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domingo, 22 de junho de 2025

O Violinista: A Arte de Tocar a Alma do Mundo



O Violinista
A arte de tocar a alma do mundo



Nicola nasceu em uma modesta vila no alto de uma colina do sul da Itália, no início do século XX. As casas, dispostas como pedras gastas sobre o topo da elevação, estavam sempre à mercê dos ventos que sopravam do mar distante. No coração desse cenário pitoresco, ele cresceu cercado por oliveiras retorcidas e pedras escaldantes, em uma família cuja subsistência dependia mais da resiliência do que da fartura. O pai, artesão de mãos calejadas, dedicava-se à fabricação de móveis simples, cuja beleza residia na utilidade. A mãe, entre as tarefas domésticas, entoava antigas canções folclóricas que haviam atravessado gerações como o eco de tempos melhores.

Desde cedo, Nicola revelou uma sensibilidade peculiar para os sons ao seu redor. Ele escutava com atenção incomum os sinos da igreja, cujos toques pontuavam a passagem das horas; o estalar da lenha no fogão a lenha nas noites de inverno; e até o ranger das ferramentas do pai, que se tornavam para ele uma espécie de melodia. Sua infância, embora modesta, era um mosaico de sons que alimentavam sua imaginação e criavam um refúgio para a realidade difícil de sua família.

A crise econômica que atingiu o sul da Itália depois da unificação do país, foi implacável, empurrando famílias inteiras a buscar horizontes mais promissores. Quando a colheita de azeitonas fracassou pela segunda vez em poucos anos e o mercado para os móveis artesanais do pai minguou, a decisão tornou-se inevitável. A família começou a se preparar para partir, vendendo o pouco que possuíam em troca de passagens para a Argentina, terra prometida que muitos na vila já haviam buscado.

Em uma manhã de primavera, com as primeiras luzes do dia iluminando os campos, Nicola e sua família deixaram para trás a vila. O menino, então com nove anos, segurava com força a mão da mãe enquanto caminhavam em direção ao porto. Sua mente estava repleta de incertezas, mas também de uma curiosidade quase febril sobre o que encontrariam do outro lado do oceano.

A travessia foi longa e dura. Os passageiros, confinados em um espaço limitado, enfrentavam a monotonia dos dias no convés e a oscilação incessante do mar. Foi ali, nesse cenário adverso, que Nicola descobriu algo que marcaria sua vida. Entre os marinheiros havia um homem de cabelos grisalhos que tocava um pequeno bandolim. Durante as noites mais calmas, ele se sentava em um canto do convés e tocava para entreter os passageiros, suas melodias ecoando no escuro como uma promessa de consolo.

Nicola observava fascinado. As mãos ágeis do marinheiro percorriam as cordas do instrumento com maestria, e as notas que emergiam eram simples, mas carregadas de emoção. Era como se cada melodia contivesse histórias invisíveis, capazes de transcender as palavras. Nicola nunca havia visto algo tão poderoso: a capacidade de um homem sozinho, com um instrumento tão pequeno, transformar a atmosfera ao seu redor.

Naquela viagem, enquanto o navio avançava pelas águas desconhecidas, Nicola sentiu nascer dentro de si uma ambição inédita. Ele queria criar algo tão belo e emocionante quanto as melodias do marinheiro. O som do bandolim tornou-se o símbolo de tudo que ele poderia alcançar em um mundo novo. Quando o navio finalmente atracou no porto de Buenos Aires, Nicola desceu a rampa com um novo propósito em seu coração, embora ainda não soubesse como ou quando o realizaria.

Estabelecidos na vastidão pulsante de Buenos Aires, a família de Nicola enfrentou desafios que se desenrolaram como as ondas de um mar traiçoeiro. A cidade, uma miscelânea de culturas e línguas, era imponente e ao mesmo tempo implacável. As promessas que haviam motivado a travessia do Atlântico mostraram-se ilusórias. Em vez de prosperidade imediata, encontraram trabalho árduo e incerto. O pai, habituado a moldar madeira em peças utilitárias, conseguiu apenas empregos temporários em oficinas mal ventiladas. A mãe, que na Itália costurava esporadicamente para vizinhos, tornou-se uma das muitas mulheres que ofereciam serviços de limpeza às famílias abastadas da cidade.

Para Nicola, a mudança foi ao mesmo tempo desafiadora e fascinante. Enquanto os adultos viam a metrópole como um campo de batalha para a sobrevivência, ele enxergava nela uma sinfonia de sons novos. O chiado das carruagens nas ruas de paralelepípedos, os apitos dos navios no porto e até mesmo o murmúrio de vozes em diferentes sotaques eram para ele como uma composição viva. Foi nesse cenário que ele descobriu algo que mudaria o curso de sua vida.

Em um bairro operário onde a família alugava um pequeno quarto, havia uma escola comunitária que oferecia aulas noturnas. A instituição, mantida por imigrantes que acreditavam no poder transformador da educação, abria suas portas para jovens cujas famílias não podiam pagar por escolas formais. Nicola, curioso e sedento por aprender, começou a frequentar as aulas. Foi lá que ele viu, pela primeira vez, um homem tocando um violino. O som o arrebatou. Era como se o instrumento contasse histórias que ecoavam as emoções que ele ainda não sabia expressar.

Determinado a aprender, Nicola começou a trabalhar para juntar dinheiro. Ele fazia pequenos serviços: entregava mercadorias, ajudava na limpeza de armazéns e, em algumas tardes, recolhia lenha nos arredores da cidade para vendê-la. Durante meses, cada centavo economizado era guardado com cuidado, até que finalmente ele conseguiu adquirir um violino usado, comprado de um comerciante que vendia instrumentos de segunda mão.

Quando segurou o violino pela primeira vez, o mundo ao seu redor pareceu silenciar. Era como se o instrumento tivesse sido feito para ele, e o desejo de dominá-lo crescia a cada dia. Nicola dedicava cada momento livre ao estudo. Suas mãos, acostumadas ao trabalho braçal, lentamente ganharam a precisão necessária para tocar as cordas. Ele praticava sozinho, seguindo as poucas instruções que conseguira na escola comunitária e imitando os sons que ouvira de outros músicos.

No início, suas notas eram hesitantes, mas com o tempo, começaram a ganhar forma e fluidez. As melodias que saíam do instrumento tornaram-se sua linguagem secreta, uma ponte entre o que sentia e o que não conseguia dizer. Enquanto a família enfrentava os desafios da adaptação em uma terra estrangeira, Nicola encontrava na música não apenas uma paixão, mas uma razão para sonhar. O violino, em suas mãos jovens e determinadas, tornou-se mais do que um instrumento. Era a promessa de que, mesmo no meio das dificuldades, havia algo belo e eterno que ninguém poderia tirar dele.

Com o passar dos anos, Nicola transformou sua paixão em maestria. Os dias eram preenchidos por uma disciplina quase obsessiva: manhãs dedicadas ao trabalho para ajudar a família, tardes e noites devotadas ao violino. Ele praticava incansavelmente, refinando sua técnica e ampliando sua compreensão musical. Eventualmente, suas habilidades começaram a atrair a atenção nos círculos comunitários. Pequenos eventos em cafés, festas de bairro e celebrações locais tornaram-se palco para sua crescente reputação. A cada performance, as notas de seu violino pareciam carregar não apenas a melodia, mas também as emoções de uma vida marcada por desafios e superação.

Os anos trouxeram oportunidades maiores. Em uma dessas apresentações, um músico veterano, conhecido pela liderança em uma das principais orquestras de Buenos Aires, notou o jovem violinista. Impressionado pela paixão e habilidade que Nicola transmitia, convidou-o para integrar a orquestra. Foi um momento transformador. Nicola não apenas entrou em um universo musical mais vasto, mas também teve contato direto com o ritmo que definiria sua carreira: o tango.

A primeira vez que ouviu um tango em sua plenitude foi em um ensaio da orquestra. A música, uma fusão de influências europeias, africanas e locais, ressoou profundamente em seu ser. Era ao mesmo tempo vibrante e melancólica, cheia de dor e paixão. Nicola sentiu como se o tango falasse diretamente à sua alma, refletindo a nostalgia da terra que havia deixado e as esperanças de um futuro melhor. Decidiu, naquele momento, que essa música seria o centro de sua vida.

Como parte da orquestra, Nicola percorreu palcos por toda a região, de teatros grandiosos a modestos salões comunitários. Cada performance era uma lição. Ele absorvia tudo: os diferentes estilos dos músicos, as nuances das composições, as reações do público. Sua presença no palco era magnética. O violino, que antes fora apenas um meio de expressão, tornou-se uma extensão de sua própria voz.

Mas sua verdadeira ascensão começou quando Nicola decidiu explorar suas habilidades como compositor. Inspirado pelas histórias e emoções que encontrava em sua jornada, ele começou a criar peças originais. Suas composições eram marcadas pela profundidade emocional e pela habilidade técnica, unindo a alma do tango com sua própria vivência.

As obras de Nicola rapidamente conquistaram espaço. Elas começaram a ser executadas em rádios locais, levando sua música a um público ainda maior. Em pouco tempo, suas composições chegaram aos estúdios de gravação, transformando-se em discos que ecoavam nas casas e cafés de Buenos Aires e além. O reconhecimento crescia, e com ele, a certeza de que seu talento era um presente que não apenas lhe permitia sobreviver, mas também prosperar.

Nicola tornou-se uma figura admirada no cenário musical, um imigrante que transformara as adversidades em arte. Cada nota que tocava ou compunha carregava a essência de sua jornada – a colina distante na Itália, o som do bandolim no navio, as lutas em Buenos Aires, e o ritmo pulsante do tango, que agora marcava cada passo de sua trajetória.

Em meio à efervescência cultural que agitava Buenos Aires, havia um café discreto, situado numa esquina onde as ruas convergiam como veias pulsantes da cidade. Ali, entre mesas gastas pelo tempo e paredes adornadas por fotografias amareladas, Nicola se apresentava com seu violino, trazendo à vida melodias carregadas de uma alma que transcendia as fronteiras da música. Aquele ambiente, simples e popular, era um refúgio onde ele podia derramar toda a intensidade que carregava dentro de si, numa conexão quase mística entre artista e público.

Certa noite, enquanto tocava uma de suas composições inéditas — uma peça cuja melodia sinuosa carregava as dores e esperanças da imigração, a saudade das colinas italianas e a pulsação inconfundível do tango — a atmosfera no café parecia vibrar em sintonia perfeita com cada nota. As vozes diminuíram, os olhares se voltaram para ele, e o tempo pareceu desacelerar. Entre a plateia, sentado em uma mesa próxima ao palco, estava um cantor já consagrado, uma voz que ressoava não só nas rádios, mas nas emoções de toda uma geração.

