Espaço destinado aos temas referentes principalmente ao Vêneto e a sua grande emigração. Iniciada no final do século XIX até a metade do século XX, este movimento durou quase cem anos e envolveu milhões de homens, mulheres e crianças que, naquele período difícil para toda a Itália, precisaram abandonar suas casas, seus familiares, seus amigos e a sua terra natal em busca de uma vida melhor em lugares desconhecidos do outro lado oceano. Contato com o autor luizcpiazzetta@gmail.com
segunda-feira, 17 de março de 2025
A Jornada dos Irmãos Morette: Italianos que Forjaram um Legado em São Paulo
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
A Saga da Família Bellomonte: das Colinas de Montecchio Maggiore à Colônia Alfredo Chaves
A Saga da Família Bellomonte: das Colinas de Montecchio Maggiore à Colônia Alfredo Chaves no RS
Em Montecchio Maggiore, um pequeno comune da província de Vicenza, a vida da família Bellomonte era marcada pelo trabalho árduo e pela luta constante contra as adversidades. Giovanni Bellomonte, de 39 anos, era um homem alto, de ombros largos e mãos calejadas pelo manejo da enxada. Ele trabalhava incansavelmente em um pedaço de terra arrendado, onde cultivava trigo e milho. O solo, pobre e pedregoso, raramente recompensava seus esforços. A seca constante ou chuvas torrenciais frequentemente arruinavam o trabalho de meses. Maria, sua esposa, com 35 anos, possuía uma beleza discreta e uma força interior admirável. Entre tarefas domésticas e a criação dos três filhos — Luca, de 15 anos, Sofia, de 12, e Pietro, de apenas 6 anos —, ela encontrava tempo para tecer e vender suas peças no mercado local.
O pequeno Pietro era curioso e frequentemente acompanhava o pai ao campo, embora ainda fosse jovem para ajudar. Luca, já com o corpo esguio de um rapaz em crescimento, assumia tarefas pesadas ao lado de Giovanni. Sofia, por sua vez, demonstrava aptidão para a leitura e a escrita, habilidades raras na região. Seu sonho era ser professora, mas isso parecia impossível em uma terra onde a sobrevivência diária era a prioridade.
As dificuldades não eram exclusivas da família Bellomonte. Em Montecchio Maggiore, a pobreza era endêmica. A unificação da Itália em 1861 trouxe promessas de progresso, mas a realidade no Veneto era de desemprego, fome e injustiças. As reformas agrárias beneficiaram poucos, enquanto a maioria da população rural continuava explorada pelos grandes proprietários. Giovanni, ciente de que o futuro para sua família estava comprometido, começou a considerar as histórias que circulavam na vila sobre uma terra distante chamada Brasil.
Foi uma manhã fria de fevereiro quando Giovanni recebeu uma carta de Antonio Bellomonte, um primo que emigrara anos antes para a Colônia Alfredo Chaves, no Rio Grande do Sul. Antonio descrevia terras férteis que podiam ser obtidas a preços acessíveis ou mesmo gratuitamente, em troca de trabalho árduo. Ele falava de um lugar onde os imigrantes italianos construíam comunidades prósperas, cultivavam suas próprias terras e viviam sem as amarras dos latifundiários.
Maria, embora hesitante, ouviu Giovanni ler a carta com atenção. Os relatos de Antonio acendiam uma chama de esperança, mas também traziam temor. Ela sabia que atravessar o oceano com três filhos pequenos seria uma tarefa arriscada. No entanto, ao olhar para os rostos magros de suas crianças, tomou a decisão ao lado do marido: venderiam o que possuíam e embarcariam para o Brasil.
A partida de Montecchio Maggiore foi um evento carregado de emoção. Giovanni vendeu a carroça, os poucos animais que possuíam e até o pequeno tear de Maria. Os vizinhos, muitos deles tão pobres quanto os Bellomonte, ofereceram orações e pequenos presentes, como pão e queijos, para a longa jornada. Sofia abraçou longamente sua melhor amiga, prometendo escrever cartas. Pietro, por ser o mais novo, não compreendia completamente o significado da despedida, mas sentia o peso da tristeza no ar.
A viagem até o porto de Gênova foi longa e desconfortável, feita em uma carroça alugada até a estação de trem mais próxima. Ao chegarem ao porto, os Bellomonte ficaram impressionados com a vastidão do oceano e o tamanho do navio, o "La Spezia", que os levaria ao Brasil. O embarque foi caótico, com multidões de famílias carregando malas improvisadas, enxovais e lembranças da terra natal.
A travessia marítima foi um teste de resistência. Nos porões apertados do navio, a família dividia o espaço com dezenas de outras pessoas. O ar era pesado, e as condições sanitárias eram precárias. Giovanni e Luca ajudavam nas tarefas do navio em troca de pequenas porções extras de comida, enquanto Maria cuidava de Pietro, que adoeceu com febre durante a viagem. Sofia, sempre protetora, passava horas ao lado do irmão, contando histórias e cantando canções para confortá-lo.
Após semanas de viagem, o navio finalmente atracou no porto do Rio de Janeiro. Mas a jornada não havia terminado. A família Bellomonte foi direcionada para a Colônia Alfredo Chaves, no sul do Brasil. Embarcaram em um outro navio, pequeno e lotado, onde enfrentaram mais desconforto e a ansiedade do desconhecido até o porto de Rio Grande. Durante o trajeto, os vastos campos e as florestas tropicais, tão diferentes da paisagem italiana, despertavam sentimentos mistos de fascínio e temor.
Ao chegarem à colônia, foram recebidos por outros imigrantes italianos. Giovanni e Maria sentiram um misto de alívio e desespero ao verem o lote de terra que lhes foi designado. Era uma vasta extensão coberta por mata densa, onde seria necessário desbravar cada centímetro para torná-la produtiva. Giovanni, com a ajuda de Luca, começou imediatamente a derrubar árvores e construir um abrigo provisório.
Os primeiros meses foram de trabalho incessante. Maria plantava ervas e vegetais próximos à casa, enquanto Sofia cuidava de Pietro e aprendia com as outras mulheres a lidar com os desafios locais, como evitar picadas de insetos e purificar a água. O clima tropical era exaustivo, e a família enfrentou surtos de malária e febre amarela, que ceifaram a vida de muitos colonos.
Com o passar dos anos, os Bellomonte começaram a ver os frutos de seu esforço. O solo fértil da região recompensava o trabalho árduo, e Giovanni conseguiu expandir o cultivo para incluir uvas, milho e feijão. Luca tornou-se um jovem robusto e assumiu grande parte das responsabilidades agrícolas, enquanto Sofia, determinada, começou a ensinar as crianças da colônia, realizando o sonho que parecia impossível em Montecchio Maggiore. Pietro, sempre curioso, interessou-se pela criação de suínos e com o tempo tornou-se um grande criador, abastecendo a fábrica de banha local.
As noites na casa dos Bellomonte eram momentos de celebração. Giovanni tocava sua velha sanfona, e Maria, com um brilho no olhar, preparava pratos que combinavam as tradições italianas com os ingredientes locais. Embora a saudade da Itália nunca desaparecesse, a família encontrou em Alfredo Chaves um novo lar e a promessa de um futuro melhor.
A história dos Bellomonte espalhou-se pela colônia como um exemplo de resiliência e coragem. Giovanni e Maria envelheceram vendo seus filhos prosperarem, cada um seguindo seu caminho, mas sempre enraizados nos valores de união e trabalho. A trajetória dessa família, marcada por sacrifícios e conquistas, tornou-se um símbolo da força dos imigrantes italianos que ajudaram a moldar o Brasil.
terça-feira, 17 de setembro de 2024
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Nascimento a Bordo
Texto
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
domingo, 10 de dezembro de 2023
Tra Due Mondi: Un Viaggio Epico di Sopravvivenza in Brasile
Antonio Calzolar, un emiliano di 33 anni originario di Marzabotto (BO), intraprese un viaggio epico nel 1897 quando si imbarcò a Genova verso il Brasile con sua moglie Sofia Ferraro e i loro cinque figli. Accanto a Antonio, c'era suo fratello Lorenzo e la sua famiglia. Dopo un lungo viaggio di quasi due mesi, finalmente sbarcarono a Vitória, nel cuore dello stato brasiliano dell'Espírito Santo.
Da Vitória, presero il treno diretto a Cachoeiro de Itapemirim, una pittoresca cittadina a sud di Vitória. Dopo alcuni giorni trascorsi presso una Hospedaria de Imigrantes, furono assunti per lavorare nella Fazenda Arcobaleno, situata nel comune di Cachoeiro de Itapemirim. La vita lì non era facile; adulti e bambini si trovavano a lavorare duramente in cambio di modesti salari o piccole razioni di cibo, spesso costituite principalmente da farina di mais.
Insoddisfatti di questa dura realtà, i Calzolar presero una decisione coraggiosa: interruppero il loro contratto di lavoro e si trasferirono nel distretto di Castelo, sempre nell'Espírito Santo. Qui vissero per due anni, affrontando nuove sfide e costruendo il loro destino lontano dalle difficoltà della Fazenda Arcobaleno.
A partire dal 1901, la fortuna sorrise loro quando trovarono lavoro nella fazenda Guatambu. Questa fazenda, successivamente acquisita dal governo dell'Espírito Santo, si trasformò in una colonia di immigranti. Le due famiglie Calzolar, finalmente, videro realizzarsi il loro sogno di diventare proprietari di pezzi di terra, una conquista che avevano cercato per generazioni.
Con il passare degli anni, i figli di Antonio si sposarono con altri immigrati italiani o con i loro discendenti, creando legami duraturi che ancoravano la famiglia nelle terre brasiliane. I Calzolar si stabilirono in diverse città dello stato, tra cui Cachoeiro de Itapemirim, Castelo, Venda Nova do Imigrante, Alegre, Marechal Floriano, e persino nella capitale dell'Espírito Santo, Vitória.
La storia dei Calzolar è un racconto di perseveranza, coraggio e successo. Antonio e Sofia Calzolar, ormai ottantenni, si spensero a breve distanza l'uno dall'altro nel 1949, lasciando dietro di loro una discendenza radicata nelle terre che avevano contribuito a plasmare. La loro storia continua a risuonare attraverso le generazioni, un tributo vivente alla forza e alla resilienza di coloro che hanno forgiato un nuovo destino in terre lontane.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
Saga Italiana nos Pampas: Emigração, Trabalho e Sucesso na Argentina
Dr. Luiz Carlos B.Piazzetta
Erechim RS