Espaço destinado aos temas referentes principalmente ao Vêneto e a sua grande emigração. Iniciada no final do século XIX até a metade do século XX, este movimento durou quase cem anos e envolveu milhões de homens, mulheres e crianças que, naquele período difícil para toda a Itália, precisaram abandonar suas casas, seus familiares, seus amigos e a sua terra natal em busca de uma vida melhor em lugares desconhecidos do outro lado oceano. Contato com o autor luizcpiazzetta@gmail.com
segunda-feira, 8 de julho de 2024
Em Busca de uma Nova Pátria: As Razões por Trás da Onda Migratória Italiana para o Brasil
sexta-feira, 9 de dezembro de 2022
A Emigração Italiana em Resumo
A Itália, mesmo desde antes da época feudal, sempre foi um conglomerado de cidades estados independentes, cada uma com seu próprio sistema de governo, suas leis, sua cultura e até mesmo a sua língua, que nem sempre mantinham relações amistosas entre si, tendo por diversas ocasiões combatido ferozmente entre si, pelos mais diversos motivos.
Através de um movimento armado liderado pela casa de Savoia esses estados antes independentes foram coagidos pela força a se unirem em um movimento armado no período chamado de risorgimento, que deu origem ao Reino da Itália em 1866.
Esse movimento que ficou conhecido por Unificação, criou um novo país, o Reino da Itália, em 1861, após o rei Vitor Emmanuel da Sardenha ter sido proclamado rei e cuja sede de governo estava localizado no Piemonte.
A unificação levou o governo a aumentar impostos e a criar novas taxas para suportar os pesados gastos do novo país. Foi principalmente em decorrência da unificação que levou muitos, agora cidadãos italianos, principalmente os mais pobres das áreas rurais, decidirem escapar da pobreza e melhorar suas vidas buscando novas oportunidades de crescimento em outros países.
Eram eles pequenos agricultores com safras medíocres, que não aguentavam com os impostos; diaristas que não encontravam trabalho, mas também muitos artesãos e até pequenos comerciantes.
Antes de 1890 emigravam os italianos das regiões do norte da Itália, que também fugiam do país devido a safras mal sucedidas, que levou a alta taxa de desemprego no campo e falta de postos de trabalhos suficientes nas indústrias das cidades.
Após 1890, a maior parte dos emigrantes italianos partiram do sul da Itália: Abruzzo, Molise, Campania, Puglia, Basilicata, Calábria, Sicília e Sardenha. Muitos deles, alguns anos depois, retornariam à pátria. Estima-se, através de estatísticas pouco exatas, que tenham sido cerca de 30 a 50% deles.
Aqueles que se fixaram definitivamente em outros países enviavam regularmente parte de suas poucas economias para os seus parentes que ficaram na Itália. Essas remessas no montante representaram valores realmente expressivos, constituindo-se em uma forte ajuda para a ainda pobre economia italiana, ajudando na reconstrução do país e na criação do seu parque industrial.
Os principais portos por onde emigrantes italianos embarcavam foram os portos de Gênova, Nápoles e Palermo. Os países que mais acolheram os emigrantes italianos no início do grande êxodo foram: Brasil, Argentina, Estados Unidos. Anos mais tarde Venezuela, Canadá e Austrália.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
O Brasil como Destino
Nos anos de 1875 a 1975 estima-se que cerca de um milhão e meio de italianos optaram por emigrar para o Brasil. Os anos de maior desenvolvimento do fluxo migratório italiano incluem o período 1887-1902, então o fluxo diminuiu até ser interrompido com a Primeira Guerra Mundial, para retomar de forma reduzida nos anos entre as duas guerras e com mais força no segundo pós-guerra.
Os italianos têm desempenhado papel fundamental nos processos de modernização do Brasil contemporâneo, participando pessoalmente do desenvolvimento da economia exportadora, da industrialização, dos processos de politização e nacionalização das massas.
Dentre as diversas nacionalidades de migrantes que chegaram ao Brasil desde as primeiras décadas do século XIX, o italiano foi imediatamente considerado um migrante apto a solucionar a escassez de mão de obra que existia em diversos setores da economia devido às afinidades culturais e étnicas.
A importância do grupo italiano dentro do movimento migratório europeu para o Brasil inclui vários motivos:
- a primeira razão é quantitativa. Entre 1870 e 1920, auge do longo período denominado "grande imigração", os italianos representaram 42% do total de imigrantes que entraram no Brasil, ou seja, 1,4 milhão de italianos em 3,3 milhões de imigrantes.
- a segunda razão é qualitativa. O italiano incorporou as duas condições do imigrante mais apreciadas pelas autoridades públicas, intelectuais e empresários privados: as afinidades de idioma, religião e costumes facilitaram a assimilação do imigrante italiano mais do que do alemão ou do japonês. Além disso, o imigrante italiano estava, pelo menos no imaginário brasileiro, mais apto a realizar o ideal de "embranquecimento" da população local, condição considerada necessária para tornar o Brasil mais "civilizado".
Os italianos deixaram seu país principalmente por razões econômicas e sócio-culturais. A emigração, de fato, por um lado, aliviou os países das pressões socioeconômicas libertando-os da falta de trabalho e, por outro lado, reabastecendo os cofres de seus países de origem com remessas que os migrantes regularmente enviavam a seus familiares.
A Itália, depois de mais de 20 anos de luta pela unificação do país, encontrou-se com uma população, especialmente rural, com enormes problemas de sobrevivência tanto no meio rural como no urbano. Nessas condições, a emigração não era apenas apoiada pelo governo, mas era a única solução de sobrevivência para muitas famílias. É por isso que entre 1860 e 1920 mais de 7 milhões de italianos emigraram.
No Brasil, a imigração "subsidiada" vigorou de 1870 a 1930 com o objetivo de estimular a chegada de imigrantes. Neste período, foram emitidas facilidades e ajudas em dinheiro para a compra de passagens, para hospedagem e para o primeiro emprego de forma a facilitar a instalação inicial do migrante no país. Os imigrantes comprometem-se a respeitar os contratos que estabelecem o seu local de trabalho e as condições de trabalho a que têm de se submeter. Aprovado em 1871, a partir da lei “Ventre Livre”, tratava-se inicialmente de iniciativas espontâneas dos fazendeiros. A Lei do Ventre Livre, de fato, editada em 1871, libertou da escravidão crianças nascidas de pais escravos.
Na verdade, após a abolição da escravatura, os imigrantes - inclusive italianos - tomaram o lugar dos escravos nas plantações de café. Posteriormente, esta iniciativa passou cada vez mais para os governos, provinciais e imperiais até 1889, e depois para os dos Estados individuais e federais. Como a imigração "subsidiada" favorecia a chegada de famílias e não de indivíduos, nesse período chegaram famílias muito numerosas (cerca de doze pessoas), compostas por homens, mulheres e crianças, mesmo de gerações diferentes.
Os primeiros migrantes a abandonar a Itália na época da "grande emigração" (1870-1920) eram essencialmente os vênetos (cerca de 30% do total), seguidos pelos campônios, calabreses e lombardos. A este primeiro grupo de imigrantes juntaram-se mais tarde emigrantes das regiões do sul da Itália.
Fonte: Brasil 500 anos de povoamento. IBGE. Rio de Janeiro. 2000
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
Os Camponeses Italianos e o Grande Êxodo
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
sexta-feira, 7 de maio de 2021
O Grande Êxodo em Números