O cantor, conhecido por sua capacidade de captar a essência das músicas que interpretava, ficou profundamente tocado pela composição de Nicola. A música, além de bela, tinha uma autenticidade crua que falava diretamente ao coração. Naquele instante, ele percebeu que aquela peça não era apenas mais uma canção; era um testemunho, uma narrativa vibrante e urgente que precisava ser compartilhada com o mundo.

Logo após a apresentação, o cantor procurou Nicola e manifestou seu desejo de gravar a música. Para o jovem violinista, o convite era muito mais do que um reconhecimento — era uma oportunidade que poderia transformar sua vida. A gravação, realizada em um modesto estúdio da cidade, capturou não apenas as notas e ritmos, mas também toda a carga emocional que a obra carregava. Quando a canção finalmente foi lançada, rapidamente ganhou as ondas das rádios, atravessando bairros, cidades e corações.

O sucesso foi imediato e avassalador. A música tornou-se uma espécie de hino para muitos, especialmente para aqueles que, como Nicola, carregavam dentro de si a mistura agridoce da esperança e da saudade. Para o compositor, aquele momento foi um divisor de águas — o marco que transformou o menino de mãos calejadas, que havia cruzado oceanos em busca de um sonho, no artista reconhecido e respeitado que começava a moldar o panorama musical da América Latina.

Com a fama crescente, as portas antes fechadas começaram a se abrir com facilidade. Convites para participar de novos projetos surgiram, desde orquestras renomadas até parcerias com outros músicos e poetas que buscavam a mesma autenticidade que Nicola transmitia. Sua reputação, agora solidificada, era construída não apenas sobre o talento, mas sobre a capacidade singular de transformar experiências pessoais em melodias universais.

A partir daquele dia, Nicola compreendeu que sua música não era apenas uma expressão artística, mas um legado — uma ponte entre passado e presente, entre sua terra natal e a nova pátria que o acolhera. E, em cada acorde que criava, ele continuava a narrar a história daqueles que, como ele, ousaram sonhar e recomeçar.

Ao longo de décadas marcadas por mudanças sociais, políticas e culturais, Nicola permaneceu fiel à sua arte, imerso numa busca incessante pelas sutilezas e profundidades do tango — aquele gênero que se tornara não apenas sua assinatura, mas a voz de uma geração inteira. Seus dedos, outrora incertos e tímidos, tornaram-se ágeis e precisos, capazes de extrair do violino toda a gama de emoções que habitavam sua alma. A cada nova composição, ele costurava histórias de vidas anônimas: os trabalhadores exaustos, os amantes separados pela distância, os imigrantes que carregavam na memória o gosto amargo da perda e a esperança de recomeço.

Suas melodias não eram meras canções; eram retratos sonoros de uma época turbulenta, onde a alegria e o sofrimento dançavam lado a lado, como as sombras que se misturam sob a luz tênue dos lampiões de rua. Nicola conseguia traduzir em notas musicais o que muitos não podiam dizer em palavras — o anseio por liberdade, a dor da ausência, o calor de um abraço que nunca veio. Assim, sua obra tornou-se um espelho da condição humana, tocando profundamente aqueles que ouviam, independentemente de origem ou condição.

Mesmo com o passar dos anos, sua paixão não diminuiu. Ao contrário, ele aprofundou sua compreensão do tango, explorando novos arranjos, incorporando influências diversas, sem jamais perder a essência que tornava sua música única. O palco continuava a ser seu santuário, onde ele se entregava completamente, como se cada apresentação fosse a última oportunidade de contar sua história.

Quando a idade avançou e os cabelos grisalhos começaram a emoldurar seu rosto marcado pelo tempo, Nicola já era uma lenda viva. Ainda era celebrado como um dos maiores artistas de seu tempo, um mestre capaz de emocionar multidões e inspirar jovens músicos a trilhar seu caminho. Suas composições ecoavam não apenas nos salões elegantes das grandes casas, mas também nas ruas estreitas e nos cafés populares, onde a alma da cidade pulsava com intensidade.

A música de Nicola permaneceu viva, atravessando gerações, preservando memórias e alimentando sonhos. Era a prova irrefutável de que a arte verdadeira transcende o tempo e o espaço, resistindo às intempéries da história. Sua trajetória, desde aquele menino humilde nascido numa colina do sul da Itália até o consagrado artista que conquistou corações em um continente distante, tornou-se um símbolo de perseverança e paixão.

A história de Nicola é mais do que a biografia de um músico — é um testemunho da capacidade humana de transformar sonhos em melodias eternas. Através de sua música, ele ensinou que, mesmo nas circunstâncias mais adversas, a alma humana pode encontrar sua voz, e que essa voz, quando verdadeira e cheia de sentimento, tem o poder de ecoar para sempre nos corações daqueles que se dispõem a escutar.



sábado, 22 de março de 2025

La Zornada dei Fradèi Morette: Italiani che i ga Vinto a San Paolo


 

La Zornada dei Fradèi Morette: 

Italiani che i ga Vinto a San Paolo


Intel 1878, verso la fin del sèculo XIX, inte na pìcola vila de le pianure de Mantova, in Lombardia, Itàlia, i fradèi Giuseppe e Angelo Morette i passava i so zorni a aiutar i zenitori a coltivar la picolina proprietà rural de la famèia. La vita, anca se tranquila, no la dava segnali de portar miglioramento ´ntele condission finansiare de quei pòveri contadin. Anca se el pare el fusse proprietàrio de quel tereno pìcolo, eredità dai so antenati, e anca se i fusse in situassion mèio de tanti altri abitanti del posto, no i zera imuni a quel che stava sussedendo in tuta l’Itàlia, soratuto dopo l’unificassion del paese in un regno ùnico. La levassi contìnua dei pressi dei prodoti che i ghe voleva comprar, spinti da na inflassion crónica, insieme a la creassion de nove tasse e, soratuto, la forte concorensa con i grani importà, i rendeva insostenibile continuar quel laoro in agricoltura, zà considerà sensa futuro par i pìcoli produtori. Le frustrassion dopo le racolte, par via dei cambiamenti del clima, i agravava la situassion anca ´nteia campi de la Lombardia. Tanti altri produtori rurai, anca pì afortunà de lori, i gaveva zà vendù le so proprietà e i zera partì in emigrassion par altri paesi, sia quei visin de l’Itàlia che, soratuto, par la lontana Amèrica. El desidèrio de miliorar la vita, de scapar da quela mancansa de prospetive e l’anelo de aventura i zera scriti ´ntei so cuori. Intel 1893, spinti da le stòrie de sussesso in Brasil contà con emossion ´ntele lètare che le rivava dai emigranti, Giuseppe, che l’era el fradèl pì vècio, e Angelo, el pì novo, lori i ga deciso de ‘mbarcarse in na zornada insserta. Con la benedission dei genitori, i ga lassà la so famèia, sperando che la promessa de quele tere lontane e oportunità le ghe ricompensasse. Ai genitori i ga assicurà che, na volta sistemà in Brasil, i ghe mandaria schei par i bilieti par lori venir a trovarli. 

Dopo un longo viàio, pien de trambusti, che l’ha durà un mese, lori i ze rivà ´ntel interno de lo stato de San Paolo, ndove i ga scomenssià la vita in na tera foresta. Pian pian, con tenassità, lori i ga costruo le so vite in solo brasilian. Con i pochi schei che el pare ghe gaveva dà, Giuseppe el se ga aventurà ´ntel comèrssio local, verzando na pìcola botega par vender sechi e moià, che la ze diventà na referénssia in sità. Pì tarde, el ga anca investìo in na matonaria, fabricando matoni e tègole par sodisfar i bisogni de na sità che la cresseva sempre. Angelo, invesse, el ga vardà na oportunità ´nte la creassion e slevamento de porsèi, che el ingrassava e vendeva a na fàbrica de salami e sonza de na sità visina. Le so atività le ga contribuìo tanto par el sgrandimento de l’economia local. Dopo sinque ani, come che i gaveva promesso, i ga mandà schei ai genitori, che dopo i ze vegnù a star in Brasil. Intel 1913, Giuseppe, oramai sposà e pare de sei fiòi, el ga deciso de far un viàio de ritorno in Itàlia par incontrar parenti e amici che i viveva ancora là. Purtropo, la so vìsita la ze stà coincisa con l’inisio de la Prima Guera Mundial, e el ze stà recrutà, lassando la so famèia e el so comèrssio. El ga podù tornar in Brasil solo intel 1919, ndove el ze stà ricevù con gioia da la moglie e dai fiòi, includendo el so sètimo fiol, che par sto motivo el se ciamava Settimo, che el gaveva ancora da conosser.

Ntei ani dopo, Giuseppe el ga fato pì viài in Itàlia, na dei quali insieme al fiol pì vècio Attilio, che lu el ze restà in penìnsola par tre ani, assorbendo la cultura dei so antenati. Purtropo, in del 1930, na tragèdia la ga colpìo la famèia Morette, quando Angelo el ze morto presto, lassando la so mòie e sete fiòi. La famèia la se ga unìo par superar la dificoltà, mantenendo la eredità de laoro duro e perseveransa lassà da Angelo. Incòi, i dissendenti dei fradei Giuseppe e Angelo Morette i ze sparsi in vàrie sità dei stati de San Paolo e Paraná, mantenendo vive le tradission e le stòrie dei so antepassà italiani, che i ga lassà el so segno ´ntela stòria de la region.


sábado, 12 de outubro de 2024

Raízes Além-Mar: A Saga de uma Família Italiana em Busca de Prosperidade no Brasil




Em 1898, no final do século XX, a família de Francesco e Maddalena ainda enfrentava as condições de vida cada vez mais precárias no sul da Itália. A inflação e o desemprego minavam os rendimentos, enquanto por toda parte, as conversas giravam em torno da ideia de emigrar, de buscar um novo lar além das fronteiras italianas. Muitos milhares de compatriotas já tinham partido para diversos destinos na própria Europa e ou mais freqüentemente para as Américas. Francesco, carpinteiro habilidoso, notou que as oportunidades de emprego minguavam, e as adversidades econômicas tornavam-se cada vez mais difíceis de suportar. Guiado pela esperança de oferecer um futuro mais promissor a sua esposa e dois filhos, enfrentou a difícil decisão de buscar novas oportunidades do outro lado do oceano, no Brasil.
A família partiu de Capranica, na província de Viterbo, com destino ao Brasil. Lucca, então com 17 anos, acompanhava seu pai, enquanto seu irmão Giovanni, de 16 anos também seguia na jornada em busca de uma vida mais promissora. Venderam o único hectare de terra e alguns poucos bens que possuíam para financiar a viagem e alimentar os sonhos de prosperidade nas terras sul-americanas.
Ao chegarem ao Brasil, a realidade se mostrou desafiadora. O pai de Lucca, mesmo sendo um carpinteiro qualificado, encontrou dificuldades para conseguir trabalho que garantisse o sustento adequado para a família. Diante dessa situação, os dois irmãos ingressaram no mercado de trabalho. Lucca tornou-se empregado em um bar, enquanto Giovanni conseguiu uma posição em um pequeno hotel, cuidando da recepção e da manutenção.
A residência da família, situada na periferia de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, oferecia aluguéis mais acessíveis. No entanto, quase toda a renda de Lucca e seu irmão era consumida pelo aluguel da modesta casa de três quartos, sala e cozinha.
O anseio de um dia retornar à Itália, mesmo diante da escassez financeira, perdurava constantemente nos pensamentos de Francesco e Maddalena. Lucca, por outro lado, encontrou conforto nos braços de Rosalia, uma jovem da Calábria, que havia chegado ao Brasil cinco anos antes. Ela trabalhava como funcionária de uma pequena tecelagem, uma ocupação modesta, mas que trazia esperanças de um futuro melhor para o casal.
A vida no Brasil tornou-se uma montanha-russa de desafios, esperanças e trabalho árduo. Lucca e seu irmão Giovanni, incansáveis na busca por uma vida melhor, mantinham-se firmes em seus empregos. Sonhavam com o dia em que as circunstâncias permitiriam a Lucca abrir o seu próprio negócio, um símbolo dos esforços e aspirações de uma família que, apesar das adversidades, persistia na busca por um futuro mais promissor nas terras sul-americanas.
Com o passar dos anos, a família cresceu. Lucca e Rosalia tiveram três filhos: Enzo, Giulio e Isabella, nomes que remetiam às suas raízes italianas. A cada desafio enfrentado, a família fortalecia seus laços, e as crianças cresceram em meio a histórias de coragem e perseverança, carregando consigo a herança e a esperança de um futuro promissor.
Francesco faleceu repentinamente em 1942, encontrando seu descanso em Ribeirão Preto, enquanto Maddalena seguiu o mesmo caminho quatro anos depois, na mesma cidade, com quase 90 anos de vida. Giovanni, que sempre se mostrou como um hábil comerciante, teve a sorte no casamento, ao unir-se a Elena, uma jovem nascida no Brasil. Professora primária, filha única de uma abastada família de comerciantes italianos da Sicília, ela trouxe uma nova perspectiva à vida de Giovanni. Juntos, construíram uma família robusta, com quatro filhos - Attilio, Luigi, Lorenzo e Leonardo. Após a súbita morte do sogro, Giovanni assumiu os negócios, ascendendo ao cargo de gerente das diversas casas de comércio dele. Percebendo a importância do envolvimento familiar, trouxe seu irmão Lucca para também integrar-se aos empreendimentos. Juntos, enfrentaram os desafios do mundo dos negócios, honrando o legado e fortalecendo os laços familiares na empreitada comercial.
Com o decorrer dos anos, os descendentes dedicaram-se aos estudos, assumiram as rédeas e perpetuaram os negócios comerciais inaugurados por seu avô siciliano, dando forma ao próximo capítulo da saga familiar.







terça-feira, 12 de março de 2024

O Legado de Agostino: da Calábria a Porto Alegre




Agostino nasceu na pequena vila de San Luca, um enclave tranquilo entre as montanhas da província de Catanzaro, na região da Calábria, em 1857. Seu nome, uma homenagem ao seu avô paterno, refletia o orgulho de sua linhagem e o destino que o aguardava.

Desde jovem, Agostino demonstrava um talento excepcional para a arte da construção. Seus dedos ágeis moldavam o barro e a pedra com uma destreza impressionante, aprendendo os segredos do ofício com os anciãos da vila. Seu avô, um renomado pedreiro, deixara um legado de habilidade e excelência que Agostino estava determinado a honrar.
A vida em San Luca seguia seu curso tranquilo, embora fosse evidente uma diminuição sensível no número de construções em toda a região. Até que um dia, uma carta chegou à modesta casa de Agostino, trazendo consigo uma lufada de novas possibilidades e oportunidades. Era uma mensagem do outro lado do oceano, escrita pela mão do tio Carmelo, irmão mais novo de seu pai, que há muitos anos havia deixado a Itália em busca de fortuna no Brasil.
Carmelo, agora estabelecido em Porto Alegre, convidava Agostino e sua família a se juntarem a ele no novo mundo. O motivo era claro: a firma de construção que Carmelo havia fundado estava passando por dificuldades. Seu filho, que havia assumido os negócios, sofrera um acidente fatal, deixando Carmelo sem um sucessor adequado.
O tio via em Agostino não apenas um parente, mas um talento excepcional que poderia revitalizar o negócio familiar. Sua reputação como muratore, ou pedreiro, era conhecida até além das fronteiras da Calábria, e Carmelo não hesitou em fazer o convite, esperançoso de que seu sobrinho pudesse dar continuidade ao legado da família.
Com o coração cheio de esperança e determinação, Agostino e Giovanna decidiram aceitar o convite do tio Carmelo. Em dezembro de 1905, embarcaram em uma jornada rumo ao desconhecido, deixando para trás as colinas da Calábria para trilhar um novo caminho no Brasil.
Ao chegarem em Porto Alegre, foram recebidos de braços abertos pelo tio Carmelo, que os acolheu em sua casa e os ajudou a se estabelecer na cidade. Logo, Agostino encontrou trabalho na firma de construção da família, onde sua habilidade e paixão pela arquitetura brilhavam em cada projeto que realizava.
Os anos se passaram rapidamente, e a família de Agostino floresceu na terra distante. Seus filhos cresceram sob a influência da cultura brasileira, mas nunca esqueceram suas raízes italianas. Alguns seguiram os passos do pai na construção civil, enquanto outros encontraram seus próprios caminhos, mas todos compartilhavam o mesmo espírito de determinação e coragem.
Quando Agostino faleceu, deixou para trás um legado de realizações extraordinárias. Sua vida foi marcada pelo trabalho árduo, pela paixão pela construção e pelo amor incondicional pela família. Seu nome é lembrado com reverência em Porto Alegre, onde as construções que ele deixou para trás são testemunho de sua habilidade e visão. Agostino pode ter nascido na pequena vila de San Luca, mas seu espírito ousado e sua determinação o transformaram em um verdadeiro cidadão do mundo, deixando sua marca indelével na história da cidade que escolheu chamar de lar.




quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Saga Italiana nos Pampas: Emigração, Trabalho e Sucesso na Argentina




Nas onduladas e pitorescas colinas da província de Bergamo, no norte da Itália, Luca cresceu imerso em uma vida simples e laboriosa. Sua família, composta pelos pais Antonio e Giovanna, e pelos irmãos e irmãs Giovanni, Marco, Martina, Antonio, Zeno e Sofia, enfrentava as agruras da vida agrícola em uma pequena vila. A pequena propriedade que arrendavam mal produzia o suficiente para sustentar a família, e a maior parte do que colhiam ia para o dono da terra.
Luca, o primogênito, sentia o peso das responsabilidades sobre seus ombros. A vida na vila era marcada pela simplicidade e pela dureza do trabalho no campo. Consciente da necessidade de proporcionar um futuro melhor para seus irmãos e aliviar as lutas financeiras de seus pais, Luca tomou a decisão difícil, mas inevitável, de emigrar em busca de oportunidades além das fronteiras da Itália.
No ano de 1878, movido por um misto de determinação e necessidade, Luca desembarcou nas promissoras terras da Argentina. Os amplos horizontes de Buenos Aires, onde permaneceu por apenas três dias, se desdobravam diante dele, trazendo consigo a promessa de um recomeço. Logo encontrou trabalho em uma grande fazenda nos pampas argentinos, onde se viu envolvido na colheita de trigo ao lado de seu novo amigo, Giovanni.
Os dias se desenrolavam sob o sol escaldante dos pampas, entre os campos dourados de trigo. Luca encontrou satisfação no trabalho árduo e na conexão com a terra. À noite, exausto após uma jornada extenuante de trabalho nos campos dourados de trigo, Luca partilhava refeições com seus colegas. Em um cansaço profundo, os laços entre eles eram forjados na fadiga compartilhada, mais do que nas delícias culinárias. Esses momentos, marcados pelo silêncio que sucede um dia de árduo labor, tornaram-se a essência da conexão entre aqueles que, à luz das estrelas, buscavam forças para enfrentar o nascer precoce do próximo amanhecer.
Mesmo distante, Luca não esqueceu suas raízes e a responsabilidade para com sua família na Itália. Regularmente, enviava alguma ajuda financeira para seus pais e irmãos. Com o passar do tempo e já estabilizado financeiramente, Luca tomou uma decisão que mudaria o destino de sua família: mandou as passagens para os irmãos Giovanni, Marco e Antonio poderem se unir a ele na Argentina.
Na Itália, ficaram Martina, que havia se casado com um rapaz da própria vila onde moravam, e Zeno, com 18 anos, e Sofia, ainda menor, que ficaram responsáveis por cuidar dos velhos pais.
Após dois anos na fazenda de trigo, Luca e Giovanni decidiram dar um novo rumo às suas vidas. Deixaram o emprego e mudaram-se para a Província de Córdoba, onde adquiriram dois grandes lotes de terras do governo argentino a preços subsidiados. Essa mudança representou um novo capítulo na vida de Luca e Giovanni, de trabalhadores assalariados a proprietários de terras, vislumbrando um futuro mais estável e independente.
A história de Luca e Giovanni se expandiu para além das plantações. Fundaram uma cooperativa local, unindo esforços com outros agricultores da região para fortalecer a comunidade. Seus esforços culminaram na construção de uma escola para as crianças da região, proporcionando educação e oportunidades que eles mesmos não tiveram.
Com o passar dos anos, a família de Luca e Giovanni cresceu, multiplicando-se em gerações. Os netos, inspirados pelos feitos de seus avós, seguiram diversos caminhos. Alguns continuaram na agricultura, modernizando as práticas herdadas, enquanto outros buscaram carreiras nas cidades, levando consigo os valores fundamentais transmitidos por Luca e Giovanni.
À medida que a Província de Córdoba se transformava e crescia, a história de Luca e Giovanni se tornou parte integrante do legado da região. Suas conquistas ecoaram nas pradarias argentinas, simbolizando a tenacidade e a visão que moldaram não apenas suas vidas, mas também o destino das futuras gerações. A história desses dois amigos imigrantes, que transformaram a adversidade em triunfo, permaneceu viva nas tradições e na memória de uma comunidade que eles ajudaram a construir.
A chegada dos irmãos Giovanni, Marco e Antonio à Argentina trouxe uma alegria renovada para Luca. Reunidos novamente, a família começou a construir um novo capítulo de suas vidas juntos. Giovanni, seguindo os passos de Luca, encontrou uma parceira chamada Rosalia, e juntos, estabeleceram-se em uma fazenda próxima. A terra generosa dos pampas argentinos parecia sorrir para eles, recompensando os anos de trabalho árduo.
Marco, o irmão mais jovem, apaixonou-se por uma jovem argentina chamada Elena. Eles decidiram explorar novos horizontes, optando por um pedaço de terra próximo à cidade, onde fundaram um pequeno comércio que prosperou com o tempo. Antonio, o mais jovem, encontrou em Luisa uma companheira para a vida. Juntos, decidiram investir na produção de laticínios, aproveitando a vastidão de terras para criar um negócio próspero.
A vida na Província de Córdoba era desafiadora, mas a união da família tornou cada obstáculo mais fácil de superar. As festividades italianas misturavam-se com as tradições argentinas, criando um lar onde o amor, o trabalho duro e a celebração se entrelaçavam.
Enquanto Luca e Giovanni colhiam os frutos de sua visão pioneira na cooperativa local, seus irmãos construíam legados próprios. O eco das risadas das crianças, dos negócios bem-sucedidos.



Dr. Luiz Carlos B.Piazzetta

Erechim RS




sábado, 4 de novembro de 2023

Travessia Rumo ao Sonho: Jornadas de Italianos na América do Início do Século XX




Giovanni Moretti, nasceu em 1868, município italiano de Gênova. No final do século XIX, Giovanni Moretti concluiu seus estudos e, seguindo os passos de seu pai comerciante de vinhos e alimentos, decidiu forjar seu destino além das fronteiras familiares. Aos 30 anos, juntando uma regular quantia do patrimônio familiar, Giovanni sentiu o chamado para desbravar a incerteza do outro lado do oceano, também devido às condições adversas da economia italiana, que afetaram significativamente os negócios familiares.
Em 6 de setembro de 1898, ele embarcou em Gênova a bordo do navio La France, com destino a uma nova vida. Com uma quantia substancial além dos 50 dólares necessários para a entrada nos Estados Unidos, Giovanni evitou habilmente a entrevista do Immigration Service. Enquanto seus companheiros de viagem enfrentavam a travessia até Ellis Island, Giovanni desembarcou diretamente em Nova York, trilhando seu caminho em direção à Pensilvânia.
Na Pensilvania, Giovanni encontrou um amigo da família, Marco Russo, um siciliano que havia estabelecido raízes na América desde 1890, gerenciando um próspero negócio de importação e exportação. Com suas economias e uma generosa contribuição de seu pai, Giovanni percebeu a oportunidade de adquirir uma parte do negócio de Marco. Essa decisão não só marcou sua entrada no mundo dos negócios americanos, mas também selou uma parceria que transformaria o destino de ambos em terra estrangeira.
Movido pelo desejo de abraçar plenamente sua nova pátria, Giovanni deu um passo adiante em sua integração. Decidiu se naturalizar americano, simbolizando essa transição vital com a adoção de um novo nome: John More. Essa mudança não foi apenas uma formalidade; era uma declaração de compromisso com sua nova identidade, uma fusão de suas raízes italianas com os horizontes promissores da América. A metamorfose de Giovanni Moretti para John More marcou o início de uma jornada extraordinária em busca do sonho americano. A nova identidade não apenas abre as portas da cidadania para ele, mas o consagra como uma figura respeitada na comunidade ítalo-americana da Filadélfia. John More contribui ativamente para o crescimento da cidade, construindo uma ponte entre suas raízes italianas e o desenvolvimento da América no século XX. Sua história torna-se um exemplo de sucesso, uma narrativa de um italiano que, com coragem e determinação, construiu um futuro do outro lado do oceano, transformando desafios em trampolins para o sucesso em uma nova terra.



quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Semeando Sonhos em Paiol Grande: A Decisão de Giovanni





Giovanni Trichino era um jovem destemido de 22 anos, cujas raízes italianas estavam profundamente entrelaçadas com sua história. Ele chegou ao Brasil ainda muito pequeno, segurando a mão de seus pais, Rafaella e Piero, e cercado por oito irmãos, todos em busca de um novo começo. Em 1890, a família se estabeleceu na colônia Caxias, onde o sonho de uma vida melhor começou a ganhar forma.
Piero, o patriarca da família, comprou um lote de terra naquela terra estrangeira, pagando-o durante anos em prestações anuais. Os Trichino eram incansáveis trabalhadores, dedicando-se à agricultura e à criação de suínos. Os porcos criados por eles eram vendidos para uma grande fábrica de banha e salames, que se tornou um pilar fundamental para a subsistência da família.
Giovanni, o penúltimo filho da família, cresceu com o desejo de também adquirir suas próprias terras e construir sua própria família. No entanto, quando chegou a sua vez, ele descobriu que todas as terras disponíveis na colônia já estavam vendidas, e os poucos lotes que apareciam no mercado eram excessivamente caros devido à crescente valorização das terras desde a chegada da família no Brasil.
Determinado a realizar seu sonho, Giovanni tomou uma decisão ousada. Ele decidiu migrar para Paiol Grande, uma região mais ao norte do estado do Rio Grande do Sul, na divisa com Santa Catarina. Essas terras ainda eram cobertas por uma exuberante vegetação nativa, repleta de majestosos pinheiros. Giovanni não estava sozinho nessa jornada; diariamente, dezenas de novos colonos, incluindo muitos italianos, chegavam a Paiol Grande em busca de oportunidades.
Após se casar com Adele, uma bela jovem cuja família também havia emigrado da Itália para a colônia Caxias, Giovanni e sua esposa, depois de vários dias de viajem em uma pequena carroça, se estabeleceram em Paiol Grande. O povoado estava em seus primórdios, com pouca infraestrutura e tudo a ser construído. Com suas economias e a ajuda financeira de seu pai, Giovanni adquiriu dois lotes de terra próximos à avenida principal e, ali, estabeleceu sua carpintaria.
Giovanni era um habilidoso carpinteiro, com uma destreza impressionante na arte da construção. Ele já havia deixado sua marca na construção de duas igrejas na colônia anterior, e agora, em Paiol Grande, sua reputação crescia a cada obra realizada. Sua carpintaria prosperou, e Giovanni se tornou um profissional renomado, cujos serviços eram requisitados por praticamente todos os habitantes do povoado em crescimento.
À medida que os anos passavam, Giovanni e Adele viram Paiol Grande florescer. Ele foi o responsável por erguer dezenas de casas e outras estruturas essenciais para o desenvolvimento da comunidade. Seus feitos como carpinteiro e construtor eram celebrados e respeitados por todos. Sua paixão pela construção e seu compromisso com a qualidade fizeram dele um pilar fundamental na jornada de crescimento da cidade.
A vida de Giovanni e Adele estava entrelaçada com a evolução de Paiol Grande. Eles criaram seus filhos naquela terra que escolheram como seu lar, e seus descendentes continuaram a contribuir para o progresso da cidade ao longo das gerações. O nome de Giovanni Trichino foi lembrado como um dos pioneiros que moldaram Paiol Grande, um exemplo de determinação e dedicação que inspirou muitos outros a seguir seus sonhos e construir um futuro melhor.
À medida que Paiol Grande se expandia, os pinheiros que outrora dominavam a paisagem começaram a dar lugar a casas, estradas e campos cultivados. Giovanni e Adele viram o lugar onde construíram suas vidas se transformar, mas a força de suas raízes italianas e o espírito de trabalho árduo nunca se dissiparam.
Hoje, as histórias da família Trichino são parte integrante da história de Paiol Grande. Os feitos de Giovanni como carpinteiro e construtor ainda são lembrados com admiração, e sua jornada de coragem e determinação continua a inspirar todos os que ouvem falar dela. A saga dos Trichino é uma lembrança de como a persistência e a paixão podem moldar não apenas indivíduos, mas também comunidades inteiras, deixando um legado para as futuras gerações. E assim, a história de Giovanni e sua família continua a viver, ecoando pelas ruas e casas de Paiol Grande.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

A Saga de Um Casal de Imigrantes Italianos na Colônia Caxias

 




No final do século XIX, muitas famílias italianas emigraram para o Brasil em busca de melhores oportunidades de vida. Entre elas, estava a família de Francesco e Augusta, que vieram da região do Veneto e se estabeleceram na colônia Caxias do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, em 1878. A jornada foi longa e difícil, durando 40 dias entre o mar e em terra. Eles eram dois pobres camponeses, mas corajosos, que decidiram deixar sua terra natal, na Itália, em busca de uma vida melhor na América do Sul. Eles haviam ouvido falar do Brasil e de suas terras férteis, onde os imigrantes eram bem-vindos e poderiam prosperar. Depois de muitas conversas e planejamento, eles finalmente embarcaram em uma longa jornada, que durou quase cinquenta dias, até chegarem à Colônia Caxias, no Rio Grande do Sul. Durante a longa viagem, Francesco e Augusta fizeram amizade com outros imigrantes, que também estavam a caminho da mesma colônia. A maioria deles eram italianos como eles, mas havia também alguns poucos alemães. Eles compartilharam histórias e experiências, tornando a viagem menos solitária e mais emocionante. Quando finalmente chegaram na Colônia Caxias, a terra parecia diferente de tudo o que tinham visto antes. As montanhas ao redor eram majestosas, a vegetação era densa e exuberante e o clima era um pouco diferente. Eles, e todo o grupo, foram recebidos pelos funcionários da colônia e por outros imigrantes que já estavam estabelecidos, que os ajudaram a encontrar o seu pedaço de terra e construir a sua nova casa. O casal teve que trabalhar duro para sobreviver nos primeiros anos. Eles desmataram uma parte do terreno e ali, após a queima das árvores, plantaram um pouco de trigo, milho, feijão e outros vegetais como todos os outros imigrantes na região. Começaram a criar alguns animais, como porcos e galinhas, para terem carne fresca e ovos. Pietro e Sofia, seus filhos, ajudavam nas tarefas diárias, mas também iam à escola no período da manhã para aprender a ler e escrever. A vida na colônia não era fácil, mas eles eram cercados de pessoas amigas e trabalhadoras. Eles participavam de festas e celebrações na igreja, onde se encontravam com outros imigrantes e trocavam experiências. Lentamente aprenderam a falar algumas palavras em português e a se comunicar com os brasileiros locais, mas entre os imigrantes italianos só falavam o talian, uma língua criada nas colônias italianas do Rio Grande do Sul para se comunicarem entre eles. Nos anos seguintes, a colônia cresceu e se desenvolveu. Mais imigrantes chegaram, e a terra foi ficando mais produtiva. Francesco e Augusta  conseguiram comprar mais terras ao lado da que já possuíam  e expandiram seus negócios. Pietro e Sofia cresceram e se casaram com os filhos de outros imigrantes italianos da região. Por volta do final do século, a família de Francesco e Augusta já era uma das mais prósperas da colônia. Eles tinham uma grande plantação de milho, um bom número de vacas e criação de suínos, até chegaram a construir uma pequena fábrica de queijo. Com muito amor eles ainda mantinham suas antigas tradições italianas. O casal havia se adaptado muito pouco à cultura brasileira e a língua do país, o português, jamais conseguiram falar direito e sempre carregado com muito sotaque italiano. A vida na colônia não era fácil, mas eles haviam conseguido construir uma vida feliz e satisfatória.


Texto de um livro de contos de
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS