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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Raízes que Florescem: A Saga de Resiliência de Giovanni na Terra Prometida



Giovanni Marco Rossi, um emigrante italiano oriundo de Montecielo, perto de Bréscia, Itália, passou a maior parte da sua vida na Califórnia. Nascido em 24 de agosto de 1896, Giovanni começou a trabalhar como agricultor desde a adolescência. Durante a Primeira Guerra Mundial, ele prestou serviço militar como técnico, engajado em uma companhia de engenharia, construindo túneis e pontes. Em 1920, juntamente com seu amigo Marco Ferrari, natural do mesmo povoado, decidiu emigrar para os Estados Unidos em busca de melhores oportunidades. Após sua chegada a Nova York em 3 de agosto de 1920, Giovanni se estabeleceu em Lindale, Califórnia, vivendo com seu tio Luigi Cademartori. Graças ao árduo trabalho e à economia, em 1925 Giovanni e Marco conseguiram adquirir 20 acres de terra em Lindale. Inicialmente, enfrentaram desafios como a falta de água, mas engenhosos perfuraram um poço, trouxeram eletricidade e construíram uma modesta casa de madeira. Giovanni e Marco plantaram árvores frutíferas, cultivaram campos, usaram cavalos para o trabalho agrícola e levaram sua produção ao mercado de Stockton. Após um tempo, Marco decide retornar à Itália, deixando toda a propriedade para Giovanni que a adquiriu por um preço justo. Firmemente determinado a se integrar à sociedade americana, Giovanni aprendeu inglês na Escola Secundária de Stockton e obteve a cidadania americana. Ele conheceu Catarina Lombardi, nascida nos Estados Unidos e originária do Vale de Bréscia, na Itália, com quem se casou em 1921. O casal enfrentou os desafios da vida rural na Califórnia, com Catarina dedicando-se ao trabalho agrícola e doméstico. Com o tempo, a família cresceu com o nascimento das filhas Teresa em 1931, Dena em 1935 e Delsie em 1941. Apesar de uma doença e outros desafios, Giovanni continuou a trabalhar a terra com dedicação. Em 1955, Giovanni comprou mais 20 acres de terra e, mesmo doente, continuou a cultivá-los com sucesso. Já em idade avançada, ele alugou a terra, mas continuou a ajudar nas atividades agrícolas. Em 1964, fez uma breve visita a Montecielo com Catarina para rever parentes e amigos. Giovanni Marco Rossi faleceu em 20 de julho de 1978, aos 82 anos, cercado pela família e respeitado pela comunidade. A história de Giovanni reflete a integração social e o sucesso alcançado através do trabalho árduo e respeito pelas tradições italianas em um contexto americano.


quarta-feira, 11 de outubro de 2023

De Rovigo ao Interior de São Paulo: a Longa Jornada dos Imigrantes Italianos no Brasil

 



Santo Pazette e sua esposa, Isabella Merlini, deixaram sua terra natal em uma longa jornada transatlântica rumo à América, com destino ao Brasil, no ano de 1886. Santo Pazette nasceu na Itália em 1860, em um pequeno município do interior da província de Rovigo, no Veneto, e veio a falecer em 1941. Sua esposa, Isabella Merlini, também nasceu na mesma província, em 1866, e faleceu em  1942. Com o casal, vieram para o Brasil seus dois filhos pequenos, nascidos na Itália. Ao chegarem ao Brasil, a família se estabeleceu em um lugar distante de grandes centros, onde passaram a trabalhar na extensa fazenda de cultivo de café propriedade de um rico fazendeiro, o qual tinha até o título de Barão. Em meio às vastas terras, Santo Pazette e sua esposa dedicaram-se integralmente a cuidar de milhares de pés de café, limpando a terra do mato que teimosamente não parava de crescer. No tempo da colheita, o trabalho era dobrado. Depois de colhidos manualmente, os grãos eram levados para uma grande área calçada por pedras, para secarem ao sol. Depois de secos, o que demorava alguns dias, os grãos eram ensacados e levados em carroções até a estação ferroviária que ficava em uma comunidade vizinha. No entanto, a vida desse casal de imigrantes começou com tristezas, pois já tendo perdido dois filhos na Itália, agora, infelizmente, perderam também os dois filhos que trouxeram consigo para o Brasil. Com o tempo, o lar deles foi iluminado com o nascimento de seus outros filhos Guerino, Domenico, Giuseppe, Albino e Teresa. Todos os imigrantes que trabalhavam na fazenda, mais de uma centena, precisavam comprar alguns mantimentos no armazém local da propriedade, cujos preços eram bem mais altas que nas cidades, resultando em uma alta conta para Santo Pazette. Decidiram, então, economizar ainda mais, na alimentação diária da família passaria a base de polenta, como quando ainda moravam na Itália, um excelente alimento, e suco de laranja. A farinha de milho para preparar a polenta era adquirida em troca de milho no engenho de açúcar da mesma fazenda. Além disso, eles mantinham, com o consentimento do patrão, uma pequena horta e alguns poucos animais de criação, como 1 ou 2 porcos, uma vaca para leite e aves, cuja carne e ovos complementavam a pobre alimentação. Graças às suas economias, e para isso todos da família contribuíam, vendendo sabão, hortaliças, ovos e os doces que a prendada Isabella e a filha Teresa faziam e vendiam na própria fazenda e até nas cidades próximas, quando íam nos dias de folga ou finais de semana. Ao longo de dez longos anos, eles finalmente conseguiram deixar o trabalho assalariado na fazenda e adquiriram um terreno relativamente grande e fértil em uma cidade vizinha que estava vivendo um período de intenso crescimento da sua população. Decidiram se estabelecer ali pois já a conheciam e lá já tinham alguns amigos e até fregueses para os quitutes das mulheres da casa. Santo e Isabella, junto com todos os filhos já casados e seus primeiros netos, passaram a fazer parte da comunidade italiana local, Santo trabalhando em uma olaria, fabricando tijolos e telhas de barro e os filhos foram se colocando na crescente indústria e no comércio local. A única exceção foi sua filha Teresa Pazette, que se casou com Angelo Marino, também de origem italiana, e se estabeleceu em uma outra fazenda de plantação de cana de açúcar, onde seu marido trabalhava como gerente e ganhava mais que a maioria dos empregados. 
Com o passar dos anos, a família prosperou na nova cidade. O terreno que adquiriram tornou-se um lar acolhedor, onde plantavam não apenas diversas frutas e hortaliças que contribuíam para a mesa farta da família e o que sobrava era vendido na cidade.
Santo Pazette continuou a trabalhar na olaria, aprimorando suas habilidades na produção de tijolos e telhas, enquanto Isabella, com sua experiência culinária, expandiu a produção de doces e quitutes que se tornaram famosos na região. A pequena horta e os animais de criação no quintal contribuíam com ingredientes frescos e sadios. 
A casa dos Pazette foi se tornando um ponto de encontro para a comunidade italiana local, onde as velhas tradições italianas eram preservadas e celebradas. As festas familiares eram marcadas por risos, música e, é claro, boa comida. A história de perseverança e superação dos imigrantes italianos inspirava não apenas os descendentes da família Pazette, mas também aqueles ao seu redor.
Os filhos de Santo e Isabella seguiram caminhos diversos. Os filhos, os mais velhos,  continuaram no ramo industrial, enquanto o caçula, que tinha dom para negócios, explorou as oportunidades no comércio local e nas cidades vizinhas, abrindo uma pequena loja de material de construção, que com o tempo se transformou em um império nas mãos de seus filhos. Teresa e Angelo Marino prosperaram na fazenda de cana de açúcar, contribuindo para a prosperidade da família. Depois de alguns anos ela e marido também adquiriram uma pequena chácara na mesma cidade e passaram a morar perto dos pais.
Com o tempo, a cidade testemunhou o crescimento da comunidade italiana, que se tornou uma parte integral da cultura local. Os Pazette foram reconhecidos não apenas pelo trabalho árduo, mas também por sua generosidade e envolvimento na comunidade. Seu legado perdurou através das gerações, e o nome da família era sinônimo de resiliência e sucesso.
Ao final de suas vidas, Santo e Isabella puderam contemplar o que construíram: uma família unida, uma comunidade fortalecida e uma história de superação que seria contada por muitas gerações. Faleceram com um ano de diferença um do outro e seus túmulos, localizados no cemitério da cidade, eram visitados não apenas pela família, mas por todos que reconheciam a contribuição valiosa dos Pazette para a construção daquele lugar. A jornada que começou em uma pequena vila no interior de Rovigo, na Itália, culminou em uma vida plena e significativa no Brasil, e o nome Santo Pazette tornou-se uma referência de determinação e sucesso.