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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Saga Italiana nos Pampas: Emigração, Trabalho e Sucesso na Argentina




Nas onduladas e pitorescas colinas da província de Bergamo, no norte da Itália, Luca cresceu imerso em uma vida simples e laboriosa. Sua família, composta pelos pais Antonio e Giovanna, e pelos irmãos e irmãs Giovanni, Marco, Martina, Antonio, Zeno e Sofia, enfrentava as agruras da vida agrícola em uma pequena vila. A pequena propriedade que arrendavam mal produzia o suficiente para sustentar a família, e a maior parte do que colhiam ia para o dono da terra.
Luca, o primogênito, sentia o peso das responsabilidades sobre seus ombros. A vida na vila era marcada pela simplicidade e pela dureza do trabalho no campo. Consciente da necessidade de proporcionar um futuro melhor para seus irmãos e aliviar as lutas financeiras de seus pais, Luca tomou a decisão difícil, mas inevitável, de emigrar em busca de oportunidades além das fronteiras da Itália.
No ano de 1878, movido por um misto de determinação e necessidade, Luca desembarcou nas promissoras terras da Argentina. Os amplos horizontes de Buenos Aires, onde permaneceu por apenas três dias, se desdobravam diante dele, trazendo consigo a promessa de um recomeço. Logo encontrou trabalho em uma grande fazenda nos pampas argentinos, onde se viu envolvido na colheita de trigo ao lado de seu novo amigo, Giovanni.
Os dias se desenrolavam sob o sol escaldante dos pampas, entre os campos dourados de trigo. Luca encontrou satisfação no trabalho árduo e na conexão com a terra. À noite, exausto após uma jornada extenuante de trabalho nos campos dourados de trigo, Luca partilhava refeições com seus colegas. Em um cansaço profundo, os laços entre eles eram forjados na fadiga compartilhada, mais do que nas delícias culinárias. Esses momentos, marcados pelo silêncio que sucede um dia de árduo labor, tornaram-se a essência da conexão entre aqueles que, à luz das estrelas, buscavam forças para enfrentar o nascer precoce do próximo amanhecer.
Mesmo distante, Luca não esqueceu suas raízes e a responsabilidade para com sua família na Itália. Regularmente, enviava alguma ajuda financeira para seus pais e irmãos. Com o passar do tempo e já estabilizado financeiramente, Luca tomou uma decisão que mudaria o destino de sua família: mandou as passagens para os irmãos Giovanni, Marco e Antonio poderem se unir a ele na Argentina.
Na Itália, ficaram Martina, que havia se casado com um rapaz da própria vila onde moravam, e Zeno, com 18 anos, e Sofia, ainda menor, que ficaram responsáveis por cuidar dos velhos pais.
Após dois anos na fazenda de trigo, Luca e Giovanni decidiram dar um novo rumo às suas vidas. Deixaram o emprego e mudaram-se para a Província de Córdoba, onde adquiriram dois grandes lotes de terras do governo argentino a preços subsidiados. Essa mudança representou um novo capítulo na vida de Luca e Giovanni, de trabalhadores assalariados a proprietários de terras, vislumbrando um futuro mais estável e independente.
A história de Luca e Giovanni se expandiu para além das plantações. Fundaram uma cooperativa local, unindo esforços com outros agricultores da região para fortalecer a comunidade. Seus esforços culminaram na construção de uma escola para as crianças da região, proporcionando educação e oportunidades que eles mesmos não tiveram.
Com o passar dos anos, a família de Luca e Giovanni cresceu, multiplicando-se em gerações. Os netos, inspirados pelos feitos de seus avós, seguiram diversos caminhos. Alguns continuaram na agricultura, modernizando as práticas herdadas, enquanto outros buscaram carreiras nas cidades, levando consigo os valores fundamentais transmitidos por Luca e Giovanni.
À medida que a Província de Córdoba se transformava e crescia, a história de Luca e Giovanni se tornou parte integrante do legado da região. Suas conquistas ecoaram nas pradarias argentinas, simbolizando a tenacidade e a visão que moldaram não apenas suas vidas, mas também o destino das futuras gerações. A história desses dois amigos imigrantes, que transformaram a adversidade em triunfo, permaneceu viva nas tradições e na memória de uma comunidade que eles ajudaram a construir.
A chegada dos irmãos Giovanni, Marco e Antonio à Argentina trouxe uma alegria renovada para Luca. Reunidos novamente, a família começou a construir um novo capítulo de suas vidas juntos. Giovanni, seguindo os passos de Luca, encontrou uma parceira chamada Rosalia, e juntos, estabeleceram-se em uma fazenda próxima. A terra generosa dos pampas argentinos parecia sorrir para eles, recompensando os anos de trabalho árduo.
Marco, o irmão mais jovem, apaixonou-se por uma jovem argentina chamada Elena. Eles decidiram explorar novos horizontes, optando por um pedaço de terra próximo à cidade, onde fundaram um pequeno comércio que prosperou com o tempo. Antonio, o mais jovem, encontrou em Luisa uma companheira para a vida. Juntos, decidiram investir na produção de laticínios, aproveitando a vastidão de terras para criar um negócio próspero.
A vida na Província de Córdoba era desafiadora, mas a união da família tornou cada obstáculo mais fácil de superar. As festividades italianas misturavam-se com as tradições argentinas, criando um lar onde o amor, o trabalho duro e a celebração se entrelaçavam.
Enquanto Luca e Giovanni colhiam os frutos de sua visão pioneira na cooperativa local, seus irmãos construíam legados próprios. O eco das risadas das crianças, dos negócios bem-sucedidos.



Dr. Luiz Carlos B.Piazzetta

Erechim RS




quarta-feira, 10 de maio de 2023

A Imigração Italiana na Argentina: Mi emigro par magnar



No anos finais do século XIX e início do século XX na América do Sul, tanto a Argentina como o Brasil, se constituíram na terra prometida para aqueles que deixavam a Itália. 
No caso da Argentina os imigrantes italianos foram os mais numerosos neste verdadeiro êxodo que esvaziou os campos e as pequenas cidades italianas de norte ao sul do país. Foi uma corrida desenfreada, na qual desembarcaram na Argentina em quantidades crescentes nos anos de 1886 a 1889. Foram cerca de 43.000, 67.000, 75.000, 88.000 respectivamente. 
Em 1889 a prosperidade platina atingiu seu auge e em 1890 quando veio uma grande crise crise no país atingindo os recém chegados imigrantes. O fluxo migratório para a Argentina foi o maior entre aqueles para as Américas. A maioria dos imigrantes era proveniente das províncias do norte da Itália. O período de maior entrada de imigrantes italianos na Argentina foi aquele entre os anos de 1876 até 1925. 
"Mi emigro par magnar..." assim se expressou um imigrante às autoridades portuárias tão logo desembarcou na nova terra. Os interesses dos grande empresários, principalmente do setor agrícola estavam sendo atingidos com aquela fuga em massa e o parlamento italiano fez algumas tentativas isoladas para frear essa grande saída de mão de obra necessária para a Itália, criando algumas leis que dificultava a emigração. Assim responderam os emigrantes "Ma se intanto mi no magno! Come se ga da fare a spetar
Sem dúvida, este não foi o único motivo que fez milhões de italianos deixarem as suas terras e empreenderem uma difícil viagem para o outro lado do oceano. Muitos jovens emigraram para fugir de suas famílias, outros esperavam fazer fortuna, outros, finalmente, perseguidos pelas autoridades foram forçados a deixar a Itália por motivos políticos.
A imigração italiana para a Argentina é um fenômeno que se prolongou, se bem que com menor intensidade, até o ano de 1959. Os italianos que chegaram à Argentina no século XIX partiram de todas as regiões da Itália, especialmente do norte, como: Piemonte, Liguria, Lombardia e Vêneto. No século XX saíram do sul da Itália, desde a Calabria, Campania e Sicilia. 
Em 1853, a Argentina tornou-se uma república federal. O governo platino empenhou-se no projeto de colonização agrícola estatal atraindo uma grande parte daquelas populações migrantes da Europa. A partir desse período ocorreram as primeiras tentativas de imigrantes italianos em adquirir terrenos das províncias ou diretamente do governo federal argentino. 
Nos primeiros anos chegaram pequenos grupos de imigrantes, mas entre 1860 e 1878, a aquisição de grandes porções de terras deu um impulso significativo à política fundiária do governo.
A imigração em massa para a Argentina só pôde acontecer, primeiro pela Constituição do país de 1853, que deu a liberdade de imigração e em segundo lugar pela Lei de Imigração e Colonização de 1876 que criou algumas facilidades para os imigrantes, tais como: hospedagem gratuita por cinco dias, passagem de trem gratuita para o interior do país, escritório de emprego, promessas de concessão de terras públicas, que na prática teve efeitos limitados. Apesar disso a dificuldade de integração foi considerável. 
A Comissão de Imigração nasceu com a finalidade de criar condições para o aumento da produção agrícola e incentivar a imigração de camponeses para o país. A produção agrícola argentina era insuficiente para as necessidades nacionais: os cereais eram importados pagando-os com o produto da venda da carne.