Mostrando postagens com marcador profissões antigas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador profissões antigas. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Sobrenomes, Profissões e História Entrelaçados


 

Sobrenomes, Profissões e História Entrelaçados

Na Itália, diversos sobrenomes têm raízes vinculadas a antigas profissões, acrescentando uma camada fascinante ao tecido genealógico. Por exemplo, o sobrenome "Ferrari" pode remontar a "ferraro", que denota ferreiro. Da mesma forma, "Contadino" está intrinsecamente ligado aos camponeses, enquanto "Bianchi" pode ter se originado de "bianco", significando branco, possivelmente associado a uma ocupação relacionada a essa tonalidade. Cada sobrenome conta uma história única, entrelaçada com vínculos culturais específicos, proporcionando uma visão rica da herança italiana.

A tradição de sobrenomes derivados de ocupações permeia profundamente a genealogia italiana, onde nomes como Fabbro, Ferraro e Medico ecoam as profissões de ancestrais. Surpreendentemente, sobrenomes como Acciaioli revelam conexões curiosas, não apenas com o óbvio "acciaio" (aço), mas sim com o primitivo "accia" - fio bruto transformado em meada de linho, cânhamo ou algodão.

Estes registros genealógicos, representando cerca de 10% dos sobrenomes italianos, não apenas oferecem pistas sobre as atividades profissionais da Idade Média, mas também desvendam nuances históricas intrigantes. Nomes como Beccari, associados ao antigo ofício de "beccaro" (açougueiro), e Callegari, ligados ao "caligaro" (fabricante de sapatos), ilustram a evolução da linguagem ao longo dos séculos.

Adicionalmente, sobrenomes vinculados a títulos, dignidades e status social, como Abate, Cardinali e Marchesi, acrescentam complexidade à trama genealógica. Cada nome conta uma história, desde os "castaldi" que administravam rendas reais entre os longobardos até os "siniscalchi", representantes de senhores feudais.

Essa diversidade linguística não apenas reflete a herança cultural, mas também se estende às ruas das cidades italianas, cujos nomes frequentemente ecoam as profissões e atividades que moldaram a sociedade ao longo dos séculos. Assim, cada sobrenome se revela como um capítulo fascinante na narrativa da história italiana.



quinta-feira, 5 de abril de 2018

Algumas Antigas Profissões da Época da Emigração Vêneta



A emigração sazonal e a imigração de trabalhadores italianos, e especialmente os vênetos, dentro da própria Itália ou para os países vizinhos, trazia um alívio bem grande para a combalida economia, das pequenas e grandes cidades, na medida que os artesãos se deslocavam em busca do trabalho, chegando muitas vezes em locais bem distante das suas casas, onde conseguiam ganhar algum dinheiro para tocar as suas vidas e a de suas famílias.  
As estradas e as ruas dessas pequenas cidades ou no campo, uma quantidade enorme de profissionais deambulavam diariamente, oferecendo mão de obra e o objetos produtos do seu trabalho. Uma das características de todos eles era gritarem pelas ruas das localidades visitadas, fazendo assim a sua publicidade, para atrair os seus clientes.
Estes artesãos, geralmente, aprendiam o ofício trabalhando como aprendizes dos seus pais, e a profissão passavam adiante, para seus filhos e netos. Existiam famílias de artesãos que, por diversas gerações, os homens do grupo exerciam determinada profissão já há centenas de anos. Era uma tradição familiar exercer o ofício dos pais e dos seus antepassados.
Assim temos alguns exemplos dessas atividades: o seggiolaio (ou careghèr, caregheta  ou caregàro, em dialeto) responsável pela fabricação e venda de cadeiras, além de dar a manutenção periódica das cadeiras de palha entrelaçada.
O spazzacamino (ou el spàssa camin. em dialeto) responsável pela limpeza interna dos chaminés. Viviam sempre sujos de fuligem negra que cobria todo o seu  corpo, inclusive o rosto. Geralmente usavam um chapéu alto, espécie de uma cartola, que também os identificava.
O afiador de facas, ou arrotino em italiano e (moleta em dialeto vêneto) que afiava as facas e outros instrumentos cortantes, como tesouras e utensílios usados no trabalho agrícola. Usava uma bancada de madeira adaptada sobre o eixo de uma grande roda de carroça, com a qual se deslocava e no momento de afiar, passava uma larga cinta de couro ao seu redor, e obtinha movimento através da pressão intermitente, de uma tábua estreita, colocada ao lado a qual era movimentada com o pé. Se fazia anunciar com o penetrante silvo característico da profissão, obtido pela fricção de uma dura  lâmina de ferro contra o rebolo que girava em alta velocidade.
Algumas vilas, e mesmo alguns pequenos municípios vênetos, concentravam um grande número deles e quase todos quando emigraram definitivamente para várias partes do mundo, levaram consigo esta profissão.
O stagnino ou stagnin em dialeto vêneto, eram o funileiro, o latoeiro, o encanador que também reparava as panelas furadas ou quebradas com rachaduras.
O straccivendolo ou trapeiro, que era o catador de papéis, roupas descartadas e outros objetos jogados fora.
O ombrelàro, profissional que fabricava os guarda chuvas e também os consertava na casa dos fregueses.
O muratore, ou em dialeto vêneto el muràro ou el murèr, que se dedicava a executar os trabalhs com tijolos ou pedras, fazendo casas, muros e calçdas.
Os taglialegno ou (tàia legno), cortadores de lenha com machados e serras, que andavam de cidade em cidade, oferecendo os seus serviços em troca de algum dinheiro ou mesmo de um prato de comida.
O chamado scarpàro ou sapateiro que fazia sapatos e chinelos e ia vende-los pelas ruas e estradas. Também fazia o conserto desses objetos, diretamente na casa dos fregueses.
O falegname ou (em dialeto vêneto el marangon), já era um profissional mais especializado, o qual trabalhava por contrato fazendo e reparando casas de madeira ou forros, paredes, assoalhos e portas. Também era responsável pela construção dos moinhos que moíam os grãos para o pão ou polenta.
O maniscalco ou ferreiro (ou ainda em dialeto vêneto ferèr ou feràro) trabalhava em um local fixo, geralmente em sua oficina próxima ou ao lado da sua casa. Entretanto alguns trabalhos deviam ser realizados nas casas ou nas propriedades rurais dos seus fregueses, como a colocação de ferraduras nos animais e os consertos nos moinhos.
Essas profissões vieram para o Brasil junto com os imigrantes italianos, sendo esses profissionais muito requisitados aqui nas colônias italianas onde praticavam  exatamente o que faziam na Itália. Aqui também era costume deles se deslocando entre as cidades e as colônias, sempre em busca de trabalho.
Esses profissionais podiam ser vistos em todas cidades brasileiras e sobreviveram até meados dos anos setenta.
As profissões que exerciam serviram para cunhar inúmeros sobrenomes de famílias, com algumas variações. Assim temos o sobrenome Ferraro, ou ferreiro, derivado do vêneto feràro. O sobrenome Marangon ou Marangoni, derivado de marangon ou carpinteiro. O sobrenome Moleta, que eram os que trabalhavam na afiação de facas, com algumas variações como a italianização Moletta.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS