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sábado, 12 de outubro de 2024

Raízes Além-Mar: A Saga de uma Família Italiana em Busca de Prosperidade no Brasil




Em 1898, no final do século XX, a família de Francesco e Maddalena ainda enfrentava as condições de vida cada vez mais precárias no sul da Itália. A inflação e o desemprego minavam os rendimentos, enquanto por toda parte, as conversas giravam em torno da ideia de emigrar, de buscar um novo lar além das fronteiras italianas. Muitos milhares de compatriotas já tinham partido para diversos destinos na própria Europa e ou mais freqüentemente para as Américas. Francesco, carpinteiro habilidoso, notou que as oportunidades de emprego minguavam, e as adversidades econômicas tornavam-se cada vez mais difíceis de suportar. Guiado pela esperança de oferecer um futuro mais promissor a sua esposa e dois filhos, enfrentou a difícil decisão de buscar novas oportunidades do outro lado do oceano, no Brasil.
A família partiu de Capranica, na província de Viterbo, com destino ao Brasil. Lucca, então com 17 anos, acompanhava seu pai, enquanto seu irmão Giovanni, de 16 anos também seguia na jornada em busca de uma vida mais promissora. Venderam o único hectare de terra e alguns poucos bens que possuíam para financiar a viagem e alimentar os sonhos de prosperidade nas terras sul-americanas.
Ao chegarem ao Brasil, a realidade se mostrou desafiadora. O pai de Lucca, mesmo sendo um carpinteiro qualificado, encontrou dificuldades para conseguir trabalho que garantisse o sustento adequado para a família. Diante dessa situação, os dois irmãos ingressaram no mercado de trabalho. Lucca tornou-se empregado em um bar, enquanto Giovanni conseguiu uma posição em um pequeno hotel, cuidando da recepção e da manutenção.
A residência da família, situada na periferia de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, oferecia aluguéis mais acessíveis. No entanto, quase toda a renda de Lucca e seu irmão era consumida pelo aluguel da modesta casa de três quartos, sala e cozinha.
O anseio de um dia retornar à Itália, mesmo diante da escassez financeira, perdurava constantemente nos pensamentos de Francesco e Maddalena. Lucca, por outro lado, encontrou conforto nos braços de Rosalia, uma jovem da Calábria, que havia chegado ao Brasil cinco anos antes. Ela trabalhava como funcionária de uma pequena tecelagem, uma ocupação modesta, mas que trazia esperanças de um futuro melhor para o casal.
A vida no Brasil tornou-se uma montanha-russa de desafios, esperanças e trabalho árduo. Lucca e seu irmão Giovanni, incansáveis na busca por uma vida melhor, mantinham-se firmes em seus empregos. Sonhavam com o dia em que as circunstâncias permitiriam a Lucca abrir o seu próprio negócio, um símbolo dos esforços e aspirações de uma família que, apesar das adversidades, persistia na busca por um futuro mais promissor nas terras sul-americanas.
Com o passar dos anos, a família cresceu. Lucca e Rosalia tiveram três filhos: Enzo, Giulio e Isabella, nomes que remetiam às suas raízes italianas. A cada desafio enfrentado, a família fortalecia seus laços, e as crianças cresceram em meio a histórias de coragem e perseverança, carregando consigo a herança e a esperança de um futuro promissor.
Francesco faleceu repentinamente em 1942, encontrando seu descanso em Ribeirão Preto, enquanto Maddalena seguiu o mesmo caminho quatro anos depois, na mesma cidade, com quase 90 anos de vida. Giovanni, que sempre se mostrou como um hábil comerciante, teve a sorte no casamento, ao unir-se a Elena, uma jovem nascida no Brasil. Professora primária, filha única de uma abastada família de comerciantes italianos da Sicília, ela trouxe uma nova perspectiva à vida de Giovanni. Juntos, construíram uma família robusta, com quatro filhos - Attilio, Luigi, Lorenzo e Leonardo. Após a súbita morte do sogro, Giovanni assumiu os negócios, ascendendo ao cargo de gerente das diversas casas de comércio dele. Percebendo a importância do envolvimento familiar, trouxe seu irmão Lucca para também integrar-se aos empreendimentos. Juntos, enfrentaram os desafios do mundo dos negócios, honrando o legado e fortalecendo os laços familiares na empreitada comercial.
Com o decorrer dos anos, os descendentes dedicaram-se aos estudos, assumiram as rédeas e perpetuaram os negócios comerciais inaugurados por seu avô siciliano, dando forma ao próximo capítulo da saga familiar.







terça-feira, 12 de março de 2024

O Legado de Agostino: da Calábria a Porto Alegre




Agostino nasceu na pequena vila de San Luca, um enclave tranquilo entre as montanhas da província de Catanzaro, na região da Calábria, em 1857. Seu nome, uma homenagem ao seu avô paterno, refletia o orgulho de sua linhagem e o destino que o aguardava.

Desde jovem, Agostino demonstrava um talento excepcional para a arte da construção. Seus dedos ágeis moldavam o barro e a pedra com uma destreza impressionante, aprendendo os segredos do ofício com os anciãos da vila. Seu avô, um renomado pedreiro, deixara um legado de habilidade e excelência que Agostino estava determinado a honrar.
A vida em San Luca seguia seu curso tranquilo, embora fosse evidente uma diminuição sensível no número de construções em toda a região. Até que um dia, uma carta chegou à modesta casa de Agostino, trazendo consigo uma lufada de novas possibilidades e oportunidades. Era uma mensagem do outro lado do oceano, escrita pela mão do tio Carmelo, irmão mais novo de seu pai, que há muitos anos havia deixado a Itália em busca de fortuna no Brasil.
Carmelo, agora estabelecido em Porto Alegre, convidava Agostino e sua família a se juntarem a ele no novo mundo. O motivo era claro: a firma de construção que Carmelo havia fundado estava passando por dificuldades. Seu filho, que havia assumido os negócios, sofrera um acidente fatal, deixando Carmelo sem um sucessor adequado.
O tio via em Agostino não apenas um parente, mas um talento excepcional que poderia revitalizar o negócio familiar. Sua reputação como muratore, ou pedreiro, era conhecida até além das fronteiras da Calábria, e Carmelo não hesitou em fazer o convite, esperançoso de que seu sobrinho pudesse dar continuidade ao legado da família.
Com o coração cheio de esperança e determinação, Agostino e Giovanna decidiram aceitar o convite do tio Carmelo. Em dezembro de 1905, embarcaram em uma jornada rumo ao desconhecido, deixando para trás as colinas da Calábria para trilhar um novo caminho no Brasil.
Ao chegarem em Porto Alegre, foram recebidos de braços abertos pelo tio Carmelo, que os acolheu em sua casa e os ajudou a se estabelecer na cidade. Logo, Agostino encontrou trabalho na firma de construção da família, onde sua habilidade e paixão pela arquitetura brilhavam em cada projeto que realizava.
Os anos se passaram rapidamente, e a família de Agostino floresceu na terra distante. Seus filhos cresceram sob a influência da cultura brasileira, mas nunca esqueceram suas raízes italianas. Alguns seguiram os passos do pai na construção civil, enquanto outros encontraram seus próprios caminhos, mas todos compartilhavam o mesmo espírito de determinação e coragem.
Quando Agostino faleceu, deixou para trás um legado de realizações extraordinárias. Sua vida foi marcada pelo trabalho árduo, pela paixão pela construção e pelo amor incondicional pela família. Seu nome é lembrado com reverência em Porto Alegre, onde as construções que ele deixou para trás são testemunho de sua habilidade e visão. Agostino pode ter nascido na pequena vila de San Luca, mas seu espírito ousado e sua determinação o transformaram em um verdadeiro cidadão do mundo, deixando sua marca indelével na história da cidade que escolheu chamar de lar.




quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Saga Italiana nos Pampas: Emigração, Trabalho e Sucesso na Argentina




Nas onduladas e pitorescas colinas da província de Bergamo, no norte da Itália, Luca cresceu imerso em uma vida simples e laboriosa. Sua família, composta pelos pais Antonio e Giovanna, e pelos irmãos e irmãs Giovanni, Marco, Martina, Antonio, Zeno e Sofia, enfrentava as agruras da vida agrícola em uma pequena vila. A pequena propriedade que arrendavam mal produzia o suficiente para sustentar a família, e a maior parte do que colhiam ia para o dono da terra.
Luca, o primogênito, sentia o peso das responsabilidades sobre seus ombros. A vida na vila era marcada pela simplicidade e pela dureza do trabalho no campo. Consciente da necessidade de proporcionar um futuro melhor para seus irmãos e aliviar as lutas financeiras de seus pais, Luca tomou a decisão difícil, mas inevitável, de emigrar em busca de oportunidades além das fronteiras da Itália.
No ano de 1878, movido por um misto de determinação e necessidade, Luca desembarcou nas promissoras terras da Argentina. Os amplos horizontes de Buenos Aires, onde permaneceu por apenas três dias, se desdobravam diante dele, trazendo consigo a promessa de um recomeço. Logo encontrou trabalho em uma grande fazenda nos pampas argentinos, onde se viu envolvido na colheita de trigo ao lado de seu novo amigo, Giovanni.
Os dias se desenrolavam sob o sol escaldante dos pampas, entre os campos dourados de trigo. Luca encontrou satisfação no trabalho árduo e na conexão com a terra. À noite, exausto após uma jornada extenuante de trabalho nos campos dourados de trigo, Luca partilhava refeições com seus colegas. Em um cansaço profundo, os laços entre eles eram forjados na fadiga compartilhada, mais do que nas delícias culinárias. Esses momentos, marcados pelo silêncio que sucede um dia de árduo labor, tornaram-se a essência da conexão entre aqueles que, à luz das estrelas, buscavam forças para enfrentar o nascer precoce do próximo amanhecer.
Mesmo distante, Luca não esqueceu suas raízes e a responsabilidade para com sua família na Itália. Regularmente, enviava alguma ajuda financeira para seus pais e irmãos. Com o passar do tempo e já estabilizado financeiramente, Luca tomou uma decisão que mudaria o destino de sua família: mandou as passagens para os irmãos Giovanni, Marco e Antonio poderem se unir a ele na Argentina.
Na Itália, ficaram Martina, que havia se casado com um rapaz da própria vila onde moravam, e Zeno, com 18 anos, e Sofia, ainda menor, que ficaram responsáveis por cuidar dos velhos pais.
Após dois anos na fazenda de trigo, Luca e Giovanni decidiram dar um novo rumo às suas vidas. Deixaram o emprego e mudaram-se para a Província de Córdoba, onde adquiriram dois grandes lotes de terras do governo argentino a preços subsidiados. Essa mudança representou um novo capítulo na vida de Luca e Giovanni, de trabalhadores assalariados a proprietários de terras, vislumbrando um futuro mais estável e independente.
A história de Luca e Giovanni se expandiu para além das plantações. Fundaram uma cooperativa local, unindo esforços com outros agricultores da região para fortalecer a comunidade. Seus esforços culminaram na construção de uma escola para as crianças da região, proporcionando educação e oportunidades que eles mesmos não tiveram.
Com o passar dos anos, a família de Luca e Giovanni cresceu, multiplicando-se em gerações. Os netos, inspirados pelos feitos de seus avós, seguiram diversos caminhos. Alguns continuaram na agricultura, modernizando as práticas herdadas, enquanto outros buscaram carreiras nas cidades, levando consigo os valores fundamentais transmitidos por Luca e Giovanni.
À medida que a Província de Córdoba se transformava e crescia, a história de Luca e Giovanni se tornou parte integrante do legado da região. Suas conquistas ecoaram nas pradarias argentinas, simbolizando a tenacidade e a visão que moldaram não apenas suas vidas, mas também o destino das futuras gerações. A história desses dois amigos imigrantes, que transformaram a adversidade em triunfo, permaneceu viva nas tradições e na memória de uma comunidade que eles ajudaram a construir.
A chegada dos irmãos Giovanni, Marco e Antonio à Argentina trouxe uma alegria renovada para Luca. Reunidos novamente, a família começou a construir um novo capítulo de suas vidas juntos. Giovanni, seguindo os passos de Luca, encontrou uma parceira chamada Rosalia, e juntos, estabeleceram-se em uma fazenda próxima. A terra generosa dos pampas argentinos parecia sorrir para eles, recompensando os anos de trabalho árduo.
Marco, o irmão mais jovem, apaixonou-se por uma jovem argentina chamada Elena. Eles decidiram explorar novos horizontes, optando por um pedaço de terra próximo à cidade, onde fundaram um pequeno comércio que prosperou com o tempo. Antonio, o mais jovem, encontrou em Luisa uma companheira para a vida. Juntos, decidiram investir na produção de laticínios, aproveitando a vastidão de terras para criar um negócio próspero.
A vida na Província de Córdoba era desafiadora, mas a união da família tornou cada obstáculo mais fácil de superar. As festividades italianas misturavam-se com as tradições argentinas, criando um lar onde o amor, o trabalho duro e a celebração se entrelaçavam.
Enquanto Luca e Giovanni colhiam os frutos de sua visão pioneira na cooperativa local, seus irmãos construíam legados próprios. O eco das risadas das crianças, dos negócios bem-sucedidos.



Dr. Luiz Carlos B.Piazzetta

Erechim RS




sábado, 4 de novembro de 2023

Travessia Rumo ao Sonho: Jornadas de Italianos na América do Início do Século XX




Giovanni Moretti, nasceu em 1868, município italiano de Gênova. No final do século XIX, Giovanni Moretti concluiu seus estudos e, seguindo os passos de seu pai comerciante de vinhos e alimentos, decidiu forjar seu destino além das fronteiras familiares. Aos 30 anos, juntando uma regular quantia do patrimônio familiar, Giovanni sentiu o chamado para desbravar a incerteza do outro lado do oceano, também devido às condições adversas da economia italiana, que afetaram significativamente os negócios familiares.
Em 6 de setembro de 1898, ele embarcou em Gênova a bordo do navio La France, com destino a uma nova vida. Com uma quantia substancial além dos 50 dólares necessários para a entrada nos Estados Unidos, Giovanni evitou habilmente a entrevista do Immigration Service. Enquanto seus companheiros de viagem enfrentavam a travessia até Ellis Island, Giovanni desembarcou diretamente em Nova York, trilhando seu caminho em direção à Pensilvânia.
Na Pensilvania, Giovanni encontrou um amigo da família, Marco Russo, um siciliano que havia estabelecido raízes na América desde 1890, gerenciando um próspero negócio de importação e exportação. Com suas economias e uma generosa contribuição de seu pai, Giovanni percebeu a oportunidade de adquirir uma parte do negócio de Marco. Essa decisão não só marcou sua entrada no mundo dos negócios americanos, mas também selou uma parceria que transformaria o destino de ambos em terra estrangeira.
Movido pelo desejo de abraçar plenamente sua nova pátria, Giovanni deu um passo adiante em sua integração. Decidiu se naturalizar americano, simbolizando essa transição vital com a adoção de um novo nome: John More. Essa mudança não foi apenas uma formalidade; era uma declaração de compromisso com sua nova identidade, uma fusão de suas raízes italianas com os horizontes promissores da América. A metamorfose de Giovanni Moretti para John More marcou o início de uma jornada extraordinária em busca do sonho americano. A nova identidade não apenas abre as portas da cidadania para ele, mas o consagra como uma figura respeitada na comunidade ítalo-americana da Filadélfia. John More contribui ativamente para o crescimento da cidade, construindo uma ponte entre suas raízes italianas e o desenvolvimento da América no século XX. Sua história torna-se um exemplo de sucesso, uma narrativa de um italiano que, com coragem e determinação, construiu um futuro do outro lado do oceano, transformando desafios em trampolins para o sucesso em uma nova terra.



quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Semeando Sonhos em Paiol Grande: A Decisão de Giovanni





Giovanni Trichino era um jovem destemido de 22 anos, cujas raízes italianas estavam profundamente entrelaçadas com sua história. Ele chegou ao Brasil ainda muito pequeno, segurando a mão de seus pais, Rafaella e Piero, e cercado por oito irmãos, todos em busca de um novo começo. Em 1890, a família se estabeleceu na colônia Caxias, onde o sonho de uma vida melhor começou a ganhar forma.
Piero, o patriarca da família, comprou um lote de terra naquela terra estrangeira, pagando-o durante anos em prestações anuais. Os Trichino eram incansáveis trabalhadores, dedicando-se à agricultura e à criação de suínos. Os porcos criados por eles eram vendidos para uma grande fábrica de banha e salames, que se tornou um pilar fundamental para a subsistência da família.
Giovanni, o penúltimo filho da família, cresceu com o desejo de também adquirir suas próprias terras e construir sua própria família. No entanto, quando chegou a sua vez, ele descobriu que todas as terras disponíveis na colônia já estavam vendidas, e os poucos lotes que apareciam no mercado eram excessivamente caros devido à crescente valorização das terras desde a chegada da família no Brasil.
Determinado a realizar seu sonho, Giovanni tomou uma decisão ousada. Ele decidiu migrar para Paiol Grande, uma região mais ao norte do estado do Rio Grande do Sul, na divisa com Santa Catarina. Essas terras ainda eram cobertas por uma exuberante vegetação nativa, repleta de majestosos pinheiros. Giovanni não estava sozinho nessa jornada; diariamente, dezenas de novos colonos, incluindo muitos italianos, chegavam a Paiol Grande em busca de oportunidades.
Após se casar com Adele, uma bela jovem cuja família também havia emigrado da Itália para a colônia Caxias, Giovanni e sua esposa, depois de vários dias de viajem em uma pequena carroça, se estabeleceram em Paiol Grande. O povoado estava em seus primórdios, com pouca infraestrutura e tudo a ser construído. Com suas economias e a ajuda financeira de seu pai, Giovanni adquiriu dois lotes de terra próximos à avenida principal e, ali, estabeleceu sua carpintaria.
Giovanni era um habilidoso carpinteiro, com uma destreza impressionante na arte da construção. Ele já havia deixado sua marca na construção de duas igrejas na colônia anterior, e agora, em Paiol Grande, sua reputação crescia a cada obra realizada. Sua carpintaria prosperou, e Giovanni se tornou um profissional renomado, cujos serviços eram requisitados por praticamente todos os habitantes do povoado em crescimento.
À medida que os anos passavam, Giovanni e Adele viram Paiol Grande florescer. Ele foi o responsável por erguer dezenas de casas e outras estruturas essenciais para o desenvolvimento da comunidade. Seus feitos como carpinteiro e construtor eram celebrados e respeitados por todos. Sua paixão pela construção e seu compromisso com a qualidade fizeram dele um pilar fundamental na jornada de crescimento da cidade.
A vida de Giovanni e Adele estava entrelaçada com a evolução de Paiol Grande. Eles criaram seus filhos naquela terra que escolheram como seu lar, e seus descendentes continuaram a contribuir para o progresso da cidade ao longo das gerações. O nome de Giovanni Trichino foi lembrado como um dos pioneiros que moldaram Paiol Grande, um exemplo de determinação e dedicação que inspirou muitos outros a seguir seus sonhos e construir um futuro melhor.
À medida que Paiol Grande se expandia, os pinheiros que outrora dominavam a paisagem começaram a dar lugar a casas, estradas e campos cultivados. Giovanni e Adele viram o lugar onde construíram suas vidas se transformar, mas a força de suas raízes italianas e o espírito de trabalho árduo nunca se dissiparam.
Hoje, as histórias da família Trichino são parte integrante da história de Paiol Grande. Os feitos de Giovanni como carpinteiro e construtor ainda são lembrados com admiração, e sua jornada de coragem e determinação continua a inspirar todos os que ouvem falar dela. A saga dos Trichino é uma lembrança de como a persistência e a paixão podem moldar não apenas indivíduos, mas também comunidades inteiras, deixando um legado para as futuras gerações. E assim, a história de Giovanni e sua família continua a viver, ecoando pelas ruas e casas de Paiol Grande.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

A Saga de Um Casal de Imigrantes Italianos na Colônia Caxias

 




No final do século XIX, muitas famílias italianas emigraram para o Brasil em busca de melhores oportunidades de vida. Entre elas, estava a família de Francesco e Augusta, que vieram da região do Veneto e se estabeleceram na colônia Caxias do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, em 1878. A jornada foi longa e difícil, durando 40 dias entre o mar e em terra. Eles eram dois pobres camponeses, mas corajosos, que decidiram deixar sua terra natal, na Itália, em busca de uma vida melhor na América do Sul. Eles haviam ouvido falar do Brasil e de suas terras férteis, onde os imigrantes eram bem-vindos e poderiam prosperar. Depois de muitas conversas e planejamento, eles finalmente embarcaram em uma longa jornada, que durou quase cinquenta dias, até chegarem à Colônia Caxias, no Rio Grande do Sul. Durante a longa viagem, Francesco e Augusta fizeram amizade com outros imigrantes, que também estavam a caminho da mesma colônia. A maioria deles eram italianos como eles, mas havia também alguns poucos alemães. Eles compartilharam histórias e experiências, tornando a viagem menos solitária e mais emocionante. Quando finalmente chegaram na Colônia Caxias, a terra parecia diferente de tudo o que tinham visto antes. As montanhas ao redor eram majestosas, a vegetação era densa e exuberante e o clima era um pouco diferente. Eles, e todo o grupo, foram recebidos pelos funcionários da colônia e por outros imigrantes que já estavam estabelecidos, que os ajudaram a encontrar o seu pedaço de terra e construir a sua nova casa. O casal teve que trabalhar duro para sobreviver nos primeiros anos. Eles desmataram uma parte do terreno e ali, após a queima das árvores, plantaram um pouco de trigo, milho, feijão e outros vegetais como todos os outros imigrantes na região. Começaram a criar alguns animais, como porcos e galinhas, para terem carne fresca e ovos. Pietro e Sofia, seus filhos, ajudavam nas tarefas diárias, mas também iam à escola no período da manhã para aprender a ler e escrever. A vida na colônia não era fácil, mas eles eram cercados de pessoas amigas e trabalhadoras. Eles participavam de festas e celebrações na igreja, onde se encontravam com outros imigrantes e trocavam experiências. Lentamente aprenderam a falar algumas palavras em português e a se comunicar com os brasileiros locais, mas entre os imigrantes italianos só falavam o talian, uma língua criada nas colônias italianas do Rio Grande do Sul para se comunicarem entre eles. Nos anos seguintes, a colônia cresceu e se desenvolveu. Mais imigrantes chegaram, e a terra foi ficando mais produtiva. Francesco e Augusta  conseguiram comprar mais terras ao lado da que já possuíam  e expandiram seus negócios. Pietro e Sofia cresceram e se casaram com os filhos de outros imigrantes italianos da região. Por volta do final do século, a família de Francesco e Augusta já era uma das mais prósperas da colônia. Eles tinham uma grande plantação de milho, um bom número de vacas e criação de suínos, até chegaram a construir uma pequena fábrica de queijo. Com muito amor eles ainda mantinham suas antigas tradições italianas. O casal havia se adaptado muito pouco à cultura brasileira e a língua do país, o português, jamais conseguiram falar direito e sempre carregado com muito sotaque italiano. A vida na colônia não era fácil, mas eles haviam conseguido construir uma vida feliz e satisfatória.


Texto de um livro de contos de
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS