa Pazette, que se casou com Angelo Marino, também de origem italiana, e se estabeleceu em uma outra fazenda de plantação de cana de açúcar, onde seu marido trabalhava como gerente e ganhava mais que a maioria dos empregados. 
Com o passar dos anos, a família prosperou na nova cidade. O terreno que adquiriram tornou-se um lar acolhedor, onde plantavam não apenas diversas frutas e hortaliças que contribuíam para a mesa farta da família e o que sobrava era vendido na cidade.
Santo Pazette continuou a trabalhar na olaria, aprimorando suas habilidades na produção de tijolos e telhas, enquanto Isabella, com sua experiência culinária, expandiu a produção de doces e quitutes que se tornaram famosos na região. A pequena horta e os animais de criação no quintal contribuíam com ingredientes frescos e sadios. 
A casa dos Pazette foi se tornando um ponto de encontro para a comunidade italiana local, onde as velhas tradições italianas eram preservadas e celebradas. As festas familiares eram marcadas por risos, música e, é claro, boa comida. A história de perseverança e superação dos imigrantes italianos inspirava não apenas os descendentes da família Pazette, mas também aqueles ao seu redor.
Os filhos de Santo e Isabella seguiram caminhos diversos. Os filhos, os mais velhos,  continuaram no ramo industrial, enquanto o caçula, que tinha dom para negócios, explorou as oportunidades no comércio local e nas cidades vizinhas, abrindo uma pequena loja de material de construção, que com o tempo se transformou em um império nas mãos de seus filhos. Teresa e Angelo Marino prosperaram na fazenda de cana de açúcar, contribuindo para a prosperidade da família. Depois de alguns anos ela e marido também adquiriram uma pequena chácara na mesma cidade e passaram a morar perto dos pais.
Com o tempo, a cidade testemunhou o crescimento da comunidade italiana, que se tornou uma parte integral da cultura local. Os Pazette foram reconhecidos não apenas pelo trabalho árduo, mas também por sua generosidade e envolvimento na comunidade. Seu legado perdurou através das gerações, e o nome da família era sinônimo de resiliência e sucesso.
Ao final de suas vidas, Santo e Isabella puderam contemplar o que construíram: uma família unida, uma comunidade fortalecida e uma história de superação que seria contada por muitas gerações. Faleceram com um ano de diferença um do outro e seus túmulos, localizados no cemitério da cidade, eram visitados não apenas pela família, mas por todos que reconheciam a contribuição valiosa dos Pazette para a construção daquele lugar. A jornada que começou em uma pequena vila no interior de Rovigo, na Itália, culminou em uma vida plena e significativa no Brasil, e o nome Santo Pazette tornou-se uma referência de determinação e sucesso.



sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Legado Vivo: Os Nomes e Histórias por Trás da Lista de Imigrantes Italianos em Ascurra, SC

 



Os imigrantes pioneiros Ascurra chegaram em novembro de 1876 pelo Ribeirão São Pedro, em Rodeio, sendo assentados na linha colonial Ribeirão São Paulo. Esta foi a primeira comunidade de imigrantes provenientes do Vêneto, Lombardia e do Tirol. Os tiroleses eram súditos do império austríaco e falavam alemão.

Em dezembro de 1876 chegou mais uma leva de imigrantes italianos que foram instalados em Guaricanas.

No Brasil continuaram trabalhando como agricultores, cultivando principalmente tabaco que era exportado para a Europa. Com o tempo foram formando cooperativas agrícolas e moinhos, chamados atafonas, para o beneficiamento da farinha, e batedeiras de arroz. A produção da uva, a fabricação de vinho e cachaça foram outras das atividades desses italianos.  



Lista dos pioneiros italianos em Ascurra 


Linha Ribeirão São Paulo:

 

Vittorio Anselmi, Giuseppe Avancini, 

Giuseppe Bazzanella, Arcangelo Bazzanella, 

Elia Barbetta, Arturo Bassani, 

Guerino Bertelli, Giuseppe Bertelli, 

Albino Bona, Albino Bona (Filho), 

Daniele Bona, Giuseppe Bonetti, 

Giovanni Bonetti, Giovanni Buzzi, 

Luigi Catafesta, Vittorio Catafesta, 

Andrea Chiarelli,Giovanni Chiarelli, 

Antonio Chiminello, Giovanni Dagnoni, 

Carlo Dalfovo, Giacomo Dalfovo, 

Giovanni Dalpiaz, Luigi Fachini, 

Marco Fachini, Nicolò Faes, 

Pietro Felisari, Giovanni Ferretti, 

Beniamino Filigrana, Giovanni Filagrana,

 Eugenio Felippi, Giuseppe Felippi, 

Salvatore Felippi, Mosé Frare, Antonio Ferrari,

 Bortolo Gandin, Giovanni Ghezzi, 

Bortolo Girardi, Cesare Girardi, 

Gioachino Girardi, Francesco Lasta, 

Luigi Leonello, Rocco Longo, 

Luigi Losi, Agostino Macoppi, 

Giuseppe Maiola, Giuseppe Maccon, 

Miguel Magariano, Angelo Maiochi, 

Antonio Marcarini, Angelo Marcarini, 

Giuseppe Merini, Giovanni Battista Merlini,

 Angelo Mesadri, Ottorino Morastoni, 

Antonio Odorizzi, Giuseppe Odorizzi, 

Giovanni Passero, Giovanni Pedrini,

 Ermenegildo Poffo, Domenico Poltronieri, 

Gottardo Possamai, Davide Rafaelli, Emilio

 Rafaelli, Giuseppe Rafaelli, Giuseppe Rossi, 

Secondo Saccani, Natale Sala, Enrico Sandri,

 Pio Sandri, Giovanni Simeoni, Cesare Stedile,

 Giuseppe Stedile, Carlo Stedile, Emanuele

 Tambosi, Giovanni Tessarolli, 

Bernardo Testoni, Francesco Tomasi, 

Angelo Tomio, Giuseppe Tonolli, 

Guilhermo Tonolli, Giacomo Tonon, 

Giuseppe Vicentini, Paolo Zendron, 

Alessandro Zonta, Andrea Zonta, 

Luigi Zonta.


Linha Guaricanas: 

Angelo Andreani, Alessandro Avancini,

 Giuseppina Bertoli, Antonio Bianchet,

Pietro Bragagnolo, Giovanni Biz,
 
Fioravante Cargniel, Pietro Castellani,
 
Gregorio Cechelero, Giacomo Cecchet,
 
Luigi Ceccato, Bortolo Conti,
 
Bernardo Dal Cere, Francesco Dalmolin,

 Giovanni Angelo Dalmolin, Giovanni Dalmolin,

 Domenico Dalmolin, Giovanni Feltrin,
 
Andrea Darolt, Giuseppe Finardi, 

Pietro Fistarol, Angelo Fusinato, 

Giovanni Grava, Santo Isolani, 

Domenico Largura, Aurelio Ledra, 

Lorenzo Mondini, Aristide Marchi, 

Antonio Marconcini, Filippo Maschio,
 
Angelo Moretto, Beniamino Moser,
 
Fortunato Moser, Francesco Moser,
 
Santo Nolli, Pietro Possamai,
 
Giovanni Possamai, Andrea Possamai,

 Alessandro Prade, Francesco Prade,
 
Angelo Prade, Giovanni Prade,
 
Paolo Prade, Luigi Rinco,
 
Marco Salton, Francesco Schiochet,
 
Santo Schenalli, Pietro Sevegnani,
 
Luigi Tenestri, Luigi Tontini, 

Gaetano Vendrami, Giuseppe Viviani.


Outros pioneiros

Ermembergo Pellizzetti, Nicola Badalotti,

 Ricardo Voigt, Giacinto Scottini,
 
Alessandro Vignola, Carlos Rothenburg, 

Vicente Luiz da Silva, Inácio Simianowski,

 Hermann Schultz, Felice Bassani,
 
Francesco Adami, Wilhelm Krüger, 

Augusto Braatz, Giuseppe Demarch,
 
José Antônio de Amorim, 

Miguel Francisco de Souza, Gabriel Firmino

 Polidoro, Firmino Antonio de Pinho, 

Zilindro Antonio de Pinho,
 
João Tobias da Costa,
 
Joaquina Rosa Jesus, Francisco Amaro Belini,

 Francisco Polidoro dos Santos, 

Giovanni Bordin.







quinta-feira, 7 de setembro de 2023

A Riqueza das Raízes Italianas: Como a Contribuição dos Imigrantes Moldou a Economia Brasileira




A grande imigração italiana para o Brasil no final do século XIX e meados do século XX teve um impacto significativo na economia brasileira. Os imigrantes italianos ajudaram a moldar a economia do país, contribuindo para setores como agricultura, manufatura e comércio. Além disso, eles tiveram um papel importante na formação do mercado de trabalho brasileiro, fornecendo mão-de-obra para diversas indústrias.
Os italianos se estabeleceram principalmente no sudeste e no sul do Brasil, em estados como São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Eles foram atraídos pelas oportunidades de trabalho oferecidas no país, bem como pela promessa de uma vida melhor. No entanto, eles enfrentaram muitos desafios ao chegar ao Brasil. 
Um dos principais desafios enfrentados pelos imigrantes italianos foi a discriminação. Eles eram frequentemente vistos como estrangeiros e não eram bem-vindos pela população local. Além disso, muitos imigrantes italianos chegaram ao Brasil em condições de pobreza e com poucos recursos. Eles tiveram que trabalhar duro para se estabelecer e construir uma vida nova.
Apesar dos desafios, os imigrantes italianos tiveram um impacto significativo na economia brasileira. Eles foram particularmente importantes para a agricultura, ajudando a transformar esses estados do Brasil em uma das regiões agrícolas mais produtivas do país. Os imigrantes italianos também tiveram um papel importante na manufatura e no comércio, ajudando a desenvolver muitas indústrias importantes no Brasil. Um exemplo de como os imigrantes italianos contribuíram para a economia brasileira é a indústria têxtil. A partir do final do século XIX, muitos imigrantes italianos se estabeleceram em São Paulo e começaram a trabalhar nas fábricas têxteis da região. Eles trouxeram consigo habilidades e conhecimentos. Além disso, os imigrantes italianos ajudaram a construir o sistema ferroviário no Brasil. Muitos imigrantes trabalharam como operários na construção de linhas ferroviárias em todo o país. Eles também ajudaram a operar as ferrovias, trabalhando como maquinistas, condutores e outros funcionários. Os imigrantes italianos também contribuíram para o desenvolvimento da indústria do vinho no Brasil. Muitos imigrantes italianos se estabeleceram na região do Rio Grande do Sul, que é conhecida por sua produção de vinhos. Eles trouxeram consigo técnicas de vinificação e conhecimentos em viticultura, ajudando a transformar a região em uma das principais produtoras de vinho do país.
No entanto, os imigrantes italianos muitas vezes enfrentavam condições de trabalho difíceis. Eles trabalhavam longas horas em condições perigosas e na maioria das vezes recebiam salários baixos. Além disso, eles por vezes enfrentavam discriminação e eram tratados injustamente pelos empregadores donos das terras, acostumados até então a lidar com os pobres escravos. Apesar dos desafios, os imigrantes italianos perseveraram e ajudaram a construir uma comunidade próspera no Brasil. Eles criaram laços fortes uns com os outros e formaram organizações para ajudar a promover seus interesses e proteger seus direitos. Eles também mantiveram suas tradições culturais e transmitiram essas tradições para as gerações futuras. A comunidade italiana no Brasil evoluiu ao longo do tempo. À medida que os imigrantes italianos se estabeleceram no país e se tornaram mais integrados na sociedade brasileira, a comunidade italiana começou a mudar. No entanto, a influência italiana ainda é forte em muitas partes do país, especialmente na região sul. A imigração italiana teve um impacto duradouro na cultura e na sociedade brasileiras. Os imigrantes italianos ajudaram a moldar a cultura e a tradição do país, contribuindo com seus costumes, culinária e arte. Ajudaram também a estabelecer muitas das cidades e comunidades que conhecemos hoje. A imigração italiana para o Brasil foi um momento importante na história do país. Ela ajudou a moldar a cultura, a sociedade e a economia do Brasil, deixando um legado duradouro que ainda é sentido até hoje. A história dos imigrantes italianos no Brasil é uma história de perseverança, trabalho duro e resiliência.









domingo, 28 de maio de 2023

Migrantes Transcontinentais: Um Estudo Sobre a Experiência dos Italianos na Romênia

 



Esta história é hoje praticamente desconhecida, esquecida pelas novas gerações de italianos, habituados ao conforto e a riqueza atual, conquistados especialmente após a década de 1960, com o grande desenvolvimento industrial do norte e nordeste do país. Se torna bastante difícil para eles acreditarem hoje, que no desenvolvido e rico nordeste italiano, o conhecido Triveneto, ainda no início do século XX, a pátria italiana não tinha dinheiro suficiente para pagar salários e a salvação estava na hoje pobre Romênia! 
O território romeno atual, desde tempos pré-históricos, sempre foi habitado por diferentes grupos de pessoas. A Romênia é um país do sudeste europeu, mais conhecido pela região florestal da Transilvânia, cercada pelos Montes Cárpatos. Como país, foi fundado em 24 de janeiro de 1859 com a união da Moldávia Ocidental com a Valáquia e já em 1877 declarou independência do Império Otomano, após a guerra entre a Turquia e a Rússia, reconhecida pelo Tratado de Berlim de 1878. 
Entre meados do século XIX e início do século XX, muitos italianos emigraram para a Romênia quando ela era então um país independente, rico em recursos e pouco povoado, ansioso para aproveitar ao máximo o seu potencial econômico. Os italianos que para lá seguiam era composto principalmente por pedreiros, carpinteiros, lenhadores, pintores, operários de fábricas, operários da construção civil e mineiros, além de outros, como os artesãos. Começando como uma migração sazonal - quando então eles eram conhecidos em italiano como “rondini”, ou andorinhas, que vão e voltam anualmente - quando no início da primavera até o final do outono, com os seus campos já estavam plantados, milhares de camponeses e artesãos “italianos”, se dirigiam para esse país, para aproveitar ganhar algum dinheiro extra, com o progresso daquele país. De uma migração temporária ou mesmo quase sazonal, logo se transformando em um deslocamento definitivo. Entre a segunda metade do século XIX e a Primeira Guerra Mundial, 130.000 italianos foram para a Romênia, principalmente saindo do Friuli, Veneto e Trentino, especialmente aqueles que trabalhavam com pedra e madeira. Antes de 1821 já aconteceram as primeiras partidas de italianos - que, na verdade, eram tiroleses - para a Romênia, sendo encaminhadas, principalmente, para a região da Transilvânia. Eram formadas por algumas famílias de Val di Fassa e Val di Fiemme, no Trentino, levados para os Montes Apuseni, na Transilvânia, para trabalhar como lenhadores e marceneiros. Por outro lado, alguns empresários italianos conseguiram contratos para a construção da grande ferrovia Transiberiana e já em 1845, um número significativo de engenheiros estavam empregados na companhia ferroviária romena.
Havia uma canção que os emigrantes italianos cantavam onde uma estrofe dizia: 


Andiamo in Transilvania
a menar la carioleta
che l’Italia povereta
no’ l’ha bezzi da pagar.



Em 1892, o ministro italiano em Bucareste, Francesco Curtopassi, escreveu que "as localidades de Frisono, Forgaria, Castelnuovo del Friuli, Forni di Sotto forneceram à Romênia um número tão grande de trabalhadores que se poderia pensar que elas ficaram desabitadas". Segundo alguns autores, no final do século XIX cerca de 10 a 15% dos emigrantes que partiram do Veneto foram para a Romênia trabalhar na construção civil, na construção dos estradas-de-ferro, nas atividades florestais ou nas minas. O número de emigrantes italianos na Romênia quase decuplicou em três décadas. A emigração continuou entre as duas guerras mundiais e algumas estimativas calculam a presença na Romênia de cerca de 60.000 italianos com muitos deles renunciando a cidadania italiana e permanecendo nas cidades romenas. Outros voltaram para a Itália. Sua presença ainda é sentida hoje em Bucareste, Brasov, Falticeni, Roman, Tulcea, Iasi, Ploiesti, Arad, Calafat, Sulina, Turnu Severin, Bacau, Neamt, Cluj, Bistrita, Suceava e muitas outras. Com a queda do comunismo, o governo romeno concedeu às pequenas comunidades a condição de minoria linguística e o direito de serem representadas na Câmara dos Deputados por seu próprio parlamentar. Ainda hoje a Romênia exerce um forte atrativo, principalmente para os empresários do Vêneto, Trentino e Friuli, que deslocaram suas atividades produtivas para cidades romenas como Timisoara, rebatizada de "Trevisoara”, uma referência ao grande número de empresas trevisanas naquele país e o concorrido fluxo diário de empresários vênetos, que contam até com uma linha aérea direta entre Treviso e aquela cidade.




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS