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quarta-feira, 1 de maio de 2024

A Jornada dos Irmãos Nanni e Pepe: Uma Saga de Coragem e Determinação da Calábria ao Brasil




Em 1890, dois jovens, Giovanni e Giuseppe R., conhecidos na família como Nanni e Pepe, nascidos em uma pequena vila no interior do município litorâneo de Tropea, na Calábria, uma região montanhosa e ensolarada, acariciada pelos fortes e constantes ventos do Mar Tirreno. Por gerações, a família residia nessa modesta propriedade rural, abrangendo pouco mais de um hectare, situada aos pés das colinas. Ali, cultivavam com esmero oliveiras, limoeiros e vinhas destinadas à produção de vinho, exclusivamente apreciado no seio familiar.
A vida na Calábria era dura, mas eles tinham um profundo amor pela terra e pelas fortes tradições locais. Plantavam com carinho as oliveiras cujas azeitonas seriam transformadas em azeite de qualidade. Os limoeiros forneciam frutas frescas e perfumadas que eram vendidos em sua comunidade. Os parreirais produziam uvas que eram colhidas com cuidado para fazer vinho, um ítem essencial da vida na vila.
Entretanto, as adversidades econômicas e as condições difíceis da época, marcada pela escassez de empregos e uma inflação elevada que corroía os magros rendimentos, os forçaram a tomar uma decisão árdua, porém imprescindível. Emigraram, assim como milhares de outros italianos o faziam, deixando para trás a modesta propriedade rural, seus pais idosos, irmãos e irmãs, sem a perspectiva de reencontro ou notícias após a partida.. A decisão de deixar sua amada Calábria foi muito dolorosa, mas eles estavam determinados a encontrar oportunidades que não estavam disponíveis em sua terra natal naquela época.
A jornada foi extensa e cheia de desafios. Ao lado de centenas de outros emigrantes, embarcaram na Itália pelo porto de Nápoles, tendo o Rio de Janeiro como destino final do desembarque. Após passarem dois dias na Hospedaria dos Imigrantes, embarcaram em outro navio com destino ao Porto de Santos, marcando o verdadeiro início de sua jornada no Brasil. Naquele período, Nanni estava solteiro, enquanto Giuseppe viajava acompanhado de sua esposa Maddalena e dos oito filhos do casal.
Ao chegarem finalmente ao interior do estado de São Paulo, acompanhados por centenas de outros italianos, dirigiram-se de trem até o local de trabalho em uma fazenda de café. Essa fazenda, vale ressaltar, os havia contratado ainda na Itália. Embora Nanni e Giuseppe fossem analfabetos, eles se esforçaram para aprender e trabalhar com afinco para proporcionar uma vida melhor para suas famílias.
Após dois anos vivendo no novo país, Nanni uniu-se em matrimônio a Rosina, uma jovem imigrante oriunda da região de Vêneto. Rosina e sua família haviam embarcado no mesmo navio que Nanni, compartilhando assim a jornada que os conduziu à fazenda. Ao longo de suas vidas, tiveram 6 filhos. 
Giuseppe e Maddalena continuaram a criar sua família no Brasil, mas nunca deixaram de sentir falta da terra e dos entes queridos que deixaram para trás. A história de Nanni e Giuseppe é um testemunho de coragem e determinação, mostrando como os imigrantes italianos enfrentaram sacrifícios significativos em busca de uma vida melhor em terras estrangeiras, mantendo suas famílias unidas e suas tradições vivas, apesar da distância que os separava de sua terra natal e de seus entes queridos.





terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Lista de Sobrenomes de Trovatelli na Itália



Desde a antiguidade, era costume ter um sobrenome. Entretanto, este costume caiu em desuso com as invasões bárbaras, pois a tradição germânica previa o uso exclusivo do nome. A partir da Baixa Idade Média, o sobrenome foi novamente adotado em toda a Itália, primeiro pela nobreza e gradualmente também pelas classes sociais mais baixas. Isso tornou-se obrigatório a partir de 1563 com o Concílio de Trento. Surgiu, então, a necessidade de atribuir sobrenomes também aos encontrados, aquelas crianças que eram abandonadas pelos pais naturais e geralmente acolhidas por orfanatos e instituições religiosas. Esses sobrenomes eram geralmente convencionais, com inúmeras variantes nas várias cidades.
Os sobrenomes atribuídos aos encontrados variavam de acordo com a região e o período histórico, dando origem a centenas de sobrenomes diferentes.

Sobrenomes com significado religioso: devido à numerosa presença de instituições religiosas que cuidavam dos expostos, era muito comum dar sobrenomes com significado religioso a essas crianças, como um sinal de boa sorte, com numerosas variantes em toda a Itália.
Del Papa refere-se à prática de chamar os expostos do Estado da Igreja "filhos do Papa". Tem raízes na Toscana, Lácio e Abruzzo-Molise.
Di Dio é típico da Sicília, presente desde o século XV; as variantes Didio e Di Deo são comuns, respectivamente, no teatino e no materano.
Diolaiuti é frequente perto de Pistoia; também está presente com as variantes Diomaiuti, Diotaiuti, Diotaiuta e Diolaiti (esta última provavelmente devido a erros de transcrição).
Diotallevi deriva do nome medieval Diotallevio, usado principalmente para crianças abandonadas, carregado, entre outros, pelo pintor Diotallevio D'Antonio. Uma família Diotallevi foi marquesa em Rimini, com propriedades em alguns territórios na Ístria. O sobrenome é tipicamente das Marcas, com presença também na Umbria e Lazio.
Diotisalvi, agora quase desaparecido, tem origens lucanas.
Dioguardi, sobrenome presente na Sicília, em Irpinia, na Puglia, no Lazio e no Piemonte.

Sobrenomes emprestados de celebridades, artistas famosos, compositores, maestros, cantores de óperas: 
Puccini

Sobrenomes que indicam o estado de abandono: muitos sobrenomes eram usados pelos orfanatos para indicar o estado original de abandono do portador, às vezes indicando com precisão o orfanato do qual foram acolhidos. Esposito, de origem napolitana, é provavelmente o sobrenome italiano para encontrados mais difundido e deriva da roda dos expostos, uma estrutura pública giratória na qual as crianças eram deixadas para serem entregues à caridade pública. Com inúmeras variantes presentes em toda a Itália, é o quarto sobrenome italiano mais difundido.
Proietti, panitaliano, mas mais frequente no centro-norte, especialmente em Roma, deriva do latim proiectus, que significa "projetado, lançado", portanto, abandonado no adro da igreja ou na roda de um orfanato. Suas variantes são Proietta, Proietto, Projetti, Projetto, Proitti, Proitto. Entre os portadores famosos, destaca-se o ator e showman Gigi Proietti.
Trovato é difundido principalmente no leste da Sicília. Suas variantes são Trovatelli, Trovatello (tarantino e messinese), Trovatelli (pisano), Trovati, Trovatori (veneto) e Trovatore (milanês).
Colombo, embora em alguns casos derive do nome latino tardio Columbus, é principalmente conhecido por ser usado para encontrados acolhidos no Ospedale Maggiore de Milão até 1825, razão pela qual é amplamente difundido na cidade metropolitana de Milão, sendo o primeiro em termos de difusão na Lombardia e o vigésimo segundo na Itália. Também está presente nas variantes Columbo, Colombi, Colombelli, Colombetti, Colombina, Colombino, Colombini, Colomboni e Colombin.
Innocenti deriva principalmente do Spedale degli Innocenti de Florença. O sobrenome é o segundo mais difundido na Toscana e também está presente nas formas, difundidas em várias partes da Itália, Innocente, Innocentini, Innocenza, Innocenzo, Innocenzi, Degli Innocenti, Nocenti, Nocentino e Nocentini.
Incerti é uma clara referência à frase latina Incertis Padris, que indica a não conhecimento do pai do portador. Está mais presente na região de Reggio e Modena.
Ignoti, também na forma Ignoto, tem a mesma origem do anterior e é tipicamente siciliano.
Casadei refere-se aos orfanatos religiosos. Está presente no Lazio, na variante Casadidio. Historicamente, é muito difundido na Romagna, especialmente em Forlì.
Conforti indica um desejo de saúde e sorte para os encontrados. Confuorti é a variante napolitana.
Regalato, indicando o abandono como um presente.
Fortunati, indicando a sorte do encontrado por ter sido encontrado.
Sperandio e Dellasanta, indicando a confiança nos santos na ausência da mãe biológica.

Sobrenomes que enfatizam a condição de falta de paternidade:
Ventura - Venturini – Fallaci - Mainati – Trovato –Venuto – Vago - Paternò - Incogniti – Ignari – Lasciati – Disgraziati – Buttò – Buttazzoni - Trovò – Donati – Di Dona’ – Inciampi - Incerti – Inutile - Vianello - Venini – Interdonato – Esposito – Degli Esposti – Manca – Mancaniello – Stancanelli - Locatelli - Avanzi – D’avanzo – Vanzetti - Amari, per giungere fino a Trovatelli – D’ignoto – D’incerto - Bastardini – Bastardo - D’Ignoto- D’Ignoti, D’Incerti, D’Incerto, Incertopadre, Parentignoti, Spurio, Spuri.

Os sobrenomes que lembram a “ruota”: 

Giraldi – Girardi – Girardelli – Girardengo - Rodari – Rota – Rotelli - Rotari – De Roda - Barili – Barilla - Bartoli – Bartolini - Bortoli – De Bortoli – Tombolo – Tombola – Torno – Tornelli – Tamburello – Mangano – Manganelli - Presepi – Botta – Baricco -Barrichello - Bottai.

Sobrenomes que indicam o Instituto de abrigo
Innocenti – Nocenti – Nocentini - Degli Innocenti - Innocente, Nocentino dall’omonimo Spedale Fiorentino.
Colombo – Colomba – Colombini – Palumbo – Palombelli – Tortora – Tortorelli , para lembrar  o brasão  do Ospedale Maggiore di Milano que é uma pomba.
Trovato, Ventura, Venturelli, Venturini.

Sobrenomes que indicam o local onde foram encontrados:
Di Piazza – Chiesa – Campanile - Da Ponte – Aponte – Ponti -Fontana - Riva – Costa – Canali – Strada - Campo – Sacrestia - Soglia - Scala - Viale.

Sobrenomes que se relacionam diretamente ao nome de Deus e que indicam os Institutos religiosos onde foram deixados
Amadio - Diotallevi –Daddio – Di Dio, Diotallevi, Diotiguardi Diotisalvi, Diotaiuti, Diotallevi, Servodidio, Sperandio , Acquistapace– Casadei – Casadidio, Graziadei - Casadio – Casaceli - Caddeo – Cantamessa - Laudadio – Servadio – Pregadio - Adeodato – Deodati - Casagrande - Della Pietà – Dall’angelo –D’annunzio - Angeli - Angiolini – Agnolin - Agnoletti - Cherubini – Serafin – Del Prete –Del Frate –Del Monaco– Cantamessa - Dell’amore – Di Benedetto – Benedetti – Benedini – Salvadori – Santi – Santucci – Cardinale – Del Santo – Del Buono – Del Pio – Fede – Fedeli–Paternostro.

Sobrenomes relacionados a objetos de uso comum, frequentes, por exemplo, no Instituto delle Laste de Trento: 
Bottiglia refere-se aos recipientes.
Posata refere-se às louças e talheres.
Salvietta refere-se a gradanapos.
Sala refere-se à sala.
Sedili refere-se aos assentos, lugares para se sentar.
Tavola refere-se à mesa.
Tazza refere-se às xícaras.
Terraglia refere-se ao tipo de cerâmica.
Tovaglia refere-se à toalha de mesa.
Mestoli, Quaderni, Inchiostri, Tetti, Valigi

Sobrenomes relacionados ao nome do encontrado, típicos também do Instituto delle Laste de Trento:

Sobrenomes referentes a lugares geográficos, utilizados no mesmo instituto.
Padovani, em referência ao topônimo Padova.
Dalpiaz.
Fornace, do nome de um povoado local.

Sobrenomes com referências temporais ao momento em que o bebê foi encontrado: 
Martedi, em referência à terça-feira, dia da semana.
Marzini, em referência ao mês de março.
Ottavo, atribuído ao dia 8 de dezembro.
Pasquali, em referência à Páscoa.
Silvestrini, atribuído ao 1º de janeiro em referência à festa de São Silvestre.
Primo, atribuído ao primeiro dia do mês.

Sobrenomes em referência a aspectos da vida religiosa ou a figuras eclesiásticas, típicos de instituições religiosas: 
Preti, em referência aos padres católicos.

Sobrenomes dados em sinal de augúrio,  qualidades morais, votos de boa sorte ou infundir força: 

Bencivenga – Bonagura – Bennato -Benvenuti Benarrivati - Bonaventuri– Beccaiuti - Di Bello - Di Meglio - Di Vita – Vitale - Vitali – Vivarini –Viviani - Felici - Fortunato – Venturato – Riccobon – Re - Del Re - Di Sole – Guarise - Allegri - Bonfigli – Bonfanti – Boncompagni - Perfetti - Migliori – Migliorini – Bonaiuti - Boninsegna –Bonvicini - Laudati – Letizia - Buonaccorsi – Bonaccorti – Vigorosi - Valorosi - Modesti.

Sobrenomes emprestados da natureza: Felci - Alberi - Allori – Alberoni – Arbusti – Giacinti – Nespoli - Olivi – Ontani – Ornelli -Pruni – Peri - Rosai – Sorbi - Susini – Tassi - Carpini – Volpi – Gabbiani – Caprioli - Cervi – Grilli – Grillini - Orsi – Orselli – Orsini - Pavone – Lupi - Lovi - Serpi – Tacchini – Tassi – Tassini - Tassoni -  Primagema, Pioppi, Peri, Limoni, Rosai, Gerani.

Sobrenomes que se referem ao tempo de quando foram encontrados
Del Sabato – Domenicali – Dominici - Domenichini – Festa - Bonora – Gennari - Di Marzio, Marzi - Aprile - Di Maggio – Maggi, Maggini Maggioni – De Julii – Lugli - Agostini – Augusti - Settembri, Settembrini – Natali – Pasqualin - Pasquetto – Quaresima – Annunziata – Rosario - Meriggi - Tramontin – De Luna – Inverni – Invernizzi - Carnevale.

Sobrenomes fantasiosos

Accorsi - Alboretti – Allevi - Bimbi - Disparuto - Fantuzzi - Mainati – Maina – Minghi – Monda – Mucelli - Natolino – Natuzzi - Secondi – Semprini - Strazzolini - Favilla, Fiamma, Albione, Lanotte, Orifiamma, Tantibaci, Sorrisi, Oredolci.

Sobrenomes invocando personagens históricas: Benvenuto Napoleoni, Maria Stuarda.


Sobrenomes lembrando localidades, cidades, paísesMantovani, Romani, Senesi, Tamigi, Sassarini, Asiatici, Tirolesi.

Sobrenomes que indicam aspectos de caráter ou características físicas:
Briosi
Bassi

Sobrenomes indicando condições de saúde precárias: 
Giali, em referência à icterícia.

Sobrenomes indicando profissões: Tagliaferro, indicando a profissão de ferreiro.

Sobrenomes que indicam acessórios: 
Zaini, em referência às mochilas.

Sobrenomes que indicam a condição de gêmeos:
Isidi, do grego isos: igual.


segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Raízes que Florescem: A Saga de Resiliência de Giovanni na Terra Prometida



Giovanni Marco Rossi, um emigrante italiano oriundo de Montecielo, perto de Bréscia, Itália, passou a maior parte da sua vida na Califórnia. Nascido em 24 de agosto de 1896, Giovanni começou a trabalhar como agricultor desde a adolescência. Durante a Primeira Guerra Mundial, ele prestou serviço militar como técnico, engajado em uma companhia de engenharia, construindo túneis e pontes. Em 1920, juntamente com seu amigo Marco Ferrari, natural do mesmo povoado, decidiu emigrar para os Estados Unidos em busca de melhores oportunidades. Após sua chegada a Nova York em 3 de agosto de 1920, Giovanni se estabeleceu em Lindale, Califórnia, vivendo com seu tio Luigi Cademartori. Graças ao árduo trabalho e à economia, em 1925 Giovanni e Marco conseguiram adquirir 20 acres de terra em Lindale. Inicialmente, enfrentaram desafios como a falta de água, mas engenhosos perfuraram um poço, trouxeram eletricidade e construíram uma modesta casa de madeira. Giovanni e Marco plantaram árvores frutíferas, cultivaram campos, usaram cavalos para o trabalho agrícola e levaram sua produção ao mercado de Stockton. Após um tempo, Marco decide retornar à Itália, deixando toda a propriedade para Giovanni que a adquiriu por um preço justo. Firmemente determinado a se integrar à sociedade americana, Giovanni aprendeu inglês na Escola Secundária de Stockton e obteve a cidadania americana. Ele conheceu Catarina Lombardi, nascida nos Estados Unidos e originária do Vale de Bréscia, na Itália, com quem se casou em 1921. O casal enfrentou os desafios da vida rural na Califórnia, com Catarina dedicando-se ao trabalho agrícola e doméstico. Com o tempo, a família cresceu com o nascimento das filhas Teresa em 1931, Dena em 1935 e Delsie em 1941. Apesar de uma doença e outros desafios, Giovanni continuou a trabalhar a terra com dedicação. Em 1955, Giovanni comprou mais 20 acres de terra e, mesmo doente, continuou a cultivá-los com sucesso. Já em idade avançada, ele alugou a terra, mas continuou a ajudar nas atividades agrícolas. Em 1964, fez uma breve visita a Montecielo com Catarina para rever parentes e amigos. Giovanni Marco Rossi faleceu em 20 de julho de 1978, aos 82 anos, cercado pela família e respeitado pela comunidade. A história de Giovanni reflete a integração social e o sucesso alcançado através do trabalho árduo e respeito pelas tradições italianas em um contexto americano.


segunda-feira, 12 de junho de 2023

Nomes e Datas de Fundação das Colônias Italianas em Santa Catarina: Uma Viagem ao Passado


 

Os primeiros imigrantes italianos que chegaram foram direto para a colônia Nova Itália, que hoje é São João Batista. Era um grupo de 122 pessoas, aproximadamente 30 famílias. 
Os primeiros imigrantes italianos eram provenientes da ilha da Sardenha. Outros vieram da região de Trentino, eram os chamados tiroleses. 
A partir de 1875 com achegada de mais  imigrantes foi necessário a criação de novas colônias italianas em Santa Catarina, como em Rio dos Cedros, Ascurra, Apiúna, Rodeio e outras. 
O fluxo de imigrantes cessou em 1895, quando eclodiu a Revolução Federalista, uma das guerras civis que aconteceram no Brasil.

Os imigrantes italianos eram provenientes  principalmente do Vêneto, em menor número, da Lombardia e Friuli Venezia Giulia.

Colônias e data de fundação: 
  1. Azambuja (1877)
  2. Urussanga (1878)
  3. Criciuma (1880)
  4. Cocal, ex Accioli de Vasconcelos (1880)
  5. Grão Pará (1882)
  6. Orleans (1885)
  7. Treze de Maio, ex-Presidente Rocha (1887) 
  8. Nova Veneza (1891), com expansões para Meleiro e Turvo, hoje Siderópolis
  9. Nova Treviso (1891) hoje Treviso
  10. Acioli de Vasconcelos (1892) hoje Cocal do Sul.

sábado, 22 de abril de 2023

Colônia Nova Itália: Uma Viagem no Tempo pelas Tradições Italianas no Paraná

Igreja da Colônia Nova Itália no Paraná

Era o ano de 1878 e a grande colônia italiana de Nova Itália, o segundo grande experimento oficial de colonização da província, com uma população de mais de oitocentos imigrantes, localizada próximo de Paranaguá, entre as cidades de Antonina e Morretes, no Paraná, estava passando, desde algum tempo, por um período crítico de grande agitação. Desde a sua fundação em 1872, criada às pressas para acolher os imigrantes retirantes da mal sucedida Colônia Alexandra, esse novo assentamento era bem maior, com vários núcleos de povoamento, ainda não tinha mostrado o desenvolvimento e a pujança que as autoridades do governo tanto esperavam. Já de algum tempo as condições de vida na colônia estavam bastante corroídas, tendo já ocorrido diversas reclamações dos imigrantes contra a administração da colônia. Havia uma falta crônica de material para a construção das casas, de sementes, roupas e até de alimentos para os colonos, os quais depois de seis anos ainda dependiam totalmente do estado para praticamente tudo. Diversos abaixo-assinados foram enviados para as autoridades competentes em Curitiba, sem receberem solução adequada. O descontentamento para esta situação era generalizado e cresciam as manifestações de protestos contra a administração da colônia, as quais estavam ficando cada vez mais violentas. Os colonos exigiam do governo a sua transferência para outro local, fazendo valer uma das cláusulas constante nos seus contratos. Por diversas vezes a autoridades provinciais estiveram no local avaliando a situação, prometendo melhorias que acabaram não acontecendo, mas agora os colonos estavam irredutíveis exigindo transferência de local. Na realidade a extensa região que a colônia tinha sido implantada e onde se estabeleceram os diversos núcleos de povoamento da mesma, tinham condições muito diferentes na qualidade do solo. Alguns dos terrenos tinham áreas com possibilidade de algum cultivo e outros eram quase todo de terreno arenoso e alagadiço, impróprios para as culturas pretendidas. Por outro lado, o clima quente, muito úmido e os incômodos insetos típicos da zona litorânea, que tantas doenças causavam, estavam presentes indistintamente neles todos. O contrato oficial assinado pelos colonos com as autoridades brasileiras, estipulava que se eles, por qualquer motivo, não se adaptassem na colônia oferecida, poderiam solicitar ao governo paranaense a transferência para outro local. Os imigrantes italianos que ali tinham sido assentados, estavam preocupados com o seu futuro naquela colônia de clima ruim e terras magras para o cultivo e teimava em não progredir, isso também devido por se encontrar longe de um grande centro consumidor para os seus produtos. Muitos desses colonos já haviam começado a trabalhar como diaristas nas obras de construção da Estrada da Graciosa e da Estrada de Ferro Paranaguá Curitiba, mas o que conseguiam ganhar segundo eles mal dava para sustentar a família.
Cada vez mais a ideia de se transferir para Curitiba tomava corpo, estimulada pelas notícias que chegavam através dos tropeiros, viajantes comerciais ou mesmo em conversas com o pessoal da ferrovia, muitos deles trazidos da capital. Aqueles imigrantes que ainda tinham alguma reserva financeira, trazida da Itália, se adiantaram e por conta própria empreendiam a viagem até Curitiba, comprando em conjunto terrenos em alguns pontos da cidade, tal como a Colônia Santa Felicidade. Curitiba era uma cidade ainda pequena, mas como uma capital de província tinha um futuro muito promissor e isso era fácil de se perceber. As terras em torno da cidade eram de ótima qualidade para qualquer tipo de cultivo e o clima temperado de montanha, quase idêntico aquele da Itália que haviam deixado. A cidade era movimentada e cheia de vida, em franco crescimento, necessitando de muita mão de obra para as suas fábricas e de gêneros alimentícios para alimentar a população que não parava de crescer. Eles sabiam que não seria fácil se adaptar a um novo lugar, mas estavam dispostos a tentar. Então, a maioria decidiu se mudar para Curitiba. O governo provincial, depois de alguma relutância e atraso, finalmente cedeu e liberou a saída dos colonos da Colônia Nova Itália para aqueles que assim desejassem e até ajudou no transporte e na alocação das famílias em diversas outras colônias que estavam sendo criadas entorno da capital. 


Texto 
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS