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quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Caminhos Italianos na Romênia: Uma Jornada de Contribuições e Identidade ao Longo dos Séculos

 



A emigração para a Romênia começou em 1860, quando um grande grupo de italianos chegou aos Principados Romenos Unidos, um estado recém-criado. A maioria desses italianos, chamados de "talieni" pelos romenos, se estabeleceu no sudeste do país, na região de Tulcea, já habitada por diversas minorias étnicas. Quase todos eram cortadores de pedra ou trabalhavam na construção. A presença italiana logo se espalhou por toda a Romênia, e muitos deles se estabeleceram na região da Moldávia, no norte, aos pés dos Montes Cárpatos.
No início do século XX, a cidade de Piatra Neamtz testemunhou a existência de uma grande comunidade italiana, muitos originários de Friuli e Emilia-Romagna. Com a chegada do comunismo na Romênia depois da Segunda Guerra Mundial, muitas liberdades e direitos das minorias foram revogados, incluindo a proibição da língua italiana. Estima-se que hoje, apenas 40% dos italianos e seus descendentes na Romênia falam italiano.
A Comunidade Italiana na Romênia está localizada em Iasi. Outras menores pequenas estão espalhadas por toda a Romênia, com seus membros sempre contribuindo para o progresso  do país. Os trabalhadores italianos construíram obras impressionantes, desde estações ferroviárias até monumentos funerários para famílias nobres romenas.
Três elementos geográficos definem a posição da Romênia na Europa: a localização central, a presença do curso inferior do Danúbio e a abertura para o Mar Negro. As relações ítalo-romenas remontam à Idade Média, com a vinda de italianos para educar os filhos dos príncipes romenos. Durante o século XVIII, a emigração italiana desempenhou um papel crucial na reconstrução da Romênia, com italianos contribuindo para construções civis, industriais, monumentais e residenciais.
Antes da guerra, os italianos na Romênia enfrentaram desafios, renunciando à cidadania italiana e tendo seus sobrenomes romanizados. Após a guerra, a Comunidade Italiana da Romênia, fundada em 1990, busca preservar a identidade nacional italiana, com iniciativas culturais e publicações sobre a história dos italianos no país.
Atualmente, a Comunidade Italiana possui filiais em várias cidades romenas, reunindo descendentes de italianos em torno de sua herança comum. A história de uma presença antiga continua a moldar as relações ítalo-romenas, deixando um legado duradouro no desenvolvimento e na cultura do país.



quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Língua Italiana na Época da Emigração: Desafios e Evolução



Língua Italiana na Época da Emigração: Desafios e Evolução


Após algumas décadas da unificação italiana, o Estado se deparou com desafios decorrentes das limitações educacionais de seus habitantes: uma grande parte da população era analfabeta, contrastando com uma elite culta. O analfabetismo e o uso dos dialetos locais eram predominantes, dificultando a disseminação do italiano padrão. A falta de recursos e infraestrutura escolar também contribuía para essa situação. No entanto, progressos foram gradualmente alcançados por meio de reformas e esforços políticos para melhorar o acesso à educação, reduzindo o analfabetismo e promovendo o uso do italiano.
Ainda assim, no momento da unificação, apenas uma pequena parcela da população italiana conseguia falar e escrever em italiano, com a maioria utilizando os dialetos locais. A questão da unificação linguística tornou-se uma prioridade urgente, dada a necessidade de uma língua comum para facilitar a integração nacional.
No entanto, havia debates sobre qual forma de italiano deveria ser promovida como língua nacional. Enquanto alguns defendiam a adoção do toscano florentino, outros argumentavam que a língua nacional deveria surgir organicamente do uso cotidiano dos falantes, em vez de ser imposta por intelectuais.
A disseminação do italiano enfrentou obstáculos, incluindo deficiências na educação, resistência cultural e a prevalência de dialetos locais. A introdução de leis de educação obrigatória e o aumento das interações sociais, como o serviço militar obrigatório e o crescimento do comércio nacional, ajudaram a promover o uso do italiano.
Além disso, a influência da mídia de massa, como jornais, rádio, cinema e televisão, também desempenhou um papel importante na promoção do italiano em detrimento dos dialetos locais.
Apesar dos avanços, o processo de unificação linguística foi longo e desafiador, levando quase um século para ser concluído. Até hoje, há uma dualidade na Itália entre o italiano oficial e os dialetos regionais, refletindo a complexidade da identidade linguística italiana.
A emigração italiana desempenhou um papel significativo na disseminação do italiano, levando à conscientização sobre a importância da língua nacional entre os emigrantes e aqueles que permaneceram na Itália.
O processo de italianização dos emigrantes resultou em mudanças na língua falada por eles, com uma tendência à perda do italiano padrão e à adoção de características linguísticas do país de destino. No Rio Grande do Sul, os imigrantes italianos que aqui chegaram provenientes de diversas regiões e províncias falavam somente os seus dialetos locais.  A Itália ainda tinha poucos anos de existência e a língua oficial adotada no país, o dialeto toscano florentino, era ainda pouco difundido e poucos a conheciam. No começo os imigrantes italianos não se entendiam entre eles e para contornar este obstáculo linguístico, que também ocorria no seio das famílias, devido aos casamentos entre pessoas de diversas proveniências, foram forçados a criar uma nova língua, misturando um pouco de cada dialeto com um  extrato base formado pelo dialeto veneto, que correspondia aquele da província com o maior número de imigrantes. A essa nova língua, um pouco diferente do dialeto veneto antigo, enxertado com palavras portuguesas e regionalismo gaúcho, foi dado o nome de Talian. Ele se difundiu rapidamente pelas colônias italianas da Serra Gaúcha e da região central do estado e rapidamente, com as migrações internas, passou também para o estado de Santa Catarina. O Talian evoluiu e não é mais apenas um outro dialeto e sim uma verdadeira língua, com literatura própria, livros e  dicionários, poesias, canções e programas semanais de rádio transmitidos por centenas de emissoras nos três estado no sul do Brasil.
Em resumo, a situação linguística da Itália durante a grande emigração foi caracterizada por esforços para promover o italiano como língua nacional, mas enfrentou desafios devido à diversidade linguística interna e à influência de línguas estrangeiras nos países de destino dos emigrantes. Para entender melhor a evolução da língua italiana entre os emigrantes, é crucial considerar fatores como geração, região de emigração, contato com outras línguas e nível educacional. Essa análise revela diferenças na preservação da língua materna ao longo das gerações e nas comunidades de imigrantes.

Os primeiros emigrantes, em sua maioria camponeses analfabetos, mantinham o dialeto como língua principal, adaptando-se ao italiano conforme sua interação com a sociedade local. Já os segundos emigrantes, mais educados e urbanizados, rapidamente adotaram o italiano como segunda língua, embora continuassem a usar o dialeto em certas situações.

A transição para o italiano como língua principal foi acelerada pela necessidade de integração na sociedade de acolhimento e pela influência da mídia e da educação formal. No entanto, mesmo após a adoção do italiano, muitos emigrantes mantiveram um apego sentimental ao dialeto como parte de sua identidade cultural.

Em suma, a experiência dos emigrantes italianos reflete a complexidade do processo de assimilação linguística, influenciado por fatores sociais, culturais e educacionais. A evolução da língua italiana entre os emigrantes é um testemunho da sua adaptabilidade e da interação dinâmica entre identidade linguística e cultural.